“Nútícias” na RTP

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) divulgou um relatório sobre pluralismo político na RTP. O relatório não traz nada que qualquer tele-espectador não soubesse já. O Governo está sobre-representado nos noticiários da televisão pública e a oposição sub-representada.

Esta tem sido a prática televisiva desde o 25 de Abril. Quem governa nomeia a gestão da RTP e exige um tratamento preferencial. O PS tem, desde os tempos do Dr. Soares, um “comissário” político para o efeito, o Dr. Arons de Carvalho (só agora substituído pelo Dr. Santos Silva).

O que o relatório não analisa, pelo menos assim parece, são os critérios noticiosos da RTP. Porque é que a RTP está sempre presente quando o governo encena um “evento” para a comunicação social? Ontem, o primeiro-ministro foi a Leixões, onde chegou com mais de uma hora de atraso, inaugurar dois km de estrada. A RTP lá esteve, bem comportada, a noticiar uma não notícia.

Sempre que o primeiro-ministro diz qualquer coisa, faz qualquer coisa, até mostrar-se na sua intimidade, lá estão as “nútícias” da RTP. Mas porquê? Não há jornalistas de bom senso? Só no dia em que os jornalistas, de televisão e não só, deixarem de mostrar ministros e oposição a visitar a “feira da Ladra” é que haverá alguma moralização na actividade política.