domingo, setembro 28, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
segunda-feira, setembro 22, 2008
Os socialistas e a liberdade de imprensa
ERC legitima pressões de Sócrates
in Expresso de 20/9/2008
Um dos grandes valores do socialismo, constantemente apregoados aos 'quatro ventos', é a liberdade de imprensa. Os socialistas defendem com toda a convicção a liberdade dos jornais criticarem e exporem as falhas no funcionamento da res publica. Faz-me lembrar a famosa ética republicana.
A edição deste fim de semana do Expresso traz alguns exemplos elucidativos de como os socialistas lidam com a liberdade de imprensa. Sempre que a liberdade está de acordo com as suas ideias deve ser respeitada. Mas o problema é quando não está.
O caso de Sócrates analisado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social é um triste exemplo da atitude dos socialistas perante a liberdade de imprensa. Para além de terem nomeado uma série de 'capangas' para gerir a ERC, o primeiro-ministro não se coibiu de atemorizar os jornalistas que denunciaram as suas trafulhices relativamente à licenciatura em engenharia.
Alguns exemplos 'edificantes':
O jornalista do Público Ricardo Dias Felner foi contactado diversas vezes pelo Primeiro-Ministro num tom 'violento' (sic)
Ameaças a José Manuel Fernandes, director do Público:
Sócrates: Fiquei com uma boa relação com o seu accionista (Paulo Azevedo) e vamos ver se isso não se altera.
Sarsfield Cabral e Raquel Abecassis, da Direcção de Informação da Rádio Renascença, afirmaram terem sido contactados várias vezes por um assessor do primeiro-ministro para travar a emissão de uma notícia sobre a licenciatura de Sócrates.
Perante isto, a ERC afirma que não há matéria de facto para concluir que o primeiro-minstro e seus assessores tentaram pressionar a imprensa portuguesa.
A opressão socialista em pleno!
Etiquetas: Socialismo
"humanistas caviar" and other dazzling labels
sexta-feira, setembro 19, 2008
Porque está a direita calada?
Alberto Martins é favorável a matrimónios gay mas impõe disciplina de voto
in Público, 19/9/2008
O casamento de homossexuais vai ser aprovado brevemente. Pode não ser nesta legislatura mas será com certeza na próxima. Depois de aprovado virão as habituais lamúrias de que os valores estão a desaparecer.
Eu não concordo com a união de homossexuais na forma de casamento porque este é muito mais do que um contrato jurídico. Assenta numa tradição milenar de união entre homem e mulher, em que ambos optam por um projecto comum de vida que consiste na constituição de uma família. Um dos elementos dessa união, mas não o único, como Ferreira Leite disse erradamente, é a procriação. O casamento é, provavelmente, e a seguir ao nascimento, o acontecimento mais importante das nossas vidas.
A união entre dois homens ou duas mulheres é uma realidade que vai claramente para além do que a tradição nos ensina a este respeito. Na união entre homossexuais a procriação é naturalmente impossível. Mais, a educação de uma criança com base em dois pais ou duas mães é claramente indesejável pela perda de complementaridade que existe nos ensinamento recebidos em simultâneo do pai e da mãe. Por isso não faz sentido a adopção de crianças por homossexuais. Já bastam as situações, infelizmente cada vez mais comuns, em que os casamentos se desfazem e as crianças sofrem as respectivas consequências.
Mas a vida em comum de homossexuais é uma realidade que a direita se recusa a considerar. Como esta atitude não é sustentável, enquanto a direita continua a insistir, de uma forma casmurra, no 'não' sem apresentar qualquer alternativa, os socialistas levam a 'àgua ao seu moinho' e impõem o 'progressivismo' que os caracteriza.
Porque é que a direita não propõe uma alternativa ao casamento que reconheça a existência de uniões entre homossexuais? Porque é que a direita deixa passivamente destruir a instituição válida e com provas dadas ao longo de séculos que é o casamento? Questões que ultrapassam a minha compreensão.
Obamautopia
João César das Neves
in DESTAK 18/9/2008
Depois do que o mundo sofreu nas últimas décadas às mãos de políticos de todas as cores, seria de esperar mais cepticismo perante salvadores providenciais. Mas a «Obamania» aí está a provar que os sofisticados eleitores actuais são tão sugestionáveis como no tempo de Pisístrato ou Catilina. A situação não surpreende na América, onde tais euforias são correntes. Mas a admiração extática que revelam os intelectuais europeus, normalmente tão ponderados e circunspectos, é bastante suspeita. Afinal, o que fez o jovem Barack Obama para merecer tanta adulação e suscitar tais esperanças?
A resposta simples é que a Obamania é um sonho, um fascínio, sem grande sustentação lógica e objectiva. Ora a última coisa que um sonho precisa é do toque com a realidade. Isso significa que o eventual presidente Obama será a principal vítima da tal mania. Por melhor que seja, nunca a sua acção estará ao nível daquilo que anseiam os que hoje o glorificam.
A conclusão é paradoxal. As únicas hipóteses de salvar a Obamania, levando Barack a ficar na história como um herói salvador é, ou uma derrota eleitoral, como Al Gore, ou uma bala assassina, como John Kennedy. Se ele for eleito e cumprir o mandato, o mais provável é que, começando em glória, termine em desgraça depois de uma monstruosa desilusão dos fervorosos apoiantes. Como Jimmy Carter, Bill Clinton ou Nicolas Sarkozy. Hoje, depois do que o mundo sofreu às mãos de políticos de todas as cores, não restam muitas dúvidas que não é humanamente possível cumprir a Obamania.
Não Há Almoços Grátis
quinta-feira, setembro 18, 2008
We do it better
No meio do esterco
iv's na radio
Ricardo, amigo, o Almunia parece que também não concorda contigo.
