sábado, junho 30, 2007

Vamos resolver o problema do aeroporto.

Esta história do aeroporto está a ficar muito complicada, com as opções da Ota, de Alcochete, da Portela +/-1, do Poceirão, do deserto, do Bugio. É uma p... de uma confusão.

Por isso, porque não entregar o problema ao recém-revelado maior especialista português de confusões, o próprio o único Fernando Negrão?

Para começar, ele deslocaria de imediato o aeroporto para a solução de Alcochete que, como toda a gente sabe, fica ali a seguir a Sacavém. O projecto da coisa, esse entregava-o à Nestlé, mas sempre em coordenação com a Mariana.

Se houvesse problemas ecológicos com a solução de Alfragide, poderia sempre considerar a alternativa na Marmeleira ou, se a coisa ficasse muito preta, havia sempre o Rossio.

Nestas coisas, não há como encomendar os projectos de chave na mão. Entregamos as deliberações todas aos conhecimentos seguros de Fernando Negrão e, com um pouco de sorte, ainda vamos conseguir apanhar o avião directamente no Terreiro do Paço (Mas só se a EPUL deixar estacionar os aviões).

sexta-feira, junho 29, 2007

patos bravos


A Polícia Judiciária constituiu hoje quatro arguidos e apurou prejuízos na ordem dos dois milhões de euros durante as buscas efectuadas em pelo menos 20 empresas ligadas à construção civil da área da Grande Lisboa, suspeitas de evasão fiscal. (Publico)

Engane-se quem pensar que estou a ofender os nossos construtores civis. Pato Bravo é o nome da operação que a PJ levou hoje a cabo, na sequência de investigação a diversas empresas de construção civil.

A este propósito, e para que não falte inspiração às nossas polícias, atrevemo-nos a sugerir o nome "Operação Fugareiro" para uma futura eventual investigação aos profissionais do volante.

sexta-feira (serviço público)


Porque hoje é sexta-feira e com o objectivo de ajudar as nossas leitoras a escolher o que vestir (ou despir, depende da perspectiva) para as próximas férias, deixo aqui esta preciosa ajuda. Espero que ajude.
P.S. A propósito, a menina da foto (esqueçam o papagaio) é a Marisa Miller.

Rainha-Santa Isabel

É só para recordar que dia 4 de Julho é o dia da Rainha-Santa Isabel, padroeira de Coimbra.
Sendo também o dia da Independência dos Estados Unidos, seria esticar muito a corda dizer que a Rainha-Santa é a padroeira dos EUA?

Um dia na vida de D. Duarte Pio

Se queremos, de facto, convidar para o nosso blogue a Família Real, acho que devemos mostrar uma faceta muito mais simpática.

Só para equilibrar um pouco as coisas


E, se puxam muito por mim, a seguir trago o meu amigo Che....

Etiquetas:

METEO

Hoje estive quase para não informar sobre o estado do tempo para o fds porque não me apetecia nada empurrar o vídeo da Família Real mais para baixo... Vão ver que vale a pena!

Quanto ao tempo: Sábado de manhã vai estar Sol a sul de Coimbra e menos Sol a Norte, onde à tarde passará a chuva. Temperaturas perto dos 30º no centro-sul e entre 20º e 25º no norte. No Domingo, mais do mesmo: chuva no norte e sol no sul, com algumas nuvens, vá... E temperaturas mais baixas "all over". No mar, água fria e sem ondas relevantes. Os UV, esses malandros, é que continuam bué perigosos!
Bom fds!

Família Real Portuguesa

Homenagem aos "legitimistas" que habitam nesta casa.

lost 4

IPA 1



Aqui vai o primeiro problema do nosso vasto arquivo. As soluções serão colocadas para a semana. Até lá, deleitem-se com isto. Cuidado: é susceptível de causar dependência.

Horizontais:
I - Síndromas de quem espera.
II - Uma pregoeira das grandes.
III - Bate à toa. Água francesa.
IV - Celestino III, Nicolau III e Bento XIII. Não é longe
V - Grega. Reduzem tudo a pó.
VI - Estado unido. Deve-se-lhe a metamorfose de Narciso.
VII - Petit-nom. Manina de Mimi.
VIII - General romano, combateu Átila. Artigo alemão.
IX - Pouco amada na RDA. Gás publicitário.
X - personagem de banda. Obra de Nobre.

Verticais:
1 - Gravidezes indesejadas.
2 - Cobrem-se e descobrem-se.
3 - Júpiter e Saturno têm várias. Deus guerreiro.
4 - Insiste quanto pode. Procura standardizar.
5 - Reflexo. Sarilho. Conduzo.
6 - Notáveis conjuntos.
7 - Tem algo de severo. Costa da canção. Maçã americana
8 - Local de pontos. Suprime.
9 - Artrópodes terrestres.
10 - Pões em pratos limpos. Água florentina

Fique em casa s.f.f.


Esta semana, a luta é contra os fumadores, coisa que não sou. Por isso, estou à vontade para falar. A f., grande defensora das liberdades individuais, que clama por uma maior liberalização das drogas é a mesma que agora vem bater nos fumadores. Um charro pode ser, mas um cigarro não se aguenta. Faz-me lembrar uma saída fabulosa do Manuel Monteiro, há dias numa entrevista à Visão: "Nunca fumei um charro, mas já inalei".




Para a senhora D. f. tenho uma sugestão. Fique em casa.

quinta-feira, junho 28, 2007

demitia-o, obviamente

A directora do Centro de Saúde de Vieira do Minho, Maria Celeste Cardoso, foi exonerada pelo ministro da Saúde por não ter retirado do centro um cartaz que apresentava declarações de Correia de Campos "em termos jocosos" (Publico)
A sanha persecutória deste Governo continua. A acreditar na notícia, estão em causa declarações do próprio ministro, as quais teriam sido posto a ridículo no centro de saúde.
O mais curioso é o facto da exoneração ter vindo a público no mesmo dia em que se soube que o ministro terá aconselhado a ANF a distribuir os medicamentos, que não podem já ser comercializados, pelos "pobrezinhos" (ouvi eu na tsf o ministro a utilizar esta expressão). Há quem diga que o ministro se referia inclusivamente a medicamentos fora de prazo, mas dado que o gabinete ministerial veio já desmentir tal notícia, opto por dar o benefício da dúvida. Fora de prazo ou não, as declarações do ministro são vergonhosas e demonstram a falta de sentido de Estado que alguns ministros deste governo têm exibido no exercício das suas funções.
Já o disse e repito (referindo-me a Correia de Campos): se fosse primeiro ministro, demitia-o, obviamente!
Actualização: considero as declarações do ministro vergonhosas, pois o governo não é suposto fazer caridade. Ou se assume como um verdadeiro Estado Social, adoptando medidas de apoio a quem mais necessita, ou entrega essa incumbência à sociedade civil, reduzindo a intervenção estatal ao mínimo. Seja como for, parece-me evidente que num qualquer país civilizado, um ministro que tivesse prestado declarações com este teor teria sido imediatamente demitido.

Leitura recomendada

Um idealista na realidade por Maria José Nogueira Pinto.

coisas que importa esclarecer

João Gonçalves é mais uma aposta de Paulo Bento para o mais alto nível leonino (o jogo)
Depois do João Gonçalves já ter dito tão mal do futebol e relatado com insistência os malefícios que o mesmo provoca no país, não posso deixar de me surpreender com esta notícia. O João que não me leve a mal, mas o facto de ter escolhido o lado errado da 2.ª circular para se estrear nestas lides só releva ante a expectativa de o ver como titular no meio campo leonino em jogo grande na Catedral.

quarta-feira, junho 27, 2007

As "canções" do meu imaginário de A a Z

Inicio hoje uma nova rúbrica nos IV. A ideia é passar aqui algumas das músicas (ou se preferirem à bimba: canções) do meu imaginário. Acabada de completar 30 aninhos (vá, talvez mais 2 ou 3!), as minhas escolhas recairão certamente nos anos 80. Hoje, e para abrir hostilidades, deixo-vos, em representação da letra A, os A-Ha com Hunting High and Low. As sugestões para as próximas semanas serão bem-vindas. Até já.

SUPERINTERESSANTE...: H2O

Michael Mascha era coleccionador de vinhos até ter descoberto que tinha uma alergia ao álcool, razão pela qual se transformou em escanção... de águas.
Já esteve mais longe o dia em que os restaurantes, pelo menos os melhores ou os que armam ao pingarelho, vão ter cartas de vinhos, de aperitivos, de digestivos e de águas.

Pensamentos do Dalai Lima P+1

Negrão admite extinção do COPCON.

Portela + 4 - (3*17: 42)

Já se falou de Ota, Alcochete, Poceirão, Montijo, Portela + 1, Portela + 2, não estendemos porque não estudar a hipótese Portela -1. Era concerteza a mais barata.

terça-feira, junho 26, 2007

Não ao casamento heterossexual

Quando falamos em casamento, de que é que estamos a falar?
No caso concreto da nossa cultura de tradição histórica católica romana, estamos a falar da união de um homem e de uma mulher aos olhos de Deus, oficiada em frente a um altar por parte de um sacerdote da Igreja Católica (definição A), ou estamos a falar de um contrato civil entre duas partes que acordam em suportar-se mutuamente ao longo da vida, estabelecer um regime de partilha dos seus bens terrenos e adoptar um regime fiscal conjunto nas suas relações face ao estado (definição B)?

Da confusão entre essas duas concepções muito diferentes de casamento nascem grande parte dos mal-entendidos a respeito da instituição do casamento e das pessoas a quem ele deve ser estendido.

