Quem casa quer casa (ou Casamento, apartamento!)
Quem casa?
João César das Neves
O poder vem ensaiando a medo um ataque à Igreja. «Para sustentar a tese da 'secularização', o PS avança com números: em 1960, 90,7% dos casamentos em Portugal eram católicos. Em 1981, baixaram para 74,6% e para 52% em 2006 (Expresso, 12 de Abril). A coisa até é mais dramática que isso: no ano 2000 os casamentos católicos eram 64,8% e desde então caíram para os referidos 52,1%. A descida tornou-se derrocada. Como explicar que a Igreja perca um quinto da sua influência em seis anos?
Poucas coisas são mais perigosas que números nas mãos de quem não os entende. O que está a acontecer nos casamentos tem pouco a ver com a Igreja. Na última década entraram em Portugal quase meio milhão de imigrantes. A maior parte deles são jovens e em idade de casar. Como os portugueses deixaram-se disso, o que acontece simplesmente é que uma percentagem crescente (ninguém sabe qual) de casamentos são de estrangeiros que, embora religiosos, não são católicos.
Este ano o INE procurou incluir esse elemento. Mas como, de 2000 a 2006, só conseguiu detectar 12 casamentos religiosos não-católicos, a estimativa está longe de ser segura. A verdade é que nas comunidades estrangeiras, cabo-verdianas, ucranianas, chinesas, etc, as pessoas casam sem ligar ao Estado e ao INE.
Assim, os números citados não mostram uma secularização. Mostram uma derrocada da família portuguesa. Isso é um problema estrutural gravíssimo, que devia merecer a atenção do Governo. Este toma medidas: facilita o divórcio! Poucas coisas são mais perigosas que o poder nas mãos de quem não o entende.
João César das Neves
O poder vem ensaiando a medo um ataque à Igreja. «Para sustentar a tese da 'secularização', o PS avança com números: em 1960, 90,7% dos casamentos em Portugal eram católicos. Em 1981, baixaram para 74,6% e para 52% em 2006 (Expresso, 12 de Abril). A coisa até é mais dramática que isso: no ano 2000 os casamentos católicos eram 64,8% e desde então caíram para os referidos 52,1%. A descida tornou-se derrocada. Como explicar que a Igreja perca um quinto da sua influência em seis anos?
Poucas coisas são mais perigosas que números nas mãos de quem não os entende. O que está a acontecer nos casamentos tem pouco a ver com a Igreja. Na última década entraram em Portugal quase meio milhão de imigrantes. A maior parte deles são jovens e em idade de casar. Como os portugueses deixaram-se disso, o que acontece simplesmente é que uma percentagem crescente (ninguém sabe qual) de casamentos são de estrangeiros que, embora religiosos, não são católicos.
Este ano o INE procurou incluir esse elemento. Mas como, de 2000 a 2006, só conseguiu detectar 12 casamentos religiosos não-católicos, a estimativa está longe de ser segura. A verdade é que nas comunidades estrangeiras, cabo-verdianas, ucranianas, chinesas, etc, as pessoas casam sem ligar ao Estado e ao INE.
Assim, os números citados não mostram uma secularização. Mostram uma derrocada da família portuguesa. Isso é um problema estrutural gravíssimo, que devia merecer a atenção do Governo. Este toma medidas: facilita o divórcio! Poucas coisas são mais perigosas que o poder nas mãos de quem não o entende.
18 Comments:
A família portuguesa... que não as ucranianas, chinesas ou cabo-verdianas. Mas não são essas familias que também vão fazer os portugueses de amanhã, como outros fizeram os de hoje?
Tresanda a nacionalismo bacoco com laivos de racismo...
Mas o que raio passa na cabeça de JCNeves e seus muchachos? Uma boa coisa seria fazerem a estatística de quem levava a sério o que JCNeves (ou similar) escrevia hà 20 anos e quantos o levam a sério hoje em dia.