O Veto É a Arma do Povo
É por isso que a nova lei do divórcio podia passar por entre o barulho das luzes, mas colocou-se afinal ruidosamente na ribalta. Supostamente visando derrubar mais um esteio da moral católica, e consagrar «o direito a decidir da própria vida», «quando o amor termina», tinha o rabo de fora, porque atirava às feras a parte mais fraca - a mulher, pois claro -, quando a outra parte decidia mudar de vida. Entretanto, porque é preciso mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, mudou um aspectozito 180º, em cima do joelho, como sempre: agora, se se provar que a parte mais fraca abdicou da carreira para se dedicar ao casamento, deverá ser devidamente ressarcida. Como? Como se fazem as contas? Como se conseguirá que os tribunais não entupam ainda mais com os novos processos que aí vêm? E como evitar que os divórcios, em vez de actos administrativos, como se pretendia, não se transformem ainda mais em duelos sanguinolentos?
O que vale é que há Cavaco. Como já disse antes, ele é o dique que contém a enxurrada de fanatismo religioso sucialista. As suas objecções, contrariamente à bacoca réplica de Vitalino Canas, mantiveram-se impecavelmente fora do terreno ideológico e religioso. Como Presidente de Todos os Portugueses, veio simplesmente, ele sim, defender os portugueses mais fracos neste particular. Não foi por acaso que eu e outros o pusemos lá, não para evitar votar no emplastro do Santana - razão última da vitória de Sócrates -, mas com grande convicção, para contrabalançar o poder medíocre e ditatorial desta maioria. Sr. Presidente, faça o que tem a fazer . Vete.
quarta-feira, setembro 17, 2008
E é este tipo comissário europeu da economia
Rapto da europa (64)
"Los malos de esta película son los que inventaron unos productos financieros que no hay quien los entienda"
Joaquin Almunia, Comissário Europeu dos Assuntos Económicos
Como é que um tipo que é comissário europeu da economia não sabe como é que a mesma funciona? E se não sabe porque não estuda o assunto? Tem milhares de técnicos em Bruxelas que lhe podem fazer um desenho.
Só uma conclusão se pode tirar: Almunia é incompetente para o lugar que ocupa.
A propósito de capitalistas e larilas
O capitalismo é um pouco como a democracia. Tem muitos defeitos mas não existe alternativa melhor. Se houver fico à espera que ma indiquem (suspeito que posso esperar sentado).
O capitalismo é bom porque traz a desigualdade. Mas na condição de que os que ficam mal sejam ajudados (atenção que não me refiro aos gestores da AIG).
Mas os 'posts' do Nuno Pombo, do Jorge Lima e do Tiago Machado da Graça (em baixo) contém um erro que é muito comum desde que a opressão socialista ficou 'à solta'. Contrapor socialismo e capitalismo não faz sentido porque o primeiro é um sistema de organização da sociedade em todas as áreas e o segundo um modo de afectação de recursos a partir da componente egoista do ser humano. Confundir capitalismo e liberalismo também não faz sentido pelas mesmissimas razões.
Meus amigos, não se deixem enganar pela 'lenga-lenga' marxista, por favor. Já basta os Chavez e os Morales que temos de aturar todos os dias nas notícias. O capitalismo não tem nada a ver com o liberalismo e só concorre com o marxismo/socialismo na organização da produção (modo marxista de dizer afectação de recursos).
Quando o Jorge diz que o equilíbrio entre livre iniciativa e regulação qb já foi inventado e chama-se social-democracia não posso deixar de me rir. A social democracia vem dos socialistas arrependidos pelas maldades que os seus congéneres fizeram. Como tiveram de arranjar alternativa viraram-se para o liberalismo clássico.
O equilibrio entre a livre iniciativa e a regulação foi inventado pelo liberais, caro Jorge, e não pelo sociais-democratas. Os sociais democratas têm a sua origem na oposição ao funcionamento do mercado e na planificação dos meios de produção. Qualquer semelhança com regulação é pura coincidência. Vai ver o programa do PPD em 1974.
Eu sempre achei que um dia mais tarde ouviria dizer da boca do Soares ou de outro do género que a economia de mercado era um valor socialista. Afinal, vai ser mais depressa do que eu pensava. Neste momento já é um 'valor' social-democrata. Qualquer dia temos o Louçã a dizer-se dono do mercado.
Relativamente aos larilas não digo nada, pois não tenho o conhecimento sobre o assunto que os caros amigos manifestam ter.
Larilas, disse ele
Capitalismo Larilas
Uma característica que sempre associei ao capitalismo foi a virilidade – o cowboy que enfrenta os índios para conquistar a última fronteira, o visionário com mau génio que enfrenta o mundo e arrosta com as tempestades, o Howard Hughes, o Champalimaud. Ultimamente porém – digamos desde inícios do século XIX – , parece que a chama do empreendedorismo está entregue a mariquinhas que gritam pela mamã assim que os índices se chegam ao vermelho.
A maior seguradora dos EUA está com um passivo de biliões? O Fed injecta uns triliões dos contribuintes e nacionaliza, até a borrasca passar e voltar a haver apenas lucros no horizonte, para então desnacionalizar. Como é que disse, nacionaliza? Isso. Nada como balões-de-oxigénio socialistas para os temores e tumores capitalistas. Lucros privados, públicas ajudas. Mas não era mais fácil o dito regulador obrigar a cumprir taxas de esforço, e não deixar os bancos emprestar a clientes de alto risco? Afinal, a mão invisível não é tão perfeita como no-la venderam?
Por cá, a coisa piora. O nosso capitalismo pequenino, saloio, medroso, inculto, prospera no oásis sucialista que nem bolor num caldo de cultura. Antes de irem para as suas iberdrolas, os nossos governantes progressistas, nos intervalos das causas fracturantes lançadas para acalmar o Bairro Alto, liberalizam a chicha e nacionalizam os ossos. Libertam o preço da gasolina, mas acham natural que o céu seja o limite, sem nunca descer, nem que a vaca tussa ou o crude desça 30%. Os PINs têm alvará em branco para destruir o que ainda resta de bom no rectângulo. Os bancos, pobres diabos, têm um IRC reduzido porque são um sector frágil que precisa de ser protegido. As offshores são incentivadas porque senão os capitais fogem. As empresas de catering fazem dumping, e depois cartel, para abastecer ao preço único, deles, escolas e hospitais. E se um Abel qualquer levanta pó na assim chamada Autoridade da Concorrência, rapidamente leva guia de marcha e é substituído por um qualquer Caim sem autoridade nem concorrência.