Do ponto de vista da Igreja Católica, no nosso país, ou de outras confissões religiosas, noutros países, o casamento é tradicionalmente uma celebração religiosa entre um homem e uma mulher, pelo que vêem com maus olhos a apropriação da instituição pelo estado civil, especialmente quando este a alarga a outras formas de união -- o caso paradigmático é o da união de duas pessoas do mesmo sexo -- que parecem repugnantes à instituição religiosa que tradicionalmente tinha o exclusivo das celebrações.

O diálogo de surdos que hoje tem lugar na nossa sociedade nunca poderá conduzir a lado nenhum, porque os dois lados estão a falar de alhos e bugalhos, quando um fala da definição A e o outro fala da definição B. Enquanto esse equívoco não for desfeito, a discussão não irá a lado nenhum. Quando ambas as partes perceberem que cada uma delas reclama o controlo de duas coisas muito diferentes, há espaço para entendimento.

Ora, para um católico praticante, o único casamento que tem significado, aquele por cuja preservação pristina vale a pena lutar, é o casamento da definição A. Acontece que esse mesmo casamento A, sou tentado a arriscar, tem pouco significado para aqueles que apostam no alargamento do âmbito de aplicação do casamento de definição B. Não penso que os activistas da LBGT pugnem por um casamento católico romano celebrado em igreja.

Ora, então, para resolver este problema de discussão sobre conceitos diferentes, porque não separamos bem as coisas e tratamos as coisas tal como elas são? O pecado original foi o estado ter-se ido meter no negócio dos casamentos onde a coisa corria de feição há milhares de anos, sem necessidade de nenhum estado abelhudo a meter o nariz nas escolhas efectuadas pelos membros de uma confissão religiosa que, infelizmente, demasiadas vezes se deixou confundir e entrecruzar com esse mesmo estado. Ou seja, o estado deixa de celebrar casamentos e ponto final. O casamento volta a ser o que era inicialmente: uma livre união entre um homem e uma mulher, frente a um altar das suas preferências, oficiado ou não por um sacerdote das suas preferências. Cada religião faz com os seus casamentos aquilo que muito bem entender e cada praticante considera que está ou não casado consoante os acordos a que chegar com a sua confissão religiosa. O estado não mete para aí prego nem estopa e a igreja não tem de ensinar ao estado quem se pode ou não casar, pois o estado trespassou a actividade.

Por outro lado, a vida moderna tem exigências materiais muito concretas que, por vezes, podem obrigar à regulação das relações pessoais entre duas pessoas que optem por construir uma vida a dois. Se uma das pessoas dedicar a sua vida a apoiar a construção da carreira da outra, pode querer ver garantidos alguns direitos sobre o património que venham a constituir em conjuntos; se uma das pessoas sofrer uma doença debilitante pode querer garantir que não será abandonada pela outra; em caso de óbito de uma das pessoas, a outra pode querer ver garantida a sua posição como herdeira, etc. Para regular todas essas relações materiais, o estado apropriou-se do conceito de casamento e transformou-o numa relação contratual, de acordo com a definição B. Mas não há razão nenhuma para que se continue a utilizar essa designação que está na origem dos mal-entendidos. Porque não, pergunto, passar a designá-la por um chavão jurídico como Contrato Interpessoal de Estabelecimento de uma Vida Conjunta. Ou, se não gostarem de chavões jurídicos, designem essa nova instituição por "amiganço", "camamento", "juntanço", o que quiserem e a vossa imaginação vos permitir.

Claro que essa relação de amiganço aos olhos do estado não seria também negada àqueles que, numa iniciativa totalmente distinta, tivessem celebrado um casamento de acordo com a sua confissão religiosa, até porque essa teria um valor jurídico nulo aos olhos do estado. O Contrato Interpessoal seria aberto a todas as pessoas que, numa qualquer modalidade contratual, quisessem regular as orientações da sua vida conjunta, casadas ou não casadas. O estado não mais poderia ser acusado de discriminatório, pois os contratos celebram-se entre quaisquer cidadãos na posse dos seus direitos. A igreja voltava a dar ao casamento o seu significado original, não tendo de prestar contas para fora sobre os seus princípios de acesso.

Separando o que nunca deveria ter sido juntado, desfazem-se os lamentáveis equívocos que acompanham este tema desde há anos e o estado livra-se de uma instituição que só lhe traz problemas jurídicos de toda a espécie e feitio, passando a colocar todas essas dores de cabeça sob a alçada do direito contratual, acabando com essa aberração jurídica que é a regulação legal do casamento.

EPUL, IPPAR E EPAL por Fernando Negrão

e agora, em quem é que vamos votar?

BOA BERARDO!

Meus queridos leitores,
Fiz publicar, no dia 10 de Agosto último, neste Blogue que muito vos estima, um texto que mantém plena actualidade (como quase todos os que vos dou a ler!)

Dizia assim:

Foi ontem publicada no Diário da Rep..., no jornal oficial, prefiro, a maior pérola jurídica dos últimos tempos. Refiro-me ao diploma que cria a Fundação Colecção Berardo. Não vou ao ponto de dizer que é uma vergonha, porque admito que as leviandades de que enferma o documento sejam explicáveis... ainda que pouco relatáveis. Não presumo a estupidez alheia e confio nas racionalidades ocultas. Aquilo não pode ser a lástima que aparenta. Tem de estar ao serviço de interesses outros e, nessa medida, admito que seja um eficaz instrumento.
Quero a este propósito apenas realçar uns quantos pontos, para reflexão de todos, mesmo dos menos habituados a raciocínios jurídicos.
1 - Esta Fundação não tem nada que ver com a propriedade da Colecção Berardo. Ela visa apenas a instalação, manutenção e gestão do Museu Colecção Berardo. A Colecção continua a pertencer ao seu proprietário. É clara a alínea e) do artigo 5º dos seus estatutos: "o património da Fundação é constituído pelas obras de arte integradas na Colecção Berardo se e quando a mesma vier a ser adquirida pelo Estado".
2 - Há, para aparente defesa dos seus interesses, um direito de opção de que é titular o Estado. Ora, um direito de opção é uma posição jurídica que permite ao seu titular, mediante condições previamente acordadas, unilateralmente, celebrar um determinado contrato. Contudo, este sui generis direito de opção é de gargalhada. O Estado exerce-o comunicando à Associação Colecção Berardo (proprietária da dita, presume-se), até ao fim de 2016, que pretende exercê-lo. Este direito (??) porém extingue-se se a Associação não aceitar o preço determinado por avaliação independente.
3 - Mesmo que a Associação concorde com o preço e o receba efectivamente do Estado, a Colecção passa a ser de quem? Do Estado? Não, não, meninos... Passa a ser propriedade da Fundação Colecção Berardo, que é, em larga medida, dominada pelo coleccionador. E esta?
4 - De 2007 a 2015 a Fundação disporá de um fundo para aquisições de obras de arte, para o qual o Estado contribuirá com € 500.000,00 anuais, para além da dotação inicial a cargo do Estado de 500.000,00. Ou seja, o Min. da Cultura afectará a este projecto 1 milhão de contos. Sem contar, claro, com um subsidiozinho anual, a pagar em duas suaves prestações. E, já me ia esquecendo, não contando com "subvenções especiais" do Estado Português.
5 - Havendo a dissolução da Fundação a Associação Colecção Berardo reassume a posse plena e a gestão da Colecção de que é proprietária, a não ser que o Estado, entretanto tenha exercido o impropriamente designado "direito de opção". Ou seja, ficará a Colecção com o seu proprietário a não ser que este a tenha vendido, pelo preço que entender na altura aceitar, a dita Colecção ao Estado. E neste caso, o Estado fica com a obrigação de a integrar em projecto museológico, preservando a memória da Colecção Berardo.
6 - Ainda em caso de dissolução da Fundação, qual o destino a dar às obras de arte adquiridas com o fundo de aquisições (aproximadamente 1 milhão de euros anuais, suportados em partes iguais pelo Estado e pelo coleccionador) ? Essas obras reverterão a favor do Estado (oh! que generosidade!) ... a não ser que o coleccionador se decida por adquiri-las... pelo respectivo preço de aquisição (sem atender às eventuais valorizações ... ou sequer à inflação) ... e deduzindo nesse preço a parte constituída pela sua própria participação. Assim é que é... financiamento do Estado a custo zero não é para todos... é para quem pode.

Enfim, lê-se no preâmbulo do Decreto-Lei:
"trata-se de uma parceria público-privada que alia a vontade do Estado na criação de um museu de arte moderna e contemporânea com o espírito empreendedor do coleccionador".

Podes crer!

umbiguismos

PARA DESONESTIDADE, DESONESTIDADE E MEIA

Infelizmente, nem todas as almas se horrorizam com um aborto aos 8 meses, como acontece com Simone Veil, com a f., ou, supõe a f., com Lídia Jorge. Será que Simone Veil se horrorizava com esta prática em 1974? É provável que sim. É mesmo provável que defendesse a liberalização do aborto como forma de acabar com estas (e outras) situações (onde é que eu já ouvi esta conversa...?). Volvidos 33 anos, estas situações persistem, em Espanha como certamente em França. Grávidas, médicos & cª que abortam aos 8 meses certamente que não se horrorizam. Mas o que me inquieta é pensar que os franceses dos 80’s não se horrorizem como as f. dos 60’s, as Lídias Jorges dos 40’s e as Simones Veils dos 30’s, uma vez que a sua escala de “progresso” não começa no “todos os filhos que Deus quiser” nem sequer na “contracepção grátis para quem a procurar”, mas sim no “vive o momento, sê livre, entrega-te ao prazer, e depois logo se vê”.

