sexta-feira, agosto 31, 2007

a tradição ainda é o que era

Hoje, às 16:00, depois de fecharem os mercados, Paulo Teixeira Pinto entrega as armas.

quinta-feira, agosto 30, 2007

José Miguel Júdice

A propósito desta entrevista de José Miguel Júdice, só me ocorre dizer que um país é o retrato de quem nele vive.

sortes

Dos 3 grandes, o Glorioso foi o único a apanhar uma daquelas equipas cujo nome é praticamente impossível de pronunciar. Resultado do sorteio aqui.
Nota: como é evidente, não me passa pela cabeça que o Benfica possa perder com uma equipa que nem página na wikipedia tem.

quarta-feira, agosto 29, 2007

ah, pois é

Daniel, qualquer partido radical que se preze tem sempre um "braço armado" que convém ignorar (apesar do jeito que dá).

gualter


O Gualter tem uma página no Hi5 e o João Vacas tratou de dar a conhecer esse facto ao grande público. Acompanhou a deliciosa fotografia do Gualter com um pequeno texto em que este manifestava um desejo sincero relativo a alguns jornalistas. Passadas 2 horas do post do João, o Gualter, que pelos vistos não gosta do estrelato, tornou o seu perfil inacessível a quem pretenda conhecê-lo melhor. Esqueceu-se que isto da internet tem as suas particularidades. Deixo aqui a página em cache do Gualter, realçando o facto do rapazinho já ter alterado o texto publicado no 31. Leiam lá:
"Who I'd Like To Meet
Miss Portugal 1998, Cavaco Silva (para alisar as palmas das m os), o Matoso (j ouvi falar dele) e os gambuzinos. Activistas para partir esta merda toda como deve ser!"
Estes activistas de esquerda são uma delícia.

onde está o José?

Há quase 2 meses de férias, o mesmo tempo que já leva a presidência portuguesa da UE, e continuamos sem ouvir falar de Sócrates e do seu Governo. Bem sei que há umas teorias em Ciência Política que proclamam a inércia como uma fórmula de sucesso para prolongar a permanência no poder. Parece-me, ainda assim, que a silly season dos socialistas já vai longa demais.

a lucidez do costume...

"Só lamento que os bem-pensantes que escreviam com ele no Blogue do Sim não tenham revelado a mesma lucidez de "não escolher como aliados aqueles que nas motivações só podem ser adversários". Aprendam com quem sabe."
... do Pedro Picoito, obviamente.

terça-feira, agosto 28, 2007

gualter barbas baptista

crispados

Pedro, o problema de alguns, que vieram agora muito indignados insurgir-se contra o Mário Crespo, é que estão (mal) habituados aos fretes que a maioria dos jornalistas habitualmente faz aos seus pregadores favoritos. Porventura, teriam ficado mais satisfeitos com o debitar da habitual listinha de perguntas previamente preparada, sem que as respostas mais idiotas fossem devidamente contraditadas. Como dizia o outro habituem-se!

glória

domingo, agosto 26, 2007

Sorte a dos piratas que usam Vistas crackados

Após muitos anos a sofrer os desmandos da Microsoft que me cobrava o couro e o cabelo para me impor um sistema operativo mais do que decrépito que só me dava desgostos, acabei por mudar para Linux. Passei duas semanas a apanhar bonés até perceber onde estavam as coisas mas, depois, rendi-me à velocidade à ausência de erros estúpidos, à simplicidade com que se actualizava o sistema e com que se juntavam novas aplicações, todas elas gratuitas.
Os sucessivos atrasos do Windows Vista só me davam vontade de rir, pois à medida que a Microsoft ia ficando mais apertada, ia baldando novas funcionalidades que estavam previstas. O sistema de ficheiros revolucionário que estava previsto desapareceu, a funcionalidade hiper-segura, os melhoramentos do kernel. No final, era apenas um XP com uma nova interface gráfica mas que exigia um processador duplo, 2 Gb de RAM e uma placa gráfica XPTO. Tirando isso, era apenas maior e mais pesado. Essas novas funcionalidades já existiam todas em Linux, gratuitamente e a correr em qualquer Pentium com 256 Mb de RAM.
Mas eis que vou trabalhar para uma empresa onde sou obrigado a usar Windows por uma questão de compatibilidade e lá me calha o Vista na rifa.
Para começar, tivemos de pagar 178 euros extra, porque a versão que vinha no computador não era própria para empresas. Depois, tenho de pagar uma excentricidade chamada Client Access License só porque estou ligado na rede da empresa. Não é nenhum produto ou funcionalidade. É simplesmente uma taxa extra que a MS se lembrou de cobrar.
Mas é uma empresa e não pode haver software pirata, por isso tem de pagar tudo o que a MS manda.