Bolas, pá. Eu queria que todos tivessem iguais oportunidades na vida, e cada um recebesse em função do mérito, razão pela qual abomino socialismo. Sou todo pela livre iniciativa, que qualquer um com dois palmos de testa percebe ser condição sine qua non para o progresso da Humanidade. Agora assim não. Assumam-se capitalistas. Assumam o risco, colham o os frutos do vosso esforço. Mas assumam também as consequências e, quando a coisa correr mal por causa das tropelias que estão a fazer pelo mundo, não venham ter comigo, pobre contribuinte. Capitalistas de todo o mundo, tende tintins, dâsse, disse.
É mais fácil ser 100% liberal
A propósito das últimas notícias da economia mundial voltei hoje a dar uma voltar pela blogosfera, coisa que não fazia há meses porque pouco se aprende por lá.
Estas pessoas existem e são reais. Não sabem o que é a blogosfera ou o que por lá se diz, mas vivem e comem todos os dias, e votam pelo menos de 4 em 4 anos ou já nem sequer o fazem, devido ao afastamento dos políticos e pseudo politicos dos seus problemas reais.
a ver se eu percebi
"O Partido Socialista propôs uma única alteração à lei do divórcio que volta a ser discutida amanhã no Parlamento, para clarificar que só pode pedir uma “compensação patrimonial” o cônjuge que tiver abdicado da sua carreira profissional em favor do casamento." (Público)
Desaparecendo o conceito de culpa, se o conjuge que decidiu ficar em casa a cuidar dos putos ou, não havendo descendência, a limpar as pratas, se envolver com o carteiro, por acaso (ou por simples fastio), pode não só promover o divórcio (ainda que o outro não concorde), como também pode exigir uma compensação por ter "abdicado" da carreira. É isto? (publicado também aqui)
terça-feira, setembro 16, 2008
Miopia não é!
Juízo Salomónico
Temos acordo? Pode ser?
segunda-feira, setembro 15, 2008
Manuais escolares
por falar em órgãos de comunicação insuspeitos...
"(...) Personally, I’m also disturbed by the fact she seems to rely on a small circle for advice and has spent 312 nights away from the state capital since becoming governor. These are, as the Bush presidency has demonstrated, not traits that are conducive to good government.
To be sure, the McCain campaign are telling Palin’s friends and supporters to talk to the press through the campaign while her detractors are bending the ear of every journalist who has been despatched to Alaska. But these stories do raise legitimate and worrying issues about Palin’s record which should be addressed (...)" (Spectator)
Confesso que é para mim decepcionante que o partido republicano não tenha conseguido arranjar melhor que a dupla McCain/Palin para tentar manter a presidência dos EUA (ainda que com a obrigação de mudar a imagem deixada por Bush). O resultado está à vista. Depois de ter apostado tudo em Palin, ainda que nunca tenha privado por junto mais que 5 minutos com a Senhora, e depois de ter inicialmente invertido as tendências nas sondagens, McCain começa agora a perceber os efeitos nefastos que a escolha lhe pode causar.
É infelizmente muito mais do que isso, Pedro Arroja...
Para que é que Portugal tem um PR?
Para Portugal ter um PR (Public relations)? a coincidência de siglas não é suficiente para o justificar. E para isso mais vale ter um Rei, que nos representa mais condignamente.
O esterco e os Homens
sexta-feira, setembro 12, 2008
Entretanto na UE volta a intrujice
Rapto da Europa (63)
Esta semana foi revelado um plano da UE para um segundo referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa. Toda a gente já sabe que vai haver um segundo referendo porque esta gente não tem mesmo vergonha na cara. Só falta saber quando. E a resposta é simples, quando houver garantias de que ganha o 'Sim'. Até lá podemos estar descansados que os líderes europeus cumprem a sua promessa de respeitar o povo irlandês e não há referendo.
Etiquetas: UE
E a solução de todos os nossos problemas é tão fácil...
São anjos, Senhor
Gloriosas revoluções
Opressão socialista (65)
Já em tempos escrevi aqui que Chavez está a seguir o caminho de Allende e a levar a Venezuela para a instabilidade dos golpes de Estado, para o descontentamento popular e para o alargamento da pobreza e da miséria que, por definição, são responsabilidade do capitalismo.
Chavez tem petróleo. A baixa do preço não lhe é muito favorável e vai diminuir-lhe os votos que pode comprar junto da população pobre. Mas na óptica socialista, os votos só são necessários quando são úteis.
Na Bolivia, Morales vai mais avançado. Já conseguiu dividir o país em dois e prepara-se para desencadear uma guerra civil. Não precisou dos votos para mudar a constituição e garantir a sua eternidade no poder. A Bolívia não tem petróleo, tem apenas algum gás natural. Será mais difícil comprar 'votos'. Mas o 'amigo' Chavez diz que garante o petróleo e mais, invade o país para salvar Morales se isso for necessário.
Ambos 'enxotaram' o embaixador dos EUA. São medidas populares para concentrar poder. Mas não resolvem nada.
Ontem passaram 25 anos que Allende morreu. A lenda diz que foi assassinado. Mas pouco importa como morreu: Allende criou o caos no Chile em pouco mais de um ano de políticas marxistas, nacionalizações e reformas agrárias. Como socialista que era ignorou a falta de legitimidade democrática para as medidas que tomou. Pagou cara a ousadia e apesar dos erros que cometeu e da miséria que trouxe à população ganhou estatuto de mártir. Chavez e Morales seguem-lhe as peugadas. Já têm estatuto. Só lhes falta serem mártires. E quanto mais depressa o forem, melhor para as populações dos respectivos países.
Sai Bush, entra Palin
Temos polémica garantida, pelo menos aqui na Europa. Ao que parece Sarah Palin terá dito, numa entervista à cadeia ABC, que, conforme está previsto no âmbito do NATO, os EUA devem defender os seus membros se estes forem atacados e pedirem auxílio. Esta regra aplicar-se-ia à Georgia quando ou se este país for membro da NATO.
