sexta-feira, dezembro 28, 2007

ANO NOVO, VIDA NOVA

Não sou de grandes planos para o ano seguinte, que mais não é que o dia seguinte. Passo de ano com a alegria de quem já conta mais um ano e o viveu o melhor que pôde. Mas desta vez vai ser diferente. Quis o destino que se concentrassem neste final 2007/início 2008 algumas alterações na minha vida que me deixam mais expectante que o habitual.
Sinto, portanto, que, se Deus quiser, 2008 vai ser em grande!
O requisito fundamental para que isso aconteça é muita saúde, para mim e para os meus.
Mas há mais para lá do fundamental... É que ontem fui surpreendida com um presente que me vai fazer levitar até 2008: um spa-voucher!! Foi um presentão, não de Natal mas com outras motivações, tendo apenas coincidido nas datas.
Vai ser uma estreia e a expectativa está muito alta, o que não é nada bom...
Sempre que me apanho cansada deste frenesim ou quando os meus filhos me tiram do sério, dou por mim a suspirar, alto e bom som mas sem saber do que falo, que o que mais me apetecia era uma sessão de qualquer coisa num spa, para recarregar baterias!!
Esse dia chegou enfim! Face a este luxo, permito-me uns momentos que roçam a futilidade e dou por mim martirizada com o problema da escolha, que me assola perante qualquer lista com mais de 3 linhas (sou daquelas pessoas que preferem escolher o mesmo prato que o do lado a ter que passar o resto da refeição arrependida). A variedade de programas é grande e as nomenclaturas não ajudam: "chuva de aromas", "massagem deep tissue elemis", "massagem de som", "ritual de massagem al-sahar", "ritual de massagem An Mo", etc. Estou certa de que se tirar à sorte não fico nada mal servida.
BOM ANO PARA TODOS!

IPA 19


IPA 18 - soluções


ler os nossos

"Os Vendedores de Feira
Estamos já em contagem decrescente para a faustosa comemoração da implantação da República. A avaliar pelo calibre do presidente da respectiva comissão de festas, teremos cerimónias, se não dignas, criativas, prenhes de um oportuno e já bastamente ensaiado revisionismo. Para esse peditório, pelo menos eu, não contribuo.
Uma clique instalada, dona das verdades iluminadas com que se querem ver alumiadas as veredas do poder, insiste em dourar a pílula da República, ignorando (ou escamoteando) o que foi a sua instauração e o que resultou dessa fatídica sublevação. Como é evidente, não estarão isentos de reparo, mesmo à luz da época, os tempos de governação na Monarquia. Reparos que com maior justiça teriam por destinatários os governantes e parlamentares e não tanto a acção régia. Contudo, pretender alicerçar todo um edifício político, que agora se quer com pompa evocar, numa sucessão falaciosa de erros e de mentiras não me parece um bom princípio. Mas isso, para a trupe do costume, é de somenos, e lá vão, do alto de duvidosas cátedras assinalando (sem acerto) os desvarios monárquicos e sublinhando (sem fundamento) as virtudes republicanas.
Uma dessas putativas virtudes é a democracia. Não sei por que bulas, mas o certo é que se anda a espalhar com engenhosa habilidade a insinuação de que foi com a República que se institui o sufrágio universal. Até os escritores da moda e os vendedores de feira são vítimas dessa precipitação. Não fora a sageza de um historiador convertido em crítico literário e talvez só meia dúzia de informados tivesse dado pelo abuso. Vasco Pulido Valente, neste aspecto insuspeito, denuncia com a veemência que se lhe conhece: "A República notoriamente não instituiu o sufrágio universal. A lei eleitoral de 1911 deixava votar os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano. Infelizmente, na «eleição» de 1911 não se votou, por pressão do Partido Republicano, em quase metade dos círculos. Pior ainda, nos círculos em que se votou, bandos de terroristas «fiscalizaram» o acto. Na eleição seguinte, em 1913, o Partido Democrático restringiu o voto a maiores de 21 anos, do sexo masculino [ai que diriam, hoje, os fundamentalistas da igualdade de género!] e letrados: um corpo eleitoral mais pequeno que o da Monarquia." Tudo visto e ponderado, nos primeiros tempos, a República não passou de "uma ditadura do Partido Democrático", superiormente orquestrado pela sinistra batuta do Dr. Afonso Costa.
Pretender demonstrar que em Monarquia se vivia sob opressão e que em República se respirava liberdade é tarefa impossível, por ser uma rotunda mentira. A actividade política conhecia antes do 5 de Outubro uma liberdade de opinião, de organização e de acção que só (bem) depois de 1976 se recuperou. E de 1910 a 1976, que eu saiba, estávamos em República. Não havia um Rei para nos amordaçar. Nem Rei, nem roque."
Nuno Pombo, no DD

Lindsay Lohan

Depois de ter sido presa, Lindsay Lohan continua a ser perseguida. Desta feita, é o ex-namorado que pretende vender fotos íntimas e sensuais da actriz. Como não acreditamos na veracidade de tais fotos, exortamos a que as mesmas sejam publicadas para que possamos desmascarar mais este embuste. Os indefectíveis não desmobilizam; Lindsay vai em frente, tens aqui a tua gente.

Já não falta tudo

Confirma-se que tanto a CMVM como o Banco de Portugal já instauraram processos de contra-ordenação ao BCP. Resta saber quem vai instaurá-los à CMVM e ao Banco de Portugal.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Spectator, The

A Spectator, edição especial do Natal, tem um editorial que acaba assim:
"Christmas is a time of joy and celebration, but it should also be a time of reflection . The image of the Nativity - so beautifully described by Cardinal Cormac Murphy - O'Connor on page 22 - is more than a luminous devotional tableau. It should also be a spur to individual conscience - and a warning to every generation that the neglect of children comes in many forms."

Benazir Bhutto - 1953-2007

Juntando-se à já longa lista de políticos moderados que caem vítima de fundamentalistas extremistas - Ytzhak Rabin, Indira Ghandi, Rajiv Ghandi, Mahatma Ghandi, Anwar Sadat, Martin Luther King, Sukarno -, Bhutto foi hoje barbaramente assassinada no final de um comício.
Não estão em causa os méritos éticos e políticos de cada um desses homens e mulheres. Alguns deles poderão até ter tido comportamentos reprováveis à frente dos seus países. O que está em causa é que lhes foi retirado o direito mais básico, o direito à vida, apenas porque se insugiram contra fundamentalismos religiosos e quiseram manter o estado longe de teocracias e outros abusos de quem vê o mundo a preto e branco.

é Natal, ninguém leva a mal

"Poucas missas de Natal tem a dignidade severa da que ocorre em Bagdad. Ali é fé mesmo." (Pacheco Pereira)
É, no mínino, curioso constatar os juízos que os não crentes se permitem fazer a propósito da fé alheia.

O Avô É Mau!!

Barron Hilton, magnata dos hotéis do mesmo nome e avô das irmãs Paris e Buadbulogne, acaba de anunciar que 97% da sua fortuna irá para a Fundação com o nome do seu pai, Conrad, que se dedica a obras de caridade fora dos EUA.

On related news, an obscure portuguese blogger can't get the smile out of his face.

coisas chatas

O nosso autismo relativamente à política internacional é confrangedor. É óbvio que a comunicação social e demais opinadores têm a sua dose de responsabilidade. No país dos coitadinhos movemo-nos não raras vezes pelo número de mortos. No Kosovo, assiste-se à mais grave crise desde o fim do conflito armado, em 1999, que opôs sérvios a kosovares. Por cá, deliciamo-nos com o affair Sarkozy/Bruni, assumindo dessa forma o nosso europeísmo convicto e esclarecido. Da Sérvia, as notícias não são as melhores, rejeitando-se a UE como moeda de troca pela independência do Kosovo. Uma lição: em Portugal abdicaríamos sem pestanejar da soberania relativamente à Madeira ou aos Açores em troca de um lugar na roda dos 27. Não acredite quem quiser.

novos links

A coluna de links ali da direita tem vindo a ser actualizada. A omissão relativamente a alguns dos melhores blogues que se fazem por aí é imperdoável. A Pastoral Portuguesa e o Yesterday Man são disso exemplo. As nossas desculpas.

a ler

"A frase do Cardeal Patriarca de Lisboa não podia ter sido mais pertinente e acertada. Não é hipersensibilidade o que os cristãos sentem ao verem negado que Deus se fez carne e habitou entre nós. É o horror mamífero a uma mentira centopeica, de tantas pernas que tem ganho para andar. Ocorre citar Paul Johnson na última Spectator: "To open a newspaper today is to enter a world of such horror, cruelty, vulgarity and corruption that one cannot imagine why almighty God does not decide, here and now, to put an end to it".
(Tenho um sonho. Um dia haverá uma revista conservadora em Portugal onde cristãos derramarão as suas aptidões religiosas sem ser à boleia de liberalismos económicos ou ecumenismos sociais.)" - Tiago Cavaco

Curiosidades históricas


Correndo o risco da simplificação, conhecida a existência de muitas esquinas nas vielas de uma vida, terá o 1º conde de Farrobo, Joaquim Pedro Quintela (1801-1869), homem opulentíssimo, ficado a dever o seu definitivo declínio à decisão da "questão" que o opunha ao capitalista de nome Pimenta. Este e outros desaires, a que não são alheias as almas sonhadoras e apaixonadas, depois do fausto com que pautou a sua vida, fê-lo abandonar o uso do título com que tinha sido agraciado em 1833, passando a usar apenas o que herdara de seu pai, o 1º barão de Quintela. Os seus palácios, tanto o da Rua do Alecrim como o das Laranjeiras, e o Teatro de São Carlos foram, pelo seu esforço e pelo desafogo dos seus cabedais, colocados no mapa das grandes realizações culturais da época.

