Que susto!
Nos Estatutos do CDS, logo a abrir, lê-se que são fins do Partido Popular propor para a sociedade portuguesa um modelo assente nos valores éticos, sociais e democráticos do humanismo personalista de inspiração cristã e promover a formação cívica e o esclarecimento e doutrinação política dos cidadãos, difundindo o ideário democrata-cristão.
Já no programa do Partido, "Pela democracia-cristã" é o primeiro valor político apresentado. E afirma-se sem tibiezas: "O Partido Popular é democrata-cristão". Um pouco mais adiante, e com igual clareza, pode ler-se: "A defesa da democracia-cristã no Portugal moderno é um combate de valores". É mesmo assumido que o partido "é o único representante legítimo, em Portugal, de uma das grandes escolas do pensamento democrático europeu, a escola do humanismo cristão".
Já no programa de governo de 2005, o partido esclarecia o eleitorado: "O CDS-PP não advoga, em momento algum, o fim do Estado Providência. Nem o poderia fazer, no cumprimento dos princípios democrata-cristãos". Ainda no mesmo programa: "Fiel aos princípios essenciais da democracia-cristã e a uma visão personalista da sociedade, o CDS elege a justiça social como pilar fundamental do desenvolvimento económico-social sustentável, que ambicionamos promover".
Senti a necessidade de revisitar estes documentos depois de ler as surpreendentes declarações de Bernardo Pires de Lima (membro da Comissão Política do CDS e rising star do partido) na Visão. Diz que votou "sim" no referendo do aborto e que faria o mesmo em relação aos casamentos gay e confessa que não se revê na democracia-cristã e na sua visão socializante e caridosa.
De repente, achei que eu militava no partido errado. Fiquei, só fugazmente, mais descansado. Parece que alguém está errado, sim. Mas não sou eu. Só tenho pena que o erro more na Direcção do Partido em que milito.
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