Qual é o paradigma?
Meu caro Rui, temo que não tenhas percebido o que quis o Daniel dizer com este maldito post. Segundo me parece, o que o Daniel quer dizer é isto (ele dirá se sou eu que não percebi): "vós que criticais a legitimidade democrática de Chavez estais mais próximos das cúpulas cubanas do que imaginais ou pensaríeis recomendável". E, em certa medida, ele (Daniel) tem razão. Cuba não grama o Aznar e diz que não basta ele ter ido a votos para ser legítimo. E a malta não tolera o Chavez, ainda que os venezuelanos tenham botado o votinho na urna. Mas isto, meu caro Rui, não me apoquenta. Na verdade, só um ruminante acha que a assepcia de uma urna é fonte única (no sentido de não poder haver outra) e bastante (no sentido de não ser preciso mais nada) de legitimidade. Esses ruminantes, se insistirem em pensar assim, encontrarão legitimidade nos piores bandidos da História e negá-la-ão a verdadeiros pilares da civilização que temos. É evidente, para mim, que a legitimidade democrática é uma variável da equação, mas não a única. Há uma dimensão intrínseca e um juízo essencial que não se esconde por detrás de uma legitimidade democrática. Que é, convenhamos, apenas formal (sem que isso seja irrelevante, entendamo-nos). Por isso, entendo eu, a Rainha da Dinamarca ou o Presidente da República Italiana têm uma qualificação que não têm o Rei da Arábia Saudita ou o Presidente da República Cubana. Não é uma questão de regimes nem de votos. É de paradigma. E o meu não é o regime de Havana. Como o paradigma de Cuba não é o espanhol. Nada de novo, portanto.
2 Comments:
Percebeu muitíssimo bem, Nuno Ponte. Assina
Um ruminante
Registo e agradeço a confissão, Daniel Sobreiro.
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