Depois digam que a culpa é dos estrangeiros.
Lamentável.
Nuno Farpela
JCNeves limita-se a constatar dois problemas: O problema gravíssimo que é o desmembramento das famílias portuguesas e o problema que é a dificuldade dos socialistas em ultrapassarem os seus preconceitos ideológicos e abordarem esta questão de uma forma séria e correcta. Parece-me óbvio.
Se há pessoas que constituem família em Portugal, não deviam essas ser consideradas famílias portuguesas? Parece-me óbvio.
(isto não quer dizer que ache que está tudo bem. duvido é que as soluções do JCN sejam as melhores, neoliberal dos quatro costados que é...)
o que é claro é isto:
o rpa quer estar ou manter-se casado com quem não o queira?
que impede os católicos de continuar a ir pedir conselhos aos padres sobre os seus casamentos?
casar é marcar um momento, reforçar uma circunstância, acreditar num percurso em conjunto. MAS ISSO NÃO É UMA REALIDADE IMUTÁVEL, PONHAM ISSO NA CABEÇA, MEUS SENHORES...
e isto é que é olhar o problema de uma forma clara e pragmática e não anacrónicamente ideológica, artificial, moralista e fanática, como faz (sempre) o JCNeves e quem o segue.
uma forma séria e correcta é o quê? será sacrificar as pessoas com dolorosos processos de divórcio, por despeito e inveja? é deixar destruir um mínimo de civilidade entre pessoas que já se amaram, por questões mesquinhas e baixas? é descobrir e aprofundar chagas e o pior que o género humano deixa vir ao de cima, quando se sente abandonado ou rejeitado?
casamento-sacrifício a todo o preço, só na cabeça do JCNeves, dos fanáticos que o ouvem e da generalidade dos casamentos islâmicos.
"família" à força?
no thanks.
NF
Meus caros,
Lêem mais do que JCNeves escreve. Se calhar por causa de outras coisas que ele já escreveu e que não vos agradaram. Mas a vida diz-nos que não devemos ler só o que nos agrada.
Este texto não inclui nada do que referem.
JCNeves não diz que as famílias não devem ser portuguesas, mas apenas que são de imigrantes com uma religião diferente da católica.
JCNeves não diz que as pessoas não se devem divorciar ou que devem ficar casadas contra sua vontade.
Começo a desconfiar que os meus caros comentadores também sofrem da síndrome socialista do preconceito ideológico.
E tenho razão para isso. O problema grave que JCNeves refere, a derrocada da família, é vos totalmente indiferente.
rpa
continuas a mandar assim umas para o ar e concretamente ninguém percebe o que tu realmente queres ou pensas sobre isto.
preconceituosa? é de rebolar no chão a rir... JCNeves, esse arauto da tolerância!
que coragem...
O único preconceito aqui é sobre o que constitui uma família portuguesa:
Católica e com cônjuges nascidos em Portugal.
Uma pista: as condições de vida, a insegurança no emprego e a imprevisibilidade do futuro são afectam muito mais as famílias que a sua fé ou falta dela.
Não ver isto é que é preconceito ideológico.
Meus caros,
Parece que toda a gente está preocupada, e com razão, sobre este tema.
No entanto, peço que não me levem a mal que vos diga que a questão, aparentemente, está a ser analisada com muito pouca profundidade. E não será aqui, com tão pouco espaço que o posso - ou podemos - fazer.
É evidente que são necessárias medidas para que, no futuro, se evitem situações desastrosas nos casais. Todavia, para as implementar, não se pode - ou não deve - aceitar a leviandade com que os socialistas as querem regular.
Há os que vão casar, que deverão ser completamente informados das consequências quanto a deveres e direitos, já que a família constitui uma base da nossa sociedade; e há os já casados, a maioria, uns menos esclarecidos que outros, que têm a vida desfeita em farrapos porque as leis vigentes assim o impõem.
