Não há jantares grátis. A “Política Externa Portuguesa”
Recebi há dias um “convite” via e-mail do Lisbon International Club, para mediante o pagamento de 55 euros, ter o direito a participar num jantar ao qual se seguirá uma palestra do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros, o dr. Luís Amado, que irá dissertar sobre a “Política Externa Portuguesa”. As aspas não são minhas. São do convite e ficam muito bem.
Realmente deve valer muito a pena pagar 55 euros (para não sócios do Clube como eu), para ouvir o senhor ministro - aquele que disse que o Governo não recebeu o Dalai Lama “por razões óbvias”, e que depois levou uma chapelada da Chanceler Alemã, do Presidente Francês e até do Presidente dos EUA, que não só o receberam como o distinguiram com títulos honoríficos – dissertar acerca de uma não política, que no fundo só se resume a negócios, sempre em nome do interesse nacional, claro está, senão vejamos:
i) Estamos a falar da “política externa portuguesa” que levou o nosso PM à Rússia, para fechar mais uns negócios e dizer alto e em bom som, que a Rússia, (“imprensa livre” a Anna Poltikovskay, e o Alexander Litvinenko que o digam, da guerra suja da Chechénia, e da destabilização da Ucrânia e da Geórgia, dos oligarcas das “eleições livres e transparentes”, e da nada tem a apreender com ninguém acerca de direitos humanos! É caso para perguntar o que é que o eng. Sócrates anda a fumar a bordo dos aviões da TAP?
ii) A política externa portuguesa que fechou as portas ao Dalai Lama para não beliscar a China, outro fantástico regime com quem Portugal tem grandes interesses “em jogo”, mas que convida (e depois este ministro desconvida), o criminoso do Mugabe, entre outros para participar na Cimeira Europa-África que mais não foi que um dispendiosos certame (odeio esta palavra mas acho que aqui fica bem), absolutamente inconsequente, onde aquilo que era importante discutir, o Zimbabué, a Somália ou o Genocídio do Darfur, passaram ao lado não fosse alguém ficar mal na fotografia. Enfim, foi mais um fait diverts para autocratas e ditadores africanos, ricos em recursos naturais, se legitimaram um pouco junto da “EU dos direitos humanos”, e consequentemente para mais uma vez, pôr Lisboa e a presidência portuguesa do UE, a abrir dos noticiários internacionais, durante um fim de semana que seja.
Contudo, em termos de negócios, a coisa não correu lá muito bem, pelo menos que se saiba. O Khadafi, limitou-se a dar uma palestra ininteligível na Universidade de Lisboa, e depois mandou desarmar a tenda e seguiu directamente para Paris onde fechou negócios bilionários com Sarkozy.
iii) A “política externa portuguesa” que leva o governo a assobiar para o lado quando os pasquins do regime angolano insultam o Mário Soares e a nossa democracia, (Devem ter lido aquele estudo internacional que classificou a democracia portuguesa abaixo de cão), depois do Bob Geldof a convite do BES, ter constatado o óbvio. Mas como o José Eduardo dos Santos já manda na GALP e no BCP, temos mais é que estar caladinhos, e ai de quem sequer pense em mencionar CABINDA!
iv) A “política externa portuguesa” que leva o nosso primeiro ministro e uns empresários portugueses a prestarem-se a entrar no triste e inarrável “show Chávez”, o maior aliado das FARC e um dos maiores do Irão, dias depois de este ter insultado a Chanceler Ângela Merkel e toda a direita alemã, dizendo que pertencem à mesma direita que elegeu Hitler. É o preço a pagar por uma diplomacia de negócios, “do doa a quem doer”.
Com tantos ilustres amigos, digo aliados produtores de petróleo, bem que o "próximo presidente da OPEP deveria ser Português", para citar o nosso Dalai Lima aqui mais abaixo.
v) Relativamente ao Tratado de Lisboa, o melhor é o Ministro não dizer nada, antes de mais porque não se trata de política externa, mas de integração europeia, e segundo, porque pelo que eu entendi, o mesmo a ser aprovado, irá esvaziar ainda mais qualquer papel que o MNE possa ter a nível de “política externa portuguesa”, em benefício de uma política externa Europeia, seja lá o que isso for.
Já estou como o Miguel Sousa Tavares, fechem o MNE, e deixem que a EU, o Ministério da Economia e o PM tratem dos negócios e dos interesses nacionais claro, como têm vindo a fazer até aqui.
Já agora aproveito para sugerir que o Palácio das Necessidades seja transformado num museu da diplomacia nacional, ou coisa do género, e que os seus jardins sejam abertos ao público, seria mais barato e útil ao país e aos lisboetas.
O (não) evento será dia 29 de Maio.
