Um Santo Natal também para vós!
Esta quadra costuma despertar, até nos corações mais empedernidos, sentimentos de alegria, de generosidade, de amor, de solidariedade. Em suma, sentimentos positivos. Há muito, porém, que a sociedade que a nossa inércia permitiu florescesse operou uma inversão de valores que me sugere adjectivos que nem ao Tiago Mendes lembrariam. O Natal aí está. E a necessidade de rechear os sapatinhos dos que nos são queridos também.
Os abutres da sociedade de consumo também já chegaram, batendo as suas graciosas asas por cima do nosso vazio. "Surpreenda todos com presentes de sonho utilizando a sua Reserva Financeira", oferece uma dessas penosas, presságios de morte. "Dispõe de 500 € para utilizar como quiser"anuncia benignamente um monumento à necrofilia. Com uma módica taxa de juro (discretamente anunciada em letras pequenininhas), de apenas 25% ao ano (leram bem: 25% ao ano), o nosso Natal pode ser o que nós quisermos. O pior é o resto do ano. Permitirmos que esta gente exista e se banqueteie desta maneira é uma vergonha.
12 Comments:
a partir do momento em que os socialistas se "apropriaram" do mercado tudo é possível...
"Les beaux esprits se rencontrent"... Com as diferenças de estilo, batemos as mesmas teclas. Estas Cetelem e congéneres - a banca não escapa - deveriam ser responsabilizadas por tantas desgraças, ruínas e misérias que vai semeando.Crimes contra a sociedade. Na 5ª feira conto-lhe uma história a propósito. Abraços
Obrigado, João. Até lá.
Imagino que não leiam o meu blog muitas vezes. Aqui há uns tempos tive oportunidade de divulgar um podcast com o economista Michael Hudson, onde ele dizia que um banqueiro lhe tinha confidenciado a epifania que os (aos banqueiros) tinha feito mudar a maneira de encarar o negócio:
Descobriram que os pobres são honestos.
A braços com uma divida preferam passar fome a não honrá-la. Afinal pouco mais têm do que a sua palavra e não se podem dar ao luxo de a perder. (ao contrário de exemplos recentes e mediáticos a que assistimos por cá).
Por isso vai de emprestar. Um paraíso para o mercado e os seus "operadores racionais".
Identificar isto com socialismo é que não lembra ao careca.
Caro L. Rodrigues,
É preciso desculpar o nosso Ricardo porque ele identifica Socialismo com «Desgraça da Humanidade» e, vai daí, faz o raciocínio circular de dizer que qualquer desgraça é sinónimo de socialismo, mesmo quando está empedernida, como neste caso, no coração da sociedade capitalista mais materialista.
Ficamos a saber que o crédito ao consumo, o consumismo, a lei de mercado mais selvagem são tudo marcas do socialismo. Deve ter sido isso que deitou abaixo a União Soviética: o poder dos bancos e o crédito ao consumo...
Toca a pagar seus endividados!
Essa do pêra de bancário faz me lembrar alguma coisa...
Quanto ao socialismo está na raiz dos males que afligem a nossa sociedade. Hoje não há economista socialista/liberal que não se congratule com o aumento do consumo com o argumento de que faz a crescer a economia e logo a riqueza.
Além de que o consumismo é uma forma de ainda destruir mais o espírito cristão no Natal. Quem é que poderá desejar isso? Os socialistas (os não cristãos)...
Vejo que o Jorge não é o único humorista por estas bandas.
De forma nenhuma. O Ricardo, no capítulo de humor dá-lhe 10-0.
Não há competição possível quando nos vêm dizer que a sociedade de consumo é uma consequência do socialismo.
Ah! E então não é?
Tal como o socialismo é causa de quase todo o mal que vivemos nos dias de hoje.
Muito paleio e pouco saber.
hehehehehehe
Eu não disse que a sociedade de consumo é uma consequência do socialismo. Mas o socialismo aprendeu recentemente a viver com o mercado. Muito brevemente, e já ouvi alguns comentários nesse sentido, o mercado vai ser um "valor" socialista. Mário Soares, apesar de ser mais "teórico" do que teórico, já o disse relativamente ao mercado, desde que com preocupações sociais. Não vai demorar muito a que os socialistas se apropriem do "conceito". Na prática já o fazem, basta olhar para o Sócrates. Basta pensar nos valores da democracia e da liberdade que os socialistas, pelo menos em Portugal, consideram ser essencialmente seus quando estes valores nunca estiveram na origem do socialismo.
Que o conceito Cristão de Natal foi substituido pelo conceito "consumista" e ateu parece-me óbvio. O Pai Natal, ex-simbolo do imperialismo Coca-Cola, é preferido ao Menino Jesus. Para os socialistas anti-clericais (não os Cristãos, como em cima tive o cuidade de realçar) isto é uma vantagem.
Para os economistas, que na sua grande maioria são liberais no sentido americano do termo, o "consumismo" ajuda a desenvolver a economia. Não sou eu que o digo.
Note-se finalmente, para evitar confusões, que eu uso sistemáticamente o termo socialista para caracterizar o que em Portugal vai desde o PCP até ao PSD. Porque o PSD, apesar de ter muita gente de direita, é ideológicamente socialista.
È tudo.
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