Por outro lado - e não menos importamte por que o Povo segue uma tradição -, há os casamentos religiosos, embora em grande decréscimo, para os quais a Igreja não define claramente a sua posição quanto às separações ou divórcios. Os padres devolvem ou encaminham as questões para os tribunais eclesiásticos que são caríssimos e, tanto quanto sei, só raramente resolvem os litígios a contento de ambas as partes - por que a Igreja católica considera o casamento indissolúvel, tout court.
E ficamos por aqui.
As posições estão extremadas e isto não é admissível.
Quem se quer casar, seguramente, deve assumir o acto com a maior seriedade e creio que estamos todos de acordo. Porém, deverão ser salvaguardados os respectivos direitos para que se possam resolver eventuais conflitos especialmente quando insanáveis. E há tantos...
Isto, no caso dos casamentos civis que não devem efecuar-se sem compromissos claros das pessoas mas com a garantia de julgamento em situação de completo insucesso.
Quanto aos matrimónios religiosos, concretamente os católicos, não creio que as melhores boas vontades consigam demover a Igreja da sua posição dogmática.
Mas, e resumindo, a este respeito, quem não for católico poderá resolver os seus problemas - separar-se, o casal é julgado e fica livre para seguir o seu caminho, qualquer que ele seja, sendo desejável que a decisão não seja morosa nem estupidamente cara.
Os católicos - e se, de facto, são católicos -, pelos vistos terão de aguardar que o bom senso aterre nas cabeças das hierarquias da Igreja, a começar pelo próprio Papa.
Há uma multidão de gente, em todos os países, com este tipo de situações. É evidente que a Igreja não mudará as suas convicções e ordens para satisfazer o desejo dos povos. Ao contrário, para ela, são os povos que têm de se submeter à sua vontade e regulamentos.
No entanto, a única maneira de "abrir a cabeça" de quem está preso a dogmas - quantas vezes criados apenas por homens que tiveram os comandos eclesiásticos - é levantar as questões, em nome dos povos, para que sejam discutidas e reavaliadas à luz do que dois milénios nos ensinaram.
Ou a vida do homem é de alguma forma semelhante à que viveu ao longo de todo este tempo?
Sinceramente, gostaria muito que este assunto fosse debatido com o interesse que julgo merecer.
Nuno
Não devemos estar todos a falar da mesma coisa, com certeza.
Que há uma tentativa de secularização da sociedade é evidente e, concorde-se ou não com ela, só não o reconhece quem não quer.
Mas a questão da desagregação das famílias só pode ser indiferente para quem não tenha a minima consciência sobre a importância de manter núcleos familiares estáveis. Católicos ou não.
Quanto ao casamento católico, não é coisa em que o Estado se deva meter. O Estado apenas deve regulamentas acordos jurídicos entre duas pessoas que os decidem assinar.
Escreve ali acima o comentador Nuno alguns "considerandos" que não correspondem minimamente à realidade:
1 - «há os casamentos religiosos, embora em grande decréscimo, para os quais a Igreja não define claramente a sua posição quanto às separações ou divórcios»
Pelo contrário, a posição da Igreja está perfeitamente definida quanto às separações ou divórcios.
2 - «Os padres devolvem ou encaminham as questões para os tribunais eclesiásticos que são caríssimos»
Não é verdade porque os Tribunais Eclesiásticos não são carissimos, antes pelo contrário.
3 - «só raramente resolvem os litígios a contento de ambas as partes - por que a Igreja católica considera o casamento indissolúvel, tout court.»
Os Tribunais Eclesiásticos não existem para resolver os problemas dos Matrimónios a contento de "ambas as partes", mas sim para determinarem se um Matrimónio foi válido canónicamente ou não.
A Igreja não "anula" Matrimónios, a Igreja "verifica" se existiu o Sacramento ou não e se não existiu, pura e simplesmente não houve Matrimónio.
