Epifania
Comemora-se hoje a Epifania. Dois milénios depois de Emanuel devemos olhar para trás e ver o que mudou. A resposta imediata é que mudou muito ou mudou quase tudo. Mas não sei se será bem assim. A felicidade, seja de uma forma mais ou menos assumida, continua a ser o fim último do Homem. Os valores do mundo clássico pré-Cristão ou Cristão continuam actuais. A paz, a liberdade, a democracia, a igualdade ou o bem estar, continuam a ser as últimas etapas antes de se atingir aquele fim. Todos eram “festejados” na Atenas de então onde assentavam numa legitimidade divina e se viviam num espírito comunitário. Coexistiam com outras características menores mas inatas do comportamento humano como a inveja, a ambição pelo poder ou o egoísmo. Mas eram aquelas e não estas que eram enaltecidas. Todas saíram “reforçadas” com a vinda de Cristo e a divulgação da Palavra de Deus na Nova Aliança.
Estes valores mantêm-se actuais. A liberdade não é hoje mais do que foi e é o livre arbítrio Cristão, como bem mostrou John Gray, um pensador ateu. A democracia, que na Grécia antiga era parcial, alastrou-se a outros povos e, em simultâneo, a igualdade de todos perante Deus foi “reciclada” na igualdade aos olhos da lei. A paz está, esteve e estará sempre presente nos ensinamentos de Cristo. E o bem estar ainda hoje resulta mais da forma como vivemos o nosso dia-a-dia do que do nível económico-social relativo que atingimos. Ou seja, o “iluminismo”, na sua fase inicial e teórica, não foi mais do que um “remake” das luzes que Deus nos enviou na Antiguidade e através de Cristo, e que ainda hoje nos continua a enviar.
O que mudou então? Perdeu-se a legitimidade que era conferida pelos deuses e por Deus. A presença de um Ente superior ao Homem ajudava a que, pelo menos na palavra e na escrita, aqueles fins e aqueles meios fossem sempre apontados como caminhos a seguir. Mas a existência do tal Ente superior foi sendo progressivamente negada e os caminhos a seguir foram progressivamente “entregues” a um pequeno conjunto de utopias sob o jugo do racionalismo positivista ou científico. A hierarquia da Igreja contribuiu para que isto acontecesse ao longo dos últimos dois mil anos pelos erros que cometeu quando deteve o poder temporal. Mas foi a presença de Deus no espaço público quem mais sofreu com este “avanço” da Ciência.
Mudou também o comportamento dos homens. Antigamente a ênfase da preocupação humana não era só colocada nos fins mas também nos meios utilizados para os atingir. A honra, a educação, a sinceridade ou o respeito eram valorizados na procura da felicidade e eram tão importantes como este ambicionado objectivo. Aliás a felicidade nunca poderia ser atingida sem que estes “preceitos” fossem seguidos. Hoje olhamos apenas para os fins sem ligar aos meios pois como somos e o que fazemos apenas a nós nos diz respeito. O liberalismo trazido pelas “luzes” degenerou no relativismo dos valores e dos comportamentos, dando lugar a um excessivo individualismo, onde a dimensão comunitária se desvanece com a “ausência” de Deus do espaço público, e ao predomínio da utopia racionalista e da necessidade de uma mudança contínua e cada vez mais acelerada.
Esta ênfase nos fins sem considerar os meios contribuiu para que em duzentos anos tenhamos progredido mais em termos materiais do que nos anteriores dois milénios. Mas também significa que regredimos em termos espirituais. Nos Estados Unidos, o primeiro país laico, a presença de Deus continua a ser uma constante, para desagrado dos que a ela se opõem e para escárnio dos que na Europa satisfazem o seu complexo de superioridade com a ridicularização daquele país. Na Europa Deus desaparece da vida pública, como o demonstrou a inaceitável polémica sobre a inclusão de qualquer referência religiosa no preâmbulo da Constituição Europeia. A herança Judaico-Cristã, que com a Greco-Romana constituem o cerne da cultura ocidental, como referiu o pensamento de Edgar Morin, foi intencionalmente apagada. Mas nos EUA Ele teima em manter-se presente, coexistindo com a Ciência, e em apresentar-se como um sinal público de esperança. Será que estamos, do outro lado do Atlântico, perante o anunciar de uma outra Epifania?
Estes valores mantêm-se actuais. A liberdade não é hoje mais do que foi e é o livre arbítrio Cristão, como bem mostrou John Gray, um pensador ateu. A democracia, que na Grécia antiga era parcial, alastrou-se a outros povos e, em simultâneo, a igualdade de todos perante Deus foi “reciclada” na igualdade aos olhos da lei. A paz está, esteve e estará sempre presente nos ensinamentos de Cristo. E o bem estar ainda hoje resulta mais da forma como vivemos o nosso dia-a-dia do que do nível económico-social relativo que atingimos. Ou seja, o “iluminismo”, na sua fase inicial e teórica, não foi mais do que um “remake” das luzes que Deus nos enviou na Antiguidade e através de Cristo, e que ainda hoje nos continua a enviar.
O que mudou então? Perdeu-se a legitimidade que era conferida pelos deuses e por Deus. A presença de um Ente superior ao Homem ajudava a que, pelo menos na palavra e na escrita, aqueles fins e aqueles meios fossem sempre apontados como caminhos a seguir. Mas a existência do tal Ente superior foi sendo progressivamente negada e os caminhos a seguir foram progressivamente “entregues” a um pequeno conjunto de utopias sob o jugo do racionalismo positivista ou científico. A hierarquia da Igreja contribuiu para que isto acontecesse ao longo dos últimos dois mil anos pelos erros que cometeu quando deteve o poder temporal. Mas foi a presença de Deus no espaço público quem mais sofreu com este “avanço” da Ciência.
Mudou também o comportamento dos homens. Antigamente a ênfase da preocupação humana não era só colocada nos fins mas também nos meios utilizados para os atingir. A honra, a educação, a sinceridade ou o respeito eram valorizados na procura da felicidade e eram tão importantes como este ambicionado objectivo. Aliás a felicidade nunca poderia ser atingida sem que estes “preceitos” fossem seguidos. Hoje olhamos apenas para os fins sem ligar aos meios pois como somos e o que fazemos apenas a nós nos diz respeito. O liberalismo trazido pelas “luzes” degenerou no relativismo dos valores e dos comportamentos, dando lugar a um excessivo individualismo, onde a dimensão comunitária se desvanece com a “ausência” de Deus do espaço público, e ao predomínio da utopia racionalista e da necessidade de uma mudança contínua e cada vez mais acelerada.
Esta ênfase nos fins sem considerar os meios contribuiu para que em duzentos anos tenhamos progredido mais em termos materiais do que nos anteriores dois milénios. Mas também significa que regredimos em termos espirituais. Nos Estados Unidos, o primeiro país laico, a presença de Deus continua a ser uma constante, para desagrado dos que a ela se opõem e para escárnio dos que na Europa satisfazem o seu complexo de superioridade com a ridicularização daquele país. Na Europa Deus desaparece da vida pública, como o demonstrou a inaceitável polémica sobre a inclusão de qualquer referência religiosa no preâmbulo da Constituição Europeia. A herança Judaico-Cristã, que com a Greco-Romana constituem o cerne da cultura ocidental, como referiu o pensamento de Edgar Morin, foi intencionalmente apagada. Mas nos EUA Ele teima em manter-se presente, coexistindo com a Ciência, e em apresentar-se como um sinal público de esperança. Será que estamos, do outro lado do Atlântico, perante o anunciar de uma outra Epifania?
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