sexta-feira, dezembro 28, 2007
ler os nossos
Uma clique instalada, dona das verdades iluminadas com que se querem ver alumiadas as veredas do poder, insiste em dourar a pílula da República, ignorando (ou escamoteando) o que foi a sua instauração e o que resultou dessa fatídica sublevação. Como é evidente, não estarão isentos de reparo, mesmo à luz da época, os tempos de governação na Monarquia. Reparos que com maior justiça teriam por destinatários os governantes e parlamentares e não tanto a acção régia. Contudo, pretender alicerçar todo um edifício político, que agora se quer com pompa evocar, numa sucessão falaciosa de erros e de mentiras não me parece um bom princípio. Mas isso, para a trupe do costume, é de somenos, e lá vão, do alto de duvidosas cátedras assinalando (sem acerto) os desvarios monárquicos e sublinhando (sem fundamento) as virtudes republicanas.
Uma dessas putativas virtudes é a democracia. Não sei por que bulas, mas o certo é que se anda a espalhar com engenhosa habilidade a insinuação de que foi com a República que se institui o sufrágio universal. Até os escritores da moda e os vendedores de feira são vítimas dessa precipitação. Não fora a sageza de um historiador convertido em crítico literário e talvez só meia dúzia de informados tivesse dado pelo abuso. Vasco Pulido Valente, neste aspecto insuspeito, denuncia com a veemência que se lhe conhece: "A República notoriamente não instituiu o sufrágio universal. A lei eleitoral de 1911 deixava votar os maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever ou que fossem chefes de família há mais de um ano. Infelizmente, na «eleição» de 1911 não se votou, por pressão do Partido Republicano, em quase metade dos círculos. Pior ainda, nos círculos em que se votou, bandos de terroristas «fiscalizaram» o acto. Na eleição seguinte, em 1913, o Partido Democrático restringiu o voto a maiores de 21 anos, do sexo masculino [ai que diriam, hoje, os fundamentalistas da igualdade de género!] e letrados: um corpo eleitoral mais pequeno que o da Monarquia." Tudo visto e ponderado, nos primeiros tempos, a República não passou de "uma ditadura do Partido Democrático", superiormente orquestrado pela sinistra batuta do Dr. Afonso Costa.
Pretender demonstrar que em Monarquia se vivia sob opressão e que em República se respirava liberdade é tarefa impossível, por ser uma rotunda mentira. A actividade política conhecia antes do 5 de Outubro uma liberdade de opinião, de organização e de acção que só (bem) depois de 1976 se recuperou. E de 1910 a 1976, que eu saiba, estávamos em República. Não havia um Rei para nos amordaçar. Nem Rei, nem roque."
Lindsay Lohan
Já não falta tudo
quinta-feira, dezembro 27, 2007
Spectator, The
Benazir Bhutto - 1953-2007
Não estão em causa os méritos éticos e políticos de cada um desses homens e mulheres. Alguns deles poderão até ter tido comportamentos reprováveis à frente dos seus países. O que está em causa é que lhes foi retirado o direito mais básico, o direito à vida, apenas porque se insugiram contra fundamentalismos religiosos e quiseram manter o estado longe de teocracias e outros abusos de quem vê o mundo a preto e branco.
é Natal, ninguém leva a mal
O Avô É Mau!!
On related news, an obscure portuguese blogger can't get the smile out of his face.
coisas chatas
novos links
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Curiosidades históricas
Pinto de Sousa
pós-Natal (2)
pós-Natal
sexta-feira, dezembro 21, 2007
AOS MEUS AMIGOS
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Feliz Natal !!!
A novidade da verdade
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Reflexão sobre reflexões e outros embustes
a) estiveram a gozar comigo e com os outros;
b) as más desculpas não colam bem.
Pior do que fazer a escolha errada pelos motivos certos é fazer a certa pelos motivos errados.
afinal, o Henrique tem razão; qualquer eleito democraticamente faria melhor que isto
"Fez-se luz
"O comum dos cidadãos tem consciência que o simples consumo de electricidade não é mais um factor de progresso, como era entendido no pós-guerra – tenha-se em consideração o evento planetário "live earth" realizado 7/7/2007, nem tão pouco a enconomia portuguesa se encontra em fase de pujança ou de crescimento económico (…)"
Transcrição do acórdão do tribunal central administrativo que manda desligar a linha da REN. O acórdão é de 11 de Julho. O concerto é de 7 de Julho. Se o processo tivesse entrado antes a REN teria ganho."