Pinto de Sousa

Ao que parece, Sócrates está de férias. Não, não é para descansar. Dizem as más línguas que o nosso primeiro está a antecipar a trabalheira que vai ter já a partir de Janeiro, altura em que vai finalmente (tentar) governar o país.

pós-Natal (2)

Hoje demorei 15 minutos a chegar a Lisboa, sem trânsito ou acidentes, vindo dos subúrbios. É bom, para variar, mas que não se repita muito, pois pretendo manter a média dos 45 minutos de marginal com vista de mar. Tem o seu quê de romantismo.

pós-Natal

Não deixa de surpreender o facto de haver mais pessoas no dia 26 a trocar presentes do que no dia 23, domingo, a comprá-los.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

AOS MEUS AMIGOS

QUISERA
Senhor, neste Natal
armar uma árvore e nela
pendurar, em vez de bolas, os
nomes de todos os meus amigos.
Os amigos de longe, de perto. Os antigos e
os mais recentes. Os que vejo a cada dia e os
que raramente encontro. Os sempre lembrados e
os que às vezes ficam esquecidos. Os constantes e os
intermitentes .

Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Aqueles que conheço profundamente e aqueles de quem conheço
apenas a aparência. Os que me devem e aqueles a
quem muito devo.
Meus amigos humildes e meus amigos importantes. Os nomes de
todos os que já
passaram pela minha vida. Uma árvore de raízes muito profundas
para que seus nomes
nunca sejam arrancados do meu coração. De ramos muito
extensos para que novos
nomes vindos de todas as partes, venham juntar-se aos
existentes.
Os que, sem querer eu magoei, ou sem querer me magoaram.
Uma árvore de sombra muito
agradável para
que nossa amizade,
seja um momento de
repouso nas lutas da vida.
Que o Natal esteja vivo em cada dia do ano que
se inicia para que possamos juntos viver o amor!
Feliz Natal !!!

IPA 18


A novidade da verdade

Ao contrário do João Vacas, não tenho a generosidade da visão dicotómica que ele expôs neste post abaixo. Já se sabia que o processo decisório no CDS, em termos substantivos, é tudo menos colegial. As reflexões partilhadas, nos assuntos em que o líder tem opinião, é adereço decorativo. Isso, portanto, não é, pelo menos para mim, novidade. Novo novo, meu caro João, é a revelação da irrelevância da opinião alheia. Isso sim, no universo tacticista em que se move o líder, uma inesperada novidade.
Por momentos, lembrei-me do modus agendi do lacrimejante dr. Sampaio na "santaníssima crise". Também aí, esse grande líder recebeu uma notável colecção de notáveis para aconselhar-se, sendo óbvio que a decisão a tinha tomado há muito. Portanto, se o dr. Portas surpreendeu foi por ter posto a nu, sem as habilidades que o celebram, o que era já sabido. E, pelo menos desta vez, houve verdade. E isso, insisto, é uma louvável novidade.

As Minhas Melhores Rapidinhas (3)



Pergunta a T.S.Elliott:
- Qual é para si a diferença entre ignorância e indiferença?
- Não sei, nem me interessa.

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Reflexão sobre reflexões e outros embustes



Se alguém me pedisse ajuda para reflectir antes de tomar uma decisão alegadamente difícil e depois de ouvir a minha opinião e opiniões contrárias anunciasse que a mesma estava tomada há já vários anos o mínimo que eu poderia achar era que:
a) estiveram a gozar comigo e com os outros;
b) as más desculpas não colam bem.
Pior do que fazer a escolha errada pelos motivos certos é fazer a certa pelos motivos errados.

afinal, o Henrique tem razão; qualquer eleito democraticamente faria melhor que isto

João Távora, no corta-fitas:

"Fez-se luz
"O comum dos cidadãos tem consciência que o simples consumo de electricidade não é mais um factor de progresso, como era entendido no pós-guerra – tenha-se em consideração o evento planetário "live earth" realizado 7/7/2007, nem tão pouco a enconomia portuguesa se encontra em fase de pujança ou de crescimento económico (…)"

Transcrição do acórdão do tribunal central administrativo que manda desligar a linha da REN. O acórdão é de 11 de Julho. O concerto é de 7 de Julho. Se o processo tivesse entrado antes a REN teria ganho."

(publicado em stéreo aqui)

ler Maria José Nogueira Pinto

Há dois meses que nos incitam a "brincar ao Natal", agora definitivamente transformado num entrudo pelo marketing desenfreado da sociedade de consumo. Só vejo o velho vermelhusco, o seu trenó e as suas renas, sinos, fitas e bolas, pinheiros de todos os tamanhos, comida e presentes. Uma sociedade infantilizada parece querer fugir de qualquer espiritualidade, recusar qualquer dimensão transcendental. Onde está, então, o Menino, a razão única desta efeméride, quer se acredite quer não, na sua divindade? (dn)

Presépios do Mundo


arrastão

Bem sei que o Líbano só constitui preocupação quando Israel está metido ao barulho. Ainda assim, todos aqueles que durante a intervenção dos sionistas foram os melhores amigos dos bons libaneses, aka partidários do Hezbollah, podiam fingir que a sua ralação de então tinha o seu quê de genuíno.

poucos são os que dizem tanto com tão pouco

"Aqui há tempos aproveitei a boleia do Vital Moreira e arrumei no meu computador o texto das alterações que veio a dar corpo ao Tratado de Lisboa. Li aquilo e pareceu-me intragável. Num país que não consegue decifrar as declarações do IRS parece estranho referendar uma coisa daquelas. Julgo compreender aqui a verdadeira posição dos que não querem o referendo.Mas é precisamente porque vivemos alheados das coisas que contam, e porque temos uma tendência natural para o conformismo, que julgo ser importante fazer o referendo. A democracia também inclui tarefas aborrecidas, incluindo a de explicar coisas aborrecidas. O resultado final, qualquer que ele seja, será sempre bom" (FNV, no excelente mar salgado)

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Pensamentos do Baú do Dalai Lima 2+2=22


1 e 9.365.811 são primos afastados.

“Arrogantes” polémicas

Em comentário ao texto publicado pelo Nuno Pombo (em baixo).

Como diz Baptista Bastos, personagem repugnante mas que aqui até tem razão, trata-se de uma discussão entre "dois arrogantes". E ele fala com conhecimento de causa pois conhece os dois protagonistas.

O problema, como eu o vejo, é usar-se o termo ficção histórica como se fosse um género literário superior. Ficção é ficção, seja histórica ou não, e não se deve achar que vamos aprender alguma coisa ao ler um desses livros. Esses livros servem apenas para nosso deleite e podem, e devem, conter as coisas mais inverosímeis. È na imaginação dos autores que está a principal riqueza de um livro de ficção. São bons ou maus consoante o prazer que retiramos da sua leitura e consoante a forma como estão escritos, e não pelos factos que narram. Para a História temos os historiadores.

O problema resume-se a isto. A sociedade portuguesa dá demasiada importância aos artistas e, consequentemente, aos escritores. Muito mais importância e relevo do que eles merecem. Considera-os uma elite quando muitas vezes são bons a escrever mas medíocres nas ideias que veículam. E peço desculpa por voltar sempre ao tema, mas os artistas são dos principais propagandeadores das ideias socialistas que no passado provocaram tanta desgraça e que ainda hoje atrofiam a nossa sociedade.

Feliz Natal

Nasce o Sol,
Nasce o Tejo,
Nasce um dente.
Nasce um cão
E uma série de gente.
Nasce uma nova nação
E mais uma associação.
Nasce um incrível evento,
Um perverso Papa
E um santo pensamento.
Nasce o neto ao Nascimento,
Nasce a mana ao João.
Tudo isso é bom, tudo isso é mau,
Tudo isso, humano.
O que é divino
É morrer o pecado
Só porque nasce um menino

Numas palhinhas deitado.









Estou feliz: a minha filha sabe o que é o Natal !


Underground revisited


Não sei se se lembram do Underground. Um filme de Kusturica em que um grupo de Partisans vive num subterrâneo durante 50 anos ao ter sido levado a acreditar que a II Guerra Mundial ainda durava.
Nesse filme, dois dos Partisans (pai e filho, se a memória me não trai) vêm à superfície e acabam por matar uns actores vestidos de soldados alemães.
Como bem sabemos, o aparente absurdo ficcional acaba sempre por ser ultrapassado pela realidade.
Foi assim em Angola onde dois actores que interpretavam uma cena de delinquência juvenil foram mortos por engano... pela polícia.
Como agravante, note-se que a polícia não só havia sido informada das filmagens como foi requerida a sua protecção. Ah! E os polícias não tinham acabado de sair de um subterrâneo ao fim de 50 anos ...

