Alhos e bogalhos - III
Ratzinger, no bom juízo de Rui Tavares, condena o relativismo. Como então explicar, pergunta ele, que o Santo Padre ouse socorrer-se das palavras de Feyerabend, um dos expoentes do relativismo do séc. XX? Para Rui Tavares parece ser normal semear rótulos em todos os seres pensantes e, sendo o distintivo de um deles pouco consentâneo com a minha própria etiqueta, estarei impedido de o citar. Este hábito, que afecta sobretudo as mentes arejadas do pós-modernismo, as mais das vezes é involuntário. A pretensa valorização do indivíduo e da sua irreprimível liberdade, agrilhoada pelo que entendem ser o obscurantismo moralista da Igreja, esbarra no maniqueísmo com que comodamente resolvem os seus dilemas. Há o nós e o eles. Parece que é assim que pensa Rui Tavares e ele próprio deixa demonstrado que não é assim que pensa o Papa. Para o Santo Padre é possível zurzir o relativismo e citar um relativista. Para Rui Tavares isso é irónico.
Eu já experimentei na pele este tipo de arrumação mental, aquando da campanha para o referendo do aborto, a propósito do Blogue do Não. A deputada Helena Pinto, num dos seus rasgos de maior inteligência, convocou jornalistas e salivou barbaridades várias, todas de uma imbecilidade confrangedora, acusando o nosso blogue de ser uma correia de transmissão de ideias fascistas. Tudo porque no dito blogue, o André Azevedo Alves citara uma afirmação, absolutamente inócua, de uma pessoa que a senhora considerava ser um perigosíssimo fascista. Lá está a mesma lógica. Se aquele tipo é fascista (e desconfio de que devem ser muito generosos os critérios da deputada, a avaliar pelo resto) eu não posso concordar com nada do que ele diz. Pois. Está certo.
2 Comments:
Só não se percebe é que perca tempo, sempre precioso, de gente que manifestamente não presta.
Opções?
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Repito, por incompleto.
Só não se percebe é que perca tempo, sempre precioso, a referir gente que manifestamente não presta.
Opções?
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