Por isso é que o que aconteceu esta manhã não poderia ser mais hilariante. Acordo e o computador avisa-me de que a minha cópia não seria legítima, pelo que muita da funcionalidade ficaria desactivada. Por outras palavras, eu era um pirata e tinha de ser penalizado por isso. Acho que é a primeira vez que tenho um computador 100% legal (não porque seja um pirata inveterado mas porque as licenças de software são tão complexas que só com muito, muito trabalho e atenção se garante que está tudo legítimo num PC) e logo agora vêm-me acusar de ser pirata.
Tentei tudo o que 25 anos de computadores me ensinaram sobre lidar com bugs estranhos. Mas sem sucesso. Reiniciei o PC vezes sem conta, liguei-me a todos os números de assistência da MS para ouvir que só funcionavam na segunda-feira.
Tentei o suporte online mas pediram-me uma taxa de 350 euros mais iva, só para colocar a questão. Desisti e conformei-me à minha nova condição de pirata com pala no olho e perna de pau.

Porém, a frustração não me deixava dormir e acabei por ir consultar a minha bíblia do conhecimento que é a wikipedia. Procurei o famigerado Windows Genuine Advantage e deparei-me com a explicação. A malta da MS em Redmond parece que fritou o servidor que atribui as licenças "genuínas", pelo que o serviço está em baixo. Ora, o Windows não está com meias medidas: se não consegue falar para casa, parte logo para a porrada e acusa os utilizadores de serem piratas sem escrúpulos. Nos sites da MS que consultei eles até previam a possibilidade de falsos positivos, na identificação de cópias piratas. 20%, segundo eles. Mas diziam logo a seguir que isso se devia a alguma manigancia do utilizador, que teria feito algum hack ou alguma patifaria para contornar a segurança do sistema. Num sistema legal e bem configurado, segundo eles, era impossível. Pelos vistos, há mais um caso: quando a MS mete água, todos os computadores Vista do mundo passam subitamente a ser piratas. Não há cá benefício da dúvida ou in dubio pro reu: dá-se logo como pirata e desactiva-se o sistema.

O engraçado disto tudo? Hoje, só estão como cópias legítimas do Windows Vista aquelas que foram instaladas por piratas, com recurso aos tais hacks, que enganam o windows para pensar que é legítimo. Todos os pagantes e não bufantes estão hoje com o estigma da rede de pirataria global em que se envolveram. E ainda têm a lata de chamar ao programa o Windows Genuine Advantage...

Que saudades do meu querido Linux.

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sexta-feira, agosto 24, 2007

vistas curtas

Ao que parece, o Benfica prepara-se amanhã para utilizar Luisão no eixo da defesa. Já vi este filme em algum lado. A ver vamos se as consequências são as do costume, ou seja o agravamento da lesão e consequente paralisação do jogador por vários meses.