Rio das Flores - notas a uma crítica

Não sou dos que entendem que textos sem uma certa antiguidade não merecem ser lidos. E só li agora a crítica de VPV ao novo livro do MST. Como outros já confessaram, também a li ... e não gostei. A brutalidade de MST não chegou para que VPV se calasse. Pena que não tenha havido mais qualquer coisa que pudesse ter contribuído para esse propósito: o silêncio do crítico, já que se mostra incapaz de moderação.

---


Proponho-me articular algumas das impressões que me causaram a crítica:

1º - Tal como sucede com VPV, também a mim me incomodam "versões falsas" ou "propagandísticas" na ficção dita histórica. Mas percebo que possam ser, em certa medida, "simplificadoras". É tacanho pôr a falsidade e a propaganda ao mesmo nível da simplificação. Sobretudo quando é sabido não estarmos perante um ensaio universitário.

2º "Através da família dos Ribera Flores, o Rio das Flores pretende ser uma meditação política sobre a primeira metade do século XX". Aqui, mais relevante do que o (eventual) propósito do autor, é a confissão do crítico: se o livro não pretende ser meditação política, talvez pudesse não ter sido escrito. É uma opinião. Outras haverá.

3º As opiniões de Manuel Custódio: VPV, a este propósito, zurze o autor do livro pelas opiniões de uma das personagens (mas não todas, claro, só "aquelas que revelam os conhecimentos dele" ou "o grau de consciência da situação em que vive"). Ou seja, para VPV, numa ficção dita histórica, as personagens não podem ser ignorantes nem ter, da situação em que vivem, leitura que não seja aquela que deve ter um historiador 75 anos depois dos factos. É esquisito que se possa pensar assim.
  • Não podia o Manuel Custódio achar que o dr. António José de Almeida era um demagogo e um vendedor de feira e que se gastava na República muito mais dinheiro do que na Monarquia? Não, não podia, diz VPV, por causa do esforço de guerra. Pois.
  • Não podia o Manuel Custódio achar que a República queria proibir os "padres de andar vestidos de padres"? Não, também não. Porquê? Porque toda a gente sabia, e o Manuel Custódio também saberia, que a República proibiu apenas "o uso de vestes talares na rua", ou seja, os padres só não podiam usar (na rua!) batina. Em casa podiam usar o que quisessem e na via pública não estavam impedidos de envergar fato preto e cabeção. Pois.
4º MST diz que o fim dos morgadios é obra da República. Erro crasso e grave. Aqui, tem VPV toda a razão. Ninguém que vivesse da terra e que as tivesse recebido de herança ignoraria o regime sucessório aplicável. Ou melhor, saberia que a sucessão hereditária fundada nos morgadios tinha sido abolida, há muito.

5º Segundo VPV, Diogo (outra personagem do livro) acha que a República instituiu o "sufrágio universal". É claro que isso não é verdade, como bem demonstra VPV. Mas se calhar não é isso que está em causa. Tenho dúvidas de que não pudesse haver gente que considerasse o sistema eleitoral como "universal", esgotando-se o "universo" nas "pessoas políticas" (um conceito muito republicano de "personalidade cívica"). São conhecidas as enormidades da verve e da propaganda republicanas. Se havia quem chamasse (ainda hoje!!!) à I República, por oposição ao último reinado, democracia não podia haver quem considerasse "universal" aquele sistema de sufrágio?

6º Criticável para VPV é também o facto de Diogo achar que a "República decretou o divórcio para quem não é católico". VPV esclarece que o divórcio era para todos. Católicos e não católicos e adianta que estas subtilezas escapariam a Diogo. Escaparão a VPV outras, como por exemplo esta: para os católicos o casamento seria indissolúvel. Portanto, acho perfeitamente normal que para Diogo a Lei do Divórcio fosse encarada como consagrando a possibilidade de se pôr termo a um contrato, no caso de casamento, e não a um sacramento.

(continua)

terça-feira, dezembro 18, 2007

A Pseudo-Ingovernabilidade da actual UE

Rapto da Europa (16)

A Universidade Science-Po, em Paris, demonstrou num estudo que a rapidez de aprovação de novas leis aumentou 25% após os sucessivos alargamentos da UE, desmentindo a tese de que cada alargamento teria tornado o funcionamento da UE muito mais complexo e que teria dificultado a tomada de decisão.

Mas mesmo a complexidade actualmente existente resulta não apenas do número de países mas também das excessivas competências que se transferiram para Bruxelas.


a ler

"(...) Insinuar que foi a ininteligibilidade dos tratados que assegurou a liberdade, a segurança e a prosperidade na Europa não pode deixar de ser ofensivo para todos os que, num e noutro lado do Atlântico, deram a vida para a conseguir e para os povos e Estados europeus que abraçaram o desafio de reconstruir o continente, perseveraram na estabilização da democracia e procuraram viver em conjunto desde então. João Marques de Almeida sabe certamente o que são tratados mas não deixa de lhes conferir importância a mais e a menos num mesmo fôlego. Fiquei esclarecido." (João Vacas, no 31)

contos

"Na verdade, não. Os contos infantis, hoje já de si expurgados de muita da sua violência original, têm um objectivo claro: ajudar as crianças a enfrentarem os seus medos e a inseri-las na comunidade. A ideia não é que elas se sintam únicas. É o contrário disso: é que elas sintam que os seus receios são partilhados e fazem parte da condição humana, ajudando-as a solucionar os conflitos internos que acompanham o processo de crescimento. As crianças já se projectam nas histórias. Não precisam - é até empobrecedor - que o seu nome faça parte delas. Mas claro: numa sociedade onde nunca as crianças foram tão bem tratadas e nunca os pais tiveram tantos sentimentos de culpa, é difícil resistir. Por isso, põem-se os miúdos no centro do mundo, não os deixando ser quem são à força de tanto querer que sejam especiais. E eles lá crescem birrentos e egocêntricos - porque tanto mimo e "personalização" não fazem bem a ninguém." (João Miguel Tavares, no dn)

A SIC na limpeza de “el Comandante”


Dislates de imprensa (6)
(Opressão socialista 14)


Ontem, já era noite há muitas horas, a SIC Notícias transmitiu um documentário sobre Fidel Castro. A vida do actual ditador era contada desde o início da luta contra o ditador cubano que o precedeu, Batista. Mostrava imagens inéditas, pelo menos para mim, sobre a vida dos revoltosos em Sierra Madre e sobre o barco Granma. Mostrava acima de tudo um lírico que, à frente de um punhado de homens sem qualquer formação, procurava chegar ao poder.

E chegou ao poder com a fuga de Batista. Primeiro procurou o apoio dos Estado Unidos, via Eisenhower e Nixon. Obteve-o inicialmente. Mas depois a pouco e pouco a distância entre os dois países foi-se alargando. O principal crítico da falta de dureza na relação com Cuba era Kennedy. Aquele que depois viria a notabilizar-se pelo triste episódio da Baía dos Porcos.

Quando os EUA recusaram apoio, Castro virou-se para os comunistas e abraçou a “causa”. Depois disso a História é mais conhecida. Foi instalada uma ditadura governada por incompetentes que levaram aquele povo à pobreza e à miséria. Com eles estava Ernesto "Che" Guevara, um assassino argentino muito estimado.
Mas como já é costumeiro nestes casos, os pormenores pecam sempre pela escassez. O documentário ignora os cerca de 16 mil mortos com que Castro, Guevara e “sus muchachos” presentearam o povo cubano. Alguns mortos às mãos do próprio ditador. Pequeno pormenor, sem importância, que continua a explicar porque é que “el Comandante” continua a ser tão respeitado por esse mundo fora e foi tão bem recebido em Portugal pelo Eng. Guterres.

As Minhas Melhores Rapidinhas (2)


- Eh pá!... Gostas de ménages à trois?
- Gosto gosto gosto gosto!!
- Então vai para casa.

Se até a Comissão Europeia já reconheu ...

Rapto da Europa (15)

(O novo tratado) é essencialmente a mesma proposta da velha Constituição”.

Margot Walstrom, Comissária Europeia (da propaganda, acrescento eu)

in Sunday Telegraph, 2 de Julho de 2007

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Pensamentos do Dalai Lima akdjhkdjhkjhk


Jorge Miranda tomba de cama à primeira gripe.
Já Marcelo e Vital, nem um espirro.
Isto vai da constituição de cada um.

Um Santo Natal também para vós!


Esta quadra costuma despertar, até nos corações mais empedernidos, sentimentos de alegria, de generosidade, de amor, de solidariedade. Em suma, sentimentos positivos. Há muito, porém, que a sociedade que a nossa inércia permitiu florescesse operou uma inversão de valores que me sugere adjectivos que nem ao Tiago Mendes lembrariam. O Natal aí está. E a necessidade de rechear os sapatinhos dos que nos são queridos também.