Os notíciários de hoje já apresentaram a sua nova versão. Palin 'disse' que os EUA poderiam atacar a Russia, caso esta 'incomodasse' a Geórgia. Entre a imaginação e a realidade há sempre uma grande distância.
A esquerda é tão burra que não percebe que quanto mais atacar, mais fortalece e une a direita mais conservadora.
quinta-feira, setembro 11, 2008
A vacuidade da Obamautopia começa a expor-se
in Diário de Notícias, 11/9/2008
Maria José Nogueira Pinto
Depois de um longo período de vantagem nas sondagens, a candidatura de Barak Obama tem vindo a perder em relação à de Jonh Mc Cain, ao ponto de alguns dos inquéritos, no passado fim-de-semana, os darem como tecnicamente empatados, na linha de 47-45. E uma sondagem Gallup dar vantagem ao candidato republicano 50-46
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O estranho de tudo isto - e tem sido sublinhado por todos os analistas - é acontecer num ano em que a diferença, nas mesmas sondagens, entre Democratas e Republicanos, é altíssima (perto dos 15-20 pontos). No termo de dois períodos de Administração George W. Bush não particularmente feliz nem popular. Porque apesar da melhoria da situação militar no Iraque resultante, não só do comando carismático do general Petraeus, mas principalmente de uma adequação às realidades do país, conseguindo a adesão dos líderes locais à luta anti-terrorista, os factores críticos mantêm-se. É o custo da aventura ideológica dos neoconservadores mas também da leitura, feita por muitos americanos, desta Administração, como uma espécie de "governo dos ricos, pelos ricos e para os ricos!"
Pois apesar de tudo, Obama não descola e perde terreno. Os articulistas liberais querem atribuir tal facto a um inconfessável "racismo" subliminar. Mas talvez o que se passe seja o facto de muitos eleitores começarem a reflectir que há um ano ninguém sabia quem ele era. E se agora já sabem quem é, não sabem verdadeiramente o que pensa, pois o seu "charme" e a sua retórica não têm grande conteúdo de ideias para além de formas "vamos conseguir!", "vamos chegar!". O quê? E onde? E como? E para quê?
Jonh Mc Cain teve o mérito, talvez por ser um homem de força de espírito, de disciplina e não de capela partidária, de escapar a estes rótulos. Homem de convicções e consequente com elas, tem características que ninguém, nem os seus piores inimigos, lhe negam: é patriota, é coerente, é honesto, tem coragem de decidir.
A escolha da Vice-Presidente - Sarah Palin - uma jovem governadora de um pequeno, mas emblemático, Estado - o Alaska - provou certo. Palin fez um discurso que electrizou as bases do partido na Convenção. Bases, aliás, iguais às americanas e aos americanos médios: desde os ex-combatentes, às donas de casa interessadas e activas, passando pelos profissionais, jovens quadros e reformados. E americanos com raízes em todos os continentes - da África, da Ásia, da Hispano-América, da Europa. Esta gente empolgou-se com um discurso que tinha a ver com o valor do patriotismo, da religião, do trabalho, da família, da liberdade.
Curiosa a fúria que Palin desencadeou na esquerda "progressista", nos "liberals" americanos. E não só. As feministas atacaram-na violentamente talvez porque uma mulher mãe de família, anti-aborto, política, caçadora, dona de casa, que combateu no seu Estado os grandes interesses corporativos - inclusive os ligados ao Big Oil e ao seu próprio partido - não pode existir... Escapa ao figurino e compromete o exclusivo esquerdista, mais ainda se se pensar que pode chegar à Casa Branca.
Faltam menos de sessenta dias para a eleição presidencial. Uma eleição num país ideológicamente bem marcado e dividido entre direita e esquerda e com uma geografia regional destas orientações: Costa Nordeste e Califórnia - esquerda; Sul e Oeste - direita. E seis a sete Estados indecisos onde tudo, afinal, se vai decidir. Até ao dia 4 de Novembro muita coisa se poderá passar mas, para já, a dupla republicana mostrou convicções, coerência e ligação ao seu povo. O que já não é pouco.
Votos de solidariedade
Congresso católico com críticas à 'estatização' da solidariedade
in Público, 11/9/2008
Apelos de responsáveis a que melhore a parceria do Estado com as instituições sociais dominaram intervenções.
quarta-feira, setembro 10, 2008
Aberrações bem-pensantes
Opressão socialista (63)
Peter Singer é o filósofo de esquerda que está na moda. Aborda temas politicamente correctos como o aborto, a eutanásia, a ajuda aos pobres ou o modo como tratamos os animais. Como não podia deixar de ser produz ideias aberrantes que, por vezes, até a esquerda supostamente bem pensante, que o aprecia, denuncia chamando-lhe hipocritamente fascista.
O ponto de partida das suas ideias é que a dor deve ser evitada a todo o custo. O sofrimento é intrinsecamente mau e é igualmente mau independentemente de quem o sofre, seres humanos ou animais. A existência de sofrimento diminui a qualidade de vida do sofredor. Vai daí que o direito á integridade física está fundamentalmente ligado á qualidade de vida. Sem qualidade de vida ninguém tem direito á integridade física. Para além disso, Singer defende que somos tão responsáveis por aquilo que fazemos como pelo que, estando ao nosso alcance, podemos evitar que suceda.
Com base nestes princípios tira várias conclusões. Por exemplo, é imoral o sofrimento que provocamos aos animais para os comer. Singer ignora as touradas, mas não é difícil adivinhar o que pensaria delas. Diz ainda que o estilo de vida ocidental é moralmente reprovável porque prefere gastar dinheiro em mais bens em vez de ajudar as crianças que morrem à fome em África (onde é que eu já ouvi este tipo de argumentação?).
Mas muito graves são as ilações de que o aborto, a eutanásia e o infanticídio são moralmente aceitáveis em algumas situações. No caso do infanticídio, a lógica é que a criança que ainda não é consciente, ou seja, ainda não tem autonomia por não se reconhecer a si própria como uma entidade distinta que persiste no tempo , tem um direito á vida mais fraco do que um adulto. Ou seja, bebés ou pessoas com deficiência não têm uma qualidade de vida mensurável e, caso se perspective que possam causar sofrimento psíquico a si próprios ou aos seus familiares, o melhor é eliminá-los. Singer nunca leu, e nem quer ler como ateu que é, Adam,o Amado de Deus, de Henry Nouwen. Mas se lesse não escreveria estas baboseiras.
