sexta-feira, abril 27, 2007

Esclarecimento do Autor

Recebi, a propósito deste post e da respectiva caixa de comentários, o seguinte esclarecimento do Autor do poema.

"Estive a ler nos incontinentes os comentários a respeito do post em que se transcreve um texto que escrevi há 30 anos. Talvez fosse bom esclarecer que, embora não tenha sido preso, não arranjei, ao tempo, editor nem distribuidor e a Livraria Bertrand, que aceitou ter alguns livros à consignação, vendeu apenas dez de cinquenta exemplares que lá deixei, presumo que até se ter apercebido do seu conteúdo, passando a dizer a quem lá ia comprá-lo que estava esgotado. Democrático, não? Toda a edição de 500 exemplares foi paga por meus avós e vendida por mim e por amigos meus. Dez por cento foram comprados por uma refugiada no Brasil e lá distribuídos."

8 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

O facto de ninguém lhe querer comprar ou vender os seus livros não afectou, de forma nenhuma, a sua liberdade.
Das várias promessas que chegaram com a revolução de Abril, não me lembro de nenhuma que garantia a venda de um livro de poesia que não estivesse de acordo com a cor dos tempos.
Outra coisa muito diferente é uma pessoa ser despedida, perseguida, proibida de publicar e até presa, por aquilo que escreve.
Eu, pessoalmente, embora lhe reconheça o talento como poeta, não quereria que o meu dinheiro servisse para sustentar uma opinião com a qual não concordo. Por isso, não lhe compraria também o livro. Mas, se por infelicidade, alguém o prendesse por escrever o livro, assinaria os abaixo-assinados e participaria nas manifestações que fossem necessárias para o libertar. Felizmente, com o nosso regime, isso não foi preciso.

4/27/2007 2:15 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

José Luís Malaquias said...
"... assinaria os abaixo-assinados e participaria nas manifestações que fossem necessárias para o libertar. Felizmente, com o nosso regime, isso não foi preciso."

O problema é que, se eu quiser comprar o livro, não posso porque a censura abrilina não deixa.

Nuno

4/28/2007 5:19 da manhã  
Blogger José Luís Malaquias said...

Essa, Nuno, desculpe, mas é muito forte.
Não consegue porque não consegue encontrar um livro que já foi publicado há 30 anos e já não está nas prateleiras e, quando esteve, não teve grande recepção. Equacionar isso com a censura é, no mínimo, esticar a verdade.

Eu, se quiser comprar o "Portugal Amordaçado" também não o devo encontrar nas prateleiras da Bertrand (Talvez num bom alfarrabista, onde tem as mesmas hipóteses de encontrar os livros contra-revolucionários. Olhe, encontrei lá, por exemplo, muitos livros da Vera Lagoa, como o "Revolucionários que eu conheci.)

As editoras agora têm um tempo médio de vida na prateleira de 3 meses. Quer-me convencer que é censura não encontrar um livro que foi publicado há trinta anos? Olhe, se está convencido que seria um êxito editorial tão grande, invista na republicação do livro e ajuíze da recepção do público. Ao contrário dos tempos da outra senhora, não tem de passar pela censura prévia para fazer isso.

4/28/2007 10:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

José Luís Malaquias said... at
4/28/2007 10:33 AM

"...Essa, Nuno, desculpe, mas é muito forte..."

A questão é que as editoras se coíbem de publicar certos livros, seja porque não interessa o público - provavelmente mais interessado em temas de revista cor de rosa - ou por outras razões que me escapam, talvez nem tanto.
Passou-se comigo. Quis publicar um livro e o editor, meu amigo e comunista, de grande reputação e envergadura, disse-me textualmente: Eh pá! Isto é bom material mas está votado ao insucesso. Primeiro, há o público leitor e comprador e isto não é politicamente correcto; depois, há outros factores que tu facilmente perceberás!... E não é de arriscar uma publicidade caríssima.".
Você sabe, se calhar melhor do que eu, que qualquer sistema político, além da propaganda desenfreada como a que desenvolve actalmente, tem muitos meios ao seu alcance para impedir publicações e vendas.
Você não é ingénuo, pois não?!

Nuno

4/29/2007 5:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Porque será que eu não consigo responder a JLMalaquias no post "Ainda Aznar"?

Nuno

4/29/2007 6:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Pronto, vou tentar aqui...

Nuno

4/29/2007 6:33 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Afinal a chatice é a mesma...
Que se passa?

Nuno

4/29/2007 6:37 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

pelos vistos é impossível!
Coisas...

Nuno

4/29/2007 6:40 da manhã  

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