Os abutres da sociedade de consumo também já chegaram, batendo as suas graciosas asas por cima do nosso vazio. "Surpreenda todos com presentes de sonho utilizando a sua Reserva Financeira", oferece uma dessas penosas, presságios de morte. "Dispõe de 500 € para utilizar como quiser"anuncia benignamente um monumento à necrofilia. Com uma módica taxa de juro (discretamente anunciada em letras pequenininhas), de apenas 25% ao ano (leram bem: 25% ao ano), o nosso Natal pode ser o que nós quisermos. O pior é o resto do ano. Permitirmos que esta gente exista e se banqueteie desta maneira é uma vergonha.

domingo, dezembro 16, 2007

Mais tratado e mais mentira ...

Rapto da Europa (14)

“Eles (líderes da UE) decidiram que o documento (Trartado Reformador) deve ser de difícil leitura. Se é de difícil leitura não é constitucional, de acordo com a percepção dominante. Se o conseguisse entender à primeira leitura poderia haver algumas razões para um referendo, porque significaria que havia algo de novo”

Giuliano Amato (antigo primeiro-ministro italiano)

in Euobserver.com, 16 de Julho de 2007

sexta-feira, dezembro 14, 2007

O Jorge é nosso! Não damos a ninguém!!!

Ontem, o País (pelo menos a parte que interessa do País) parou, por uma hora, às 22h. O Alexandre Honrado, na antena do RCP, conversou com o Jorge Lima. Com o nosso Jorge Lima.
A conversa, para quem não conhece bem o entrevistado, revelou um espírito muito singular. Daqueles que fazem falta ao País. Com uma inteligência cortante, um humorismo incisivo e um bom fundo inconfundível, o nosso Jorge deixou que a sua imensa superioridade chegasse, simples como convém, a casa dos "estimados ouvintes".
Poucos terão um sentido de humor com que me identifique tanto (outro será, sem dúvida, o Vasco, Herr Gama). E é à volta de genuínas gargalhadas (sobretudo daquelas que nem todos conseguem dar) que se cimentam as Amizades.
Bem-hajas, Jorge.

O que perde Portugal com a assinatura do Tratado Reformador

Rapto da Europa (13)

O que perde Portugal com a assinatura do Tratado Reformador?


Conselho: as presidências rotativas limitam-se aos conselhos de ministros e passa a existir um Presidente do Conselho que poderá dificultar a definição da agenda semestral de acordo com os interesses de Portugal. A tão badalada Cimeira UE-África não existira com este figurino.


Comissário europeu: após 2014 Portugal terá um comissário durante 10 anos em cada período de 15 anos

Parlamento Europeu: A co-decisão com o Conselho passa a ser a regra e não a excepção. Vê fortemente aumentados os seus poderes em desrespeito pelos parlamentos nacionais.

Parlamentos nacionais passam a ser consultados sobre as propostas legislativas da Comissão mas não as podem impedir. Apenas pedir que sejam reconsideradas ao abrigo do Princípio da Subsidiariedade. Na prática, ganham muito pouco peso.

Política externa: comandada pelo Alto-Representante limita cada vez mais a autonomia externa de Portugal. Cooperações reforçadas obrigam a escolha radical entre estar dentro ou fora da política externa europeia retirando flexibilidade às opções dos países.

Minoria de bloqueio: facilitada a favor dos países grandes pois passa a ser possível com mais de 35% dos votos e no mínimo por 4 estados-membros. Concretiza-se a hierarquização entre Estados, que os cínicos dizem já existir. O princípio da igualdade entre países não é consagrado.

Tribunal de justiça: alarga os seus poderes nos assuntos internos a questões como asilo e imigração sobrepondo-se à soberania nacional.

Por último, Portugal perde (?) mais uma oportunidade de se pronunciar em referendo sobre a questão europeia.


O que ganha Portugal? Para além da possibilidade de novos devaneios verbais sobre as utopias que somos obrigados a perseguir pelos socialistas do “Centrão”, NADA.

Tratado da mentira

Rapto da Europa (12)

“Apesar de ingleses, holandeses e franceses terem insistido para a eliminação de todas as referências à palavra “constituição”, o novo tratado ainda contém todos os elementos chave (da constituição). Todas as propostas anteriores estarão no novo texto, mas serão escondidas e disfarçadas de algum modo. (O novo texto é) bom em termos de substância já que está muito, muito próximo do original”.

Giscard d’Estaing, Sunday Telegraph, 2 de Julho de 2007

moon walk


Passam hoje 35 anos desde a última "caminhada" lunar. Carregar aqui para ver imagem no tamanho original.

Língua traiçoeira... ou traidora?

Filha - Pai, sabe o que os rapazes da primária vão ser na festa de Natal?
Pai - Não faço ideia, querida. Lobos-maus?
Filha - Nããããõ, Pai. Padeiros!
Pai - E o que são padeiros, filha?
Filha - São os rapazes que fazem pãos!
Pai - Pãos não. Pães.
Filha - Pães.
Pai - Isso mesmo, pães. Vá, agora vá lavar os dentes e as mãos, que já estamos atrasados.
Filha - Mães, Pai. Lavar as mães!
Pai - (!?)

Paris é uma Festa

Quem me lê sabe que não sou liberal e nunca serei. Nem mesmo neste mundo confuso em que os novos libertários de direita ultrapassam os velhos marxistas na sanha de decretar a morte clínica de Deus e entronizar em em seu lugar a mão invisível do mercado. ---
Sou no entanto sensível a algumas virtudes da sociedade do livre empreendedorismo, e alguns dos seus heróis. Há um exemplo recente que me toca especialmente. A sua vida é uma referência e exemplo vivo de várias dessas virtudes.
Em primeiro lugar, não viver à sombra das realizações da familia. Não ficar preguiçosamente a colher os louros. Construir o seu próprio nome. Ela – porque de uma ela se trata – é herdeira de uma fortuna de milhões de dólares, mas segue a sua própria carreira de sucesso, construída a pulso.
Em segundo lugar, o valor da família. O perceber que, se os nossos valores são fortes, aqueles que beberam do mesmo leite que nós deixar-se-ão contagiar. E os laços do sangue são as sinergias da missão comum. Por isso ela partilha altruisticamente o seu sucesso com a irmã.
Em terceiro lugar, a noção muito acarinhada mas pouco praticada de que as luzes da ribalta estão acessíveis a todos os que acreditam no seu sonho, por mais limitações que tenham, mesmo intelectuais que sejam. E ela e a mana são de facto estúpidas que nem um calhau.
Se a sociedade liberal fosse construída exclusivamente por pessoas destas, eu seria liberal. Já perceberam certamente a quem me refiro. Falo de Paris Hilton.

Pensamentos do Dalai Lima 9x3 27

Os raios de sol entraram pela persiana,
fazendo-lhe cócegas no rosto.
Lá fora, os passarinhos chilreavam.
A Bolsa de Valores acordou
com sentimentos positivos.

IPA 17


IPA 16 - soluções


quinta-feira, dezembro 13, 2007

toma um Tocafé que isso passa

Tratado reformador e Constituição Europeia: Descubra (se conseguir) as diferenças (1)

Rapto da Europa (11)


O Tratado Reformador que foi hoje assinado com tanta pompa e circunstância não é compreendido nem desejado por uma grande parte dos povos europeus, especialmente por aqueles que já o rejeitaram em referendo. Aqui fica um pequeno guia sobre o pouco que mudou, para além do nome, entre a Constituição Europeia e este tratado.

---
1 - No seu todo:

- As diferentes estimativas apontam para que o Tratado Reformador (TR) mantenha entre 95% e 99% do projecto de Constituição Europeia (CE), apenas tendo tornado a sua leitura muito mais complicada.

Há dois tipos de alterações de pormenor que não mudam o conteúdo “herdado” da CE:

a) Todas as referências a Constituição e aos símbolos de um Estado (moeda, hino, bandeira, divisa, dia nacional) são retiradas do texto no TR mas continuam a existir na realidade, mesmo que sem existência legal (a moeda é a excepção). Inclusivamente, o Parlamento Europeu já aprovou uma declaração a favor do reforço do uso destes símbolos em toda a UE.

b) Diversos países (Reino Unido, Irlanda, Polónia, França, Holanda, etc.) introduzem “cláusulas especiais” essencialmente para consumo doméstico mas que em nada alteram a futura aplicação do TR. Portugal não tem sequer essa preocupação
Exemplos: O Reino Unido e a Irlanda têm um “opt-in” em várias questões de cooperação judicial e policial. O mesmo relativamente à Carta dos Direitos Fundamentais para o Reino Unido. Reino Unido e Dinamarca têm excepções ao nível dos poderes do tribunal de justiça em questões de asilo e imigração.

O resto fica tudo exactamente igual à reprovada Constituição Europeia (que depois de ser reprovada, e com a maior manifestação de hipocrisia a que algum vez assisti, deixou de ser constituição para passar a ser tratado constitucional).

GOD SAVE THE QUEEN (from the European Union)


Opressao socialista (13)


Qual o melhor país para se estar no dia da assinatura do Tratado Reformador? Estar em Lisboa seria muito penoso para mim. O melhor local para se estar protegido dessas máquinas de propaganda permanente que são os socialistas na UE e no Governo português é o Reino Unido.

