quarta-feira, março 19, 2008

Religião e Ciência, Princípio, Meio e Fim

Há poucos meses houve uma conferência na Gulbenkian sobre o futuro da ciência em que alguns dos intervenientes se interrogaram sobre o que haveria ainda para o Homem conhecer. A ideia era que os avanços dos últimos anos teriam permitido dar a conhecer uma parte substancial do sector do ser humano menos compreendido, o cérebro, e do espaço que nos rodeia no cosmos. Por isso, terminadas essas tarefas haveria pouco mais para conhecer.

Pensar nisto do ponto de vista de um ateu positivista deve ser preocupante. Se não há mais para conhecer, se a ciência está a chegar ao seu limite, o que faz o Homem agora? A questão é interessante porque permite contrapôr a perspectiva perante a vida e o conhecimento do ateu positivista, ou "crente" na ciência, e do crente na religião.

Se pensarmos um pouco vemos que o conhecimento que nos é dado pela religião é mais amplo do que o permitido pela ciência, pelo menos em dois aspectos que, curiosamente, correspondem exactamente aos extremos do nosso percurso terrestre, aquilo a que se convencionou chamar vida.

No início está a origem. O "crente" agarra-se a uma teoria do "big bang" que não tenta sequer explicar de onde é que o próprio surgiu, o que é que havia antes desse suposto "big bang". O crente, por seu lado, afirma que existe Deus, o Criador.

No fim está a morte. O conhecimento procurado pelo "crente" termina nessa altura, quando as ossadas se desfazem em pó. O crente crê que existe algo após a morte que não sabe o que é mas que liga à sua origem, a Deus.

O "crente" rejeita a religião pelo que o seu conhecimento do Meio, que é muito, fica limitado entre o Princípio e o Fim. O crente aceita a ciência pelo que o seu conhecimento é ainda maior do que o do "crente", pois inclui Princípio, Meio e Fim.

Felizmente para o "crente", as conclusões na Gulbenkian foram que ainda havia muito para descobrir entre o Princípio e o Fim.
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