Igualmente aberrante é a justificação da eutanásia por Singer em casos de hemofilia ou infecção urinária que causem diminuições inaceitáveis na qualidade de vida dos doentes, ou na de quem os acompanha. È difícil de acreditar, mas é verdade.
Esta perspectiva hedonista baseia-se nos postulados utilitaristas do prazer e da dor divulgados por Bentham no século XIX e vai beber a lógica do ‘bom selvagem’ de Rousseau, em que o Homem, no seu estado ‘natural’, é intrinsecamente bom e a única característica não natural que possui é a ´piedade’ ou sensibilidade á dor dos outros. Mas além de aberrante é também arrogante pois opta por ignorar toda a tradição de ideias e de valores que nos foram sendo transmitidos ao longo da História. A centralidade da vida é totalmente posta de lado, um pouco no seguimento das modas da esquerda do século XX.
Se pensarmos que a dor tem um lugar relevante na cultura cristã pelo sacrifício de Jesus Cristo que se deixou crucificar para nos salvar, facilmente percebemos porque é que as ideias de Singer são tão apreciadas pela esquerda ateia e bem pensante.
Singer foge da dor a todo o custo mas parece “esquecer” as sequelas que poderão aparecer na vida de quem pratica o aborto ou o infanticídio. Os sentimentos de culpa, os remorsos ou os tormentos de consciência são comodamente esquecidos.
Porque é que Singer tem tanto destaque nos jornais e porque é que vende tantos livros apesar das barbaridades que diz? Porque é de esquerda.
terça-feira, setembro 09, 2008
Pensamentos do Dalai Lima sdklasdkjsdah
Se o teu filho tiver de
gostar de bonecas,
ao menos que
sejam insufláveis.
- Provérbio Urku
Até lá estava a social democracia, só faltou mesmo o PSD
in Público, 08.09.2008
Estavam lá todos. Quase o pleno dos membros do Governo, muitos deputados, alguns históricos socialistas. Ninguém quis faltar ao acto oficial de apresentação da Fundação Res Publica, o grupo de reflexão que é uma espécie de "think tank" (instituição de debate e reflecção) socialista. Na nova instituição, caberão todas as esquerdas.“A esquerda democrática, o trabalhismo e a democracia liberal” do ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva; “a esquerda moderna, o socialismo e a social-democracia” de António Vitorino, que presidirá à fundação, e “o centro-esquerda” do secretário-geral do PS, José Sócrates.
segunda-feira, setembro 08, 2008
inimputável
Maria e Mãe de Jesus
Padre António Vieira
"Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para
que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo;
perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os
desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus"
cada partido tem o(s) Rui Gomes da Silva que merece
pp
CDS arrisca-se a ficar reduzido a 6 deputados em 2009
Actualmente tem 12 deputados. Mas a forma pouco decente como Paulo Portas regressou à liderança, a inacreditável saída de Maria José Nogueira Pinto, o 'esconde-esconde' do Vice-Presidente Nobre Guedes, as continuas demissões dos órgãos do partido e a anunciada mudança na liderança do Grupo Parlamentar, estragam o bom trabalho que alguns deputados têm feito, com destaque para o actual Presidente do Grupo Parlamentar. Mas nem todos. Paulo Portas é o deputado que tem feito pior trabalho, com fracas prestações nos debates com o Primeiro-Ministro, onde não consegue livrar-se da sua ligação à fuga de Durão Barroso e ao descalabro do governo Santana Lopes.
Assim sendo, não restarão grandes duvidas que o CDS-PP vai ter uma má prestação nos actos eleitorais de 2009. O CDS deverá perder os deputados que elegeu por Setúbal, Leiria, Viseu e Viana do Castelo. Deverá ainda perder um deputado eleito em Lisboa, ficando com 3. Manterá os 2 do Porto e o de Aveiro. A grande incógnita é em Braga onde, numa situação normal o CDS manteria o deputado. Mas as situações imprevistas acontecem. Desta vez, e no caso do CDS-PP, aposto que vai perder o deputado em Braga.
Se se confirmar esta previsão, o Grupo Parlamentar do CDS-PP fica reduzido a 6 deputados. A direita portuguesa desaparece do mapa eleitoral e deixa de estar representada no órgão legislativo por excelência.
È sempre arriscado fazer futurologia, mas ainda pode ser que deste mau resultado venham boas notícias para a direita portuguesa.
domingo, setembro 07, 2008
Tropa de Elite - filme único
A sua originalidade está no facto de mostrar a vida dura dos morros na perspectiva de um corpo policial especial, os 'caveiras'. E está também no facto de não pretender demonstrar que a perspectiva apresentada no filme é a única ou a verdadeira. Limita-se a mostrar que é uma perspectiva possível, e que a sua percepção existe na cabeça de muitos dos que diáriamente têm de lidar com os bandidos que dominam as favelas das cidades brasileiras.
Habitualmente, os filmes ditos de 'intervenção social' caem na tagarelice do costume. Mostram a dureza da vida dos morros na perspectiva de que há um estado opressor governado por corruptos cuja única preocupação é manterem o seu bom nível de vida enquanto 'abafam' os problemas sociais das populações pobres. Para isso usam os instrumentos 'repressores' que o Estado tem á sua disposição, com a polícia 'á cabeça'. Os pobres, por falta de alternativas de vida, recorrem á violência para sobreviver e exploram os seus próximos e as 'fraquezas' da burguesia.
Este filme já foi feito milhares de vezes, e milhares de livros foram escritos com este texto. Aqui já não há nada de novo.