Deve ser do Sol

Este artigo do Miguel Portas vem desmentir todos os que viram na intervenção de Silves uma acção do BE, além de avançar excelentes argumentos para a não utilização de transgénicos.
Mas, sobretudo, vem expôr o ridículo da lei que (não) regulamenta os transgénicos em Portugal.

quinta-feira, agosto 23, 2007

esclarecimento

Menezes acusa direcção do PSD de recusar dados sobre quotas (dd)
Ficamos todos na dúvida se a acusação é do próprio, de um seu assessor ou, quiçá, da wikipedia.

a propósito da Somague e do PSD

Só não acho possível que ninguém assuma a responsabilidade política pelo sucedido. Para mais, quando acabo de ouvir na tsf que Vieira de Castro, o então Secretário de Estado, terá suspendido um concurso público para concessão de uma auto-estrada que a Somague havia impugnado logo após o pagamento da factura do PSD, sendo certo que a situação só foi desbloqueada - segundo a mesma notícia - depois do consórcio vencedor ter aceite a participação daquela construtora no grupo de empresas que havia ganho a concessão.
Registo também a forma como Arnaut assumiu a responsabilidade pelo sucedido. Ao que parece, o ex-governante disse que era o responsável (visivelmente excitado, Marques Mendes já louvou tamanho gesto), afirmando, porém, desconhecer os factos (?), uma vez que havia delegado o respectivo pelouro em Vieira de Castro. Aguardo ansioso pelas explicações deste último. Sócrates, entretanto, na sua incompetência arrogante, deleita-se com o estado miserável em que se encontra o partido que deveria ser o seu maior opositor.

quarta-feira, agosto 22, 2007

3 pratos

Acabou de ser inaugurado o 3 pratos. Com um nome bastante sugestivo, pretendem os autores do citado blogue, nos quais me incluo, dar a conhecer as suas experiências gastronómicas por esse mundo fora. As sugestões serão mais que bem-vindas.

(+ que) 1000 palavras

link

Indesculpável a omissão até hoje de referência na coluna da direita ao vício de forma do Pedro Lomba. Isto, sim, pode dizer-se que se tratou de um lapso.

ler os outros

"Esta sensação de impunidade estratosférica - ou de pura e simples estupidez, se preferirem - diz muito dos políticos que temos e, pior ainda, que viremos a ter. Porque é óbvio que atrás do blogue estão alguns ex-jotinhas, cheios de ideias para salvar o país e ansiosos por estrear-se como deputados, vereadores - ou menezettes. Conseguiram: os meus parabéns.
Diz que foi um lapso.
Lapso?
Quarenta e cinco linhas sobre Bergman e Antonioni?
Lapso seria pôr esta cambada à frente do PSD."

alhos e bogalhos

Caro Daniel,
Não sabia que os sobreiros abatidos eram propriedade de terceiros. Queres explicar o porquê de tal comparação?

de mal a pior

Blogue "pessoal" de Menezes é feito por assessor (Publico)
O dia já não estava a correr nada bem a Menezes e este tipo de desculpas ajuda a encavar ainda mais o sujeito. Com efeito, já não bastava ser apanhado a plagiar obra alheia para ter ainda terceiros a justificar o injustificável. Aparece um a dizer que o blogue é pessoal, tentando dessa forma minimizar estragos na campanha para a presidência do partido; logo depois, aparece outro a dizer que, afinal, o blogue é feito por um assessor (então, não era pessoal!?) e que tudo não passa de um lapso. Ó homem, decida-se.
Entretanto, não consigo deixar de achar piada a alguns blogues, normalmente implacáveis neste tipo de situações, a tentar justificar Menezes (veja-se por exemplo este post do Carlos Loureiro).

fundamentalismos




terça-feira, agosto 21, 2007

ainda sobre as férias


A verdade é esta: à medida que os anos passam, as férias são cada vez mais curtas mas a bagagem é cada vez mais pesada.

segunda-feira, agosto 20, 2007

que raio de ideia esta de pôr os benfiquistas a torcer pela equipa contrária

Champions decide futuro de Fernando Santos na Luz (dn)

prec ecológico

O Ecotopia - encontro internacional que decorre em Aljezur e de onde saíram jovens que participaram na destruição de um hectare de milho transgénico, numa herdade em Silves - é apoiado pelo Instituto Português da Juventude (IPJ). No portal http/juventude.gov.pt, está destacado na agenda de eventos, na categoria de formação e educação. "19.ª Edição do Ecotopia: é ecológico e é um acampamento internacional! Participa!", aconselha a página destinada aos jovens. (dn)

sobre o Glorioso

Fui de férias esperançado que 2007/2008 seria o ano do Glorioso. Regresso com a esperança de que 2008/2009 é que vai ser.