4 - «Quanto aos matrimónios religiosos, concretamente os católicos, não creio que as melhores boas vontades consigam demover a Igreja da sua posição dogmática.»
Com certeza que não, pois a indissolubilidade do Matrimónio Canónico é Doutrina da Igreja, revelada nas Escrituras.
5 - «Os católicos - e se, de facto, são católicos -, pelos vistos terão de aguardar que o bom senso aterre nas cabeças das hierarquias da Igreja, a começar pelo próprio Papa.»
Se de facto são católicos, conhecem a Doutrina, aceitam-na e ela faz parte da sua vida.
Não é uma questão de bom senso, é uma questão de fé.
6 - «É evidente que a Igreja não mudará as suas convicções e ordens para satisfazer o desejo dos povos. Ao contrário, para ela, são os povos que têm de se submeter à sua vontade e regulamentos.»
A Igreja não pretende submeter ninguém, pois todos são livres de estar na Igreja ou fora da Igreja. Se estão verdadeiramente, aceitam a Doutrina que a Igreja professa.
Abstraindo do Matrimónio Católico a verdade é que esta lei transforma o contrato civil do casamento no contrato mais pobre de todos os contratos de uma sociedade.
Em qualquer contrato que seja "denunciado" existe sempre alguém que é responsável pelo seu rompimento e que portanto tem de assumir as consequências do seu acto, para protecção do outro, a não ser em caso de mútuo acordo.
Assistimos a todo o momento a episódios como o do "telemóvel" na escola e à violência entre os jovens, fruto de uma sociedade em que cada um está voltado para si próprio, em que o tempo escasseia e os filhos se sentem tantas vezes abandonados, mas vamos provocar ainda mais filhos abandonados, desonrientados, por divórcios facilitados, provocados muitas vezes se calhar por motivos fúteis.
Respondo, começando pelo caro Lusitano.
Antes de mais, por enquanto, a maioria dos matrimónios contraidos em Portugal são católicos.
1. Quando diz que "Pelo contrário, a posição da Igreja está perfeitamente definida quanto às separações ou divórcios" tal só é verdadeiro se se admitir que a Igreja não admite nem uma coisa nem outra.
2. Quando contapõe que "Não é verdade porque os Tribunais Eclesiásticos não são carissimos, antes pelo contrário" gostaria que fornecesse elementos que contrariem o que os próprios prelados informam quem lhes pede ajuda.
Tal só poderá ser verdadeiro se o processo for escandaloso e a Igreja dê um um "prévio acordo", mas, mesmo assim, os advogados não se apresentam nos tribunais eclesiásticos sem cobrar o que entendem ser de seu direito.
3. Diz: "A Igreja não "anula" Matrimónios, a Igreja "verifica" se existiu o Sacramento ou não e se não existiu, pura e simplesmente não houve Matrimónio."
De facto, a "anulação", para a Igreja, não existe. O sacramento é eterno. Porém, a dita verificação não faz sentido por que, em qualquer matrimónio, "existiu" sacramento. O que pode ter acontecido é não haver substância para o levar a efeito, como seja, entre outros, terem sido falseados elementos que se tinham como verdadeiros. Aliás, esta situação está prevista no direito canónico - mas é dificílima de provar, como julgo saberá.
4. Neste ponto diz que "Com certeza que não, pois a indissolubilidade do Matrimónio Canónico é Doutrina da Igreja, revelada nas Escrituras."
As Escrituras começaram a ser divulgadas bastante depois de Jesus Cristo. Tem havido inúmeras e persistentes pesquisas mas o pouco que se sabe é posterior ao séc. IV, havendo ainda muito para confirmar. Ora bem, há 2.000 anos a vida do homem era bem diferente da actual. Não é preciso ser muito dotado para verificar toda a marcha de acontecimento que acompanhou a nossa História da qual sabemos bastante, tanto neste período como nos séculos e até milénios anteriores. Pena que não saibamos detalhes.