Já o facto de Simone Veil defender que “cada vez há mais provas de que desde a concepção há um ser vivo” não passa, para mim, de um statement científico que dá um abanão às bases em que se fundamentam as mais antigas leis do aborto. Estes progressos da ciência deveriam pôr seriamente a pensar quem, em 1974, defendeu a liberalização do aborto por acreditar que até às 10/12 semanas não existia mais que um amontoado de células que não representavam um ser vivo.
Curiosamente, este fim de semana, num baptizado, o celebrante referiu esta afirmação de Simone Veil, partilhando a sua alegria pelo avanço da ciência, que vem de encontro aos valores defendidos pela Igreja. Ao contrário da “blogada lusa que se diz pela vida”, não o ouvi dizer que a senhora tinha mudado de ideias. Já eu, pensei de mim para mim: acredita que há um ser vivo, e ainda assim defende o aborto.

E daqui para a problemática do ser vivo, é um pulinho. Para “esta gente” (este tom de pretensa superioridade é um mimo) não há diferença entre um ser vivo e uma pessoa, escusam de perder tempo a explicar. Para a f. vejo luz ao fundo do túnel: antes das 10/12 semanas há um ser vivo, há uma “coisa humana”, há, portanto, um ser vivo humano. É a primeira definição de pessoa.

Concluindo, lamento não poder dizer que a f. mudou de ideias, porque não mudou. Como também não mudou o seu tipo de leitura, pobre e de estonteante má fé, no presente caso da entrevista de Simone Veil. Mas manteve aquele registo fácil da generalização, que dá jeito mas é pouco sério.

Mega Ferreira faz a vontade a Berardo e demite-se


se há assuntos que nos separam, outros há que nos unem (2)

Paris Hilton released from jail (bbc)
Fico na expectativa para ver se neste caso a pena de prisão a que Paris foi sujeita cumpre a sua função ressocializadora.

se há assuntos que nos separam, outros há que nos unem

YouTube: Cicarelli perde processo e vídeo pode regressar
A brasileira Daniela Cicarelli e o seu namorado, Tato Malzoni, perderam a acção judicial que colocaram ao YouTube sobre a divulgação de um vídeo, onde o casal aparecia em cenas polémicas, numa praia espanhola. (dd)

Porque



Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

má criação

O Tiago Mendes e o Carlos Abreu Amorim protagonizaram nestes últimos dias episódios que revelam bem aquilo que são na realidade. Acossados com opiniões contrárias ou comentários em jeito de piada, reagem com insultos e ofensas gratuitas. O Eduardo Nogueira Pinto, o Carlos do Carmo Carapinha e o Rodrigo Adão da Fonseca já disseram tudo o que há para dizer sobre o assunto. Resta-me desejar que alguns outros liberais decentes como o André Azevedo Alves e o Miguel Noronha, no insurgente, ou o JCD e o Gabriel, no blasfemias, não sejam confundidos com esta gente.

Pessoas Que Dizem Tudo na Priimeira Frase


Joe Berardo, sobre as suas preferências por uma peça de «grande calibre» de Piet Mondrian da sua colecção:

«É uma peça que eu e os meus técnicos analisámos exaustivamente.»

Também se congratulou com a «grande aderência» do público.

Neste momento, está a pedir em directo na Antena 1 a demissão do Mega Ferreira, segundo percebi porque não mandou hastear a bandeira da Fundação Joe Berardo no CCB (que presumo, passará a chamar-se Centro do Comendador Berardo).

É portanto um problema de mastro. Ou, dito de outra forma, um mastrôncio.


Portas e S. Mateus

Li hoje a notícia de que Paulo Portas assumiu as eleições intercalares de Lisboa como um teste à sua liderança. Desconhecem-se manifestações jubilosas dos próprios candidatos.
Sempre me causaram alguma perplexidade estas confusões, que deixarão atónito qualquer democrata. Mas esse excesso de voluntarismo, que alguns apodarão de ausência de rigor, explicará o desrespeito pelas deliberações dos órgãos que elegeram pretéritas lideranças. É que, pelos vistos, é nas autárquicas que elas se jogam. E aqui, convenhamos, Portas jogou forte. E não consta que tenha lido, por antecipação, o Evangelho de hoje (S. Mateus):
«Não deis as coisas santas aos cães nem lanceis as vossas pérolas aos porcos, para não acontecer que as pisem aos pés e, acometendo-vos, vos despedacem.»

segunda-feira, junho 25, 2007

Bill Maher -I'm Swiss

Um texto perfeitamente politicamente incorrecto.

Demora uma hora e dez, espalhados por vários episódios, mas vale a pena para ver o homem a dar pau no Bush e nos rappers.

Eu Não Sou Liberal

Como dizia o Tiago há dias, o liberalismo está na moda. A conjuntura ajuda, e pode chegar-se lá pela extrema-esquerda libertária, ou pelo capitalismo selvagem. A globalização impõs-se e, antes de começar a produzir benefícios, sofremos os efeitos colaterais, o pior dos quais a passagem dos centros de decisão dos eleitos pelos cidadãos para os eleitos pelos accionistas. Assim, qualquer socialista no governo protesta a sua fidelidade ao credo do mercado e amocha quando o mercado deslocaliza, depois de mamar a cabra dos incentivos. Do outro lado, os velhinhos do Maio de 68 mai'los seus rebentos proibem proibir, e aplicam a sua versão de liberalismo à educação, ao sexo, à eliminação da vida no princípio e no final da vida, ao casamento gay, à liberalização do chuto, à whatever. Os extremos tocam-se: as fábricas de inutilidades planetárias precisam de impor os seus joguinhos, roupinhas, adereços, popós, downloads, e demais imbecilidades que lhes ocorram para espevitar os gráficos de vendas e, para isso, usam a publicidade, sua guarda avançada, para fazer cada jovenzinho gritar que quer ser livre de pais, patrões, leis, polícias e o que quer que lhe belisque o livre acesso à felicidade na terra, com t pequeno. Na televisão, o liberalismo brinda-nos com o que o povo quer, filtrado pelas direcções de planeamento estratégico, que sabem do que os shares gostam: por exemplo, uma mulher com os dias contados que leiloa o rim perante a matula que espuma frente ao ecrã.
Uma coisa é certa: para além do Popper, pouco se ouve denunciar os inimigos da sociedade democrática, porque os modernos profetas, fechadas as portas das televisões e dos jornais, têm de se resignar a clamar no deserto dos blogues. O dinheiro compra tudo, e poucos abrem o bico, não vão esgotar-se-lhes as prebendas. E amoral como é, a nata da nota convive muito bem com tudo o que cheire a dissolução de costumes, porque aí se geram sempre grandes oportunidades de negócio. E o Pais do Amaral, antes de vender a TVI, dizia que a sua família, católica e monárquica, não via a TVI, que horror.
Eu, que sou old-fashioned, no sentido em que, para além da minha opção política, acredito numas ideias suprapolíticas que ouvi há uns 2000 anos, acredito que, qualquer que seja a opção ideológica, há-que desconstruir este mundo, para construir o reino que não é deste mundo.
Para isso, acredito que o Estado - e l'État c'est moi - tem de dar umas palmadas de vez em quando nessa insuportável mão invisível. Paulatinamente, mas firmemente. Assumindo que se deve pôr a trabalhar os calões do Fundo de Desemprego, mas proteger os que não conseguem mesmo trabalho. Fazendo pagar a saúde a quem o pode, mas curando os mais fracos. Dando condições ao ensino público para que possa competir com um privado acessível a todos, impulsionado pelo cheque-ensino. Incentivando os voluntários como os do Banco Alimentar que nos provam todos os dias que sim, há almoços grátis. E sobretudo, atacando sem dó nem piedade os abutres que não pagam impostos para de seguida ostentarem por aí ofensivas riquezas parolas.
O liberalismo está na moda. Mas é uma moda, nada mais. A solidariedade, a preocupação pelos fracos, que não asfixia a livre iniciativa, mas admite alguma intervenção do Estado, está para durar. E é eficaz. Só não se nota mais, porque é discreta, e acredita que uma mão não deve saber o que faz a outra. A não ser que a outra seja a maldita mão invisível.

Mas será assim tão complicado?

A propósito de todas estas andanças com tratados, constituições, tratados simplificados, há uma coisa que, de todo, eu não entendo.
Porque é que o bendito tratado é o produto de uma seita de inspirados liderados por essa figura sinistra que é Giscard D'Estaing e não é escrito como são escritas todas as boas constituições do mundo... com uma Assembléia Constituinte.
Como é que querem que eu aceite uma lei suprema que se vai sobrepor a todas as outras leis que regem a minha vida, quando eu não fui tido nem achado na sua elaboração?
Só uma assembleia constituinte, com os seus socialistas, democratas cristãos, comunistas, liberais, conservadores, alemães, portugueses, franceses, ingleses e polacos é que poderia chegar a uma constituição de consenso que satisfaça um número mínimo de sensibilidades. Nesse caso, o referendo já seria dispensável, pois a constituição já emanaria do voto popular.
Como europeísta convicto, chateia-me solenemente esta mania que os governos nacionais têm de cortar as pernas à democracia europeia, mantendo sempre o seu controlo a partir dessa figura deplorável que é o estado-nação, motivo por excelência das maiores chacinas que a Europa já conheceu.
E depois não me ficaria por aí, queria ter um presidente da União Europeia mas não um presidente que saia dos cozinhados das cimeiras europeias entre políticos com agendas mais do que duvidosas (por amor de Deus, puseram lá o Durão Barroso...)
Também estou farto de presidências rotativas. Quero um presidente que seja eleito pelo conjunto do eleitorado europeu, que preste contas a TODOS os eleitores e não só aos do seu país e que governe acima dessa gente mesquinha que lidera os governos nacionais europeus.

loira

Cameron Diaz, em visita ao Perú, achou por bem levar uma mala, para guardar os seus pertences, onde se podia ver uma estrela vermelha com os dizeres serve the people redigidos em chinês. Esqueceu-se a actriz que os rebeldes maoístas no Perú foram responsáveis por dezenas de milhares de mortos nos anos 80 e 90. (notícia daqui)

a democracia fica-Te tão bem

Cavaco e Sócrates vão dando cada vez mais sinais de que o referendo sobre o novo tratado europeu (constituição, tratado, convenção colectiva, whatever) já era. Cá, como lá (no estrangeiro), teme-se que o povo, em liberdade, opte por rejeitar aquilo a que denominamos por bem comum. Para o evitar (repito, que o povo, em liberdade, escolha) nada mais fácil: não se faz referendo. Desculpas há muitas, desde a simplicidade do tratado à inconveniência de mais uma consulta popular. No fundo, pretende-se evitar mais chumbos. E, para isso, nada mais fácil que evitar novas consultas.
O povo, que em condições normais votaria sim de forma esmagadora, percebe que o seu discernimento político é cada vez menos considerado por aqueles que o governam; os mesmos que o povo estúpido elegeu.
Leio, entretanto, que alguns vão mais longe, defendendo que o referendo só é um instrumento legítimo e adequado para as questões menores (Sérgio Sousa Pinto, no dn, via Gabriel). Não posso deixar de concordar: referende-se o Sérgio Sousa Pinto.

