quarta-feira, novembro 14, 2007

Eleitos e não-eleitos (2)

Também a mim me causa algum desconforto esta confissão do ZLM. E, portanto, corro a lançar o pomo da discórdia, para que nos possamos, ambos, sentir melhor. Aquilo em que devemos assentar, ZL, é a tua afirmação: "as urnas não são, de facto, uma depuração milagrosa que santifica todos os que por lá passam e amaldiçoa todos os que lá não entram". Felizmente, para nós, isto não é nem um problema mitológico nem meteorológico. Podes deixar Juno e as nuvens de fora. Para este caso, não interessam. O problema não está na indentificação de excepções. Esse exercício é fútil se for baseado na comparação do que não é comparável. Não faz sentido comparar o Rei da Suécia com o Presidente de qualquer tirania africana. Como não o faz cotejar o Presidente da Irlanda com o Rei de qualquer tirania asiática. Esse é o meu ponto, ZL. O que interessa, creio, é o tal paradigma para que eu apelava. É esse diapasão que estabelece a diferença entre aquilo em que nos revemos (tu e eu) e aquilo que abominamos (tu e eu, estou certo). Se calhar, revemo-nos nas referências norueguesa e alemã, o que já não acontecerá com os padrões do Brunei e do Irão. O problema está, então, na Democracia. É nisto em que acreditamos, tu e eu.
E leio que citas, e bem, Churchill: "a Democracia é o pior sistema político, com excepção dos outros todos". E quem dizia isto era um democrata, que foi chefe de governo de um dos berços da democracia. Submeteu-se a votos. Ganhou e perdeu. A Inglaterra é, como não duvidas, não apenas uma democracia, mas uma das mais velhinhas democracias do mundo. E, no entanto, uma Monarquia. Estás a ver onde quero chegar? Não só é possível conciliar monarquia com democracia como é demonstrável que as monarquias (as ocidentais) semearam as democracias. Restauraram-nas nuns casos, defenderam-nas noutros. É uma tremenda desonestidade intelectual (para não dizer também uma enorme injustiça histórica) pretender eliminar países como a Espanha, a Inglaterra, a Noruega, a Suécia, a Dinamarca e o Luxemburgo, só para citar alguns, do leque dos Estados de Direito Democrático.
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