
A política está a ficar menos transparente
A política em democracia deve ser, antes de mais, uma actividade transparente. Em Portugal não é. O que vem dar credibilidade aos que não querem um regime democrático e dá azo ao renascimento de “grupelhos” de extrema-esquerda e extrema-direita. Impõe-se, por isso, uma nova democracia.
A política em democracia deve ser obrigatoriamente uma actividade transparente. Os seus participantes devem assumir abertamente o que pretendem, que ideias defendem e como farão para as implementar. Fazendo uma analogia com o mercado só a existência de transparência permite que todos os que tomam decisões políticas, incluindo os eleitores, tenham acesso a mais informação. E só com o acesso a mais informação é possível o funcionamento mais eficiente da actividade política e, consequentemente, que sejam tomadas as melhores decisões para Portugal.
Acontece que em Portugal se sucedem os episódios de combinações pela “porta do cavalo” envolvendo primeiro-ministro, oposição, confederações patronais e sindicatos. No fim-de-semana passado soubemos que a Confederação do Comércio Português andou a combinar greves ao telefone com Carvalho da Silva. Para os jornais, no entanto, a CCP aparece habitualmente ao lado dos patrões a culpar os sindicatos pela falta de competitividade das empresas portuguesas.
Na discussão do Orçamento de Estado percebemos que o Governo se meteu numa grossa embrulhada com as Estradas de Portugal. Procura retirar despesa do orçamento, repetindo o erro que criticou em anteriores governos, mas refere publicamente que nada de estranho se passa, apenas uma mera mudança na personalidade jurídica daquela empresa.
No mês de Outubro assistimos à vergonha que foi, e ainda é, a tentativa dos diversos governos da UE de enganarem os povos europeus dizendo que o Tratado Reformador não deve ser referendado porque já não é constitucional. Isto apesar do conteúdo se manter quase inalterado.
Há alguns meses assistimos ainda, estupefactos, ao presidente da CIP a anunciar um suposto estudo independente sobre a hipótese do futuro aeroporto de Lisboa ser instalado em Alcochete que, soubemos depois, foi discutido previamente com o Primeiro-Ministro no “refúgio” de S. Bento.
Como estes há muitos outros exemplos da política de “vão de escada” que se pratica nos gabinetes e que funciona “às escondidas” dos portugueses. Uma nova democracia exige uma atitude diferente perante os eleitores: Responsável, verdadeira e decente.
Publicado em http://www.demoliberal.com.pt/
A política em democracia deve ser obrigatoriamente uma actividade transparente. Os seus participantes devem assumir abertamente o que pretendem, que ideias defendem e como farão para as implementar. Fazendo uma analogia com o mercado só a existência de transparência permite que todos os que tomam decisões políticas, incluindo os eleitores, tenham acesso a mais informação. E só com o acesso a mais informação é possível o funcionamento mais eficiente da actividade política e, consequentemente, que sejam tomadas as melhores decisões para Portugal.
Acontece que em Portugal se sucedem os episódios de combinações pela “porta do cavalo” envolvendo primeiro-ministro, oposição, confederações patronais e sindicatos. No fim-de-semana passado soubemos que a Confederação do Comércio Português andou a combinar greves ao telefone com Carvalho da Silva. Para os jornais, no entanto, a CCP aparece habitualmente ao lado dos patrões a culpar os sindicatos pela falta de competitividade das empresas portuguesas.
Na discussão do Orçamento de Estado percebemos que o Governo se meteu numa grossa embrulhada com as Estradas de Portugal. Procura retirar despesa do orçamento, repetindo o erro que criticou em anteriores governos, mas refere publicamente que nada de estranho se passa, apenas uma mera mudança na personalidade jurídica daquela empresa.
No mês de Outubro assistimos à vergonha que foi, e ainda é, a tentativa dos diversos governos da UE de enganarem os povos europeus dizendo que o Tratado Reformador não deve ser referendado porque já não é constitucional. Isto apesar do conteúdo se manter quase inalterado.
Há alguns meses assistimos ainda, estupefactos, ao presidente da CIP a anunciar um suposto estudo independente sobre a hipótese do futuro aeroporto de Lisboa ser instalado em Alcochete que, soubemos depois, foi discutido previamente com o Primeiro-Ministro no “refúgio” de S. Bento.
Como estes há muitos outros exemplos da política de “vão de escada” que se pratica nos gabinetes e que funciona “às escondidas” dos portugueses. Uma nova democracia exige uma atitude diferente perante os eleitores: Responsável, verdadeira e decente.
