segunda-feira, março 10, 2008

Porque perderam os espanhóis nas eleições de ontem

Quando as opções se reduzem a duas é uma perda em qualquer contexto e o mesmo se passa no sistema democrático. Quando essa tendência aumenta acontece exactamente o mesmo. A discussão passa a ser feita dentro dos partidos onde os assuntos de interesse nacional se misturam com as rivalidades intra-partidárias e impera a "politiquice" de baixo calibre que muitas vezes caracteriza os grandes partidos (veja-se o PSD em Portugal). E onde a querela e a infâmia "jornalistica" ganham dimensão, como ultimamente se tem observado também em Portugal. O nosso país é um bom exemplo de como é vantajoso haver mais do que dois partidos. Ao contrário do que o João Vacas escreve eu nunca disse que a situação em Portugal era igual à espanhola. O que escrevi foi que existe o risco de que isso venha a acontecer num país como o nosso, que é muito mais centralizado. E é esse o receio que o texto do João Vacas implicitamente demonstra.

Eu sei que foram os eleitores que assim o escolheram e por isso não pus em causa as eleições de ontem em Espanha. Mas escolheram mal e para seu prejuízo, em muitos casos iludidos pelo voto útil na formação ganhadora e aplicando uma visão "utilitarista" que esquece os princípios e as ideias que defendem. O facto de muitos eleitores terem votado não significa necessáriamente que a democracia tenha ficado a ganhar, como também pensa o Rui Castro. Basta pensar na hipótese, teórica neste caso mas que já se verificou em outras ocasiões, de os eleitores votarem num partido que queira abolir a democracia. Em Espanha a democracia perdeu. Não foi uma grande derrota, mas foi, em todo o caso, uma derrota.
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