(publicado em stéreo aqui)
ler Maria José Nogueira Pinto
arrastão
poucos são os que dizem tanto com tão pouco
"Aqui há tempos aproveitei a boleia do Vital Moreira e arrumei no meu computador o texto das alterações que veio a dar corpo ao Tratado de Lisboa. Li aquilo e pareceu-me intragável. Num país que não consegue decifrar as declarações do IRS parece estranho referendar uma coisa daquelas. Julgo compreender aqui a verdadeira posição dos que não querem o referendo.Mas é precisamente porque vivemos alheados das coisas que contam, e porque temos uma tendência natural para o conformismo, que julgo ser importante fazer o referendo. A democracia também inclui tarefas aborrecidas, incluindo a de explicar coisas aborrecidas. O resultado final, qualquer que ele seja, será sempre bom" (FNV, no excelente mar salgado)
quarta-feira, dezembro 19, 2007
“Arrogantes” polémicas
Como diz Baptista Bastos, personagem repugnante mas que aqui até tem razão, trata-se de uma discussão entre "dois arrogantes". E ele fala com conhecimento de causa pois conhece os dois protagonistas.
O problema, como eu o vejo, é usar-se o termo ficção histórica como se fosse um género literário superior. Ficção é ficção, seja histórica ou não, e não se deve achar que vamos aprender alguma coisa ao ler um desses livros. Esses livros servem apenas para nosso deleite e podem, e devem, conter as coisas mais inverosímeis. È na imaginação dos autores que está a principal riqueza de um livro de ficção. São bons ou maus consoante o prazer que retiramos da sua leitura e consoante a forma como estão escritos, e não pelos factos que narram. Para a História temos os historiadores.
O problema resume-se a isto. A sociedade portuguesa dá demasiada importância aos artistas e, consequentemente, aos escritores. Muito mais importância e relevo do que eles merecem. Considera-os uma elite quando muitas vezes são bons a escrever mas medíocres nas ideias que veículam. E peço desculpa por voltar sempre ao tema, mas os artistas são dos principais propagandeadores das ideias socialistas que no passado provocaram tanta desgraça e que ainda hoje atrofiam a nossa sociedade.
Feliz Natal
Nasce o Tejo,
Nasce um dente.
Nasce um cão
E uma série de gente.
Nasce uma nova nação
E mais uma associação.
Nasce um incrível evento,
Um perverso Papa
E um santo pensamento.
Nasce o neto ao Nascimento,
Nasce a mana ao João.
Tudo isso é bom, tudo isso é mau,
Tudo isso, humano.
O que é divino
É morrer o pecado
Só porque nasce um menino
Numas palhinhas deitado.
Underground revisited
Rio das Flores - notas a uma crítica
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Proponho-me articular algumas das impressões que me causaram a crítica:
- Não podia o Manuel Custódio achar que o dr. António José de Almeida era um demagogo e um vendedor de feira e que se gastava na República muito mais dinheiro do que na Monarquia? Não, não podia, diz VPV, por causa do esforço de guerra. Pois.
- Não podia o Manuel Custódio achar que a República queria proibir os "padres de andar vestidos de padres"? Não, também não. Porquê? Porque toda a gente sabia, e o Manuel Custódio também saberia, que a República proibiu apenas "o uso de vestes talares na rua", ou seja, os padres só não podiam usar (na rua!) batina. Em casa podiam usar o que quisessem e na via pública não estavam impedidos de envergar fato preto e cabeção. Pois.
(continua)
terça-feira, dezembro 18, 2007
A Pseudo-Ingovernabilidade da actual UE
A Universidade Science-Po, em Paris, demonstrou num estudo que a rapidez de aprovação de novas leis aumentou 25% após os sucessivos alargamentos da UE, desmentindo a tese de que cada alargamento teria tornado o funcionamento da UE muito mais complexo e que teria dificultado a tomada de decisão.
Mas mesmo a complexidade actualmente existente resulta não apenas do número de países mas também das excessivas competências que se transferiram para Bruxelas.
a ler
contos
A SIC na limpeza de “el Comandante”
E chegou ao poder com a fuga de Batista. Primeiro procurou o apoio dos Estado Unidos, via Eisenhower e Nixon. Obteve-o inicialmente. Mas depois a pouco e pouco a distância entre os dois países foi-se alargando. O principal crítico da falta de dureza na relação com Cuba era Kennedy. Aquele que depois viria a notabilizar-se pelo triste episódio da Baía dos Porcos.
