Bolonha (en)contra ensino superior
Rapto da Europa (22)
O Processo de Bolonha, como é conhecido nas esferas académicas, mais parece um processo de intenções contra a qualidade do ensino superior do que uma medida para o melhorar. Para além da harmonização bizarra que implica, e que só "cabecinhas" enviesadas como as que abundam na União Europeia poderiam conceber, está a atrasar o ensino superior português no processo de recuperação que deveria estar a ocorrer após os inevitáveis efeitos negativos da sua “massificação”.
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Senão vejamos. Após vários anos de “massificação” o crescimento do número de alunos a frequentar o ensino superior em Portugal registou recentemente a tendência para estagnar. Isto explica-se especialmente por questões demográficas. Mas terminado o choque do aumento do número de alunos surgia agora a estabilidade necessária para se apostar na qualidade do ensino e na formação dos alunos. Infelizmente, a UE lembrou-se de nos impingir o Processo de Bolonha e aí acabou qualquer tentativa de aumentar a qualidade no ensino superior português.
As medidas imediatas para implementar "Bolonha" já foram tomadas por quase todas as universidades. De entre elas tem realce a diminuição do tempo de duração dos cursos para 3 anos, na maioria dos casos. Esta medida surge quando alguns países já tinham cursos de três anos, os bacharelatos, e com mais um ano permitiam aos alunos obter o título de Mestre. Mas a mudança ocorreu em má hora pois a degradação da qualidade do ensino, que também acontece em outros países como em Inglaterra, já levou algumas universidades neste país a aumentarem a duração dos cursos pela criação de um “ano zero” onde os alunos "compensam" a má preparação que trazem do secundário. Enquanto que em Portugal se reduz os cursos noutros países, focados na qualidade do ensino, aumenta-se o período de estudo.
“Bolonha” requer mais professores pois implica a mudança dos princípios pedagógicos incluindo um maior acompanhamento dos alunos. A redução do número de alunos simplificaria esta tarefa mas a politica do actual governo foi reduzir o número de professores com o mesmo argumento de que diminuíram os alunos. Esta é outra das contradições das medidas do Ministro Mariano Gago que percebe muito de ciência e tecnologia mas muito pouco de ensino superior.
Por último, anunciam-se agora outras medidas com efeitos de longo prazo justificadas pela implementação de “Bolonha”. Mas os respectivos incentivos a criar por este governo não prenunciam nada de bom. Vai ser criada a partir dos primeiros ano de cada curso uma Comissão de Ano Curricular, à semelhança do que acontece no ensino secundário com os Conselhos de Turma. Cada aluno que chumbar pelo menos a uma disciplina fica impedido de passar de ano e o insucesso escolar vai ser medido não pelos alunos que passam ou chumbam mas por ano curricular. Se no ano lectivo de 2008/9 iniciarem um curso 100 alunos e em 2011/2 só terminarem 80, temos uma taxa de insucesso de 20%. Basta o aluno chumbar a uma disciplina para contar imediatamente para essa taxa de insucesso. O que o ministério propõe é que cada aluno seja considerado individualmente pela Comissão de Ano Curricular que decidirá se o aluno passa ou não para o ano seguinte. Ou seja, mesmo que um professor queira chumbar um aluno a determinada disciplina não o pode fazer porque a decisão é conjunta para todo o ano lectivo. Acresce ainda que o professor que queira chumbar um aluno vai ter de apresentar uma justificação e não terá de fazer nada se o passar.
Para compor o “bouquet”, o Ministério já anunciou que esta taxa de sucesso escolar vai estar ligada à avaliação dos professores e, muito possivelmente, digo eu, ás verbas a distribuir por cada uma das universidades. O resultado é imediatamente evidente com os professores totalmente incentivados a passarem todos os alunos. Sócrates consegue assim replicar o milagre do ensino profissional, onde 1 milhão de pessoas vão ficar com 9º ano ou o 12º ano aprendendo muito pouco, ao ensino superior. As estatísticas de Portugal a nível internacional vão aumentar rapidamente por um golpe de magia a nível do secundário e o mesmo vai passar-se no superior. Os alunos aprendem? Isso não é relevante para um engenheiro que terminou o curso fazendo 4 disciplinas com o mesmo professor
O Processo de Bolonha, como é conhecido nas esferas académicas, mais parece um processo de intenções contra a qualidade do ensino superior do que uma medida para o melhorar. Para além da harmonização bizarra que implica, e que só "cabecinhas" enviesadas como as que abundam na União Europeia poderiam conceber, está a atrasar o ensino superior português no processo de recuperação que deveria estar a ocorrer após os inevitáveis efeitos negativos da sua “massificação”.