Publicado em http://www.demoliberal.com.pt/
7 Comments:
A análise do Ricardo bate em cheio na mouche.
O problema, no entanto, é que os tais grupos de extrema esquerda e de extrema direita são os que acabam por ter essa transparência ideológica que falta nos partidos do centrão.
Porque é que isso acontece? Porque esses partidos não têm muito a perder e podem dar-se ao luxo de ser verdadeiros naquilo que defendem. Os partidos do centro, por terem eleitorados muito mais amplos, não podem dizer verdades porque as verdades que agradam a uma parte do seu eleitorado desagradam a uma outra parte e, de cada vez que se pronunciam abertamente, perdem os eleitores que não estão de acordo. Não podem falar contra o aborto porque perdem os defensores da escolha, não podem falar a favor, porque perdem os defensores da vida, não podem ser a favor da função pública porque perdem os privados, não podem ser contra porque perdem os funcionários públicos e assim por diante.
De quando em vez, lá surge um Churchill, um Kennedy, um Willy Brandt ou um Mário Soares que não tem medo de dizer o que pensa, mesmo sabendo que isso lhes custará a eleição e atrairá ódios. Mas, de resto, os políticos do centrão são como as telenovelas de prime time: têm de agradar a todos os públicos e acabam por ser estéreis e insípidas.
É, de facto, um problema grave com que as forças democráticas moderadas têm de se confrontar.
Mário Soares? Qual? O mentiroso e ladrão?
E já agora: depois do golpe corporativo de 25 de Abril de 1974, aproveitado pelos comunistas e socialistas, alguma vez houve democracia em Portugal?
Nova democracia, sem dúvida. Nova Democracia é que não, valha-nos Deus.
Isto de trabalhar com letras tem muito que se lhe diga.
Caro Zé Luís,
Eu não misturava o Churchill com os restantes. Parece-me um pouco, para não dizer bastante, forçado.
Mas em relação ao cerne da questão, o facto dos partidos do centro terem muito a perder não justifica a desonestidade intelectual que actualmente é hábito em Portugal. Quem perde é a democracia e o país.
Por muito que custe a quem deles não gosta, os políticos que eu citei tiveram todos de fazer uma escolha entre o que era popular e lhes granjearia votos e o que era realmente importante na altura. Todos optaram pela segunda e todos pagaram um preço por isso. Churchill perdeu as eleições depois de ter ganho a guerra mas Mário Soares também tomou decisões muito difíceis com uma arma encostada à cabeça. O facto de hoje levantar tantos anticorpos como os que aqui se manifestam é prova de que não foi pelo que era fácil e consensual.
Indo, então, ao cerne da questão, os meus comentários foram precisamente no sentido de que o facto de terem muito a perder não justificar que tomem a decisão mais segura e fácil. É esse o ponto que distingue os bons dos maus líderes: a capacidade de tomar a decisão difícil e impopular. Quando, no Século XXII se escrever a história do Século XX, só dois nomes aparecerão em destaque: Salazar e Mário Soares. E desses, só um deles se submeteu a votos. Isso para dizer que a decisão difícil e impopular exige coragem e, a curto prazo, paga-se caro por ela. Mas, a longo prazo, o reconhecimento da História nunca falta a quem a toma.
Caro ZL,
Willy Brandt? Quem é?
Kennedy? Aquele que foi eleitos por votos comprados no estado de Illinois e com o apoio da máfia? O da Baía dos Porcos? Reconheço que aprovou uma lei corajosa contra a discriminação racial. Mas isso não faz dele um Churchill.
Mario Soares? pela descolonização? Qual foi a arma que lhe enconstaram à cabeça? Foi na Marinha Grande? Há poucos dias escrevi um texto em que perguntava porque é que Soares tinha concordado em entregar os estados africanos a ditaduras. Ele até hoje nunca respondeu. E porque é que aceitou fazer parte de Governos a seguir ao 25 de Abril e não mexeu um dedo para libertar as centenas de presos sem culpa formada que foram encarcerados pelos arautos da "liberdade" e da "democracia"?
Qual desses três "meninos" é que esteve 60 anos no parlamento, sempre eleito, teve todas as pastas mais importantes,teve a coragem de denunciar a ameaça nazi enquanto os "pacifistas" enfiavam a cabeça na areia, ganhou o prémio nobel da literatura, esteve preso e andou fugido dos Boeres, escreveu artigos de jornal para pagar a conta do hospital após ter sido atropelado em Nova York, fumava charutos e bebia que se fartava?
Tss, tss .. meninos...
Enviar um comentário
<< Home