"bloco"

Aqui há dias, Vasco Pulido Valente escreveu sobre o "bloco". Os "bloquistas" indignaram-se e o seu líder, himself, respondeu ao detractor.
Regressado de férias, e a este propósito, deixo duas notas.
O "bloco", enquanto partido, não existe. O que, de facto, persiste, é um aglomerado de ideias de marketing e comunicação que nos últimos anos conseguiram uma razoável aderência eleitoral. A sua base, porém, é quase nula. Nenhum partido pode existir tendo no seu seio quem pretenda chegar ao poder (v.g. acordo na CML) em pacífica convivência com outros que exigem estar fora do sistema (okupas, eco-terroristas, etc.).
Alguns já o perceberam e preparam-se para se pôr ao fresco. Outros, na expectativa de que o circo não acabe, continuam a vestir o fato de palhaço.
A verdade é que por esse Mundo fora, há sempre quem esteja disposto a fazer o papel de bobo da corte. Os franceses têm Le Pen, os venezuelanos Chávez. A nós coube-nos Louçã.
Por mim, espero que continuem. Para além de muito menos perigosos que os exemplos que dei, a verdade é que a política em Portugal sem os bloquistas seria um enfado.

regresso

De volta às lides, e a propósito dos energúmenos que, com a conivência das autoridades, vandalizaram propriedade privada alheia em Silves, deixo-vos um texto - do maradona - que eu gostaria de ter escrito sobre o assunto:
"Boa noite
Eu pagava para estar em Silves quando isto aconteceu. Poder encher de porrada as trombas alternativas da esquerda ambientalista é o cenário mais próximo do paraiso que imagino. Só saio de casa para me embebedar (ou, se alertado com antecedencia, para ajudar a cargas policiais, escandalosamente ausentes ontem em Slves), mas jamais Francisco Louçã me convencerá que aquela centena de jovens ambientalistas não são a face indispensável à "esquerda moderna" do Bloco. Sem um discurso que propositadamente justifique, desculpe e institucionalize (principalmente através de uma estudada violência do tom, que Louçã utiliza magistralmente) uma interminável sequência de mini actos revolucionários - hoje contra os trangénicos, antes contra a PGA ou as propinas - o apelo e razão de ser do Bloco de Esquerda afogar-se-ia na sua própria vacuidade e fanatismo. Em Silves vimos a energia que faz do Bloco de Esquerda o Bloco de Esquerda: um agrupamento liderado por por meia duzia de burgueses que fazem da politica um espaço lúdico onde possam baloiçar-se entre o exercicio seguro da sua vaidade moral e a invenção de um discurso que dê tecto ideológico àqueles que hoje alimentam os mesmissimos sonhos que os dirigentes do Bloco de Esquerda abandonaram nos seus vinte anos. O cerne e génio da estratégia é a inconsequência: quer a violencia revolucionária quer o sonho com uma "esquerda moderna" não são os lugares onde os problemas de hoje podem encontrar uma solução. Eles sabem isso, mas constatam que vende e o consumidor tem sempre razão. É o capitalismo.
PS: A associação Almargem, através da qual o Diogo Belford Henriques fez a ligação ao Bloco de Esquerda, vem dizer que não tem nada a ver com com aquele vandalismo. Não acredito na palavra do presidente da Almargem (que não sei quem seja), mas mesmo que acreditasse isso a mim não me interessa nada. Toda a gente sabe onde é que aquelas pessoas votam e onde é que se situam e porque é que votam onde votam e se vestem daquela maneira e com aqueles lenços e essas merdas assim. É mau que existam partidos politicos onde aquelas pessoas se sintem bem e eu acho que o Bloco de Esquerda é esse partido."

quinta-feira, agosto 16, 2007

Inspiração Dalaiana

Desde que o Dr. Júdice ocupou o seu cargo de "ginecologista" que as pessoas deixaram de atravessar o Tejo para a outra margem. A ponte agora é uma passagem para a outra borda.

domingo, agosto 12, 2007

De que vale ter tudo

Tinha tudo, tudo
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.
O que ele não tinha
era um fecho éclair.