Valha-me este país e valha-me este povo que não aceita tudo o que lhe impingem sem o discutir. Quer seja dos burocratas de Bruxelas quer seja de outro lado qualquer. Não é por acaso que é a pátria da liberdade e da democracia. È o país onde a Europa diariamente se discute e em que o Primeiro-Ministro dá preferência a um encontro com os deputados, representantes do povo, a cerimónias de pompa e circunstância (outra interpretação é a de que tem vergonha em vir assinar um tratado que ele próprio reconhece ser igual à chumbada Constituição Europeia e que não referenda porque sabe que perderia).

RULE BRITANNIA, BRITANNIA RULE THE WAVES (OF DEMOCRACY AND FREEDOM)
BRITONS NEVER, NEVER, NEVER SHALL BE SLAVES (OF THE EUROPEAN UNION)

Os inimigos do Acordo estão a atacar

Depois de longuíssima ausência, pela qual me penitencio perante a horda ululante de admiradores, volto com um aviso: há gente que não papa (não me refiro ao Santo Padre, Henrique Raposo, sossegai, pois) o acordo (e não falo do que hoje foi assinado em Lisboa, Ricardo Pinheiro Alves). Reporto-me ao acordo ortográfico com que, com uma "pendulância" muito mais incisiva do que a do futuro ex-TGV, nos ameaçam os iluminados. Enquanto os "adetos"(?) do acordo ceifam os cês de qualquer "ata", os inimigos do arranjinho semeiam-nos guerrilheiramente em todos os "contractos". E entre fanáticos de ambos os lados da barricada sofrem os que gostam da língua que têm...

O Retratado de Lisboa

Em primeiro lugar, peço desculpa pela imagem que coloco, a qual, por um irritante erro técnico que não consigo corrigir, é a do homónimo da pessoa que pretendo homenagear.
Bom, homenagear também é um bocado de mais. Eu só queria registar o excelente trabalho do PM José Sócrates, que levou a bom porto com brilhantismo um trabalho feito sob os holofotes do mundo.
E presume-se com isto que gosto do tratado. Não tenho ilusões sobre as suas letrinhas escondidas, a maquilhagem da Constituição, o peso crescente do Directório, etc. e não me acho ingénuo (embora nenhum ingénuo se ache ingénuo, claro). Mas a perfeição é para o Além. Por agora, temos um primeiro passo para sermos fiéis à nossa longa história de fundadores da civilização mundial. Depois da ratificações, teremos - um pouco mais, enfim.... - maior capacidade operacional para fazer ouvir a nossa voz. E teremos democraticidade, com 55% dos estados e 65% das populações como decisores mínimos. contrariamente aos fantasmas agitados pelos velhos do Restelo, e do eixo Cascais-Covilhã (sorry, private joke). A partir daí, é o que quisermos. Eu estou feliz. E deixem-me lá dar os parabéns ao PM, por quem nutro tão pouco afecto na frente interna. Afinal, se o Menezes o pode elogiar, porque é que eu não poderia?

Tratado de Lisboa


Após um balanço muito positivo da presidência Portuguesa da UE, a terminar em grande com a excelente organização da assinatura do Tratado de Lisboa num dia em que até o bom tempo ajudou a dar uma boa imagem da nossa linda cidade, acho que há apenas um ponto que merece a abertura de uma investigação profunda:
Quem é que escolheu a Dulce Pontes para ir aos Jerónimos furar os tímpanos das várias delegações?

AVISO

O nosso Jorge Lima vai estar hoje no programa Estado do Dia, no Rádio Clube Português, entre as 22:00 e as 23:00, a comentar com Alexandre Honrado os acontecimentos do dia, nomeadamente o Tratado de Lisboa, as alterações do trânsito à beira-rio, os museus à borla, o elogio do Dr. Luís Filipe Meneses ao sr. José Sócrates, e o elogio do sr. José Sócrates ao Eng. José Sócrates. Estão todos convidados.

terça-feira, dezembro 11, 2007

Pensamentos do Dalai Lima 007


ĭ-zäl-tĭ-nʊ
- Pronúncia de Isaltino

Quer um referendo sobre o Tratado Reformador?

Se quer, faça ouvir a sua voz carregando aqui:


Visit X09.eu

segunda-feira, dezembro 10, 2007

deriva

"PSD disposto a repetir votação de empréstimo à Câmara de Lisboa e "no limite" votar a favor" (Publico)
Esta notícia retrata a política no seu pior. Depois de, legitimamente (digo eu), o PSD se ter abstido na votação que aprovou um financimento de 400 milhões de euros (ao que parece, uma proposta do próprio PSD), vêm agora os laranjinhas manifestar a sua disponibilidade para aprovar o dito financiamento. Agora expliquem-me lá por que carga de água optou o PSD por se abster para vir agora dar o dito por não dito, afirmando que afinal os deputados laranjinhas até podem viabilizar o empréstimo em nova votação?

Quem falou com Thabo Mbeki?

Cimeira UE- Àfrica (1): Conteúdo
Dislates de Imprensa (5)


Na tarde de Domingo participei numa reunião com o representante da oposição do Zimbabwe na Cimeira, Eliphas Mukono-Weshuro. O responsável do Movement for Democratic Change (MDC) explicou que Mugabe vai aproveitar a Cimeira UE-Àfrica para melhorar a sua imagem no Zimbabwe. E que os responsaveis europeus, os que estão realmente preocupados com a situação daquele país, passaram completamente ao lado do essencial. O essencial é a Àfrica do Sul, que continua a sustentar e a alimentar a ditadura de Mugabe.
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A imprensa portuguesa transmitiu entusiasticamente a frase de José Sócrates, repetida atè á exaustão, em que este afirmava não haver tabus e que os direitos humanos iam mesmo ser frontalmente abordados e os ditadores cruamente confrontados.

Soubemos depois, sempre pela imprensa pois isto passou-se á porta fechada, que Angela Merkel, entre outros, terá dado um “puxão de orelhas” a Mugabe. Mas e os outros?

Com Thabo Mbeki ninguém parece ter falado. Mas é a Àfrica do Sul que continua a “aguentar” Mugabe. Por interesse económico, pois fornece os poucos alimentos a que este país tem agora acesso. Beneficia com os quadros do Zimbabwe, que emigraram para outros países mas especialmente para a Àfrica do Sul. E impede que o movimento trabalhista, a que o MDC pertence e que é rival do Congresso Nacional africano (ANC com o monopólio do poder na Àfrica do Sul), cresça no Sul de Àfrica.

Mugabe, entretanto, deve ainda estar a rir-se. A nível interno vai apresentar um acordo com a UE como a prova provada de que não é nenhum “pária” e que a oposição doméstica exagera nas criticas que faz.

Eliphas Mukono-Weshuro, por seu lado, vai necessitar de segurança para chegar vivo ao aeroporto de Harare e regressar são e salvo a casa.

Cimeira UE- Àfrica (1): Imagem

Dislates de imprensa (4)
(Opressão socialista 12)


“Declaração de Lisboa”, “Espírito de Lisboa”, “Depois desta Cimeira nada será com dantes”, foram inumeros os chavões que o Primeiro-Ministro português ensaiou na semana passada e que apresentou ao longo do festim deste fim-de-semana. Os jornais portugueses alinharam no coro. Mas a imprensa estrangeira não é tão “naíf” nem precisa de mostrar que é nacionalista.

O Frankfurter Allgemeine, um dos principais jornais alemães, realçou a forte polémica entre África e a União Europeia que caracterizou o início da nova parceria. O The Guardian refere que as ameaças da UE em aumentar as tarifas à importação de produtos africanos fizeram resvalar os acordos comerciais. Este foi o principal fracasso da cimeira.
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Para os jornais portugueses foi um sonho tornado realidade. Na edição de Domingo do Público a sua editora de Internacional, Teresa de Sousa, resumia brilhantemente o resultado da propaganda conjunta Portugal-UE.

De fora ficaram dezenas de anos de desperdício de dinheiros públicos em Àfrica, de corrupção “canalizada” pelo hemisfério Norte. Não houve uma única palavra, nem na Cimeira nem nos jornais, sobre como garantir que não continua o “fartar vilanagem” que é a ajuda internacional aos países pobres.

De fora ficava o discurso inaugural do responsável da União Africana que, com o ressabiamento já habitual, veio a Lisboa culpar os países europeus pela pobreza que domina o “seu” continente. Foram os colonialistas os culpados, aqueles que ele veio agora visitar de mão estendida, mas sempre sem deixar de ameaçar abertamente com o apoio da China.

De fora ficaram também os protestos contra as Parcerias Especiais que, na óptica africana, não são mais do que tentativas europeias de voltar aos tempos do chamado colonialismo e da exploração do homem preto.

De fora ficaram ainda as referências a inúmeros ditadores que estiveram de passeio em Lisboa. As atenções centraram-se no Zimbabwe e no Sudão, os párias africanos “eleitos” pela comunidade internacional. Dos restantes ninguém falou. Kadaffi já passou essa fase e agora é um “amigalhaço” em cuja tenda devemos tomar chá.

De fora, finalmente, ficou o falhanço da UE em abrir os seus mercados aos países africanos.