Tropa de Elite goza com isto numa cena fenomenal onde estudantes universitários discutem, numa aula de sociologia, o papel da polícia. A opinião é unânime, claro está, a polícia é o tal instrumento repressor composta por uma cambada de corruptos que deviam desaparecer. Os exemplos de agressão policial apresentados são muitos. O professor, espelho evidente dos preconceitos que impregnam a academia, concorda em absoluto. O único problema é que um dos estudantes é polícia (os restantes não o sabem) e intervêm, sem se identificar, em favor da classe. Quando o faz, apesar do ambiente hostil, consegue calar o resto da aula. Na sua intervenção o estudante apresenta o ponto de vista dos polícias, mais exactamente dos 'caveiras'. Não nega a corrupção mas também não nega os problemas que existem nos morros e que muitos daqueles estudantes ignoram por completo.
A ironia de toda esta cena do filme é que são os sociólogos, os que supostamente 'conhecem a sociedade', que não reconhecem os pontos de vista que não estão de acordo com as suas ideias pré-concebidas. Ou seja, Tropa de Elite acaba por ser uma critica certeira aos filmes de 'intervenção social' e às suas limitações.
É especialmente por esta perspectiva alternativa que o filme é brilhante. E por isso foi acusado de fascista e das outras barbaridades do costume.
Alguém me consegue explicar o que faz Nobre Guedes no CDS?
Luís Nobre Guedes
in Expresso, 6/9/2008
A Obamautopia já chegou ao CDS-PP. Obama defende o proteccionismo contra o comércio livre, Obama nega a possibilidade dos pais escolherem a escola e a educação que querem para os seus filhos, Obama não condena o aborto, Obama é a favor de políticas de 'affirmative action' que dão incentivos errados aos menos ricos, Obama tem o registo mais negro em termos de votos á esquerda no pouco tempo que esteve no Congresso americano. Acresce que Obama pouco se importa com as ideias ou as intenções dos europeus (vd. Henrique Raposo, também no Expresso) e que, se for eleito, a política externa dos EUA vai mudar muito pouco.
Mas o ex-Vice-Presidente do CDS é um devoto deste homem de esquerda. Porquê?
A Direita implícita em Pacheco Pereira
Mas faltaram algumas coisas. PP não referiu outros aspectos da acção governativa de Sócrates que são comuns aos governos do PSD. Não referiu a agência de comunicação criada por Sócrates, o Plano Tecnológico, que imita a intenção não concretizada de Santana Lopes pelo veto de Sampaio (Sampaio não vetou a de Sócrates em nome da incoerência). PP também não menciona o uso abusivo que os governos fazem dos organismos do Estado para os porem ao serviço das respectivas propagandas. Não me refiro à RTP, que os socialistas são peritos em manipular, mas a todos os organismo da administração central.
Por último, PP refere, apenas ao de leve, a acrítica sociedade portuguesa no que se refere à União Europeia. PP diz que a presidência portuguesa da UE não foi escrutinada pelos 'media' nem pela sociedade. E não foi. Mas o problema é que a falta de escrutínio se aplica a qualquer assunto relativo à UE.
A ideia principal que se pode tirar do texto de PP é a seguinte: Falta em Portugal uma direita organizada, que faça oposição, que critique os governos, que proponha alternativas credíveis e que seja ouvida pelos portugueses. Essa é a grande falha da democracia e da sociedade portuguesa.
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sábado, setembro 06, 2008
Publicações e comunicação social de direita: precisam-se urgentemente
Estou numa conferência de economistas e psicòlogos e assisti ontem a uma interessante apresentação sobre a influência dos media nos eleitores. O conferencista demonstrou, empiricamente, que o canal Fox News, de índole conservadora, teve impacto na votação dos americanos em 2000 e 2004. Para isso comparou pares de cidades vizinhas por todo os EUA em que, em cada par, uma acedeu à Fox via cabo antes das eleições e outra não. Os resultados mostram que aquelas cidade que tiveram acesso à Fox News passaram a escolher mais os candidatos republicanos em comparação com as eleições anteriores.
Esta ideia nao é nova, aliás está sempre presente nas discussões em Portugal sobre o papel da comunicação social. O que é novo é a apresentação de evidência empirica com base em informação respeitante a vários milhões de americanos.
Em Portugal, e na Europa em geral, é habitualmente a direita que se queixa da parcialidade da comunicação social. O meio jornalistico está fortemente impregnado de ideias e preconceitos de esquerda e mesmo os jornalistas mais conservadores são pressionados a defenderem, ou pelo menos a nao contradizerem, essas ideias e esses preconceitos. A resposta habitual da esquerda é que a comunicao social portuguesa é isenta pois ha muito que serve os seus (da esquerda) interesses.
Mas se esta evidência se aplicar a Portugal, está explicado, em parte, por que é que o país vota tanto à esquerda. Após anos de bombardeamento de ideias e preconceitos de esquerda torna-se difícil, mesmo ao mais convicto defensor dos valores conservadores, manter e afirmar os seus ideais.
Torna-se por isso urgente criar orgãos de comunicação social verdadeiramente de direita. Só conheço uma revista com tais características, e tem circulação restrita, a Futuro Presente. O resto finge que é de direita, como a Atlântico, mas vai defendendo o casamento entre homens sexuais e afins.
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sexta-feira, setembro 05, 2008
Que susto!
quinta-feira, setembro 04, 2008
As duas faces da II Guerra Mundial
O que Davies faz, e que muda muita coisa, é centrar a guerra onde a guerra se perdeu e ganhou, no confronto entre a Alemanha nazi e a URSS de Staline, com a Polónia pelo meio. Outros historiadores já o tinham feito tão evidente é o facto de que Hitler perdeu a guerra a Leste e não a Oeste (quando o primeiro soldado americano colocou os pés no extremo sul do continente, na Sícilia, já o exército alemão perdera toda a capacidade ofensiva face aos soviéticos, ou seja, já tinha, para todos os efeitos, perdido a guerra). Mas Davies vai mais longe e isso é que enfureceu os seus críticos: ele retrata a URSS com o mesmo tipo de olhar que habitualmente usamos para a Alemanha nazi, ou seja como um regime criminoso que em muitos aspectos superou a crueldade nazi em políticas de genocídio, crimes de guerra, execuções em massa de civis e prisioneiros de guerra, retaliações contra povos e etnias inteiras, limpezas étnicas, violações em massa, todo o tipo de violência imaginável. Olhando assim para a guerra ela parece mais um gigantesco conflito entre dois estados totalitários e criminosos, a Alemanha hitleriana e a URSS estalinista, e tudo o resto é pouco mais do que paisagem. O resto é aquilo que a esmagadora maioria dos filmes ingleses e americanos retrata: o Dia-D, Dunquerque, Anzio, Al Alamein, a ponte de Remagen, "band of brothers" e o Soldado Ryan. Ou a visão da guerra como uma luta entre os estados democráticos e o totalitarismo nazi. Cinquenta anos de guerra fria devia ensinar-nos que não foram os ingleses nem os americanos que ganharam a guerra em 1945 e que só a ganharam (admitindo que era a mesma guerra, o que é defensável) em 1989. Mas uma coisa é certa, houve um aliado inglês e francês que a perdeu, a Polónia, e perdeu-a face aos seus aliados e face aos seus inimigos.