Quando os EUA recusaram apoio, Castro virou-se para os comunistas e abraçou a “causa”. Depois disso a História é mais conhecida. Foi instalada uma ditadura governada por incompetentes que levaram aquele povo à pobreza e à miséria. Com eles estava Ernesto "Che" Guevara, um assassino argentino muito estimado.
Se até a Comissão Europeia já reconheu ...
“(O novo tratado) é essencialmente a mesma proposta da velha Constituição”.
Margot Walstrom, Comissária Europeia (da propaganda, acrescento eu)
in Sunday Telegraph, 2 de Julho de 2007
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Um Santo Natal também para vós!
domingo, dezembro 16, 2007
Mais tratado e mais mentira ...
“Eles (líderes da UE) decidiram que o documento (Trartado Reformador) deve ser de difícil leitura. Se é de difícil leitura não é constitucional, de acordo com a percepção dominante. Se o conseguisse entender à primeira leitura poderia haver algumas razões para um referendo, porque significaria que havia algo de novo”
Giuliano Amato (antigo primeiro-ministro italiano)
in Euobserver.com, 16 de Julho de 2007
sexta-feira, dezembro 14, 2007
O Jorge é nosso! Não damos a ninguém!!!
O que perde Portugal com a assinatura do Tratado Reformador
O que perde Portugal com a assinatura do Tratado Reformador?
Conselho: as presidências rotativas limitam-se aos conselhos de ministros e passa a existir um Presidente do Conselho que poderá dificultar a definição da agenda semestral de acordo com os interesses de Portugal. A tão badalada Cimeira UE-África não existira com este figurino.
Comissário europeu: após 2014 Portugal terá um comissário durante 10 anos em cada período de 15 anos
Parlamento Europeu: A co-decisão com o Conselho passa a ser a regra e não a excepção. Vê fortemente aumentados os seus poderes em desrespeito pelos parlamentos nacionais.
Parlamentos nacionais passam a ser consultados sobre as propostas legislativas da Comissão mas não as podem impedir. Apenas pedir que sejam reconsideradas ao abrigo do Princípio da Subsidiariedade. Na prática, ganham muito pouco peso.
Política externa: comandada pelo Alto-Representante limita cada vez mais a autonomia externa de Portugal. Cooperações reforçadas obrigam a escolha radical entre estar dentro ou fora da política externa europeia retirando flexibilidade às opções dos países.
Minoria de bloqueio: facilitada a favor dos países grandes pois passa a ser possível com mais de 35% dos votos e no mínimo por 4 estados-membros. Concretiza-se a hierarquização entre Estados, que os cínicos dizem já existir. O princípio da igualdade entre países não é consagrado.
Tribunal de justiça: alarga os seus poderes nos assuntos internos a questões como asilo e imigração sobrepondo-se à soberania nacional.
Por último, Portugal perde (?) mais uma oportunidade de se pronunciar em referendo sobre a questão europeia.
O que ganha Portugal? Para além da possibilidade de novos devaneios verbais sobre as utopias que somos obrigados a perseguir pelos socialistas do “Centrão”, NADA.
Tratado da mentira
“Apesar de ingleses, holandeses e franceses terem insistido para a eliminação de todas as referências à palavra “constituição”, o novo tratado ainda contém todos os elementos chave (da constituição). Todas as propostas anteriores estarão no novo texto, mas serão escondidas e disfarçadas de algum modo. (O novo texto é) bom em termos de substância já que está muito, muito próximo do original”.
Giscard d’Estaing, Sunday Telegraph, 2 de Julho de 2007
moon walk
Passam hoje 35 anos desde a última "caminhada" lunar. Carregar aqui para ver imagem no tamanho original.
Língua traiçoeira... ou traidora?
Pai - Não faço ideia, querida. Lobos-maus?
Filha - Nããããõ, Pai. Padeiros!
Pai - E o que são padeiros, filha?
Filha - São os rapazes que fazem pãos!
Pai - Pãos não. Pães.
Filha - Pães.
Pai - Isso mesmo, pães. Vá, agora vá lavar os dentes e as mãos, que já estamos atrasados.
Filha - Mães, Pai. Lavar as mães!
Pai - (!?)
Paris é uma Festa
Sou no entanto sensível a algumas virtudes da sociedade do livre empreendedorismo, e alguns dos seus heróis. Há um exemplo recente que me toca especialmente. A sua vida é uma referência e exemplo vivo de várias dessas virtudes.