Isaltino

Desterrado na província profunda, vulgo Oeiras, não posso deixar passar em branco este tipo de notícias. Ao que parece, Isaltino Morais foi pronunciando no âmbito de 1 dos processos crime em que é arguido e vai mesmo a julgamento responder pela alegada prática dos crimes de participação económica em negócio, corrupção e abuso de poder. Bem sei que até trânsito em julgado de uma decisão condenatória o arguido se presume sempre inocente. Ainda assim, e dadas as funções exercidas pelo visado, aconselharia o bom senso e a decência que reununciasse ao seu mandato até à eventual declaração da sua inocência.
(Para quem não sabe, Isaltino foi acusado pelo MP, se não me engano em 2006, tendo, à data contestado essa mesma acusação. A decisão agora conhecida foi já tomada por um juiz (de instrução), o qual confirmou em parte a acusação que havia sido formulada. Resta, pois, seguir para julgamento, onde a acusação terá de sustentar os factos alegados através da competente produção de prova.)

Cimeira UE- Àfrica (1): Imagem e conteúdo

Para além da “representação” que foi a Cimeira UE-Àfrica, com o nosso Primeiro-Ministro como actor principal, o que é que fica de concreto?

Uma declaração conjunta que já tinho sido acordada antes da Cimeira e que se limita a generalidades muito pouco concretas

O chamado Plano de Acção e a Estratégia Conjunta que, para além das boas intenções, ainda não se sabe no que vão resultar e cujo efeito tem uma amplitude tão larga que pode variar entre a aceitação dos líderes africanos de políticas mais responsáveis no sentido da diminuição da pobreza e a continuação do “despejar” de dinheiro e recursos que há décadas, sob a forma de ajuda internacional, alimentam as elites corruptas de Àfrica.

Mas todos sabemos que nestas “grandiosas” cimeiras é mais a parra do que a uva. As expectativas também não devem ser muito altas. O mais importante para Portugal é o que será o futuro na relação com os PALOP´s. Só a partir de agora é que vamos saber se a Cimeira realmente resulta em algo de concreto e positivo nesta relação. Antes da Cimeira tinha sido assinado uma Parceria Estratégica com Cabo Verde. Após a Cimeira, a possibilidade de assinatura de novas parcerias foi afectada pelos protestos, pelas piores razões, de alguns países africanos. Duvido que o Primeiro-Ministro já o tenha percebido pois ainda deve estar deslumbrado pela acção de grande estadista que julga ter concretizado neste fim-de-semana. Mas a realidade vai bater-lhe à porta e bem depressa.

Há uma última coisa de que Sócrates também ainda não se deve ter apercebido. Aprovar o Tratado Reformador da UE significa acabar com as presidências rotativas do Conselho. Ou seja, acabam os “brilharetes” com muitos chefes de Estado, muita imprensa, muitos banquetes e muitas tentativas de garantir um lugar na História. Se ele gosta tanto disso porque é que vai assinar o Tratado?

It's music!

Não é comercial, muito menos profissional. É amador do melhor que há! Ah, e tenho o privilégio de ser sua amiga.

o fim do semi-presidencialismo?

A promulgação pelo PR da lei da responsabilidade civil do Estado constitui uma derrota para o chefe de Estado. Com efeito, depois de a ter devolvido ao parlamento, a maioria socialista, suportada pelos demais partidos (o PSD absteve-se), decidiu insistir na sua aprovação após lifting sem consequências. Cavaco tinha agora 2 hipóteses: (i) vetava-o novamente ou (ii) aprovava-o sem mais. Qualquer uma delas reconduziria a uma conclusão inevitável, a de que o PR em Portugal é cada vez mais um cargo sem poderes. Mais ainda, quando estamos perante um governo estável (apesar de pouco competente, digo eu) e um presidente low profile. O PS sabe-o. Só isso explica a desfeita feita a Cavaco.

Pensamentos do Dalai Lima Exclusivo Incontinentes


Se se legaliza os bordéis,
também tem de se
legalizar o Governo.

sobre a legalização da prostituição

Este é um tema que não reúne consensos quer à esquerda quer à direita. Da última vez que se discutiu o assunto lembro-me de ouvir o então secretário-geral do PCP insurgir-se contra a liberalização da actividade. Já do outro lado da barricada, penso não existir uma posição clara acerca da questão, sendo de prever, porém, que o CDS será contra e o PSD dirá nim. Temos depois os liberais, em clara crise de identidade, que não deixarão passar a oportunidade para manifestar mais uma vez o respeito imenso que têm pela liberdade de escolha de cada um.
À semelhança do que aconteceu com as drogas leves ou o aborto, é evidente que a solução mais fácil será a legalização. Dirão uns, essencial para acabar com a sida, os chulos e o tráfico de mulheres. Tenho as minhas dúvidas. Tenho, aliás, as maiores reservas quanto à opinião de quem se dedica à actividade, quer como prestador quer como consumidor. A essência da coisa assenta numa discrição incompatível com a sua publicidade. Já quanto à liberdade de escolha, quer parecer-me que parte das pessoas que anda na vida o faz por necessidade ou obediência a alguém de quem depende. A legalização, mais do que resolver vai complicar, fomentando a prostituição clandestina de quem não quiser pagar impostos ou fazer parte de uma base de dados. Dispenso-me referir a questão da dignidade humana, para não ferir susceptibilidades.

eleitos

No final de cada ano é já tradição nomear os melhores. Sem grandes considerações, limito-me a indicar os três bloggers de que mais gosto, dispensando a escolha de camaradas meus (por razões óbvias): Filipe Nunes Vicente, Maradona e Tiago Oliveira Cavaco. Porque sim.

Isto sim, é criminalidade de qualidade!!!


Há dias, quando confrontado com o visível aumento de um certo tipo de criminalidade violenta, o Sr. Ministro da Administração Interna, considerou alarmistas os que se limitaram a dizer o óbvio. Contudo, e cada vez mais, o óbvio está longe da verdade governamental.

Por certo, nas continhas do Ministro, não só a criminalidade violenta não está a aumentar, como está a denotar melhorias significativas no exigente índice da eficiência. Sugiro até que o Governo, habituado ao esmero dos clusters, pense seriamente na criação da marca "Crime na hora" ou numa mais cosmopolita ainda: "we kill them better".

A verdade é que os cidadãos podem crer nas palavras do Ministro. Não é por serem assassinadas pessoas ligadas "à noite" todas as semanas que se instala o medo. Antes pelo contrário. A qualidade cirúrgica dos abates torna paradoxalmente ridículo qualquer temor. Confiemos nos nossos criminosos. Pelo menos, o Ministro confia. E isso, por si só, deve descansar qualquer pessoa.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Schubert - Ave Maria

Esta versão, embora cantada com uma técnica mais apurada, não tem o sentimento da versão de Joan Baez.
A música não deixa de ser, porém, o mais próximo que se pode ter do cantar dos anjos sobre a Terra.

House of The Rising Sun

Não me competindo a mim a rubrica das músicas da minha vida, não queria ir para fim de semana sem uma homenagem à grande musa dos direitos humanos.
É pena que o YouTube não tenha também a interpretação da Ave Maria de Schubert, uma das mais felizes.

The Party of Death



O The Party of Death, de Ramesh Ponnuru é um livro muito interessante e provocador que aborda a questão de como o aborto, a eutanásia e até o infanticídio têm corrompido o discurso político.
É claro que o livro se aplica mais à realidade norte-americana, com os seus radicalismos de ambos os lados, mas acaba por ter alguma validade em todo o mundo ocidental.
Curioso é que a autora não recorre a argumentos teológicos mas apenas a argumentos éticos e políticos para defender a vida.
É, por isso, um livro muito interessante mas talvez ainda mais interessante é a entrevista com a autora que pode ser encontrada noBlogging Heads

Obrigada, Frederico

Daqui o meu muito obrigada ao Frederico Nunes de Carvalho por, na caixa de comentários de um blogue português, denunciar a incoerência ideológica de quem insiste em ser militante do CDS, abraçando bandeiras de esquerda. E por, no contraditório que cria, conseguir mostrar o contorcionismo político do AMN.

Esta é a União Europeia que quero

Rapto da Europa (10)


Neste fim-de-semana realiza-se a Cimeira UE-África. Acontecimento importantíssimo para Portugal. Portugal sozinho não conseguirá nada em África porque não tem dimensão. Mas tem “know-how” que está por aproveitar há mais de 30 anos. E dadas as nossas responsabilidades históricas precisamos de “trazer” os europeus e os norte-americanos para ajudar África. Mas não é só neste sentido que a cimeira é importante. Mostra também que não necessitamos de uma Política Externa Comum ao nível europeu mas sim de vontade de cooperação entre os países. Há cimeira sem Gordon Brown e ainda bem que há porque os ingleses não deixarão de a apoiar desde que a UE não se transforme numa utopia colectiva em que a vontade soberana dos povos é subjugada. As relações externas são a prova provada de que podemos ter uma UE que agrade a todos e que não queira impor o seu modelo único. Demonstra-o o maior sucesso do projecto europeu, os sucessivos alargamentos, e demonstra-o para Portugal a recente parceria especial com Cabo Verde.

Esta é a União Europeia que quero.

