Bush e Chavez: Descubra as diferenças
Opressão socialista (11)
Circula em alguns meios intelectuais da “blogoesfera” e da imprensa (eg. Miguel Sousa Tavares) a comparação entre a legitimidade democrática de Chavez e a suposta ilegitimidade de Bush. Passados 7 anos vale a pena recordar os detalhes da eleição do actual Presidente norte-americano.
Na altura acompanhei todo o processo ao milímetro, não apenas através dos jornais mas lendo tudo incluindo as decisões e as declarações dos juízes dos supremos tribunais da Florida e dos Estados Unidos. Já passaram 7 anos mas ainda está bem presente na minha memória um dos maiores embustes de que a opinião pública mundial é vitima.
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Após as eleições de 2000, e dadas as falhas nas máquinas e a escassa diferença no resultado, a equipa de Gore exigiu uma recontagem. A responsável estadual da Florida, republicana, recusou-a e Gore recorreu para o Supremo da Florida. Este decretou que fosse efectuada uma recontagem que os republicanos de Bush recusaram, recorrendo para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O resultado foi a anulação da decisão da Florida e a não realização de qualquer recontagem. Moral da história: Os democratas quiseram restabelecer a verdade eleitoral de acordo com os seus ideais de democracia e igualdade. Mas os republicanos preferiram a vitória na “secretaria”. Por isso a eleição de Bush ainda hoje é contestada.
Toda esta história foi amplamente documentada na altura, por jornais, televisões e comentadores do mundo inteiro. Mas nem todos os pormenores da história ficaram na memória das pessoas.
Em primeiro lugar, quem iria efectuar a recontagem determinada pelo Supremo da Florida? Seria feita pelos membros da comissão eleitoral. Só que nos EUA os membros da comissão eleitoral são nomeados pelos "county sheriff" que são de um dos dois partidos. Não existem membros supostamente independentes e nomeados pelo Estado nas mesas eleitorais. Existe sim a possibilidade de observadores contestarem as contagens. Daí a utilização de máquinas, pois dificulta as "roubalheiras". No caso da Florida, Gore só contestou os resultados em três condados, aqueles onde a contagem era feita por partidários seus e onde achava que tinha mais possibilidade de mudar o resultado da eleição. Eram condados maioritariamente democratas, onde o responsável eleitoral era democrata e as mesas eleitorais eram compostas maioritariamente por democratas. Isto foi bem evidente nas imagens televisivas da altura em que apareciam os próprios membros das mesas eleitorais, na rua, a protestar contra a ausência de recontagem. Eram democratas (só de nome, do partido, não do sistema).
Em segundo lugar, porque é que Gore só contestou os resultados em três condados democratas quando os problemas com as máquinas ocorreram em toda a Florida, inclusive em zonas mais republicanas? A preocupação de Gore nunca foi saber qual era o verdadeiro resultado, dados os erros detectados nas máquinas, mas sim como obter os votos que lhe faltavam para ganhar. Na altura usou o argumento da falta de tempo (prevista na lei) para se organizarem as recontagens em todo o estado para só as pedir em três condados. Mas se estivesse preocupado com o resultado das eleições teria pedido uma recontagem em toda a Florida.
Em terceiro lugar, porque é que os republicanos não aceitaram as recontagens? Para além de terem ganho as eleições viram o Supremo Tribunal da Florida (5 juízes democratas e 2 republicanos) decretar que deveria ser feita a recontagem nos três condados, com a anulação de todos os votos que oferecessem dúvidas, sem que os observadores pudessem contestar os novos resultados. Ou seja, um supremo tribunal determinava que seriam democratas a contar os votos e a decidirem quais é que poderiam ser recusados, sem que ninguém, incluindo os republicanos, pudesse apresentar qualquer contestação.
Em quarto, porque é que o assunto só foi resolvido ao nível do Supremo Tribunal dos EUA? Perante esta decisão da Florida, a única solução que restava aos republicanos para impedirem a recontagem decidida e efectuada por democratas seria o recurso para o Supremo Tribunal dos EUA.
Em quinto, qual foi o resultado da votação no Supremo Tribunal dos EUA? No que se refere à anulação da decisão do Supremo da Florida, e ao contrário do que ainda hoje se afirma, o resultado não foi 5-4 mas sim 7-2. Houve, no entanto, 2 juízes que votaram contra a recontagem nos três condados decidida ao nível estadual mas que fizeram uma declaração de voto em que defendiam a recontagem em toda a Florida.
Finalmente, porque é que nunca se realizou uma recontagem na Florida? Porque Gore e os seus sequazes, na ânsia de inverter os resultados das urnas a seu favor, não pediram que a contagem fosse alargada a todo o Estado. Caso o tivessem feito, e se a recontagem fosse decidida de forma transparente e equilibrada para os dois lados, seria muito mais difícil ao Supremo Tribunal dos EUA anula-la.
Acrescento ainda que foram feitas várias recontagens à posteriori, por jornais, e que Bush ganhou em todas.
Real Moral da História: Uma coisa é aceitarmos os resultados do povo. Outra coisa é inventarmos argumentos para não os aceitar. Tal como Gore, Chavez anda neste momento à procura deles. Certamente com o apoio de alguma “intelligentsia” portuguesa.
