terça-feira, maio 13, 2008

Coisas que eu gostaria de ter escrito: CORROMPER UM ÁRBITRO É UMA ESPÉCIE DE AMOR

"(...) O DN ouviu na quinta-feira Guilherme Aguiar sobre o papel que Pinto da Costa pode vir a desempenhar na SAD, e o ex-dirigente do FC Porto foi claríssimo: "Esta é uma suspensão de actividade igual às que se destinam aos jogadores quando são suspensos por um ou dois jogos. Não podem jogar, mas podem treinar." E quanto aos 50 mil euros que ele recebe mensalmente? É para pagar: "Os jogadores também continuam a receber." Ora aqui está uma bela comparação. Para Guilherme Aguiar, corromper um árbitro é assim como enfiar uma canelada num adversário, ir para a rua, e ficar uns jogos de fora. Um acidente de percurso, portanto. Uma entrada violenta, no máximo. Coisas do futebol.
Suponho que a maior parte dos sócios do Porto considere uma de duas coisas. 1) Que tudo isto não passa de uma cabala contra o líder dos dragões patrocinada pelo Benfica. 2) Que as actividades ilícitas do seu presidente são apenas mais uma manifestação de inabalável portismo. Afinal, Pinto da Costa e o FC Porto confundem- -se numa história de inegável sucesso desportivo. Mas a complacência com a corrupção é um espinho que infecta todo o futebol português. A verdade é que ninguém realmente acredita que a viciação de resultados tenha começado na época de 2003/2004. Aliás, pagar para ajudar o Porto em 2004 - para quem não se recorda, a época áurea de José Mourinho, que acabou com a conquista da Taça dos Campeões - é tão absurdo quanto Francis Obikwelu subornar um coxo para lhe conseguir ganhar numa corrida de 100 metros. Simplesmente, quando é longa e vasta a tradição de trafulhice, os maus hábitos custam a morrer. E nesse singular ecossistema chamado futebol, ainda há quem ache que corromper é apenas uma forma - um pouco atrevida, vá lá - de manifestar o amor a um clube. Em vez de se enrolar um cachecol ao pescoço de um adepto, enrola-se uma prostituta ao pescoço de um árbitro. Faz alguma diferença? Se Pinto da Costa se mantiver à frente do FC Porto é porque, lá no fundo, no fundo, não faz."
João Manuel Tavares no DN de hoje.
Jorge Nuno Pinto da Costa está há decadas à frente do FCP, e a Liga chama "Apito Final" a um caso referente à epoca de 2003/04, que tem como resultado prático aquilo que se sabe... Chama-se a isto branqueamento.

3 Comments:

Blogger Jorge Ferreira Lima said...

Caro Bernardo:

Começando por uma declaração de interesses, sou portista. Dito isto, e não é pouco, concordo em absoluto contigo em que tudo isto se trata de branqueamento, e acrescento «despudorado».
Resta saber se as críticas que muitos fazem ao processo - e não me refiro, obviamente, a ti - não têm «cor» ideológica. Ou seja, se fariam iguais críticas caso o «seu» presidente estivesse na berlinda.
Dito ainda de outro modo: fazia falta que os cidadãos imunes á futebolodependência se unissem para dar uma vassourada nesta podridão nauseabunda que é o futebol português. Mas haverá ainda cidadãos não futebolodependentes neste país?

5/13/2008 6:45 da tarde  
Blogger Bernardo Tait said...

Este comentário foi removido pelo autor.

5/14/2008 10:53 da manhã  
Blogger Bernardo Tait said...

Lembrei-me de ti ontem quando publiquei este posto, caro Jorge. Reconheço que o país padece da futebolítica, eu também sofro disso, mas menos porque sou do SCP, ou seja porque não ganhamos nada! Por ser alianante é que o a Liga deve ser implacável com estes casos, e quando não o é pelas razões que todos nós sabemos, a lei deve ser aplicada, tal como o foi em França com bernard Tapie, que afundou o clube, com o Gil y Gil em Epanha etc. Para mim o caso mais parecido com o FCP é o da Juventus.
Os pp sócios do FCP deveriam ser os primeiros a exigir poderem festejar títulos sem a suspeita de corrupção que o Pinto da Costa lhes confere.
Abçs

5/14/2008 10:55 da manhã  

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