Fátima Felgueiras na lista de Garcia Pereira

CML: Independentes dominam lista de Garcia Pereira
No décimo lugar surge Maria de Fátima Felgueiras (dd)

a ler

Deus queria destruir Sodoma. Abraão, cheio de sentimentos piedosos, perguntou a Deus se iria para a frente com a ideia caso existissem pelo menos 50 homens justos na cidade. Deus respondeu-lhe que, se isso se verificasse, suspenderia o castigo. Abraão ganhou coragem. Quarenta e cinco, quarenta, trinta, vinte, dez. Por dez almas decentes o Senhor deixaria o sítio em paz. A conversa parou aí. No final a cidade foi destruída livrando-se apenas a família de Ló, sobrinho de Abraão, única gente boa residente. Toda aquela conversa em termos práticos não serviu de nada mas deixou claro que com Deus dá para regatear.

Aborto e Pena de Morte

Recentemente, estalou uma forte controvérsia nos EUA, o segundo país com maior número de execuções de penas de morte, relativamente ao papel dos médicos na realização dos procedimentos que conduzem à eliminação de um prisioneiro condenado.
Este post foca um tema que não é nada agradável de ler ou escrever mas raramente temas que envolvam a morte intencional de um ser humano o são. Efectuado que está esse aviso, passemos ao problema.
A constituição dos EUA inclui uma cláusula que proíbe, no seu sistema penal, "castigos cruéis e invulgares". A pena de morte já foi desafiada no Supremo Tribunal com base nessa cláusula, argumentando os abolicionistas que uma pena de morte é necessariamente um castigo cruel. Não foi essa a convicção dos juízes constitucionais, pelo que a pena de morte foi mantida, com a ressalva de que deveria ser levada a cabo de forma "humana", sem sofrimento para o condenado.
Assim, a aplicação da pena depende da correcta aplicação de um método que não possa causar dor ou uma morte prolongada ao condenado. Infelizmente (para quem pretende aplicar as penas, obviamente), o acto de eliminar o semelhante sem dor, não é tão simples quanto possa parecer. Foram experimentados vários métodos:
- pelotão de fuzilamento - observa-se que, no último momento, vários executores não têm coragem de disparar um tiro mortal, pelo que frequentemente o condenado terminava, em grande sofrimento, com vários ferimentos não imediatamente letais.
- enforcamento - ao contrário do que se pensa, um dos métodos mais indolores, quando efectuado correctamente (quando a queda é suficiente para quebrar as vértebras cervicais), mas um processo agonizante quando não corre como esperado e a morte só sobrevem pela lenta asfixia do condenado.
- cadeira eléctrica - tem um "boa" taxa de sucesso mas, infelizmente, já teve alguns casos dramáticos em que a morte só sobreveio ao cabo de várias e dolorosas descargas eléctricas.
- câmara de gás - tem sido descrita como uma das mais dolorosas formas de pena de morte, pela sensação descrita de queimadura profunda que emerge dos pulmões.
- injecção letal - é, de longe, o método mais comum e universalmente considerado o mais humano. Pressupõe a aplicação de um anestésico prévio injectado por via endovenosa, ao qual se segue um cocktail cuja função é provocar uma paragem cardíaca.

O método da injecção letal é o que, de longe, melhor consegue ser vendido junto do grande público. Dá uma imagem de limpeza cirúrgica, de procedimento efectuado com base científica, em condições de pura assepsia.

Infelizmente, para quem estas coisas ainda causam muitos engulhos, o método da injecção letal não é tão limpo quanto possa parecer. Não é porque, para começar, pressupõe a intervenção de um médico anestesista qualificado para efectuar correctamente o processo anestésico. Ora, a American Medical Association, orgão de funções deontológicas algo semelhante à nossa Ordem dos Médicos, proíbe os seus associados de participar em qualquer acto cujo fim último seja o de tirar a vida a um ser humano. É entendimento daquela associação que a bondade de aliviar o sofrimento de alguém que está condenado a morrer não supera a violação do código ético que estaria subjacente à colaboração com uma prática repugnante para um clínico como é retirar a vida a um paciente. Por outras palavras, a AMA não quer servir para aplacar as consciências de quem defende a pena de morte, garantindo que a morte é provocada de forma "humana".

O motivo porque fui buscar o exemplo da pena de morte nos EUA é porque se trata do único país de valores ocidentais que leva rotineiramente a cabo a execução de prisioneiros e onde, desse modo, se pode analisar de forma directa, ainda que brutal, as questões éticas associadas à privação do direito à vida.

Penso que ninguém negará aos médicos norte-americanos, a título individual, o direito a exercerem a sua objecção de consciência relativamente à participação em processos de execução da pena capital. Mas os médicos norte-americanos vão mais longe. Dizem que a sua função, o seu dever, é defender a vida, nunca pôr-lhe fim. Penso que os sectores mais progressistas da nossa sociedade (entre os quais me incluo) e onde normalmente a prática da pena de morte é vista com grande repulsa não deixarão de aprovar esta conduta por parte da AMA, que opta por colocar o seu Juramento de Hipócrates e a sua máxima de "Do no harm" acima de qualquer legislação ou de directivas governamentais.

Saltando agora um salto geográfico e temático para Portugal e para a questão do aborto, de novo a questão da objecção de consciência por parte dos médicos parece estar na ordem do dia. A despenalização do aborto (não a sua descriminalização, note-se) foi aprovada em referendo e, como democrata que me prezo de ser, rendo-me aos resultados desse referendo. Não teve o desfecho que eu gostaria mas penso que questões éticas tão delicadas se resolvem a muito longo prazo, numa sobrevivência darwiniana daquelas culturas que defendem a vida, por oposição àquelas que defendem a morte. Não tenho nenhuns argumentos religiosos contra o aborto, pois há muito que não sei muito bem onde andam os meus valores religiosos. Mas tenho, para mim, que as sociedades competem entre si pela sobrevivência como quaisquer outros seres vivos e que o seu genoma se encontra na sua cultura. Aquelas sociedades que têm um genoma de maior aptidão sobreviverão, as outras seguirão o caminho dos mamutes e dos tigres de dentes de sabre. Parece-me óbvio que a escolha do aborto livre e gratuito não favorece a sobrevivência da sociedade mas posso estar enganado. No final, será a própria história da cultura humana a proferir a sua sentença. Por isso, penso que democraticamente temos de aceitar o resultado do referendo mas não temos de concordar com ele. Sobretudo, não temos de participar nele, se não quisermos.
Aqui, a semelhança com a pena de morte nos EUA é que nenhum médico norte-americano pode pôr em causa a existência da pena de morte, democraticamente imposta pelo povo norte-americano em eleições livres. Já se poderá contestar a proibição de um antagonista da pena de morte figurar num júri de um caso capital mas isso é outro assunto. Agora, o que não se pode negar ao médico é o direito de não figurar entre aqueles que activamente estão envolvidos numa execução. A ética médica proibe-os mesmo de o fazerem e nem mesmo o argumento que reza "sem os médicos, as execuções têm na mesma lugar e quem sofre é o condenado que tem uma execução em piores condições" demove os médicos norte-americanos de se manterem afastados daquelas práticas.
Pela mesma ordem de ideias, os médicos portugueses têm de aceitar, como os demais cidadãos, que o aborto foi despenalizado em Portugal. Não podem, de todo, é ser coagidos a praticá-lo, nem mesmo com o argumento "sem os médicos, o aborto tem na mesma lugar e quem sofre é a mãe, que praticará o aborto em piores condições". Não se pode colocar esse estigma em cima dos médicos objectores como se deles fosse a culpa de alguém ir abortar em condições precárias. Não foram eles que pediram a realização do aborto e, não podendo encaixar a sua realização na sua escala de valores, não podem ser responsabilizados por quais quer consequências que daí advenham.
Para muitos médicos, nomeadamente obstetras, um feto é uma forma de vida. É, de certa forma, um seu paciente, que seguem em consultas de acompanhamento da gravidez, com monitorização cardíaca, exames ecográficos, análises e outras práticas médicas. O seu juramento ético impede-os de provocar o mal aos seus pacientes. Numa consequência lógica, não podem praticar um acto médico que vá prejudicar a saúde do seu paciente. Assim, à semelhança dos EUA, onde o facto de a lei prever a pena de morte não obriga os médicos a tomar parte nela, também no nosso país, o facto de a lei não penalizar agora a prática do aborto não pode obrigar os médicos a praticá-la se, individualmente ou através dos seus orgãos de ética, entenderem que estão a violar os princípios que acreditam orientar a sua profissão.

domingo, junho 24, 2007

Açores, essa bela localidade

Indignam-se quais fariseus perante consciências alheias. Falo, como não podia deixar de ser, das Dupond e Dupont das causas fracturantes em Portugal. O problema agora são os malandros dos médicos que têm o descaramento de alegar objecção de consciência perante a possibilidade de serem obrigados a fazer um aborto só porque sim. A mais recente "causa" centra-se nos Açores, onde todos os médicos serão objectores de consciência. Indignadas, questionam o que farão as pobres mulheres para pôr termo à gravidez, sendo obrigadas a viajar para o continente para o fazer. Sem querer perder muito tempo com quem o não merece, limito-me a perguntar onde andaram estas 2 senhoras quando durante anos e anos (e ainda hoje), grávidas e doentes, residentes nos Açores, tiveram de viajar para o continente para obter decente acompanhamento médico ou sujeitar-se à falta de condições existentes nas ilhas? Quando as futuras mães, em pleno trabalho de parto, se confrontam com a relutância dos profissionais de saúde em administrar-lhes epidural, dada a sua escassez? Quando perante DOENÇAS, doentes e familiares se vêem confrontados com a incapacidade das unidades de saúde locais para os tratar condignamente?
Seria, pois, bom que certas e determinadas pessoas, antes de pisar a consciência dos outros, percebessem quão vazias se encontram as suas.

e tu, manuela, quanto ganhas?