António Gedeão (a propósito de Filipe II)


É um dos dogmas incontestados da actual teoria económica que a economia tem de crescer o mais que puder, custe o que custar.
Maior crescimento traz mais riqueza, mais bens de consumo, mais conforto. Por isso, ganha quem crescer mais.
Penso que não haverá já hoje discussão de que o sistema capitalista puro é o sistema que garante melhores taxas de crescimento. Os chamados países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), tradicionalmente economias muito protegidas, cairam no capitalismo mais desregrado e têm observado taxas de crescimento sustentadas de 10% ao ano. Parecia ser o fim da história ideológica. A direita venceu a esquerda, o capitalismo venceu o comunismo, o socialismo e a social democracia.
Essa visão, porém, é uma visão míope, pois olha só para os números agregados e não olha para as situações particulares. É a velha história dos dois amigos em que um come um frango e o outro fica a vê-lo. Em média comeram meio frango cada um mas, na prática, um deles ficou com muita fome (e o outro, presume-se, com indigestão).
Comecemos então por interrogar os fundamentos do dogma. Para que serve o crescimento? Até há pouco tempo, poderia dizer-se que serve para matar a fome no mundo. Porém, desde a revolução verde dos anos 60, alimentar o mundo deixou de ser uma questão económica para ser uma questão política. Hoje há fome no mundo apenas onde a má fé dos políticos faz com que haja fome, por ser uma arma muito eficaz contra povos que se quer controlados. Na verdade, desde há pouco tempo o número de obesos no mundo superou o número de famintos. Em média a humanidade já come mais do que devia. É claro que ainda há quem veja, de barriga vazia, os outros a comer o frango. Mas já não é porque o frango não existe. É apenas porque a sua distribuição não é equitativa. Portanto, a economia mundial produz comida mais do que suficiente para alimentar a população e até a tornar obesa. Não é esse o motivo que justifica o maior crescimento económico.
O motivo poderia ser, em alternativa, garantir outras necessidades básicas à população mundial, como cuidados médicos e educação. Infelizmente, não é a isso que se tem vindo a assistir. Nos países desenvolvidos, a qualidade dos cuidados médicos está a tornar-se cada vez acessível a um menor número de pessoas. 14% da população dos EUA não tem qualquer tipo de cobertura médica. Em Portugal, a medicina privada é acessível a uma pequena fatia da população e a medicina pública assiste a cortes brutais que tentam conter um número crescente de gastos. No entanto, o aumento desses gastos não se traduz em mais saúde e melhores acessos. Traduz-se, isso sim, em ordenados mais altos dos profissionais de saúde (para acompanhar o crescimento económico), em medicamentos cada vez mais dispendiosos e em diagnósticos cada vez mais caros. O número de populações servidas por serviços médicos de proximidade, esse, baixa todos os dias.
A educação dos países desenvolvidos conhece um dos seus piores momentos. Neste momento, a infraestrutura científica e tecnológica mantém-se com recurso massificado à mão de obra formada nos antigos países comunistas da Europa de Leste, da China e na economia antes protegida da Índia. Quando esses países, mercê do seu enriquecimento, cairem no facilitismo educacional dos países actualmente desenvolvidos, haverá uma séria crise de mão de obra qualificada.