Tropa de Elite
quarta-feira, setembro 03, 2008
Acabou-se!
Morte e ressurreição
Legislado in absentia
A partir de agora qualquer um de nós pode ser julgado na Suécia ou em Malta sem o saber. A União Europeia deu mais um 'tiro' nas nações da Europa (com a conivência de responsáveis políticos nacionais, note-se bem). Para além dos julgamentos in absentia, passamos a ser deportados sem o Estado português se pronunciar.
Aparece-lhe um GNR à porta de casa a informá-lo que teve uma multa na Eslováquia. O diálogo é fácil de imaginar:
Não sabia? Azar. Já foi julgado e condenado. E como não pagou a multa vai agora ser deportado para aquele país porque as autoridades eslovacas assim o exigem.
Não quer ir? não tem outro remédio, a GNR acompanha-o ao avião. E não pense que lhe vão pagar a viagem.
Não fala eslovaco para se defender? Pode pagar a um tradutor eslovaco que fale português. Eles arranjam-lhe um.
Onde é que dorme? Não se preocupe. Tem cartão Visa? Então há muitos hóteis em Bratislava.
Depois da agência de viagens Erasmus, a UE criou outra: a Dura Lex. A Europa soma e segue.
Etiquetas: UE
terça-feira, setembro 02, 2008
Razão
O instante a que a Bíblia chama "o princípio" mostra-nos Aquele que tinha o poder de criar o ser e de dizer: "Faça-se!" e isso ser feito (Gn 1,1-3)... Essa palavra "Faça-se!" não gerou um magma caótico. Quanto mais conhecemos o universo, mais encontramos nele uma racionalidade cujos caminhos, ao serem percorridos pelo pensamento, nos deixam maravilhados. Através deles, descobrimos esse Espírito criador a quem devemos igualmente a razão. Albert Einstein escreveu que, nas leis da natureza, "se manifesta uma razão tão superior que toda a racionalidade do pensamento e da vontade humana parece ser, por comparação, um reflexo absolutamente insignificante".
Constatamos que o infinitamente grande, o universo das estrelas, é regido pelo poder de uma Razão [Logos]. Mas aprendemos igualmente cada vez mais acerca do infinitamente pequeno, a célula, os elementos fundamentais do ser vivo. Também aí descobrimos uma racionalidade que nos espanta, de tal forma que temos de dizer, com S. Boaventura: "Quem não vê isso, é cego. Quem não o ouve, é surdo. E quem não começa a rezar e a louvar o Espírito criador, é mudo"...
Através da racionalidade da criação, o próprio Deus olha-nos. A física e a biologia, todas as ciências em geral, nos ofereceram uma nova e inaudita narrativa da criação. Essas imagens grandes e novas fazem-nos conhecer o rosto do Criador. Recordam-nos que, no princípio, e no mais profundo de cada ser, está o Espírito criador. O mundo não saiu das trevas e do absurdo. Brotou da inteligência, da liberdade, da beleza que é amor. Ver tudo isto dá-nos a coragem que nos permite viver e nos torna capazes de, com confiança, tomar sobre os nossos ombros a aventura da vida.
Cardeal José Ratzinger (Papa Bento XVI)
Sermões de Quaresma, 1981
O barco continua a afundar-se
in Público, 02.09.2008
Luís Nobre Guedes, um apoiante de sempre de Paulo Portas, demitiu-se da vice-presidência do CDS-PP, cargo para que tinha sido eleito no congresso de Torres Novas, em Maio de 2007.
segunda-feira, setembro 01, 2008
Progressivismos
João César das Neves
in Diàrio de Notícias, 1/9/2008
O Presidente da República devolveu à Assembleia sem promulgação o Decreto n.º 232/X, que aprova o Regime Jurídico do Divórcio. Os argumentos invocados são semelhantes aos que múltiplos juristas, sociólogos e especialistas em temas familiares têm vindo a apresentar nos últimos meses. Mas o Presidente acrescentou uma consideração interessante: "Importa, todavia, não abstrair por completo da consideração da realidade da vida matrimonial no Portugal contemporâneo" (Mensagem do Presidente à Assembleia da República n.º 3).
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O problema desta lei é de facto que, embebida em princípios ideológicos e generalizações retóricas, abstrai "por completo" da consideração da realidade contemporânea. A Assembleia proclama ideais, invoca mandamentos, ralha com a sociedade. Só esquece a situação concreta. Como acontece por cá em tantos temas, raramente tão decisivos, temos leis elegantes mas irrealistas.
A finalidade das leis é proteger os fracos. Mas, ao eliminar a possibilidade do divórcio culposo, a Assembleia deixa as vítimas à mercê dos violadores. O Presidente dá-se ao trabalho de explicar em detalhe aos deputados: "Por exemplo, numa situação de violência doméstica, em que o marido agride a mulher ao longo dos anos - uma realidade que não é rara em Portugal -, é possível aquele obter o divórcio independentemente da vontade da vítima de maus tratos. Mais ainda, (...) o marido, apesar de ter praticado reiteradamente actos de violência conjugal, pode exigir do outro o pagamento de montantes financeiros" (n.º 6). "Noutro plano, são retiradas à parte mais frágil ou alvo da violação dos deveres conjugais algumas possibilidades que actualmente detém para salvaguardar o seu "poder negocial", designadamente a alegação da culpa do outro cônjuge ou a recusa no divórcio por mútuo consentimento" (n.º 7). Dificilmente se pode ser mais claro.