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Senão vejamos. Após vários anos de “massificação” o crescimento do número de alunos a frequentar o ensino superior em Portugal registou recentemente a tendência para estagnar. Isto explica-se especialmente por questões demográficas. Mas terminado o choque do aumento do número de alunos surgia agora a estabilidade necessária para se apostar na qualidade do ensino e na formação dos alunos. Infelizmente, a UE lembrou-se de nos impingir o Processo de Bolonha e aí acabou qualquer tentativa de aumentar a qualidade no ensino superior português.
As medidas imediatas para implementar "Bolonha" já foram tomadas por quase todas as universidades. De entre elas tem realce a diminuição do tempo de duração dos cursos para 3 anos, na maioria dos casos. Esta medida surge quando alguns países já tinham cursos de três anos, os bacharelatos, e com mais um ano permitiam aos alunos obter o título de Mestre. Mas a mudança ocorreu em má hora pois a degradação da qualidade do ensino, que também acontece em outros países como em Inglaterra, já levou algumas universidades neste país a aumentarem a duração dos cursos pela criação de um “ano zero” onde os alunos "compensam" a má preparação que trazem do secundário. Enquanto que em Portugal se reduz os cursos noutros países, focados na qualidade do ensino, aumenta-se o período de estudo.
“Bolonha” requer mais professores pois implica a mudança dos princípios pedagógicos incluindo um maior acompanhamento dos alunos. A redução do número de alunos simplificaria esta tarefa mas a politica do actual governo foi reduzir o número de professores com o mesmo argumento de que diminuíram os alunos. Esta é outra das contradições das medidas do Ministro Mariano Gago que percebe muito de ciência e tecnologia mas muito pouco de ensino superior.
Por último, anunciam-se agora outras medidas com efeitos de longo prazo justificadas pela implementação de “Bolonha”. Mas os respectivos incentivos a criar por este governo não prenunciam nada de bom. Vai ser criada a partir dos primeiros ano de cada curso uma Comissão de Ano Curricular, à semelhança do que acontece no ensino secundário com os Conselhos de Turma. Cada aluno que chumbar pelo menos a uma disciplina fica impedido de passar de ano e o insucesso escolar vai ser medido não pelos alunos que passam ou chumbam mas por ano curricular. Se no ano lectivo de 2008/9 iniciarem um curso 100 alunos e em 2011/2 só terminarem 80, temos uma taxa de insucesso de 20%. Basta o aluno chumbar a uma disciplina para contar imediatamente para essa taxa de insucesso. O que o ministério propõe é que cada aluno seja considerado individualmente pela Comissão de Ano Curricular que decidirá se o aluno passa ou não para o ano seguinte. Ou seja, mesmo que um professor queira chumbar um aluno a determinada disciplina não o pode fazer porque a decisão é conjunta para todo o ano lectivo. Acresce ainda que o professor que queira chumbar um aluno vai ter de apresentar uma justificação e não terá de fazer nada se o passar.
Para compor o “bouquet”, o Ministério já anunciou que esta taxa de sucesso escolar vai estar ligada à avaliação dos professores e, muito possivelmente, digo eu, ás verbas a distribuir por cada uma das universidades. O resultado é imediatamente evidente com os professores totalmente incentivados a passarem todos os alunos. Sócrates consegue assim replicar o milagre do ensino profissional, onde 1 milhão de pessoas vão ficar com 9º ano ou o 12º ano aprendendo muito pouco, ao ensino superior. As estatísticas de Portugal a nível internacional vão aumentar rapidamente por um golpe de magia a nível do secundário e o mesmo vai passar-se no superior. Os alunos aprendem? Isso não é relevante para um engenheiro que terminou o curso fazendo 4 disciplinas com o mesmo professor
Etiquetas: Ensino; Bolonha; UE
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