Esta degradação dos serviços públicos de educação e saúde não se deve, ao contrário do que se pensa, a um desinvestimento nessas áreas (apesar dos cortes tão visíveis). Deve-se, simplesmente, a um fenómeno generalizado de degradação dos serviços públicos que não conseguem competir, em ordenados, com o crescimento do sector privado. O crescimento económico continuado permite ao sector privado pagar ordenados sempre mais aliciantes que são depois absorvidos numa maior produtividade económica. O fecho éclair que não era acessível a Filipe II por dinheiro nenhum do mundo, produz-se hoje por poucos cêntimos. Os lucros que daí advieram permitiram aumentar os salários de operários, quadros e vendedores, possibilitando a expansão económica do sector privado.
Infelizmente, os serviços públicos não beneficiam dessas mesmas poupanças de escala e pouco ou nada puderam fazer para aumentar a produtividade dos seus trabalhadores. Os médicos deixaram de fazer visitas ao domicílio mas pouco mais puderam fazer para aumentar o número de doentes que vêem num dia de trabalho. Os professores continuaram a ensinar as mesmas turmas de 30 alunos. No entanto, esses profissionais quiseram acompanhar os rendimentos dos seus colegas do sector privado e, assim, os custos por cidadão servido aumentaram drasticamente com o crescimento da economia. Hoje, a profissão de professor está fortemente degradada no seu prestígio apesar de os professores custarem mais ao estado do que alguma vez custaram. Os profissionais de saúde optam cada vez mais pelo sector privado, onde cobram taxas que nem todos podem pagar porque, no estado, apesar do aumento brutal das despesas com pessoal, o seu rendimento não acompanha as suas ambições e o esforço que puseram na carreira.
Assim, o crescimento económico é um crescimento do consumo privado e não do consumo público que está cada vez mais espartilhado entre necessidades crescentes e custos cada vez mais elevados.
O que é que cresce então? Cresce o número de automóveis que provocam um aumento exponencial do consumo de combustível e da emissão de gases de efeito de estufa. Cresce o número de aparelhos domésticos para cobrir toda e qualquer necessidade, verdadeira ou imaginária. Crescem os gastos com o lazer (televisão, música, computadores, consolas de jogos, casas de férias). Cresce o consumo alimentar mais comercial, com comidas hiper-processadas e embaladas.
E, para cobrir todas essas necessidades, crescem os ordenados, tornando certas profissões de mão de obra intensiva (educação e saúde) inacessíveis ao comum dos mortais.
Mas há ainda outra coisa que cresce: a desigualdade. Numa economia liberal, os rendimentos crescem, em média, mais do que nos restantes sistemas económicos. Mas não crescem de forma igual. Deixam, frequentemente, para trás parcelas significativas da população cujo temperamento não as predispõe para a competição sem quartel, cuja educação não as preparou para os desafios de uma economia sem regras, cuja saúde não lhes permitiu acompanhar a produtividade crescente dos seus vizinhos. Não havendo serviços públicos para amparar essas faixas de população, elas deixam-se ficar para trás. Caem na marginalidade, nos guetos. A economia, como um todo, andou mais depressa. Mas fê-lo, essencialmente, à custa de alguns que ficaram muito mais ricos e não à custa de todos que ficaram um pouco mais ricos. No final, todos ficamos um pouco piores. Alguns estamos mais ricos mas vemos a pobreza à nossa volta. Não nos sentimos seguros. Outros ficam mais pobres. E não é que não estejam melhores do que os seus pais. De facto, até têm o fecho éclair que faltava a Filipe II. Mas, comparativamente, estão piores. Vêem os outros consumir aquilo que lhes é inacessível. Vêem os filhos dos outros ter aquilo que não podem dar aos seus próprios filhos e que, por mais fútil que seja, faz as crianças sentirem-se excluídas. E gera-se mal estar e incompreensão social.
Ao mesmo tempo, a natureza é explorada a um ritmo demasiado intenso para poder ser sustentável. Consomem-se recursos não renováveis. Destroe-se natureza que não regressa. Tudo em nome de um crescimento económico que impera sobre tudo o resto.