Em consequência, parece evidente que a Doutrina da Igreja se apoia numa época, limitada no tempo, a qual, para a nossa Razão, deverá reflectir o desenvolvimento humano - como consagrado na Bíblia. Se se fizerem comparações entre os comportamentos sociais em intervalos de 500 anos - por exemplo, nos 2.000 AC e nos 2.000 DC - seguramente chegamos à conclusão de que, infelizmente, não podemos comparar a sociedade de Sócrates com a do primeiro ministro que nos desgoverna.
5. Tem razão: "Se de facto são católicos, conhecem a Doutrina, aceitam-na e ela faz parte da sua vida.
Não é uma questão de bom senso, é uma questão de fé."
Porém, as questões que se colocam são: a Fé é transcendente e quem a tem a ela se entrega e dela depende; quem acaba num lamaçal por ter sido enganado fica sem solução e amargurado por toda a sua curta vida. O reverso da medalha.
Aqui, em Portugal, também há imensa gente que vota no socialismo por uma questão de "fé".
6. Diz: "A Igreja não pretende submeter ninguém, pois todos são livres de estar na Igreja ou fora da Igreja. Se estão verdadeiramente, aceitam a Doutrina que a Igreja professa."
A questão é que quem quer seguir a religião católica fica submetido às imposições da Igreja e sem possibilidade de recurso.
*****
Posto isto, parece legitimo que os católicos esperem da Igreja, a sua Santa Madre, além do acolhimento maternal, a compreensão e a solução, cuja necessidade é gritante, para as situações mais graves dos seus filhos. No que respeita aos sacramentos - há outros -, os que estão mais próximos dos crentes, como o do Matrimónio, seria de esperar um maior entendimento. Não é compreensível que se deixe tanta gente com problemas irresolúveis e de consequências tão nefastas para a sociedade humana. Ao menos que se proponham soluções para a infinidade de filhos - esses são "apenas" o resultado dos "maus matrimónios" - que ficam, é quase certo, inexoravelmente afastados da Igreja.
Já alguém pensou como resolver os sofrimentos de quantos ficam afastados da Eucaristia?
Afastados? Direi proibidos...
No que respeita o seu "Abstraindo do Matrimónio Católico...", nem sequer comento por que "contratos civis são o que são".
Nada disso tem a ver com episódios idiotas, como teleles e profs de chacha. Têm, isso sim, a ver com situações quantas vezes geradas por prepotências, maioritariamente, por enquanto, da Igreja, de que resultam filhos "abandonados, desonrientados, por divórcios facilitados, provocados muitas vezes se calhar por motivos fúteis" (palavras do Lusitano).
Há que pensar, usar bem a Razão, e tomar as decisões correctas que, ao que parece, é o que falta. Se a Igreja não a tem como a há-de ter Portugal?
rpa,
Você escreve "Quanto ao casamento católico, não é coisa em que o Estado se deva meter. O Estado apenas deve regulamentas acordos jurídicos entre duas pessoas que os decidem assinar."
É um erro e grave. O estado que nos representa deverá fazer chegar aos níveis mais altos da Igreja Católica o que se passa de promiscuidade em resultado da olímpica ignorância que manifesta quanto às terríveis situações que decorrem da paralisia da Instituição. As consequências das rupturas dos casamentos religiosos só são civis na medida em que os tribunais decidem e destinam, civilmente divorciados, os destinos das pessoas envolvidas. Todavia, o mal-estar social que dai advém só pode ser, de alguma maneira, tratado pela própria Igreja já que, civilmente, o estado não tem poder para determinar se os divorciados podem ou não, ao menos, assistir à Liturgia nem, menos ainda, os deveres religiosos que podem prosseguir.
No entanto, creio que o estado se deve preocupar com o bem estar social. se calhar, não...
A não ser que ao estado interesse afastar os crentes das suas práticas. Mas isso...
