quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Práticas antigas que se perpetuam

Monsenhor:
"...Há alguns trabalhos nos últimos anos que não acabaram e que não acabarão nunca, e tudo isso, Monsenhor, porque a confusão que causam as frequentes baixas de preços que surgem nas suas obras, só servem para atrair como empreiteiros os miseráveis, malandros ou ignorantes e afugentar aqueles que são capazes de conduzir uma empresa. Digo mais, deste modo eles só atrasam e encarecem as obras consideravelmente porque essas baixas de preços e economias tão procuradas são imaginárias, dado que um empreiteiro que perde, faz o mesmo que um náufrago que se afoga, agarra-se a tudo o que pode; e agarrar-se a tudo, no ofício de empreiteiro, é não pagar aos fornecedores, pagar baixos salários, ter os piores operários, enganar tudo e todos e pedir misericórdia por tudo e par nada.
"...é o suficiente, Monsenhor, para lhe fazer ver a imperfeição dessa conduta: abandone-a; e em nome de Deus, restabeleça a boa fá; adjudique as obras a um empreiteiro que cumpra o seu dever. Será sempre a solução mais barata que podereis encontrar.
Carta de Vauban (1633-1707), Engenheiro Militar, Mariscal de França, dirigida a Losvois (1641-1691), Ministro da Guerra de Luíz XIV.
Nota: Desconheço se tratamento do Marechal ao Ministro está bem traduzido. De facto, monseigneur é monsenhor e monsieur traduz-se por senhor. Suponho que o tradutor se tenha enganado. O tratamento de Monsenhor deve ser reservado aos clérigos. Obrigado, João Vacas. Obrigado, Jorge. Desculpem, leitores.
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