Em primeiro lugar, não viver à sombra das realizações da familia. Não ficar preguiçosamente a colher os louros. Construir o seu próprio nome. Ela – porque de uma ela se trata – é herdeira de uma fortuna de milhões de dólares, mas segue a sua própria carreira de sucesso, construída a pulso.
Em terceiro lugar, a noção muito acarinhada mas pouco praticada de que as luzes da ribalta estão acessíveis a todos os que acreditam no seu sonho, por mais limitações que tenham, mesmo intelectuais que sejam. E ela e a mana são de facto estúpidas que nem um calhau.
Se a sociedade liberal fosse construída exclusivamente por pessoas destas, eu seria liberal. Já perceberam certamente a quem me refiro. Falo de Paris Hilton.
quinta-feira, dezembro 13, 2007
Tratado reformador e Constituição Europeia: Descubra (se conseguir) as diferenças (1)
O Tratado Reformador que foi hoje assinado com tanta pompa e circunstância não é compreendido nem desejado por uma grande parte dos povos europeus, especialmente por aqueles que já o rejeitaram em referendo. Aqui fica um pequeno guia sobre o pouco que mudou, para além do nome, entre a Constituição Europeia e este tratado.
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1 - No seu todo:
- As diferentes estimativas apontam para que o Tratado Reformador (TR) mantenha entre 95% e 99% do projecto de Constituição Europeia (CE), apenas tendo tornado a sua leitura muito mais complicada.
Há dois tipos de alterações de pormenor que não mudam o conteúdo “herdado” da CE:
a) Todas as referências a Constituição e aos símbolos de um Estado (moeda, hino, bandeira, divisa, dia nacional) são retiradas do texto no TR mas continuam a existir na realidade, mesmo que sem existência legal (a moeda é a excepção). Inclusivamente, o Parlamento Europeu já aprovou uma declaração a favor do reforço do uso destes símbolos em toda a UE.
b) Diversos países (Reino Unido, Irlanda, Polónia, França, Holanda, etc.) introduzem “cláusulas especiais” essencialmente para consumo doméstico mas que em nada alteram a futura aplicação do TR. Portugal não tem sequer essa preocupação
Exemplos: O Reino Unido e a Irlanda têm um “opt-in” em várias questões de cooperação judicial e policial. O mesmo relativamente à Carta dos Direitos Fundamentais para o Reino Unido. Reino Unido e Dinamarca têm excepções ao nível dos poderes do tribunal de justiça em questões de asilo e imigração.
O resto fica tudo exactamente igual à reprovada Constituição Europeia (que depois de ser reprovada, e com a maior manifestação de hipocrisia a que algum vez assisti, deixou de ser constituição para passar a ser tratado constitucional).
GOD SAVE THE QUEEN (from the European Union)
Valha-me este país e valha-me este povo que não aceita tudo o que lhe impingem sem o discutir. Quer seja dos burocratas de Bruxelas quer seja de outro lado qualquer. Não é por acaso que é a pátria da liberdade e da democracia. È o país onde a Europa diariamente se discute e em que o Primeiro-Ministro dá preferência a um encontro com os deputados, representantes do povo, a cerimónias de pompa e circunstância (outra interpretação é a de que tem vergonha em vir assinar um tratado que ele próprio reconhece ser igual à chumbada Constituição Europeia e que não referenda porque sabe que perderia).
RULE BRITANNIA, BRITANNIA RULE THE WAVES (OF DEMOCRACY AND FREEDOM)
Os inimigos do Acordo estão a atacar
O Retratado de Lisboa
Tratado de Lisboa
AVISO
terça-feira, dezembro 11, 2007
segunda-feira, dezembro 10, 2007
deriva
Quem falou com Thabo Mbeki?
Dislates de Imprensa (5)
Na tarde de Domingo participei numa reunião com o representante da oposição do Zimbabwe na Cimeira, Eliphas Mukono-Weshuro. O responsável do Movement for Democratic Change (MDC) explicou que Mugabe vai aproveitar a Cimeira UE-Àfrica para melhorar a sua imagem no Zimbabwe. E que os responsaveis europeus, os que estão realmente preocupados com a situação daquele país, passaram completamente ao lado do essencial. O essencial é a Àfrica do Sul, que continua a sustentar e a alimentar a ditadura de Mugabe.
