quinta-feira, julho 03, 2008

Debate no cafebabel

Ontem participei num debate organizado pelo cafebabel (aqui) sobre o Tratado de Lisboa. Apreciei muito o convite porque, ao contrário do que acontece com os inúmeros debates organizados pelas instituições europeias e nacionais, alguém com ideias não coincidentes com as que são oficialmente emanadas de Bruxelas pôde participar num debate desta natureza.

O debate, infelizmente, veio confirmar a incapacidade (ou a falta de vontade) de compreensão de alguns sectores da sociedade portuguesa (e de outros países) para as razões do impasse que o processo de construção europeia actualmente atravessa.

As posições variaram. De um lado a perspectiva académica (Drs. Carlos Gaspar e Medeiros Ferreira) que ainda continua a tentar justificar as diferenças entre o projecto de Constituição Europeia e o Tratado de Lisboa, e, mais grave ainda, a opção do Governo português de não realizar o referendo. De outro a perspectiva oficial, representada pelo discurso de "coitadinhos dos eleitores que não sabem no que votam" (Dr. Paulo Sande), ou numa vertente mais visionária, o Dr. Miguel Duarte, elencando as inúmeras vantagens da UE para o nosso bem estar (sem apontar qualquer inconveniente) e propondo a realização de referendos europeus e não nacionais. No canto direito estava a opção mais pragmática, protagonizada pelo Dr. Sarsfield Cabral, que, realce-se, foi o único que teve a ombridade de reconhecer que as pessoas "foram enganadas" em todo este processo. A mim restou-me o papel de "mau da fita" que procurei interpretar o melhor que pude.

No final, houve pelo menos um consenso. Todo este impasse se deve à incapacidade da classe política (incompetência dos líderes nacionais e europeus, diria eu). E ficaram as esperanças na assistência de que o Tratado de Lisboa esteja morto. Eu não sei se já o está, mas lá que o merece não há qualquer duvida.

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