As Minhas Melhores Rapidinhas de Sempre (1)


- Desculpe, eu não a encontrei uma vez em Nova Iorque?
- Não, não, impossível, eu nunca fui a Nova Iorque.
- Ahh, eu também não. Portanto foram outros dois que se encontraram em Nova Iorque...

o filho do maradona tem os pés quadrados e vai jogar na série D italiana mas o nosso maradona da margem sul continua em grande na série A

Faxina
Este post é um exemplo de como se tenta convencer o pessoal da utilidade política de separar a direita boçal, fascista, racista e reaccionária da direita inteligente, estruturada, coerente, informada e decente até ao último átomo. Ao que parece, esta simplicíssima e desambigua higiéne não só não está a ser tentada pela direita, como, pelo tom das conversas, foi completada há décadas pela esquerda. Já tinha a ideia que a esquerda se acha limpa de canalhas, não sabia era que lhes sobra tanto tempo e ideias para ajudar na faxina da casa ao lado. Não tenho nenhuma oposição ao projecto em geral (como haveria de ter?), e até talvez partilhe de alguns dos alvos em concreto. O que me parece ridículo é que se veja nas fórmulas utilizadas pelo Tiago Mendes um algorítmo válido para essa clarificação (...) - El Pibe

porreiro, pá

Depois do Público, Kadhafi pagou também um anúncio no DN. Cometeu, porém, o erro de contratar um tradutor que deve ter tirado a cadeira de líbio técnico na Independente (ou então são já sequelas do frio que o (ex)terrorista, agora amigo do Ocidente, apanha na sua tenda). Ora vejam:
"Aqui... e só aqui poderá distinguir uma linha branca do resto das linhas... No site Kadhafi fala... está próximo de que imagina dos esclarecimentos."
ou
"O perigo das armas metralhadoras contra os seres humanos baseia-se no seu uso exagerado na morte colectiva. Pela piedade humana há necessidade de apoiar o meu apelo para anular as armas metralhadoras exceptuando as outras armas convencionais."
nota: a citação não foi adaptada; é assim que está no jornal.

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Estudos para o novo aeroporto:
LNEC portela entrega.

pipi (M18)

Os que por cá andam há menos tempo, podem nunca ter ouvido falar do pipi (não aconselhável a espíritos mais sensíveis). Acho que posso afirmar sem exagero que foi/é um dos melhores bloggers cá do burgo. Prestes a completar 4 anos desde o último post, está mais do que na altura do regresso. Isto começa a ficar chato.

novo link velho blog

Há já 4 anos na blogosfera, o dragoscópio constitui uma das principais falhas da coluna ali da direita. A penitência pela omissão é mais do que merecida. Vão lá ler.

E quem não salta, não é Berbere


Alguém sabe onde se arranjam bilhetes para ir lanchar à famosa tenda?

influências blasfemas


O João Miranda desacreditou os serviços secretos americanos. Já hoje o Jack Bauer foi preso:
"Kiefer Sutherland was sentenced Wednesday to 48 days in jail for racking up a second drunken-driving arrest in three years and immediately reported to a city lockup." (cnn)

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Bush e Chavez: Descubra as diferenças

Opressão socialista (11)


Circula em alguns meios intelectuais da “blogoesfera” e da imprensa (eg. Miguel Sousa Tavares) a comparação entre a legitimidade democrática de Chavez e a suposta ilegitimidade de Bush. Passados 7 anos vale a pena recordar os detalhes da eleição do actual Presidente norte-americano.

Na altura acompanhei todo o processo ao milímetro, não apenas através dos jornais mas lendo tudo incluindo as decisões e as declarações dos juízes dos supremos tribunais da Florida e dos Estados Unidos. Já passaram 7 anos mas ainda está bem presente na minha memória um dos maiores embustes de que a opinião pública mundial é vitima.
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Após as eleições de 2000, e dadas as falhas nas máquinas e a escassa diferença no resultado, a equipa de Gore exigiu uma recontagem. A responsável estadual da Florida, republicana, recusou-a e Gore recorreu para o Supremo da Florida. Este decretou que fosse efectuada uma recontagem que os republicanos de Bush recusaram, recorrendo para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O resultado foi a anulação da decisão da Florida e a não realização de qualquer recontagem. Moral da história: Os democratas quiseram restabelecer a verdade eleitoral de acordo com os seus ideais de democracia e igualdade. Mas os republicanos preferiram a vitória na “secretaria”. Por isso a eleição de Bush ainda hoje é contestada.

Toda esta história foi amplamente documentada na altura, por jornais, televisões e comentadores do mundo inteiro. Mas nem todos os pormenores da história ficaram na memória das pessoas.

Em primeiro lugar, quem iria efectuar a recontagem determinada pelo Supremo da Florida? Seria feita pelos membros da comissão eleitoral. Só que nos EUA os membros da comissão eleitoral são nomeados pelos "county sheriff" que são de um dos dois partidos. Não existem membros supostamente independentes e nomeados pelo Estado nas mesas eleitorais. Existe sim a possibilidade de observadores contestarem as contagens. Daí a utilização de máquinas, pois dificulta as "roubalheiras". No caso da Florida, Gore só contestou os resultados em três condados, aqueles onde a contagem era feita por partidários seus e onde achava que tinha mais possibilidade de mudar o resultado da eleição. Eram condados maioritariamente democratas, onde o responsável eleitoral era democrata e as mesas eleitorais eram compostas maioritariamente por democratas. Isto foi bem evidente nas imagens televisivas da altura em que apareciam os próprios membros das mesas eleitorais, na rua, a protestar contra a ausência de recontagem. Eram democratas (só de nome, do partido, não do sistema).

Em segundo lugar, porque é que Gore só contestou os resultados em três condados democratas quando os problemas com as máquinas ocorreram em toda a Florida, inclusive em zonas mais republicanas? A preocupação de Gore nunca foi saber qual era o verdadeiro resultado, dados os erros detectados nas máquinas, mas sim como obter os votos que lhe faltavam para ganhar. Na altura usou o argumento da falta de tempo (prevista na lei) para se organizarem as recontagens em todo o estado para só as pedir em três condados. Mas se estivesse preocupado com o resultado das eleições teria pedido uma recontagem em toda a Florida.

Em terceiro lugar, porque é que os republicanos não aceitaram as recontagens? Para além de terem ganho as eleições viram o Supremo Tribunal da Florida (5 juízes democratas e 2 republicanos) decretar que deveria ser feita a recontagem nos três condados, com a anulação de todos os votos que oferecessem dúvidas, sem que os observadores pudessem contestar os novos resultados. Ou seja, um supremo tribunal determinava que seriam democratas a contar os votos e a decidirem quais é que poderiam ser recusados, sem que ninguém, incluindo os republicanos, pudesse apresentar qualquer contestação.

Em quarto, porque é que o assunto só foi resolvido ao nível do Supremo Tribunal dos EUA? Perante esta decisão da Florida, a única solução que restava aos republicanos para impedirem a recontagem decidida e efectuada por democratas seria o recurso para o Supremo Tribunal dos EUA.

Em quinto, qual foi o resultado da votação no Supremo Tribunal dos EUA? No que se refere à anulação da decisão do Supremo da Florida, e ao contrário do que ainda hoje se afirma, o resultado não foi 5-4 mas sim 7-2. Houve, no entanto, 2 juízes que votaram contra a recontagem nos três condados decidida ao nível estadual mas que fizeram uma declaração de voto em que defendiam a recontagem em toda a Florida.

Finalmente, porque é que nunca se realizou uma recontagem na Florida? Porque Gore e os seus sequazes, na ânsia de inverter os resultados das urnas a seu favor, não pediram que a contagem fosse alargada a todo o Estado. Caso o tivessem feito, e se a recontagem fosse decidida de forma transparente e equilibrada para os dois lados, seria muito mais difícil ao Supremo Tribunal dos EUA anula-la.

Acrescento ainda que foram feitas várias recontagens à posteriori, por jornais, e que Bush ganhou em todas.

Real Moral da História: Uma coisa é aceitarmos os resultados do povo. Outra coisa é inventarmos argumentos para não os aceitar. Tal como Gore, Chavez anda neste momento à procura deles. Certamente com o apoio de alguma “intelligentsia” portuguesa.


It's tea time!

Nada como uma boa chávena de chá, de preferência com torradas ou scones! Seja preto ou verde, de flores ou frutos, gosto de o beber à hora certa. Infelizmente, limitações diversas obrigam-me a bebê-lo numa caneca...

E viva o nosso chá, o da GORREANA, que em nada fica atrás dos Lipton & Cª. Mas é difícil de encontrar no "contnent"... Alguém me dá pistas para quando acabar o actual stock? Antecipadamente agradecida.

