quinta-feira, abril 24, 2008

Bachelard e o PPM

Gaston Bachelard não negligenciava a importância do erro para a evolução do conhecimento. E os erros do PPM são tantos e tão saborosos que seria uma pena não aproveitar alguns.
Perante o desaire da Ala Liberal, o PPM não se interroga sobre as razões últimas do revés da iniciativa. Prefere, com uma habilidade intelectual assinalável, confessar o receio de que o CDS se deixe acantonar, feliz e contente, no seu nicho dos 5/6%. Este desabafo vem, note-se, de quem não consegue sequer convencer 200 militantes do seu próprio partido. Adiante.
Mais interessante, posto que muito mais grave, é porém a concessão pragmática que o PPM parece autorizar. Para ele, muito mais importante do que a mensagem será o mercado. Ou os seus nichos. Não interessa a essência do produto. O que releva é a aceitação que o mercado faz dele. Ora, este é o juízo, simples, de quem se afadiga a vender detergentes. E a tese do PPM, se alguma, não é diferente desta.
Quem está habituado a pensar pela sua própria cabeça e a defender ideias que são suas centrará os seus esforços na tentativa de convencer os outros da bondade intrínseca daquilo em que acredita (e há entre os liberais quem o faça - o Adolfo, por exemplo). Não admitirá jamais a hipótese de defender coisa diferente daquilo que advoga para se acomodar ao último estudo de mercado.
Sugiro, portanto, que o PPM seja coerente consigo próprio. Como a proposta da Ala Liberal não foi bem recebida pelo mercado relevante, procure lançar outra petição, eventualmente com o mesmo nome, oferecendo aos signatários uma colectânea dos seus próprios textos. E, para não correr riscos desnecessários, que junte ao pacote uma cerveja fresquinha e um pratinho de alcagoitas. O calor do verão está a chegar.
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