Circula em alguns meios intelectuais da “blogoesfera” e da imprensa (eg. Miguel Sousa Tavares) a comparação entre a legitimidade democrática de Chavez e a suposta ilegitimidade de Bush. Passados 7 anos vale a pena recordar os detalhes da eleição do actual Presidente norte-americano.
Na altura acompanhei todo o processo ao milímetro, não apenas através dos jornais mas lendo tudo incluindo as decisões e as declarações dos juízes dos supremos tribunais da Florida e dos Estados Unidos. Já passaram 7 anos mas ainda está bem presente na minha memória um dos maiores embustes de que a opinião pública mundial é vitima.
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Após as eleições de 2000, e dadas as falhas nas máquinas e a escassa diferença no resultado, a equipa de Gore exigiu uma recontagem. A responsável estadual da Florida, republicana, recusou-a e Gore recorreu para o Supremo da Florida. Este decretou que fosse efectuada uma recontagem que os republicanos de Bush recusaram, recorrendo para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. O resultado foi a anulação da decisão da Florida e a não realização de qualquer recontagem. Moral da história: Os democratas quiseram restabelecer a verdade eleitoral de acordo com os seus ideais de democracia e igualdade. Mas os republicanos preferiram a vitória na “secretaria”. Por isso a eleição de Bush ainda hoje é contestada.
Toda esta história foi amplamente documentada na altura, por jornais, televisões e comentadores do mundo inteiro. Mas nem todos os pormenores da história ficaram na memória das pessoas.
Em primeiro lugar, quem iria efectuar a recontagem determinada pelo Supremo da Florida? Seria feita pelos membros da comissão eleitoral. Só que nos EUA os membros da comissão eleitoral são nomeados pelos "county sheriff" que são de um dos dois partidos. Não existem membros supostamente independentes e nomeados pelo Estado nas mesas eleitorais. Existe sim a possibilidade de observadores contestarem as contagens. Daí a utilização de máquinas, pois dificulta as "roubalheiras". No caso da Florida, Gore só contestou os resultados em três condados, aqueles onde a contagem era feita por partidários seus e onde achava que tinha mais possibilidade de mudar o resultado da eleição. Eram condados maioritariamente democratas, onde o responsável eleitoral era democrata e as mesas eleitorais eram compostas maioritariamente por democratas. Isto foi bem evidente nas imagens televisivas da altura em que apareciam os próprios membros das mesas eleitorais, na rua, a protestar contra a ausência de recontagem. Eram democratas (só de nome, do partido, não do sistema).
Em segundo lugar, porque é que Gore só contestou os resultados em três condados democratas quando os problemas com as máquinas ocorreram em toda a Florida, inclusive em zonas mais republicanas? A preocupação de Gore nunca foi saber qual era o verdadeiro resultado, dados os erros detectados nas máquinas, mas sim como obter os votos que lhe faltavam para ganhar. Na altura usou o argumento da falta de tempo (prevista na lei) para se organizarem as recontagens em todo o estado para só as pedir em três condados. Mas se estivesse preocupado com o resultado das eleições teria pedido uma recontagem em toda a Florida.
Em terceiro lugar, porque é que os republicanos não aceitaram as recontagens? Para além de terem ganho as eleições viram o Supremo Tribunal da Florida (5 juízes democratas e 2 republicanos) decretar que deveria ser feita a recontagem nos três condados, com a anulação de todos os votos que oferecessem dúvidas, sem que os observadores pudessem contestar os novos resultados. Ou seja, um supremo tribunal determinava que seriam democratas a contar os votos e a decidirem quais é que poderiam ser recusados, sem que ninguém, incluindo os republicanos, pudesse apresentar qualquer contestação.
Em quarto, porque é que o assunto só foi resolvido ao nível do Supremo Tribunal dos EUA? Perante esta decisão da Florida, a única solução que restava aos republicanos para impedirem a recontagem decidida e efectuada por democratas seria o recurso para o Supremo Tribunal dos EUA.
Em quinto, qual foi o resultado da votação no Supremo Tribunal dos EUA? No que se refere à anulação da decisão do Supremo da Florida, e ao contrário do que ainda hoje se afirma, o resultado não foi 5-4 mas sim 7-2. Houve, no entanto, 2 juízes que votaram contra a recontagem nos três condados decidida ao nível estadual mas que fizeram uma declaração de voto em que defendiam a recontagem em toda a Florida.
Finalmente, porque é que nunca se realizou uma recontagem na Florida? Porque Gore e os seus sequazes, na ânsia de inverter os resultados das urnas a seu favor, não pediram que a contagem fosse alargada a todo o Estado. Caso o tivessem feito, e se a recontagem fosse decidida de forma transparente e equilibrada para os dois lados, seria muito mais difícil ao Supremo Tribunal dos EUA anula-la.
Acrescento ainda que foram feitas várias recontagens à posteriori, por jornais, e que Bush ganhou em todas.
Real Moral da História: Uma coisa é aceitarmos os resultados do povo. Outra coisa é inventarmos argumentos para não os aceitar. Tal como Gore, Chavez anda neste momento à procura deles. Certamente com o apoio de alguma “intelligentsia” portuguesa.
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