Imperdível: Contra o igualitarismo

A mulher e o cristianismo
06.12.2007, Alexandra Teté
Público

A ideologia do género pretende libertar a mulher de si mesma, da sua natureza, da sua própria feminilidade

Vasco Pulido Valente já disse o essencial, colocando a nu a frivolidade e a ignorância de certas intervenções ditas feministas no colóquio sobre "A mulher nas religiões". Ainda posso compreender o que frei Bento quis dizer quando afirmou que "o cristianismo é uma invenção de mulheres, seduzidas por um Cristo feminista", pese embora a ambiguidade e a irreverência forçada das suas palavras. É verdade que a notável expansão do cristianismo nos cinco primeiros séculos é fortemente devedora, no plano sociológico, do papel desempenhado pelas mulheres (e não apenas pela sua influência maternal e conjugal): mais disponíveis para a conversão, as mulheres gozavam nas subculturas cristãs de um estatuto superior - quer na família, quer na Igreja - ao das mulheres pagãs. A isso se associava a menor fertilidade destas últimas, resultante dos costumes sexuais pagãos, da prática do infanticídio sobretudo feminino e, em qualquer caso, do império masculino sobre a mulher e sobre a vida e morte dos seus filhos nascentes (Cf. por exemplo, The Rise of Christianity, de Rodney Stark, Princeton University Press).
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Em suma, de acordo com a mensagem de Cristo, as mulheres eram tratadas com respeito (um respeito inédito, aliás), como pessoas com igual dignidade, transcendendo os preconceitos do tempo. Para as mulheres, a conversão ao cristianismo correspondeu a uma libertação.

Ao contrário do feminismo de equidade, assente na igual e essencial dignidade pessoal de mulheres e homens, sem renunciar à conjugabilidade entre ambos e à especificidade feminina, a ideologia do género pretende libertar a mulher de si mesma, da sua natureza, da sua esponsalidade e maternidade e da própria feminilidade. Na sua versão mais extrema e radical, esta perspectiva despreza e reduz a feminilidade a um mero construto social que pode e deve ser desmontado. Esse feminismo de género remonta ao feminismo radical dos anos 60 e, mais recentemente, tem integrado a agenda ideológica progressista e invadido sub-repticiamente vocabulário, programas educativos e leis. Os efeitos perversos desta política de engenharia de mentalidades seriam de esperar: a deformação e degradação da mulher, estereotipada umas vezes como mulher-objecto e, outras vezes, como mulher-homem. E, claro, em nome da igualdade não surpreende o surgimento do homem-objecto e também do homem efeminado, bem como a promoção da homossexualidade.

Para essa visão, como atestam o zelo sectário e o tom censório exibidos por alguns dos participantes no colóquio referido, a tradição judaico-cristã é o último e principal obstáculo. Huxley ficcionou um admirável mundo novo em que a tecnologia genética (permitindo a manipulação e a produção industrial de seres humanos), a abolição da família e a promiscuidade sexual garantiam eficazmente todos os direitos sexuais e reprodutivos (com a máxima segurança e higiene, obviamente). Nesse pesadelo, a Bíblia e as histórias de amor (heterossexual) estavam encerradas no cofre-forte dos livros proibidos.
Associação Mulheres em Acção

O Homem que Fez um Leasing da Alma ao Diabo


O homem da gravata encarnada flamejante tinha um encanto todo especial, difícil de definir, impossível de resistir. Os seus modos calmos, mas determinados, pareciam esconder um poder sem vontade de se revelar, mas apenas dominar. ---
E dominado estava o seu interlocutor, copo de Cardhu rodando nos dedos, ali no bar do Lux, Brand Manager da Unilever, com uma carreira de agilização de vendas e conquista de quotas no campo das pastas dentríficas, gelados, lasanhas pré-preparadas e outros derivados do petróleo. Se alguém conhecia as técnicas para melhor cativar o consumer e suscitar-lhe a indispensável good will que faz subir os gráficos de vendas como najas hipnotizadas pela música da encantador, era ele. Porque deixava então que os papéis se invertessem, assumindo o papel passivo? E ali estava, abrindo-se como um livro ao seu interlocutor, desconhecido até há meia hora, falando de religião, da sua religião, enfim, da sua forma de ver a religião.
– Sou católico. Quer dizer, não vou à missa ao domingo e isso, quer dizer, vou de vez em quando, não sou é dado a liturgias, acho que cada um tem a sua maneira de ver, e sou um espírito demasiado independente para me deixar arrebanhar, não sei se está a ver, mas respeito quem pensar diferente de mim – dizia, mas bebendo as palavras que esperava ver sair a todo o momento dos lábios finos do homem da gravata encarnada, buscando concordância. – Basicamente, acredito que há qualquer coisa para além disto tudo, depois de morrermos, não sei bem o quê, mas creio nisso... creio eu.
O homem da gravata ia assentindo com movimentos quase imperceptíveis da cabeça, a gravata sempre um foco incandescente que parecia queimar a retina de quem nela pousasse inadvertidamente o olhar.
– Você veja, eu estou bem na vida. Tenho uma mulher linda, dois filhos, saúde de ferro, casuncha com piscina, Volvo 4x4, monte no Alentejo, viagens, carteira de acções, PPRs, o diabo a sete – prosseguiu. Às suas últimas palavras, pareceu-lhe detectar um relampejo nas íris azuis-claras do seu companheiro de copos. – Não podia estar melhor na vida. Mas, e depois da vida? Não sei. E se calhar é por isso que sou católico. – Fez uma pausa entre pensativa e enfática. – Não é por isso que somos todos católicos? Quer dizer, há assim uns gajos como o... o... como é que o gajo se chama, o gajo que era pintor e poeta... que são ateus, acho que esse gajo era ateu, já não sei... e os comunas, claro. Mas um gajo normal, um gajo como eu, habituado a ser proactivo, a fazer cenários, gosta de ter um plano B, não sei se está a ver... – Nova pausa. – Mas at the end of the day, um gajo quer é segurança. E não sei se o que eu faço chega. Será que há vida eterna? Se há, vai durar um porradão de tempo. E se for preciso ser santo? Não, não se ria, imagine que é mesmo preciso ser santo? Tipo, radical? Eu faço muito o paralelo com a minha carreira. Eu não cheguei onde cheguei, e note que ainda só tenho 34 anos, a dormir na forma. Virei muitas noites a fazer planos de marketing, passei muitos fins-de-semana em formação, sei lá... E se o Paraíso for assim, admitindo que existe? Se só entram os gajos que têm boas notas na avaliação do chefe? – Interrompeu-se de novo, desta vez absorto nas suas interrogações, esquecendo-se por momentos do escrutínio silencioso do seu interlocutor. – Não haverá um caminho mais fácil? Às vezes, pergunto-me o que faria se me aparecesse aí o Diabo a propor-me vender-lhe a alma, sabe, como o Pacino ao outro gajo, era o Brad Pitt, não era?, o que é que eu fazia. E lá está. Um gajo não sabe como vai correr, aquilo é o que eu chamo um negócio de alto risco. E eu gosto de saber o que compro. O preço não interessa, mas o produto é tudo. Palavra de Brand Manager. Uma estratégia conservadora, embora de baixo pay-off, ou arriscar tudo no vermelho...
Interrompeu-se por momentos, bebericando o Cardhu, procurando qualquer eco das suas palavras na expressão esfíngica do homem da gravata encarnada. Que sorria, atento, olhos nos olhos, com um sorriso de quem já passou por tudo na vida e decide consigo próprio partilhar ou não a sua experiência com o comum dos mortais. Finalmente, os lábios do gravata entreabriram-se. E disseram baixo, lentamente, quase sussurrando:
– Tem outras alternativas, para além de vender a alma ao Diabo.
– Como assim, outras alternativas?
– Se o seu problema é não ter a certeza se vai gostar do produto, em vez de comprar, faça um leasing!...
Bela blague, pensou o Brand Manager para com os seus botões de punho Cartier. Mas o que significava? Porque tudo o que o seu interlocutor dizia, o pouco que dizia, parecia ter um sentido oculto, mas irresistível, oferecendo-se exclusivamente à perspicácia dos mais dotados.
– Um leasing?!?
- Pois, um leasing. Não venda a alma ao diabo. Faça o que já faz. Compre a vida eterna às prestações, de acordo com um plano estabelecido por si próprio. Você tem saúde, sabe a sua esperança de vida, pode calcular, mais ano, menos ano, quando vai deixar este mundo, que seja mais tarde que cedo, e pagar as suas prestações – vá à sua missa de vez em quando, compre uns postais da UNICEF, acentue a componente de responsabilidade social da sua empresa – , e ao mesmo tempo vai gozando os prazeres da vida – o seu golfe, as suas viagens, os seus Cardhus aqui no Lux. Uma vida nisto, pagamentos tão suaves que não dá por eles. Chega ao fim, desculpe a crueza, e já tem mais a noção. Paga o valor residual: começa a ir um pedaço mais à missa, ajuda mais umas obras, até pode rezar. E fica com o melhor de dois mundos.
O gravata encarnada deteve-se, a apreciar o efeito das suas palavras no homem do marketing. Finalmente: – O que acha da minha ideia?
– Diabólica!
À saída, depois de se despedir do fantástico companheiro dessa noite, e carregar no comando da Volvo, ainda absorto nas palavras enigmáticas e no leasing a 50 anos que estava decidido a fazer, sentiu bruscamente, gélida, a faca a vincar-lhe o pescoço. Abruptamente arrancado à sua fantasia, antes sequer de o seu assaltante lhe apresentar as suas reivindicações, resistiu, a lâmina seguiu o seu caminho, e ele ali ficou, esvaíndo-se numa poça pastosa de glóbulos.
O Brand Manager continua Brand Manager. Está há uma eternidade no mesmo lugar, como que ardendo em fogo lento, mas o que é que se há-de fazer?
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