Realmente deve valer muito a pena pagar 55 euros (para não sócios do Clube como eu), para ouvir o senhor ministro - aquele que disse que o Governo não recebeu o Dalai Lama “por razões óbvias”, e que depois levou uma chapelada da Chanceler Alemã, do Presidente Francês e até do Presidente dos EUA, que não só o receberam como o distinguiram com títulos honoríficos – dissertar acerca de uma não política, que no fundo só se resume a negócios, sempre em nome do interesse nacional, claro está, senão vejamos:
i) Estamos a falar da “política externa portuguesa” que levou o nosso PM à Rússia, para fechar mais uns negócios e dizer alto e em bom som, que a Rússia, (“imprensa livre” a Anna Poltikovskay, e o Alexander Litvinenko que o digam, da guerra suja da Chechénia, e da destabilização da Ucrânia e da Geórgia, dos oligarcas das “eleições livres e transparentes”, e da nada tem a apreender com ninguém acerca de direitos humanos! É caso para perguntar o que é que o eng. Sócrates anda a fumar a bordo dos aviões da TAP?
ii) A política externa portuguesa que fechou as portas ao Dalai Lama para não beliscar a China, outro fantástico regime com quem Portugal tem grandes interesses “em jogo”, mas que convida (e depois este ministro desconvida), o criminoso do Mugabe, entre outros para participar na Cimeira Europa-África que mais não foi que um dispendiosos certame (odeio esta palavra mas acho que aqui fica bem), absolutamente inconsequente, onde aquilo que era importante discutir, o Zimbabué, a Somália ou o Genocídio do Darfur, passaram ao lado não fosse alguém ficar mal na fotografia. Enfim, foi mais um fait diverts para autocratas e ditadores africanos, ricos em recursos naturais, se legitimaram um pouco junto da “EU dos direitos humanos”, e consequentemente para mais uma vez, pôr Lisboa e a presidência portuguesa do UE, a abrir dos noticiários internacionais, durante um fim de semana que seja.
Contudo, em termos de negócios, a coisa não correu lá muito bem, pelo menos que se saiba. O Khadafi, limitou-se a dar uma palestra ininteligível na Universidade de Lisboa, e depois mandou desarmar a tenda e seguiu directamente para Paris onde fechou negócios bilionários com Sarkozy.
iii) A “política externa portuguesa” que leva o governo a assobiar para o lado quando os pasquins do regime angolano insultam o Mário Soares e a nossa democracia, (Devem ter lido aquele estudo internacional que classificou a democracia portuguesa abaixo de cão), depois do Bob Geldof a convite do BES, ter constatado o óbvio. Mas como o José Eduardo dos Santos já manda na GALP e no BCP, temos mais é que estar caladinhos, e ai de quem sequer pense em mencionar CABINDA!
iv) A “política externa portuguesa” que leva o nosso primeiro ministro e uns empresários portugueses a prestarem-se a entrar no triste e inarrável “show Chávez”, o maior aliado das FARC e um dos maiores do Irão, dias depois de este ter insultado a Chanceler Ângela Merkel e toda a direita alemã, dizendo que pertencem à mesma direita que elegeu Hitler. É o preço a pagar por uma diplomacia de negócios, “do doa a quem doer”.
Com tantos ilustres amigos, digo aliados produtores de petróleo, bem que o "próximo presidente da OPEP deveria ser Português", para citar o nosso Dalai Lima aqui mais abaixo.
v) Relativamente ao Tratado de Lisboa, o melhor é o Ministro não dizer nada, antes de mais porque não se trata de política externa, mas de integração europeia, e segundo, porque pelo que eu entendi, o mesmo a ser aprovado, irá esvaziar ainda mais qualquer papel que o MNE possa ter a nível de “política externa portuguesa”, em benefício de uma política externa Europeia, seja lá o que isso for.
Já estou como o Miguel Sousa Tavares, fechem o MNE, e deixem que a EU, o Ministério da Economia e o PM tratem dos negócios e dos interesses nacionais claro, como têm vindo a fazer até aqui.
Já agora aproveito para sugerir que o Palácio das Necessidades seja transformado num museu da diplomacia nacional, ou coisa do género, e que os seus jardins sejam abertos ao público, seria mais barato e útil ao país e aos lisboetas.
O (não) evento será dia 29 de Maio.
4 Comments:
Caro Bernardo,
Só não respondo ao seu post com outro post porque vou ter de sair. Mas 6ª respondo, especialmente quando diz que a política europeia não é política externa. Quanto ao jantar, a conversa do ministro não vale 55 euros.
Abraço
Se calhar, no jantar, nem se pode fumar...
Quanto me haviam de dar para ir comer mal - e sem poder fumar - numa chachada dessas.
Se a UE tomar a seu cargo os "negócios estrangeiros" deixa de haver ministro e a coisa sai substancialmente mais barata.
Nuno
"porrada neles" e "força na verga"
E este ainda é dos melhores Min istros que há neste Governo
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