At least five soldiers serving with the UN peacekeeping force in Lebanon (Unifil) have been killed by an explosion in the south of the country (BBC)
Daniel, confessa lá que tens informações credíveis de que foi mais uma manobra dos malandros dos judeus! É que, à semelhança do que afirmaste relativamente aos mais recentes acontecimentos na faixa de Gaza, também neste caso os grandes beneficiados são os israelitas.

sexta-feira, junho 22, 2007

METEO





Amigos,
Animem-se, parece que este fds vai ser de Verão. Já ninguém acredita que seja para ficar, o que é mais uma razão para aproveitar enquanto dura!

Concretizando... amanhã vai estar SOL de Norte a Sul, com máximas acima dos 25º, vento moderado norte/nordeste, ondas até 2,5m e água a 18º. No Domingo a temperatura vai baixar e as nuvens vão da um ar da sua graça... mas só no Norte.

E mais uma informação preciosa: os UV estão ao rubro, muito perigosos, pelo que entre as 12h e as 16h se deve evitar a exposição solar (sempre quis escrever isto!)!

Bom fds!

para demagogo, demagogo e meio

Meu caro Pedro, não percebo o espanto. Não foi Santana que chegou aos 27%!?

IPA ressuscitado ou os outros espoliados

Há atrasado era frequente ouvir-se falar nos espoliados. Sobretudo os de África. Aqueles que a descolonização exemplar legou ao nosso Futuro. Desde que o Paulo Porta abraçou outras causas, eventualmente mais rendosas mas não necessariamente mais justas, e em obediência àquele princípio segundo o qual não se deve regressar aos sítios que nos fizeram felizes, à palavra “espoliado” aconteceu o mesmo que às folhas das árvores caducas no Outono. Num baile cúmplice com o mais suave sopro do vento, cedem à inevitável força da gravidade. E já no chão, esmaecidas, jazem na companhia de outras tantas que delas se não distinguem.
Mas há outros espoliados que a demagogia ainda não descobriu. Espoliados que são igualmente vítimas do capitalismo selvagem que nos vai privando do melhor que o mundo nos pode oferecer. A atenção deste vosso blogue vai recuperar uma fatia muito significativa desses ignorados espoliados. Os espoliados do IPA. São hordas de fanáticos que ainda lidam mal com a abrupta interrupção daquilo a que os mais distraídos chamam apenas de "palavras cruzadas" e que o Independente publicava todas as 6ª feiras. As dificuldades financeiras do jornal, primeiro, e o seu definitivo encerramento, depois, empurraram milhões e milhões de “ípicos cruzadistas" para as malhas da depressão. Da orfandade. Ainda lá repousam, amorfos, os que ainda não se entregaram à eternidade.
É para esses que os incontinentes verbais agora se voltam. Temos o grato prazer de divulgar aqui, todas as 6ª feiras, problemas antigos, na esperança de que a amnésia ou a escleró, vos façam regressar ao paraíso que já foi o nosso. Está prometido. A partir da próxima semana, e religiosamente todas as 6ªs feiras, publicaremos um antigo problema do IPA. É o que se arranja. Mas é com muito amor.

"sinais dos tempos"

Nem um veterinário num canil seria tão lacónico, seco e indiferente como Correia de Campos, em conferência de imprensa, acerca da isenção de taxas moderadoras para as abortadeiras. Aliás, a sua eloquência foi ao ponto de equiparar tal isenção no SNS àquela que é concedida a grávidas. Se há matéria em que a desobediência civil é bem-vinda, é esta. Se Correia de Campos, as suas abortadeiras pratico-teóricas amestradas e as frustradas de sucesso são o "sinal dos tempos", então eu prefiro continuar anacrónico, misógino, reaccionário e, sobretudo, impiedoso. (João Gonçalves)

Eu é que sou liberal


Até há alguns anos atrás, e actualmente uma vez por ano no 25 de Abril, era um posto dizer-se que se esteve em Caxias ou em Paris, ou referir-se ao Zeca Afonso simplesmente por Zeca, assim como quem andou com ele na escola.

Agora temos uma nova loucura, ser liberal. Ser liberal é um posto. Está até a surgir na blogosfera um novo campeonato tácito, que é o do bloguer que consegue afirmar-se maior número de vezes como liberal no mesmo post. Neste momento os concorrentes que se preparem porque este senhor não dá hipóteses e prepara-se para ganhar a taça e o campeonato.

jantar

Ontem, decorreu o jantar dos IV em conhecido restaurante da capital. Aqui fica a fotografia possível depois de alguns jarros de sangria.

Bem prega frei Tomás...

Parece que a ILGA Portugal promoveu um debate sobre um importantíssimo tema que aflige todo o município: Lisboa e os LGTB, tendo convidado as sete principais candidaturas.
Sabendo que os candidatos são doze, é justo perguntar se a explícita exclusão que esta associação promoveu não é pura discriminação. Cheira-me que sim...

Banco Benfica

É este o Banco que Berardo quer dar ao Benfica.

quinta-feira, junho 21, 2007

O clube dos amigos do Portas...

...tem trabalhado bem no sentido do extremínio do partido!

rapaziada, há que não descurar os serviços mínimos

Evocando as tradicionais reuniões de tupperwares, o Salão Iinternacional Erótico de Lisboa vai dedicar um espaço exclusivo às mulheres portuguesas, que poderão participar no «Tuppersex» para conhecer as últimas novidades em produtos eróticos, pela mão de um sexólogo.
A ideia de criar uma «Área Feminina» surgiu porque as portuguesas aderem mais a grandes eventos eróticos do que as espanholas, enquanto os homens lusos são mais «caladitos» e «respeitadores», revelaram responsáveis e participantes do Salão.
Contrariando a ideia de que os portugueses são um povo conservador, a presença feminina nas duas últimas edições do Salão Internacional Erótico de Lisboa (SIEL) superou a percentagem de mulheres presentes no homólogo festival de Barcelona.
«Há mais mulheres a visitarem o salão de Lisboa do que o de Barcelona. Entre 30 a 35% do público português é feminino. A maioria vem acompanhada pelos parceiros, mas também há muitos grupos de amigas», afirmou Juli Simón, director do evento, que se realiza pela terceira vez em Lisboa entre os dias 21 e 24 de Junho.
(dd)

dumping

Várias dezenas de advogados, divididos por 27 gabinetes espalhados por 14 cidades do Distrito Judicial de Lisboa, dão hoje consultas jurídicas grátis aos cidadãos (dd)

quarta-feira, junho 20, 2007

Notas de um debate...

É sabido que o formato não augurava nada de particularmente entusiasmante. Contudo, mesmo assim, houve momentos interessantes. Estas são as notas de espectador furtivo.

António Costa - Logo nos primeiros minutos se percebeu que era ele o próximo presidente da Câmara. Soube chamar a si esse estatuto e não permitiu que lho tirassem. Encarava as tiradas dos demais candidatos como se estivesse a ouvir populares numa sessão de esclarecimento no salão do centro recreativo da Ajuda. Ganhou.
Fernando Negrão - Como é que um homem que me parece intrinsecamente competente e bem formado se imola daquela maneira? O tropeção em Setúbal... Uma ideia para Lisboa? Hummm…. Já sei! Ambiente! Foi pena.
Ruben de Carvalho – Com ar furibundo de quem acabara de assistir ao espancamento de toda a Família, não se cansou de distribuir fruta. Pena que se tenha lembrado pouco da Câmara de Lisboa. E, convenhamos, falar de “trabalhadores” por tudo e por nada, já cansa.
Carmona Rodrigues – É um eterno optimista. Ora aí está um tipo que faz falta para erguer a nossa auto-estima. Onde todos, e bem, vêem ruínas e desgraça, ele descobre jardins frondosos e paradisíacos. Temo que o optimismo seja apenas falta de lucidez, sobretudo política.
Telmo Correia – Nem tão bom como ele acha, nem tão mau quanto se receava. Lixou-se com o lixo. É ágil mentalmente, mas talvez a sua iteração (dele próprio) não credibilize o que devia ser uma verdadeira lufada de ar fresco. Provou do veneno que o chefe costuma reservar às suas vítimas, quando Sá Fernandes lhe pediu para identificar três, apenas três, dos milhares de prédios devolutos pertencentes à Câmara. Se calhar não gostou, mas houve espectadores que se riram.
Helena Roseta – a Mãe. Puxou as orelhas a todos os meninos sem excepção, dizendo que, para serem bonzinhos e irem para o Céu, tinham de brincar todos uns com os outros. Os meninos não ousaram mandar calar a Mãe. Nem mesmo quando ela falava, falava e não dizia coisa nenhuma. Vê-se que gosta deste papel. De embrulho. Sinceramente, acho que não faz falta. Nem na Câmara.
Sá Fernandes – É o maior! Eu, eu, eu, eu. E ainda eu, eu, eu, eu. E já me esquecia de falar de mim: eu isto, eu aquilo. Um tipo tão bom não merece a Câmara de Lisboa. Merece um palco muito maior. De preferência longe. Muito longe.