A finalidade das leis é defender a liberdade. Porém, o novo regime impõe-se à livre escolha dos esposos: "A circunstância de, mesmo contra a vontade manifestada por ambos os nubentes no momento do casamento, se impor agora na partilha um regime diverso daquele que foi escolhido (a saber, o da comunhão geral de bens), consubstancia, por assim dizer, uma 'revogação retroactiva' de uma opção livre" (n.º 12). As críticas são bastante mais e bastante graves, incluindo a "visão 'contabilística' do matrimónio" subjacente à lei (n.º 10) ou o "aumento dos focos de conflito que o legislador proporcionou" (n.º 11). A mensagem merece ser lida em pormenor.
Perante argumentos tão evidentes, o aspecto mais interessante da discussão é tentar compreender como se pode criar um tal monstro legislativo. Como caem os eminentes deputados da Nação em tais dislates? As reacções ao veto presidencial dão uma pista para o mistério, quando o classificaram de "conservador" e "retrógrado".
Os maiores desastres do século XX foram gerados por pessoas e grupos autonomeados progressistas e donos do futuro. Quando alguém, iluminado pelas forças da modernidade, despreza a realidade que o rodeia como obsoleta e tacanha, impõe sem contemplações as suas opiniões. Então surge o horror. Não é preciso ir longe para encontrar exemplos devastadores deste erro.
Há cem anos, a 3 de Novembro de 1910, Afonso Costa, recém-nomeado ministro da Justiça da jovem República Portuguesa, apresentou a primeira Lei do Divórcio, completada por outras a 25 de Dezembro (que não era Natal, mas "Festa da Família Portuguesa" por decreto da presidência do Governo Provisório de 12 de Outubro). Na altura governava uma pequena elite urbana que se sentia dona do futuro e impunha as suas teorias à massa ignara. O resultado dessa governação foi a maior catástrofe social e económica do Portugal moderno.
Hoje, um grupo de deputados, muitos herdeiros da mesma doutrina, aprova nova Lei do Divórcio, numa Assembleia dominada por um moralismo erótico e laxista, tão sufocante como o oposto. "Importa, todavia, não abstrair por completo da consideração da realidade da vida matrimonial no Portugal contemporâneo."
E o fascismo que não desaparece da comunicação social ...
O 'Expresso' voltou este fim de semana á carga com o livro de Manuel Loff "O nosso século é fascista". Começo a desconfiar que a editora pertence ao grupo Impresa.
A história do livro conta-se em duas linhas. Manuel Loff quer, a todo o custo, arranjar provas de que Salazar era fascista. Provavelmente por duas razões. Porque satisfaz a componente ideológica da sua consciência e porque assim consegue vender mais livros. São razões válidas, mesmo que discutíveis, mas que falham por falta de qualquer evidência sobre a proposição principal do livro: Salazar era fascista, mesmo que apenas durante uns anos, mais exactamente no período 1936-42.
Os melhores exemplos que o artigo do 'Expresso' consegue arranjar sobre o “coração” fascista de Salazar são uma carta do Embaixador português na Alemanha escrita durante a 2ª Grande Guerra, em 1941, onde aparentemente é dito que Portugal é o regime mais próximo do alemão. Mas nada é referido sobre o contexto em que a dita carta é escrita. Mais, é uma frase que não prova nada sobre as intenções de Salazar ou sobre o que iria no seu coração.
È sabido que Salazar admirava a capacidade de Mussolini em falar e empolgar as "massas" e que o Estado Novo adoptou alguma, mas pouca, "simbologia" fascista. Ou que Hitler ofereceu um carro blindado a Salazar. Mas o artigo deste fim de semana, como aliás o anterior de Nair Alexandra e, suspeito, todo o livro de Manuel Loff, optam por ignorar tudo o que não lhes é conveniente.
Esquecem a entrevista dada por Salazar a António Ferro em que aquele refere explicitamente que o fascismo não se adequa aos pacatos costumes portugueses e, como tal, não faz sentido no nosso país. Ignoram o carácter conservador de Salazar, defensor dos "bons" costumes e contrário a qualquer visão revolucionária como a fascista ou a nazi. Ignoram ainda a pouca importância do partido único junto do poder e de Salazar, ao contrário do que foi característico dos regimes fascista ou nazi, e dos restantes regimes totalitários como os de cariz socialista. Ignoram que os regimes fascista e nazi se apoiavam na classe média, o que nunca aconteceu no caso português. Por último, insinuam que Franco era contrário à independência de Portugal mas desprezam que o Generalíssimo proibiu terminantemente qualquer tentativa espanhola de retaliação contra o nosso país pela invasão do consulado espanhol em Lisboa, em 1975. Na altura Franco disse claramente "em Portugal não se toca".
O livro "O nosso século é fascista" de Manuel Loff, mesmo com 900 páginas, não parece ir por um bom caminho. O título é disso prova pois aplica a ‘moda’ recente de associar a palavra fascista a todos os regimes ditatoriais. Aliás, o artigo mete nazi e fascista sob a mesma 'capa' para fortalecer o efeito da argumentação implicitamente antifascista que apresenta. Para além disso, a continuada afirmação ou insinuação de que Salazar era fascista só se tornou verdadeira, na cabeça de alguns, depois de repetida até à exaustão. Manuel Loff vem repeti-lo mais uma vez sem apresentar qualquer prova do que afirma. O que, convenhamos, não é muito lisonjeador para o autor pois é apenas uma aplicação da máxima nazi de que as mentiras, depois de muito repetidas, se tornam verdades.
Esta obsessão doentia da esquerda portuguesa em transformar o regime conservador de Salazar em fascismo não é inocente. È apenas uma forma de tentar minorar, nas suas consciências, o mal socialista que durante décadas a esquerda bem pensante andou a alimentar com a sua recusa em aceitar a realidade dos regimes soviéticos e afins, e em afastar as perigosas utopias que lhes são inerentes. Pelos vistos, no caso de Manuel Loff, é uma questão ainda por resolver.
Etiquetas: Fascismo; socialismo