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A imprensa portuguesa transmitiu entusiasticamente a frase de José Sócrates, repetida atè á exaustão, em que este afirmava não haver tabus e que os direitos humanos iam mesmo ser frontalmente abordados e os ditadores cruamente confrontados.
Soubemos depois, sempre pela imprensa pois isto passou-se á porta fechada, que Angela Merkel, entre outros, terá dado um “puxão de orelhas” a Mugabe. Mas e os outros?
Com Thabo Mbeki ninguém parece ter falado. Mas é a Àfrica do Sul que continua a “aguentar” Mugabe. Por interesse económico, pois fornece os poucos alimentos a que este país tem agora acesso. Beneficia com os quadros do Zimbabwe, que emigraram para outros países mas especialmente para a Àfrica do Sul. E impede que o movimento trabalhista, a que o MDC pertence e que é rival do Congresso Nacional africano (ANC com o monopólio do poder na Àfrica do Sul), cresça no Sul de Àfrica.
Mugabe, entretanto, deve ainda estar a rir-se. A nível interno vai apresentar um acordo com a UE como a prova provada de que não é nenhum “pária” e que a oposição doméstica exagera nas criticas que faz.
Eliphas Mukono-Weshuro, por seu lado, vai necessitar de segurança para chegar vivo ao aeroporto de Harare e regressar são e salvo a casa.
Cimeira UE- Àfrica (1): Imagem
(Opressão socialista 12)
“Declaração de Lisboa”, “Espírito de Lisboa”, “Depois desta Cimeira nada será com dantes”, foram inumeros os chavões que o Primeiro-Ministro português ensaiou na semana passada e que apresentou ao longo do festim deste fim-de-semana. Os jornais portugueses alinharam no coro. Mas a imprensa estrangeira não é tão “naíf” nem precisa de mostrar que é nacionalista.
O Frankfurter Allgemeine, um dos principais jornais alemães, realçou a forte polémica entre África e a União Europeia que caracterizou o início da nova parceria. O The Guardian refere que as ameaças da UE em aumentar as tarifas à importação de produtos africanos fizeram resvalar os acordos comerciais. Este foi o principal fracasso da cimeira.
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Para os jornais portugueses foi um sonho tornado realidade. Na edição de Domingo do Público a sua editora de Internacional, Teresa de Sousa, resumia brilhantemente o resultado da propaganda conjunta Portugal-UE.
De fora ficaram dezenas de anos de desperdício de dinheiros públicos em Àfrica, de corrupção “canalizada” pelo hemisfério Norte. Não houve uma única palavra, nem na Cimeira nem nos jornais, sobre como garantir que não continua o “fartar vilanagem” que é a ajuda internacional aos países pobres.
De fora ficava o discurso inaugural do responsável da União Africana que, com o ressabiamento já habitual, veio a Lisboa culpar os países europeus pela pobreza que domina o “seu” continente. Foram os colonialistas os culpados, aqueles que ele veio agora visitar de mão estendida, mas sempre sem deixar de ameaçar abertamente com o apoio da China.
De fora ficaram também os protestos contra as Parcerias Especiais que, na óptica africana, não são mais do que tentativas europeias de voltar aos tempos do chamado colonialismo e da exploração do homem preto.
De fora ficaram ainda as referências a inúmeros ditadores que estiveram de passeio em Lisboa. As atenções centraram-se no Zimbabwe e no Sudão, os párias africanos “eleitos” pela comunidade internacional. Dos restantes ninguém falou. Kadaffi já passou essa fase e agora é um “amigalhaço” em cuja tenda devemos tomar chá.
De fora, finalmente, ficou o falhanço da UE em abrir os seus mercados aos países africanos.
Isaltino
Cimeira UE- Àfrica (1): Imagem e conteúdo
Uma declaração conjunta que já tinho sido acordada antes da Cimeira e que se limita a generalidades muito pouco concretas
O chamado Plano de Acção e a Estratégia Conjunta que, para além das boas intenções, ainda não se sabe no que vão resultar e cujo efeito tem uma amplitude tão larga que pode variar entre a aceitação dos líderes africanos de políticas mais responsáveis no sentido da diminuição da pobreza e a continuação do “despejar” de dinheiro e recursos que há décadas, sob a forma de ajuda internacional, alimentam as elites corruptas de Àfrica.