cachimbo

Paulo, apesar de ser contra o novo aeroporto, a verdade é que a localização OTA (opção fechada e sem necessidades de mais estudos) constava já do programa de Governo. Não posso, pois, concordar quando escreves:
Em democracia o poder pertence aos cidadãos que na impossibilidade prática de o exercerem directamente (lamento camaradas mas não resulta mesmo) elegem os seus representantes a quem atribuem um mandato popular. A construção de um novo aeroporto internacional é um exemplo de uma decisão que pela complexidade técnica não pode ser tomada directamente pelo Povo (...) Esse será momento um teste decisivo à credibilidade deste Governo. Das duas uma. Ou confiamos no Primeiro-Ministro – e MOP mesmo que se chame Mário Lino – para tudo visto e ponderado decidir segundo o interesse nacional. Ou não confiamos. E se não confiamos mais vale trocar de governo porque este já não lá está a fazer nada.
Quem não concorda, como eu (e tu) com a opção, pode e deve lutar para tentar alterá-la, mas pretender fazer cair o Governo por não aceitar debater um assunto que antes das eleições era já um dado adquirido talvez seja excessivo, digo eu.

isto assim não pode ser

se os meninos continuam a escrever coisas tão boas nas caixas de comentários e não em posts autónomos juro que me vou embora. Aqui fica a tréplica do ZLM (Zé Luís Malaquias) à resposta do Pombo:
"Meu caro Nuno Pombo,Tenho de lhe confessar que o seu post (resposta ao meu post) me deixou profundamente irritado. Não irritado consigo, certamente, pois tudo o que diz é correcto e escrito de forma brilhante, como é seu hábito. Como diletante que sou, escrevo com o coração ao pé da pena e misturo conceitos e correntes ideológicas, metendo tudo em dois grandes sacos, de esquerda e de direita, quando a realidade ideológica é bem mais complexa e tem todo um historial de 3 séculos por trás. O Nuno Pombo obriga-me a precisar conceitos e isso retira-me do meu pequeno mundo a preto e branco para um mundo com um sem número de cambiantes cinzentas. É muito mais complicado vender o nosso peixe a uma pessoa de conceitos tão bem definidos, pois temos de estar sempre à defesa quando começam a ser atacados aqueles que nos precederam nas nossas famílias ideológicas. Mas penso que, para simplificar a discussão, poderíamos estar de acordo em pôr para trás toda a tralha ideológica que já vem desde o Século XVII. Nem o Leviatã de Hobbes se concretizou; nem a mão invisível de Adam Smith é tão invisível como isso; a revolução de Marx como estádio final do capitalismo ficou no caixote de lixo da história; Ricardo, Keynes, Galbraith, Friedman, o Reaganomics sucederam-se mais rapidamente do que as modas nas passereles de Milão. Vamos, por isso, começar de novo, fazer um reset ideológico e definir uma nova esquerda baseada nos princípios de defesa do indivíduo, da família, da solidariedade (intergeracional, internacional, inter-étnica, intercultural), da redistribuição da riqueza (no respeito pela propriedade individual) e no apoio aos mais necessitados e aos elementos mais frágeis da sociedade (crianças, idosos, deficientes, doentes crónicos, etc.) A direita, definimo-la como os princípios da defesa da eficiência económica a todo o custo, do laissez faire das empresas, da desregulamentação extremada, da desintervenção do estado de todas as áreas que não tenham a ver com a soberania, da intervenção bélica em defesa dos interesses económicos. É uma direita que mede o seu sucesso pelo crescimento do PIB e que acha que tudo o resto cabe a cada um resolver por si. Posta a diferença nesses termos simplificados, com um pontapé em toda a carga ideológica que está por trás, um católico deverá ser de direita ou de esquerda? Não será uma inevitabilidade para um católico ir roubar todas as bandeiras dessa esquerda simplificada e içá-las bem alto, no campanário de cada igreja? É essa a resposta que venho procurar a este Blogue e para a qual já recebi muitos contributos muito valiosos. Falta-me só agora a resposta de quem já provou dominar esta temática melhor do que ninguém, razão pelo qual esta resposta ao Nuno Pombo foi um pouco mais incontinente. Mas porque é que, afinal, fiquei tão irritado com o post do Nuno Pombo? Porque, posta a questão nos moldes tão claros em que ele a pôs, resulta que, depois de nos livrarmos de todas as etiquetas ideológicas, tenho fortes suspeitas de que acabaremos por descobrir que estamos ambos do mesmo lado da barricada e não terei mais um adversário de tão alto calibre com quem debater as minhas ideias e enriquecer o meu ideário. Ao fim e ao cabo, já não podemos discutir o Benfica, pois a perfeição não se discute. Se não tivermos a política, que banais que se tornarão as nossas conversas...
Um grande abraço de muita estima,
Zé Luís"

Rato de tribunal 2

Os juízes do Tribunal da Boa Hora, após anos e anos de experiências feitas em condições difíceis derivadas da falta de meios, vão finalmente publicar na prestigiada revista Science o relatório do seu estudo relativo a uma nova estirpe genética de rato, derivado directamente do famoso rato de biblioteca: o rato de tribunal, com o nome técnico de "ratus processus".

Ao que os IV conseguiram apurar, os animais em causa foram alimentados durante anos apenas com restos de bolachas de dieta e folhas do processo de Vale e Azevedo, guardadas no gabinete de duas juizas.

liberdade (3)

Independentemente das muitas considerações que podem ser feitas, a ser verdade o que António Balbino Caldeira aqui escreve, estaremos perante um caso (grave, muito grave) de perseguição política. Só lamento que certas e determinadas pessoas, tão preocupadas e zelosas de algumas causas, ditas fracturantes, façam vista grossa perante factos capazes de pôr em causa o que de mais importante temos, a liberdade (porventura, aquilo que lhes permite dizer e escrever as aleivosias que lhes são tão características).

Rato de tribunal 1

A TSF está a passar a todas as horas a notícia do aparecimento de um rato morto no Tribunal da Boa Hora. Compreende-se a importância de tal notícia, é que se o Estado através do choque tecnologico, anda por um lado a gastar dinheiro a comprar todos os dias novos equipamentos, não se pode permitir que os juízes andem por outro a dar cabo dos ratos.

Cristo responde a Malaquias


Pai, afasta de mim esse... cale-se!

Jesus Cristo era comunista? (2)

Impõe-se publicar como post a resposta que o Nuno Pombo deu ao ZLM (Zé Luís Malaquias) ali mais em baixo:
"Caro Zé Luís, depois de ter lido o post, ocorre-me desfazer um mito. No tempo de Cristo, de facto, não havia comunismo e, no tempo do dito barbudo, também não. Do que se tratava era, em termos gerais, do socialismo. Não deste que baptiza alguns partidos europeus. Do outro, o do séc. XIX. E esse socialismo surge como uma reacção às correntes liberais que, por sua vez, são uma experiência ateia da mais velhinha fisiocracia. Esta, por seu turno, sucedeu ao ainda mais remoto mercantilismo e por aí fora. Isto para dizer que, na verdade, o socialismo é fruto do liberalismo. É uma das suas mais nefastas sequelas. Mas houve outras reacções, entre elas as que foram protagonizadas por influentes pensadores católicos e que resultaram naquilo que vulgarmente se chamou "reacções cristãs", para as quais o próprio papado contribui. Então, o que une "cristãos" (eram católicos, mas adiante) e "socialistas". A condenação firme da desumanização potenciada pela crueza do liberalismo. A refutação liminar da impossibilidade de suavizar as consequências de um funcionamento natural (ex natura) do mercado. O erro é achar-se que a única corrente que contraria essas decorrências liberais é o socialismo. Não é. Nem nunca foi. Quem lê a mensagem de Cristo percebe que ela é incompatível com o liberalismo oitocentista. E zás... então Cristo é socialista! ERRO CRASSO! A única coisa que pode concluir-se é que Cristo não seria liberal (oitocentista, entenda-se. Hoje os "liberais" não são os alter egos do Adão Smith, do David Ricardo, ou doutros que tais).Há uma grande diferença entre a proposta socialista e a cristã: a propriedade privada. O que é a propriedade?, perguntava Proudhon. O roubo, respondia de seguida. Pois para o pensamento cristão, a propriedade não só não é a semente de toda a exploração como é uma via de salvação. De independência. Se eu posso ter, não estou dependente do que "alguém" possa suprir as minhas necessidades. Ou seja, as bandeiras, ainda hoje, da esquerda, não são património da esquerda. Esse é um mito tremendo, que estranhamente os politólogos não querem contrariar. O primado da pessoa (não do cidadão, palavra que me irrita)é também património do pensamento cristão e, nessa medida, de muitos daqueles que se reclamam de direita. E dizer isto, Zé Luis, é sustentar que não são também de esquerda alguns, como eu, que se dizem de direita. É dizer que não é de esquerda boa parte daquilo que é património da nossa civilização personalista. Quando acabarem esses mitos, teremos mais ar para respirar..."