Por isso, a esquerda de hoje tem esse desafio: alterar as regras do jogo. Não deve tentar competir com a direita no crescimento económico pois é uma batalha perdida à partida. As soluções de direita hão-de sempre garantir mais consolas de jogos, mais Big Macs, mais carros de alta cilindrada do que as soluções de esquerda. Mas hão-de simultaneamente condenar a saúde pública a uma morte lenta e agonizante, o ensino público a uma deterioração e a um desprestígio inevitáveis.
A esquerda tem de se bater por um menor crescimento ou até por uma estabilização económica, não prescindindo de serviços públicos de qualidade, de bons serviços de saúde, de boas escolas, de bons transportes públicos. A mim, pessoalmente, não me aborrece nada que o estado gaste mais de 50% do PIB, pois acho as despesas do estado em saúde, educação e transportes mais importantes do que as despesas privadas em televisões de ecrã plano, carros topo de gama e casas de férias em áreas protegidas. Se investirmos no lixo, teremos as casas cheias de lixo. Se investirmos em saúde e educação, teremos um futuro promissor.

domingo, agosto 05, 2007

Legitimidade do estado de Israel

Gostaria hoje de lançar uma discussão aberta sobre a questão da legitimidade do estado de Israel. Não pretendo discutir a questão dos territórios ocupados em 1967, a questão dos Montes Golã, a situação de Jerusalém Oriental ou a legitimidade dos colonatos. Essas questões têm sido amplamente discutidas nos nossos meios de comunicação social e conduzem sempre ao mesmo impasse de posições em que israelitas invocam o seu direito de se defenderem dos ataques externos e palestinianos reivindicam o seu direito de retomar aquilo que lhes foi tomado.
Por isso, regressemos a 1948, à proclamação do estado de Israel ou mesmo a finais do Século XIX e ao início do movimento sionista, para analisar a questão mais fundamental do direito de um povo chegar a um território habitado por outro povo, introduzir-se com maior ou menor aceitação nesse território, aumentar os seus números e, um belo, dia, declarar esse território como pátria desse povo que passa a controlar os seus destinos e a sujeitar à sua lei os povos que já ali habitavam antes.
O fundamento da reivindicação israelita tem duas bases: o facto de aquele território ser a sua pátria histórica, de onde foram expulsos há quase dois mil anos pelos romanos, e o facto de, como povo na diáspora, terem sofrido todo o género de inenarráveis perseguições, desde a inquisição católica até ao pesadelo do Holocausto.
São argumentos de peso que não podem ser simplesmente rejeitados como fazem muitas correntes anti-semitas primárias. No entanto, são também argumentos que levantam fortes problemas, do ponto de vista do precedente histórico e do direito internacional.
Assim, a primeira questão que se põe é se o direito de regresso de um povo ao seu território ancestral não sofre nenhum tipo de prescrição. Se assim for, estamos, por exemplo, preparados para aceitar um direito do povo árabe regressar à Península Ibérica, onde viveu e prosperou civilizacionalmente durante pelo menos seis séculos? A sua saída ocorreu há uns meros oito séculos (ou cinco, se considerarmos Granada), muito mais recente, portanto, do que a saída judaica da Palestina. Qual é o critério de diferenciação entre as duas situações? Mais chocante ainda é a situação dos povos nativos do continente americano. A sua expulsão de terras que ocuparam desde os confins da história ocorreu há uns meros 150 anos. Em alguns casos, essa expulsão ocorre ainda hoje. Estamos preparados para reconhecer o direito dos povos nativos do continente americano a declararem a retoma da sua soberania sobre todo o continente, com base no princípio do retorno aos territórios ancestrais? Penso que essa questão poderá ser um ponto de partida para uma discussão frutuosa nos comentários deste post.
Finalmente, no que toca ao argumento das perseguições de que foi alvo o povo judeu na diáspora, qual será o fundamento histórico e jurídico desse argumento. Para começar, é preciso apontar o facto de que a perseguição movida ao povo judaico foi essencialmente uma perseguição europeia. As três grandes perseguições de que foi vítima o povo judaico foram a inquisição católica europeia, o holocausto nazi e os pogroms russos, quer antes quer depois da revolução bolchevique. E, no entanto, a Europa nunca foi punida por essas perseguições que moveu contra um povo que residia no seu seio. Quando se começou a falar na possibilidade de se criar uma pátria onde os judeus pudessem exercer a sua auto-determinação, nunca se pensou em atribuir-se-lhes um território europeu ou um conjunto de cidades-estado onde pudessem traçar o seu próprio destino. Em vez disso, pensou-se em África, na Ásia, até na Oceania.
Pelo contrário, os territórios árabes foram, ao longo da história, os territórios que melhor toleraram a presença da comunidade judaica. As comunidades judaicas de Marrocos foram historicamente das que gozaram melhor tolerância religiosa, ao ponto de, em 1948, aquando da declaração de independência de Israel, 250 mil judeus ainda viverem em Marrocos, muitas delas consecutivamente desde o início da diáspora no ano de 69. Mais nenhum território permitiu uma presença judaica, com liberdade religiosa, durante tantos séculos. Na própria palestina, ao longo dos séculos, as comunidades judaicas que permaneceram gozaram quase sempre da tolerância dos povos que foram sucessivamente dominando aquele território. O território teve historicamente uma população muito esparsa, o que permitia uma convivência fácil entre comunidades de diferentes religiões e culturas. Esse convívio fácil manteve-se até 1948 quando uma comunidade judaica que ainda era minoritária no território decidiu unilateralmente declarar um estado judaico, sem perguntar a opinião da população muçulmana maioritária.
Hoje, o ocidente, que historicamente perseguiu o povo judaico, defende que a Palestina e o povo árabe, que historicamente toleraram o mesmo povo judaico, lhe cedam uma parte do seu território para constituir o porto seguro para o povo tradicionalmente perseguido. Isso constitui a base para a resolução de um povo? O que poderemos então dizer do povo curdo que luta há séculos pela criação do seu próprio estado num território onde, aliás, é maioritário e continua a ser perseguido? O que podemos dizer dos Tutsis que viram três quartos da sua população ser dizimada em poucos meses no Ruanda? O que podemos dizer das tribos índias da Amazónia que vão sendo lentamente dizimadas pelo avanço da exploração económica da floresta?
Essas perseguições são base bastante para criação de um estado a qualquer preço? Então, teremos de criar dezenas de Israeis por esse mundo fora.
Espero com estas notas lançar uma discussão um pouco diferente sobre o problema israelo-palestiniano nas páginas deste blogue. Fico a aguardar os comentários e as tareias que serão, sem dúvida, muitas e desapiedadas...