Pode, isso sim, como julgo já ter escrito, apresentar e procurar encontrar soluções com o Vaticano.
Muito obrigado.
Nuno
Caro Nuno
Quanto á resposta 1 a Igreja fala de separações, por exemplo, tendo em conta a violência doméstica.
Procure no Direito Canónico que encontra.
Quanto ao divórcio a posição é clara, agora cada um é livre de a aceitar ou não.
Se quer ser Igreja aceita, se quer apenas “estar” na Igreja é provável que não aceite.
Quanto a 2. Os prelados? São todos?
« se o processo for escandaloso e a Igreja dê um um "prévio acordo"»
Onde é que aconteceu isto do prévio acordo?
A minha prova de que os Tribunais não são carissimos é que eu passei por um processo desses e sei quanto custou, não tendo ido além dos 300,00€, salvo o erro.
Os advogados podem ser dispensados, mas ao serem chamados é lógico que têm de ver o seu trabalho pago.
Nos divórcios civis os advogados não são pagos?
3. O Sacramento para existir tem que ter condições, e não existe, não é válido, portanto não há Sacramento se essas condições não forem observadas, como por exemplo, baseado em falsas declarações.
O único Sacramento que segundo sei não depende da vontade do celebrante, (no Matrimónio os noivos são os celebrantes), é a Eucaristia, a Consagração, porque se quem a celebra é um sacerdote no pleno direito do seu múnus sacerdotal, embora ele até possa não acreditar a Consagração realiza-se.
A Igreja, ou qualquer outra instituição não pode anular o que não existe!
São dificeis mas não impossiveis, por isso mesmo muitos processos são morosos.
4. Quanto às Escrituras estamos no campo da fé e aí esse tipo de argumentos não servem a quem acredita e quer acreditar. É uma discussão estéril.
5. Não, não fica porque a Igreja acolhe e ajuda. E quem acredita, quem vive na fé, supera essas provações por um bem maior.
Claro que a Igreja é feita de pessoas, incluindo os sacerdotes, e as pessoas falham, mas a Igreja não.
6. Quem quer viver a fé na Igreja Católica verdadeiramente, procura soluções dentro da Igreja, porque para além de tudo a Igreja ouve e aconselha.
Os outros considerandos são os seus considerandos e as suas opiniões que logicamente pode ter e expressar.
Vivi muitos anos afastado da Eucaristia e não me senti menos cristão, menos católico, menos Igreja, pelo contrário foi um caminho de fé que tem mudado e continua a mudar a minha vida para muito melhor.
Mas só quem vive a fé e nela quer permanecer e se deixar guiar pode entender o que acima afirmo.
A Igreja que é o Povo de Deus, tem as portas abertas, para quem quiser poder entrar e quem quiser poder sair.
Ainda em tempo e quanto ao custo dos processos.
Do que eu sei, nunca ninguém deixou de ser atendido no Tribunal Eclesiástico por falta de dinheiro.
Caro Lusitano,
Li, reli e meditei.
Se bem percebi, encara estes temas baseado na Fé. Afinal, tal como eu.
A Fé, julgo, é trancendente e não nos toca a todos. Persigo-A, mas não a alcanço plenamente ou, se quizer, de maneira nenhuma. Em boa verdade, não posso dizer que tenho Fé.
Porém, de forma limitada, tenho a Razão. Por isso, não aceito de ânimo leve o que me queiram impôr e que a Razão rejeita.
De tudo quanto aqui escrevi, ressalta que, no meu entendimento, o que foi, historicamente, pregado há um ror de anos, qualquer coisa como entre 4.000 e 5.000, se referia, em cada época, à situação social do momento. Não é difícil entender que os tempos mudaram e que, justamente pelo que a História nos ensina, as regras sociais se foram adaptando ao comportamento dos povos. Estas evoluções também estão registadas na História.