Não

E eis que pela manhã somos confrontados com a inquirição: porque não podia ser Jesus Cristo comunista?
E a resposta afigura-se simples. Não poderia sê-lo porque o comunismo, com a sua intenção comunitária, olvida o ser pessoa, para dissolver o homem no todo societário. Padece do extremismo que, nos antípodas, o liberalismo libertário carrega. Quer a hipertrofia do indivíduo, quer a hipertrofia societária contendem abertamente com a essência predicativa daquele que, mais do que simples súmula de razão e instinto, é portador de uma dimensão espiritual que, fazendo dele único e irrepetível – e como tal portador de uma pretensão de respeito pela sua individualidade -, o impede de se fechar no isolamento atomista do seu eu para o levar ao encontro ético – e solidário – com o outro, através do qual se reconhece.
Acresce que a nota de materialismo, informadora do comunismo, torna-o desvalioso. Abdicando da axiologia determinante do viver gregário, abre a porta a todos os totalitarismos de que as trágicas experiências históricas dão conta.
Totalitarismos que, se no plano político puro se entendem pela falência da pressuposição, ex ante, do dado material, se tornam facilmente perceptíveis – num juízo compreensivo global – se percebermos que o comunismo, na sua radical matriz marxista, cometeu o erro de colocar o homem no centro do mundo, tornando-o – presunçosamente – senhor todo poderoso da terra e reservando-lhe o papel outrora cometido a Deus.
De ópio do povo resvalamos, uma vez constatada a falência do modelo económico assente na dialéctica em que a infraestrutura tudo comanda, no ataque desbragado e mesquinho a toda a forma de religiosidade, erigindo a espiritualidade e os valores primordiais da civilização ocidental no monstro a abater.
É esta a maldade intrínseca da esquerda que nesta casa incontinente combatemos.
Maldade da ideologia que muitos, pela bondade que no seu ser se intui, acabam por acolher, em nome da defesa dos mais fracos. Sem que percebam que, entre o tudo e o nada, há um tertium datum a fazer a diferença. E que é preferível, porque não aliena, mas emancipa.

Jesus Cristo era comunista?

Tendo nascido no longínquo ano de 1969, comecei a ter as minhas primeiras aulas de catequese católica numa altura em que, na televisão, passava a Gaivota e o menino que não havia de combater, num período em que se defendia publicamente que a terra era de quem a trabalhava, a batata de quem a semeava, no momento em que uma Assembleia Constituinte escrevia que portugal era um país a caminho do socialismo. A guerra era vista como a origem dos males e gritava-se que nem mais um soldado para África.
Fosse porque as vozes de direita estavam amordaçadas, fosse porque as pessoas acreditavam genuinamente num ideal socialista, nesse tempo era bem visto ser-se de esquerda, defender-se a igualdade, combater as injustiças sociais. Poucas pessoas tinham a coragem para defender abertamente, num microfone aberto da rádio ou da TV, que a redistribuição não era uma coisa boa, que as pessoas não deveriam ganhar tendencialmente o mesmo, que não era preciso combater a pobreza e a desigualdade.

Enquanto isso, na catequese, eu aprendia que Jesus nunca foi um homem de posses. Os seus amigos eram pescadores, pessoas rudes de entre o povo. Jesus defendia o fim das guerras, com a filosofia mais revolucionária de todos os tempos: "dá a outra face; oferece a túnica a quem te tira o manto". Elogiava a viúva que redistribuía o pouco que tinha e criticava severamente os ricos que ostentavam a sua riqueza na caridade que faziam. Dizia mesmo que estes últimos teriam de dar prioridade ao camelo, na passagem pelo buraco da agulha que é a entrada no reino dos céus.

Na minha simplicidade de criança de cinco-seis anos, juntei dois e dois e concluí, muito naturalmente, que Jesus Cristo era comunista. Os comunistas defendiam os pobres, o fim da guerra, a distribuição equitativa, tudo valores que me eram inculcados pelas minhas catequistas.
Paralelamente, convenci-me de que a direita era uma ideologia ateísta, pois defendia o lucro, a usura, a acumulação de riquezas (Está bem, está bem - admito que, aqui, me estou a armar aos cucos. Não fazia ideia do que eram essas coisas com 6 anos, mas tinha a sensação nítida de que essa malta de direita gostava mesmo era do carcalhol).

Durante a escola primária, tive por grande amigo uma pessoa com uma preparação teológica acima do comum de uma criança de 8 anos. A esse facto, não seria alheio o pormenor de ser sobrinho e afilhado do Arcebispo de Braga, D. Eurico Dias Nogueira. Com ele aprendi o lado mais realista e pragmático da religião católica em inúmeras conversas que íamos tendo no caminho da escola.

Ora, de todas as lições, a que mais me deixou ataratado, foi a revelação de que um católico não podia ser comunista.. A igreja tinha declarado uma expressa incompatibilidade entre a sua filosofia religiosa e aquela filosofia política. O comunismo estava off-limits. O meu mundo ruiu. Afinal, aquelas boas pessoas que defendiam os pobres e os oprimidos pela via política não podiam ser, simultaneamente, as mesmas que os defendiam pela via religiosa? Os partidos políticos que mais próximos estavam da Igreja Católica eram aqueles que defendiam um sistema económico em que o lucro impera, dono e senhor incontestado, qual bezerro de ouro dos tempos modernos?

Anos mais tarde, investigando melhor, descobri que o primeiro salvo desssa guerra politico-religiosa, teria sido dado pelo "pai da esquerda", quando proclamou que "A religião é o ópio do povo". Já pensei, mais moderadamente, "chegaste-te demasiado à frente, levaste no toutiço, que com a minha igreja ninguém se mete".

Acompanhei a forma como o Bloco de Leste perseguiu todos os crentes das várias religões, a desumanização da pessoa em nome de um materialismo dialéctico que nunca ninguém entendeu muito bem para o que servia. Vi os serviços secretos bulgaros levarem a cabo uma tentativa de assassinato contra Karol Wojtila. Vi que, de facto, aquela esquerda, a que se vivia do outro lado da Cortina de Ferro, não só não era amiga da religião como não era amiga do homem. Não tinha nada a ver com a imagem da esquerda da minha infância, com gaivotas que voavam e com meninos que não haveriam de combater. Esta esquerda combatia, do Camboja ao Afeganistão, estava muito longe de se igualitária (conta-se que a mãe de Breznhev lhe perguntou, preocupada, quando este lhe mostrava o luxo sumptuoso do Kremlin: "mas, Leónidas, e se os Bolcheviques regressam?) e parecia pregar mais o ódio do que o amor.

No entanto, nunca deixei de pensar que o que estava errado não eram os meus valores de esquerda. Quem estava errado era quem tinha feito aquela caricatura grotesca de um regime de esquerda que foram os países do bloco soviético). Marx, descobri ainda mais tarde, criticou soberbamente o capitalismo, mas nunca explicou o que se havia de pôr no seu lugar. Deixou vagamente escrito que o comunismo apareceria numa fase derradeira do capitalismo mas, em vez disso, só grassou em sociedades pré-industriais (Rússia e bloco de leste) ou sociedades agro-feudais (China e sudoeste asiático). As experiências comunistas, com muito raras excepções, foram todas tocadas de ouvido por caciques locais mais interessados em defender o poder e a riqueza pessoais do que em fazer progredir a humanidade.

No final dos anos 80, "comunismo" tinha-se tornado uma palavra maldita. Descanse em paz, que já nem a esquerda gosta muito de lhe pegar (o Bloco é de Esquerda, o PCP está escondido na CDU).

Mas será justo julgar os méritos da esquerda com base nas implementações de uns ditadorzecos sacanas e incompetentes? Afinal, não julgamos os méritos da direita pela implementação dada por um Somoza, um Galtieri. um Adolf Hitler. Porque é que temos de avaliar a esquerda e os seus valores ao sabor das borradas de Estaline, Mao-Tse-Dong, Pol Pot?

E quanto à incompatibilidade entre esquerda e religião? Terão de ficar eternamente de costas voltadas só por causa de um comentário de um barbudo do Século XIX que, se calhar, no contexto que ele conhecia, até tinha alguma razão? Até os comentários de Bento XVI sobre o profeta puderam ser sarados, porque não a questão do ópio? A esquerda e a religião não podem abraçar um conjunto comum de valores de partilha e solidariedade? Não podem unir esforços contra um neoliberalismo que tudo pode, onde tudo é relativo e onde os valores são uma coisa do passado?

Penso que até João Paulo II viu isso e, após a queda do Muro de Berlim, virou a sua artilharia contra o modelo de sociedade da direita neoliberal que desumaniza, adultera e adora falsos deuses. O Thatcherismo e o Reaganismo deixaram-nos uma sociedade de esquerda envergonhada em que os partidos de esquerda quase têm de pedir desculpa pelas suas políticas de apoio à família e contra um mundo hiper-competitivo que não deixa espaço para o homem. Deixaram-nos ainda um modelo económico em que, enquanto a riqueza média da população sobe, a pobreza da população mais fraca aumenta (sendo compensada por um enriquecimento exponencial da mais rica). É a velha história em que o João comeu um frango, o Zé passou fome mas, em média, comeram todos meio frango. As famílias são destroçadas por pais que são pressionados para trabalhar mais e mais horas, fora do horário de expediente. A globalização, vendida como panacéia social, deixa passar as mercadorias (de Norte para Sul), mas não deixa passar as pessoas (de Sul para Norte), permitindo aos países pobres competirem com a única riqueza que têm e que é uma mão de obra jovem. Os bens materiais são postos à frente das pessoas. O destino da sociedade é decidido nos Conselhos de Administração de algumas grandes empresas, longe do escrutínio democrático. A igreja que o estado comunista não conseguiu vencer é lenta mas inexoravelmente vencida pela televisão, pelos centros comerciais, pela cultura do gasta e deita fora.