Mas todos sabemos que nestas “grandiosas” cimeiras é mais a parra do que a uva. As expectativas também não devem ser muito altas. O mais importante para Portugal é o que será o futuro na relação com os PALOP´s. Só a partir de agora é que vamos saber se a Cimeira realmente resulta em algo de concreto e positivo nesta relação. Antes da Cimeira tinha sido assinado uma Parceria Estratégica com Cabo Verde. Após a Cimeira, a possibilidade de assinatura de novas parcerias foi afectada pelos protestos, pelas piores razões, de alguns países africanos. Duvido que o Primeiro-Ministro já o tenha percebido pois ainda deve estar deslumbrado pela acção de grande estadista que julga ter concretizado neste fim-de-semana. Mas a realidade vai bater-lhe à porta e bem depressa.
Há uma última coisa de que Sócrates também ainda não se deve ter apercebido. Aprovar o Tratado Reformador da UE significa acabar com as presidências rotativas do Conselho. Ou seja, acabam os “brilharetes” com muitos chefes de Estado, muita imprensa, muitos banquetes e muitas tentativas de garantir um lugar na História. Se ele gosta tanto disso porque é que vai assinar o Tratado?
It's music!
Não é comercial, muito menos profissional. É amador do melhor que há! Ah, e tenho o privilégio de ser sua amiga.
o fim do semi-presidencialismo?
sobre a legalização da prostituição
eleitos
Isto sim, é criminalidade de qualidade!!!
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Schubert - Ave Maria
Esta versão, embora cantada com uma técnica mais apurada, não tem o sentimento da versão de Joan Baez.
A música não deixa de ser, porém, o mais próximo que se pode ter do cantar dos anjos sobre a Terra.
House of The Rising Sun
Não me competindo a mim a rubrica das músicas da minha vida, não queria ir para fim de semana sem uma homenagem à grande musa dos direitos humanos.
É pena que o YouTube não tenha também a interpretação da Ave Maria de Schubert, uma das mais felizes.
The Party of Death
O The Party of Death, de Ramesh Ponnuru é um livro muito interessante e provocador que aborda a questão de como o aborto, a eutanásia e até o infanticídio têm corrompido o discurso político.
É claro que o livro se aplica mais à realidade norte-americana, com os seus radicalismos de ambos os lados, mas acaba por ter alguma validade em todo o mundo ocidental.
Curioso é que a autora não recorre a argumentos teológicos mas apenas a argumentos éticos e políticos para defender a vida.
É, por isso, um livro muito interessante mas talvez ainda mais interessante é a entrevista com a autora que pode ser encontrada noBlogging Heads
Obrigada, Frederico
Esta é a União Europeia que quero
Neste fim-de-semana realiza-se a Cimeira UE-África. Acontecimento importantíssimo para Portugal. Portugal sozinho não conseguirá nada em África porque não tem dimensão. Mas tem “know-how” que está por aproveitar há mais de 30 anos. E dadas as nossas responsabilidades históricas precisamos de “trazer” os europeus e os norte-americanos para ajudar África. Mas não é só neste sentido que a cimeira é importante. Mostra também que não necessitamos de uma Política Externa Comum ao nível europeu mas sim de vontade de cooperação entre os países. Há cimeira sem Gordon Brown e ainda bem que há porque os ingleses não deixarão de a apoiar desde que a UE não se transforme numa utopia colectiva em que a vontade soberana dos povos é subjugada. As relações externas são a prova provada de que podemos ter uma UE que agrade a todos e que não queira impor o seu modelo único. Demonstra-o o maior sucesso do projecto europeu, os sucessivos alargamentos, e demonstra-o para Portugal a recente parceria especial com Cabo Verde.
Esta é a União Europeia que quero.
o filho do maradona tem os pés quadrados e vai jogar na série D italiana mas o nosso maradona da margem sul continua em grande na série A
Este post é um exemplo de como se tenta convencer o pessoal da utilidade política de separar a direita boçal, fascista, racista e reaccionária da direita inteligente, estruturada, coerente, informada e decente até ao último átomo. Ao que parece, esta simplicíssima e desambigua higiéne não só não está a ser tentada pela direita, como, pelo tom das conversas, foi completada há décadas pela esquerda. Já tinha a ideia que a esquerda se acha limpa de canalhas, não sabia era que lhes sobra tanto tempo e ideias para ajudar na faxina da casa ao lado. Não tenho nenhuma oposição ao projecto em geral (como haveria de ter?), e até talvez partilhe de alguns dos alvos em concreto. O que me parece ridículo é que se veja nas fórmulas utilizadas pelo Tiago Mendes um algorítmo válido para essa clarificação (...) - El Pibe
porreiro, pá
pipi (M18)
novo link velho blog
influências blasfemas
quinta-feira, dezembro 06, 2007
Bush e Chavez: Descubra as diferenças
Circula em alguns meios intelectuais da “blogoesfera” e da imprensa (eg. Miguel Sousa Tavares) a comparação entre a legitimidade democrática de Chavez e a suposta ilegitimidade de Bush. Passados 7 anos vale a pena recordar os detalhes da eleição do actual Presidente norte-americano.