sexta-feira, agosto 03, 2007

IPA 6


Mais um exercício para que as almas estimuláveis, ora ociosas, não deixem de pensar... Qual sudoku, qual é! Para fazer este problema, é preciso saber mais do que contar até 9.

IPA 5 - soluções


Privilégios de quem aborta

Recebi esta por e-mail que, se assim for, é verdadeiramente escandaloso:

Em Portugal a interrupção voluntária da gravidez dá direito a 30 dias de licença com 100% do ordenado!

Mas uma mulher que esteja grávida e que se veja forçada a ficar de baixa antes do parto, sem este ser de risco, recebe um subsídio de 65% do seu ordenado;

uma mãe que tenha de assistir na doença um seu filho menor recebe 65% do seu ordenado...

extraordinário não é?

quinta-feira, agosto 02, 2007

Reizinho

quarta-feira, agosto 01, 2007

As "canções" do meu imaginário de A a Z

Esta semana, para a letra F escolhi Fairground Attraction, com "Perfect", aquela que foi a sua música mais conhecida. Para quem não sabe, os FA editaram um único album de originais (em 1990 é lançado um 2.º album, mas a verdade é que é composto essencialmente por B-sides e músicas já gravadas aquando de edição do 1.º album). Foi também em 1990 que a banda se separou.
Como vou estar a banhos no decorrer da próxima semana, não tenho a certeza de conseguir trazer o escolhido da letra G. Seja como for, fico a aguardar sugestões.

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