Por isso, meus caros colegas incontinentes, vou aproveitar a minha nova e prezada presença entre firmes adeptos da direita com sólidas convicções religiosas, para lhes perguntar com toda a franqueza: porque é que Jesus Cristo não podia ser comunista e porque é que o ideário da esquerda é imcompatível com a crença religiosa mas o da direita não é...

terça-feira, junho 19, 2007

LISBOA, O QUE RESTA


Qualquer semelhança entre estas duas imagens poderia ser pura coincidência. Mas não.
Sugiro que fechem os olhos e imaginem duas daquelas imagens da direita (mas verdes e mais feiosas) pespegadas no meio da imagem da esquerda. É um gosto ver Lisboa assim tão bonita.
Que pena que eu tenho de não ter um telemóvel com máquina fotográfica... É que assim descrito não tem o mesmo impacto. Passem lá, vão ver, não percam a principal e lindíssima Praça da cidade de Lisboa com duas casas-de banho portáteis ladeando D. José I.
Pena é que não as tenham colocado mesmo à frente da estátua, e não ao lado, por forma a que terem vista de rio. A Praça ficaria valorizada.

billie jean (o 1.º moonwalk, ainda antes da lixivia. provavelmente a melhor música de Jackson)

segunda-feira, junho 18, 2007

a culpa é, como habitualmente, dos judeus


pois, pois, e os paizinhos são todos uma cambada de inimputáveis

A União Europeia admite proibir os anúncios publicitários à "fast food" para combater a obesidade infantil. (Publico)

Pensamentos do Dalai LIma MMMMMMMMMMMM


Ota PS

já atrasados,

queremos agradecer à equipa de Telmo Correia a simpatia que manifestaram com o link aqui para a casa no site da candidatura à presidência da CML. Como forma de retribuir, gostaríamos de realçar o Programa da candidatura que pode ser consultado aqui e, tanto quanto nos foi dado ver, não discordamos de nada.

liberdade (2)

Alguém devia informar o dr. José Paulo Pereira que o sr. José Sócrates não é engenheiro. A propósito, quem tiver interesse em saber quais os factos imputados ao dr. Charrua é favor carregar no link.

obrigado, João

O João Gonçalves é um dos melhores. Ao que parece, o portugal dos pequeninos fez agora 4 anos. Está de parabéns.

liberdade

O António Balbino Caldeira, depois de muito trabalho de investigação, permitiu que ficássemos a conhecer o percurso académico de José Sócrates, nomeadamente as condições em que o mesmo se "licenciou". Obrigou o primeiro-ministro a dar explicações, provocou debates, ajudou a encerrar uma Universidade e forneceu material sem fim aos jornais e televisões, substituindo-se a estes no seu trabalho. Ao que parece, o sr. Sócrates não gostou da iniciativa e apresentou queixa-crime contra o António Balbino Caldeira, que foi agora constituído arguido. Depois do caso da DREN, o Governo, na pessoa do primeiro-ministro, vai dando mostras de que não convive muito bem com a liberdade (dos outros).

Diversidade ideológica

Este meu post de estreia serve para agradecer a confiança dos Incontinentes que me endereçaram o convite para aqui vir publicar posts próprios, em vez de andar sempre a contaminar os posts dos outros.
Fiquei especialmente sensibilizado por o convite partir de um blogue de tendências conservadoras que veio convidar um "perigoso vermelho" para publicar em pé de igualdade.
Aliás, se o convite partisse de um blogue esquerdista, não teria aceite, pois o debate entre iguais é estéril e não estimula a imaginação.
É, por isso, para mim um privilégio poder vir trocar ideias com pessoas muito inteligentes que não partilham as minhas ideias mas partilham o gosto por um bom debate feito com correcção.

domingo, junho 17, 2007

Quem Não Quer Ser Engenheiro Acaba Incontinente, ou O Zé Faz Falta

Se estão recordados, a famosa saga do homem que decidiu lutar contra a burocracia privada, qual Winston do 1984, teve início aqui. Quando publicámos a famosa sequência epistolar «José Luís Malaquias vs. Montepio Geral», também conhecida por «Caso Povo vs. Alpaca», do Mestre em Engenharia Física que não queria ter «Engenheiro Civil» nos cheques e se propunha ser tratado «simplesmente por Zé», nós mesmos não tínhamos a noção de que a coisa acabaria no DN e no Expresso; que o Montepio iniciaria acções de formação para evitar novos casos destes e salvar a sua imagem; e que o próprio passaria a receber repetidamente a sua própria história por mail, vinda de desconhecidos, depois de presumivelmente dar várias voltas ao ciberespaço.
A verdade é que um mérito ninguém lhe tira: Malaquias criou um case study de David, o Consumidor, contra Golias, a Instituição. E ninguém terá ficado indiferente ao estilo irónico­‑mordaz­‑corrosivo, que Chesterton, Twain, ou Python não enjeitariam.
Ora se este massacre epistolar permite um vislumbre, ele é porém muito ténue, de uma outra característica do animal: a sua insuportável, inacreditável, inaudita, e outras coisas intensamente in, incontinência verbal.
É verdade, e aqui o yours truly sabe do que fala, pois é dos poucos sobreviventes, ou pelo menos dos que têm coragem de falar, que discutiram com o Malaquias política fiscal , aquecimento global, criacionismo e sionismo, vantagens da Nikon sobre a Canon, ou a possibilidade de a série «24» ser propaganda velada dos Neocons. E aviso: o tipo não faz reféns, o sujeito não larga a canela, o indivíduo não pestaneja sequer enquanto nos massacra, qual Hannibal que nos dá a provar os nosso próprios miolos, por mais brilhante que seja a nossa argumentação, por maior que seja a nossa preparação, por mais reputada que fosse a nossa loquacidade. Parte por vezes de premissas falaciosas, mas tão admiravelmente dissimuladas, que nem ele próprio se apercebe. Ao pé dele, Guterres, o Picareta Falante, é um mero surdo-mudo afónico de apelido Calado. Quando está sozinho, por exemplo no carro parado no trânsito, envolve-se em violentíssimas virulentíssimas discussões consigo próprio, que vence sistematicamente, atirando-se a si próprio ao tapete por KO técnico. E por falar em boxeurs, é como os boxers, de quem se diz que, quando fecham as mandíbulas, já não as abrem, que não lho permite o ácido láctico. Pois ele não as fecha.
Last but not James Last, e para complicar o quadro, que já não está fácil, o homem é, diz-se, julga-se, de esquerda caviar, numa família que não cultiva tais inclinações. Burguesola vivido, adepto da meritocracia, adversário de concepções não-democráticas da sociedade, as suas preocupações sociais levam-no néanmoins a simpatizar pontualmente com o ideário do Reverendo Louçã, embora tenha a independência de espírito para já o ter interpelado sobre as posições pró-aborto (parece que o senhor até lhe terá respondido de forma bastante urbana, embora não se convertendo à vida), e ter militado diligentemente na caixa de comentários do nosso saudoso Blogue do Não.
Ora é nada mais nada menos a este espécime que os Pais Fundadores deste blogue decidiram convidar, e convidar-me a convidar, na qualidade de vítima que conhece bem o seu torcionário, a integrar os quadros dos IV com direito a nome à direita (leia-se, à direita do ecrã). O que os leva a dar este passo temerário? Não terem lido os classicozinhos, nomeadamente a Odisseia do cavalo de Tróia? Ou, pelo contrário, movê-los-ia, numa centelha de génio, a vontade de blindar os estatutos dos IV contra OPAs hostis do Daniel Oliveira, atiçando-lhe, nas suas múltiplas visitas a esta casa, um bloquista transgénico, qual vacina, para o confundir? Ou terá sucedido simplesmente a hipótese mais simples, terem vergado à exaustão de ver o Malaquias a opinar, quase sempre brilhantemente, mas sobretudo ininterruptamente, até relativamente aos posts meteorológicos da Joana Lopes Moreira à sexta-feira, não deslargando a caixa dos comentários?
Eu, pessoalmente, se me é permitido, convido o José Luís Malaquias e dou-lhe as boas-vindas aqui unicamente por temor e reverência aos Pais Fundadores, por quem farei o que quer que me peçam, nem que seja ir beber um copo com a Giselle Bundchen. Porque me preocupa o que possa acontecer a este blogue, que se orgulhava do seu ultra-conservadorismo, depois de a baia ideológica ser empurrada da minha afeição à laranja (por mera recomendação antioxidante do meu nutricionista), em tempos considerada esquerdista nesta casa, para a bloquice caviar do meu irmão. Ah, com isto tudo já me esquecia - é que o tipo é meu irmão.

sexta-feira, junho 15, 2007

Andam a brincar




Pelo menos quem tem crianças em casa ou, mesmo que as não tenha, quem já foi a centros comerciais, sabe o que é a Imaginarium. Uma loja de brinquedos em que somos atendidos por sorridentes funcionários que ostentam na lapela, salvo erro, a qualificação de brinquedólogo ou qualquer coisa igualmente estúpida.


Sabem tudo de brinquedos, que para eles é um negócio profissional e lucrativo, mas brincam vergonhosamente com a Língua Portuguesa. Este foi o último miminho que me chegou a casa. Com a agravente de poder ser lido por miúdos que estão em plena fase formativa.


Multas, meus senhores, e pesadas, é o que esta gente merece!

ensaio sobre a má fé

O Daniel Oliveira que tem vindo a "socialdemocratizar-se" não resistiu e mostrou o que ainda é (na realidade). Como não poderia deixar de ser, tudo o que está a acontecer na faixa de gaza é culpa dos israelitas. O Daniel acha que a visita que fez ao território lhe dá conhecimento de causa para afirmar as maiores barbaridades sem pestanejar (no caso, sem que a mão lhe trema enquanto escreve). Parece-me óbvio, por muita culpa que Israel possa ter na forma como tem gerido a crise no Médio Oriente, que o que está a acontecer neste momento na faixa de gaza é em grande medida imputável ao radicalismo islâmico, que tem como uma das suas principais bandeiras a destruição do Estado de Israel. Negar as evidências e continuar a desculpar os radicais por tudo o que têm feito para obstaculizar o processo de paz na região revela uma imensa má fé que apenas serve para alimentar velhos ódios e perpetuar fracassos negociais. Shame on you mr. Oliveira.
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