Na altura acompanhei todo o processo ao milímetro, não apenas através dos jornais mas lendo tudo incluindo as decisões e as declarações dos juízes dos supremos tribunais da Florida e dos Estados Unidos. Já passaram 7 anos mas ainda está bem presente na minha memória um dos maiores embustes de que a opinião pública mundial é vitima.
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Após as eleições de 2000, e dadas as falhas nas máquinas e a escassa diferença no resultado, a equipa de Gore exigiu uma recontagem. A responsável estadual da Florida, republicana, recusou-a e Gore recorreu para o Supremo da Florida. Este decretou que fosse efectuada uma recontagem que os republicanos de Bush recusaram, recorrendo para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O resultado foi a anulação da decisão da Florida e a não realização de qualquer recontagem. Moral da história: Os democratas quiseram restabelecer a verdade eleitoral de acordo com os seus ideais de democracia e igualdade. Mas os republicanos preferiram a vitória na “secretaria”. Por isso a eleição de Bush ainda hoje é contestada.
Toda esta história foi amplamente documentada na altura, por jornais, televisões e comentadores do mundo inteiro. Mas nem todos os pormenores da história ficaram na memória das pessoas.
Em primeiro lugar, quem iria efectuar a recontagem determinada pelo Supremo da Florida? Seria feita pelos membros da comissão eleitoral. Só que nos EUA os membros da comissão eleitoral são nomeados pelos "county sheriff" que são de um dos dois partidos. Não existem membros supostamente independentes e nomeados pelo Estado nas mesas eleitorais. Existe sim a possibilidade de observadores contestarem as contagens. Daí a utilização de máquinas, pois dificulta as "roubalheiras". No caso da Florida, Gore só contestou os resultados em três condados, aqueles onde a contagem era feita por partidários seus e onde achava que tinha mais possibilidade de mudar o resultado da eleição. Eram condados maioritariamente democratas, onde o responsável eleitoral era democrata e as mesas eleitorais eram compostas maioritariamente por democratas. Isto foi bem evidente nas imagens televisivas da altura em que apareciam os próprios membros das mesas eleitorais, na rua, a protestar contra a ausência de recontagem. Eram democratas (só de nome, do partido, não do sistema).
Em segundo lugar, porque é que Gore só contestou os resultados em três condados democratas quando os problemas com as máquinas ocorreram em toda a Florida, inclusive em zonas mais republicanas? A preocupação de Gore nunca foi saber qual era o verdadeiro resultado, dados os erros detectados nas máquinas, mas sim como obter os votos que lhe faltavam para ganhar. Na altura usou o argumento da falta de tempo (prevista na lei) para se organizarem as recontagens em todo o estado para só as pedir em três condados. Mas se estivesse preocupado com o resultado das eleições teria pedido uma recontagem em toda a Florida.
Em terceiro lugar, porque é que os republicanos não aceitaram as recontagens? Para além de terem ganho as eleições viram o Supremo Tribunal da Florida (5 juízes democratas e 2 republicanos) decretar que deveria ser feita a recontagem nos três condados, com a anulação de todos os votos que oferecessem dúvidas, sem que os observadores pudessem contestar os novos resultados. Ou seja, um supremo tribunal determinava que seriam democratas a contar os votos e a decidirem quais é que poderiam ser recusados, sem que ninguém, incluindo os republicanos, pudesse apresentar qualquer contestação.
Em quarto, porque é que o assunto só foi resolvido ao nível do Supremo Tribunal dos EUA? Perante esta decisão da Florida, a única solução que restava aos republicanos para impedirem a recontagem decidida e efectuada por democratas seria o recurso para o Supremo Tribunal dos EUA.
Em quinto, qual foi o resultado da votação no Supremo Tribunal dos EUA? No que se refere à anulação da decisão do Supremo da Florida, e ao contrário do que ainda hoje se afirma, o resultado não foi 5-4 mas sim 7-2. Houve, no entanto, 2 juízes que votaram contra a recontagem nos três condados decidida ao nível estadual mas que fizeram uma declaração de voto em que defendiam a recontagem em toda a Florida.
