segunda-feira, setembro 01, 2008

E o fascismo que não desaparece da comunicação social ...

Opressão socialista (62); Dislates de imprensa (11)

O 'Expresso' voltou este fim de semana á carga com o livro de Manuel Loff "O nosso século é fascista". Começo a desconfiar que a editora pertence ao grupo Impresa.

A história do livro conta-se em duas linhas. Manuel Loff quer, a todo o custo, arranjar provas de que Salazar era fascista. Provavelmente por duas razões. Porque satisfaz a componente ideológica da sua consciência e porque assim consegue vender mais livros. São razões válidas, mesmo que discutíveis, mas que falham por falta de qualquer evidência sobre a proposição principal do livro: Salazar era fascista, mesmo que apenas durante uns anos, mais exactamente no período 1936-42.

Os melhores exemplos que o artigo do 'Expresso' consegue arranjar sobre o “coração” fascista de Salazar são uma carta do Embaixador português na Alemanha escrita durante a 2ª Grande Guerra, em 1941, onde aparentemente é dito que Portugal é o regime mais próximo do alemão. Mas nada é referido sobre o contexto em que a dita carta é escrita. Mais, é uma frase que não prova nada sobre as intenções de Salazar ou sobre o que iria no seu coração.

È sabido que Salazar admirava a capacidade de Mussolini em falar e empolgar as "massas" e que o Estado Novo adoptou alguma, mas pouca, "simbologia" fascista. Ou que Hitler ofereceu um carro blindado a Salazar. Mas o artigo deste fim de semana, como aliás o anterior de Nair Alexandra e, suspeito, todo o livro de Manuel Loff, optam por ignorar tudo o que não lhes é conveniente.

Esquecem a entrevista dada por Salazar a António Ferro em que aquele refere explicitamente que o fascismo não se adequa aos pacatos costumes portugueses e, como tal, não faz sentido no nosso país. Ignoram o carácter conservador de Salazar, defensor dos "bons" costumes e contrário a qualquer visão revolucionária como a fascista ou a nazi. Ignoram ainda a pouca importância do partido único junto do poder e de Salazar, ao contrário do que foi característico dos regimes fascista ou nazi, e dos restantes regimes totalitários como os de cariz socialista. Ignoram que os regimes fascista e nazi se apoiavam na classe média, o que nunca aconteceu no caso português. Por último, insinuam que Franco era contrário à independência de Portugal mas desprezam que o Generalíssimo proibiu terminantemente qualquer tentativa espanhola de retaliação contra o nosso país pela invasão do consulado espanhol em Lisboa, em 1975. Na altura Franco disse claramente "em Portugal não se toca".

O livro "O nosso século é fascista" de Manuel Loff, mesmo com 900 páginas, não parece ir por um bom caminho. O título é disso prova pois aplica a ‘moda’ recente de associar a palavra fascista a todos os regimes ditatoriais. Aliás, o artigo mete nazi e fascista sob a mesma 'capa' para fortalecer o efeito da argumentação implicitamente antifascista que apresenta. Para além disso, a continuada afirmação ou insinuação de que Salazar era fascista só se tornou verdadeira, na cabeça de alguns, depois de repetida até à exaustão. Manuel Loff vem repeti-lo mais uma vez sem apresentar qualquer prova do que afirma. O que, convenhamos, não é muito lisonjeador para o autor pois é apenas uma aplicação da máxima nazi de que as mentiras, depois de muito repetidas, se tornam verdades.

Esta obsessão doentia da esquerda portuguesa em transformar o regime conservador de Salazar em fascismo não é inocente. È apenas uma forma de tentar minorar, nas suas consciências, o mal socialista que durante décadas a esquerda bem pensante andou a alimentar com a sua recusa em aceitar a realidade dos regimes soviéticos e afins, e em afastar as perigosas utopias que lhes são inerentes. Pelos vistos, no caso de Manuel Loff, é uma questão ainda por resolver.

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11 Comments:

Blogger Jorge Ferreira Lima said...

Pequena correcção: a máxima da mentira repetida é do Lenine. Ou será essa também uma mentira mil vezes repetida? Em todo o caso, entre Lenine e nazis, venha o diabo e escolha. Melhor, leve os dois.

9/01/2008 9:14 da manhã  
Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Jorge, bem regressado às lides. Pensava que a máxima era nazi mas realmente pouco importa, o mal é o mesmo.

9/01/2008 9:52 da manhã  
Blogger L. Rodrigues said...

“If you tell a lie big enough and keep repeating it, people will eventually come to believe it. The lie can be maintained only for such time as the State can shield the people from the political, economic and/or military consequences of the lie. It thus becomes vitally important for the State to use all of its powers to repress dissent, for the truth is the mortal enemy of the lie, and thus by extension, the truth is the greatest enemy of the State.” Joseph Goebbels.

“A lie told often enough becomes truth” Vladimir Lenin.

Há aqui uma nuance, já que ignoro o contexto da afirmação de Lenine. Goebbels é inequivoco, mas Lenine não estava necessariamente a defender a prática.

De qualquer modo, se Salazar não era fascista, era outra coisa qualquer sem nome e pouco recomendável.

9/01/2008 12:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Fascista, o Botas não devia ser, mas salazarista, quase de certeza!

9/02/2008 2:19 da tarde  
Blogger Ricardo Pinheiro Alves said...

Salazar era conservador. Eu também sou, só que prefiro o sistema democrático.

9/02/2008 2:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Loff é um Komin-qualquer-coisa

9/02/2008 9:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Manecas de Santa Comba é que está certo e o resto é cumbersa

9/03/2008 10:58 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

caro L. Rodrigues

Lenine podia não defender a prática, mas praticava-a

9/03/2008 5:41 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ou seja, na prática, era um prático!

9/03/2008 9:20 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu, em contrapartida, apesar de ser democrático, já prefiro o sitema conservador

9/03/2008 11:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Na prática!

9/04/2008 10:37 da manhã  

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