Por isso, não entendo que a Igreja se mantenha firme quanto a decisões que, podendo ser as mais indicadas uns quantos anos atrás, deixaram de fazer sentido. Em particular, se atendermos à evolução cada vez mais acelerada desde meados do séc. XIX e que se afigura descontrolada depois da II Grande Guerra. A vida dos dias de hoje nada tem a ver com o que se vivia há 50 anos e, nessa altura, já nada tinha a ver com o início do séc. XX.
O conceito de vida em comum de um casal está deslocado em absoluto do que era um hábito social, tanto para homens como para mulheres, estas, em especial, pois deixaram de ser as "fadas do lar", deixaram de poder tomar conta dos filhos e "tiveram que se fazer à vida" para ganhar dinheiro e complementar as necessidades familiares - com todas as consequência que daqui advieram. Convém reflectir no facto de que, muitas vezes, são elas o sustentáculo da família.
Tudo o que a Igreja regulou não previa nada do que se passa no presente. Por isso, a Igreja - parece-me - deveria rever todas as suas disposições regulamentares. Estou longe, ou talvez não, de me referir à vulnerabilidade feminina e aos casos muito frequentes de assédio que, anteriormente, eram substancialmente menores, ou, como é evidente, à facilidade que se apresenta a qualquer homem. A questão não é o adultério. É, antes, a da sensibilidade social que se alterou e adulterou por completo. É a incapacidade familiar de conciliar afazeres profissionais com a educação dos filhos.
Porém, grave, muito grave, é o desconhecimento que a Igreja aparenta ter de tudo isto e continuar a encaminhar para o Altar noivos que, na sua alegria, euforia e inocência, vão dar um mergulho no escuro onde se podem afogar, o que é frequente. Grave, é a Igreja não sentir que deverá ter meios para corrigir situações horrorosas em que colaborou. Muito grave, é a Igreja não perceber que as pessoas, como humanos, se alteram, se modificam, e não deveriam obrigar outrem a sujeitar-se a essas transformações, quantas vezes caprichosas, e sem possibilidade de retomar uma normalidade expectável.
Tenho, para mim, que Deus, na sua Infinita Bondade e Divina Misericórdia, estará longe de aceitar tudo isto. Por isso - mas sem poder para chegar ao Papa e demonstrar-lhe esta estupidez -, desde o meu cantino, vou refilando e contactando quem posso. Também por isso, mas sem estar seguro - quem pode ter certezas perante Deus? -, vou aguardando o meu encontro no Juízo que me couber, cheio de Esperança de que, então, serei ouvido e justamente condenado.
Agradeço a sua atenção e não pretendo, de maneira alguma, incomodá-lo com as minhas dúvidas e certezas.
Cumprimentos,
Nuno
Caro Nuno
Obrigado pela sua resposta, que compreendo perfeitamente.
Não me incomoda de maneira nenhuma, pois de tudo podemos falar, com correcção e bom senso como foi o caso.
Abraço
Lusitano,
Lamento, e muito, que este tema não tenha um debate mais aberto, mais alargado e, como diz, com a correcção e bom senso que merece.
Infelizmente, quase sempre, aparecem uns tontos que o banalizam e outros, não menos tontos, que o tratam como fanáticos e um fundamentalismo que, creio, estão longe de acompanhar as palavras de Jesus Cristo.
Cumprimentos,
Nuno
Incontinentes,
Será lamentável que não alimentem este debate.
Sabemos que apenas uma minoria aqui vem interessada neste assunto.
Porém, também sabemos que é uma questão que interessa meio mundo português já que, inconsciente das consequências, o Povo Português continua a "casar-se pela Igreja".
Mais tarde ou mais cedo, todos aparecem a gritar pela mãezinha por que fizeram um disparate e não sabem como o resolver.
Pois. Eu sei. O assunto é tabu, ou seja, ninguém lhe quer tocar. Exactamente por isso, deveria ser discutido e esclarecido.
Cumprimentos,
Nuno
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