Finalmente, porque é que nunca se realizou uma recontagem na Florida? Porque Gore e os seus sequazes, na ânsia de inverter os resultados das urnas a seu favor, não pediram que a contagem fosse alargada a todo o Estado. Caso o tivessem feito, e se a recontagem fosse decidida de forma transparente e equilibrada para os dois lados, seria muito mais difícil ao Supremo Tribunal dos EUA anula-la.
Acrescento ainda que foram feitas várias recontagens à posteriori, por jornais, e que Bush ganhou em todas.
Real Moral da História: Uma coisa é aceitarmos os resultados do povo. Outra coisa é inventarmos argumentos para não os aceitar. Tal como Gore, Chavez anda neste momento à procura deles. Certamente com o apoio de alguma “intelligentsia” portuguesa.
It's tea time!
E viva o nosso chá, o da GORREANA, que em nada fica atrás dos Lipton & Cª. Mas é difícil de encontrar no "contnent"... Alguém me dá pistas para quando acabar o actual stock? Antecipadamente agradecida.
Imperdível: Contra o igualitarismo
06.12.2007, Alexandra Teté
Público
A ideologia do género pretende libertar a mulher de si mesma, da sua natureza, da sua própria feminilidade
Vasco Pulido Valente já disse o essencial, colocando a nu a frivolidade e a ignorância de certas intervenções ditas feministas no colóquio sobre "A mulher nas religiões". Ainda posso compreender o que frei Bento quis dizer quando afirmou que "o cristianismo é uma invenção de mulheres, seduzidas por um Cristo feminista", pese embora a ambiguidade e a irreverência forçada das suas palavras. É verdade que a notável expansão do cristianismo nos cinco primeiros séculos é fortemente devedora, no plano sociológico, do papel desempenhado pelas mulheres (e não apenas pela sua influência maternal e conjugal): mais disponíveis para a conversão, as mulheres gozavam nas subculturas cristãs de um estatuto superior - quer na família, quer na Igreja - ao das mulheres pagãs. A isso se associava a menor fertilidade destas últimas, resultante dos costumes sexuais pagãos, da prática do infanticídio sobretudo feminino e, em qualquer caso, do império masculino sobre a mulher e sobre a vida e morte dos seus filhos nascentes (Cf. por exemplo, The Rise of Christianity, de Rodney Stark, Princeton University Press).
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Em suma, de acordo com a mensagem de Cristo, as mulheres eram tratadas com respeito (um respeito inédito, aliás), como pessoas com igual dignidade, transcendendo os preconceitos do tempo. Para as mulheres, a conversão ao cristianismo correspondeu a uma libertação.
Ao contrário do feminismo de equidade, assente na igual e essencial dignidade pessoal de mulheres e homens, sem renunciar à conjugabilidade entre ambos e à especificidade feminina, a ideologia do género pretende libertar a mulher de si mesma, da sua natureza, da sua esponsalidade e maternidade e da própria feminilidade. Na sua versão mais extrema e radical, esta perspectiva despreza e reduz a feminilidade a um mero construto social que pode e deve ser desmontado. Esse feminismo de género remonta ao feminismo radical dos anos 60 e, mais recentemente, tem integrado a agenda ideológica progressista e invadido sub-repticiamente vocabulário, programas educativos e leis. Os efeitos perversos desta política de engenharia de mentalidades seriam de esperar: a deformação e degradação da mulher, estereotipada umas vezes como mulher-objecto e, outras vezes, como mulher-homem. E, claro, em nome da igualdade não surpreende o surgimento do homem-objecto e também do homem efeminado, bem como a promoção da homossexualidade.
Para essa visão, como atestam o zelo sectário e o tom censório exibidos por alguns dos participantes no colóquio referido, a tradição judaico-cristã é o último e principal obstáculo. Huxley ficcionou um admirável mundo novo em que a tecnologia genética (permitindo a manipulação e a produção industrial de seres humanos), a abolição da família e a promiscuidade sexual garantiam eficazmente todos os direitos sexuais e reprodutivos (com a máxima segurança e higiene, obviamente). Nesse pesadelo, a Bíblia e as histórias de amor (heterossexual) estavam encerradas no cofre-forte dos livros proibidos.
Associação Mulheres em Acção