O Mistério das Baleias Suicidas
O país que inventou a palavra «greve» paralisou. Mais uma vez. E tal como ninguém sabe por que razão grupos de baleias decidem por vezes encalhar na praia até morrer, um país de primeira linha resolve responder à lógica cruel da globalização baixando os braços e reivindicando a inversão urgente do sentido de rotação do planeta. ---
Responde-se então às tentativas de reforma do país, empreendidas por um presidente eleito por sufrágio directo e universal, e que conquistou o lugar por larga margem, com acções decididas por pequenos grupos de não-eleitos por aqueles cujas vidas vão afectar. O plenário decide (enfim, como se o plenário decidisse alguma coisa que não o que os aparatchiks lhe põem à frente), não sobre a vida empresa, mas sobre a vida de todos nós, se se der o caso de a empresa ser, por exemplo, de transportes. Não se arrisca nada, a não ser a perda do salário do dia, porque só faz greve quem tem os seus lugares bem seguros por contratos colectivos. E à noite os grevistas assistem orgulhosos na televisão, qual incendiários contemplando o seu fogo posto, a um país a arder em fogo lento, enquanto outros mais dinâmicos lhes roubam os empregos.
Entendamo-nos: sou absolutamente a favor da greve, e tenho a certeza de que não teríamos o nível de justiça social de que desfrutamos nas sociedades ocidentais se não tivéssemos lutado por ele. Mas tudo na vida nasce, cresce e morre. E os sindicatos estão gordos e agarrados ao poder. Já não lutam pelo poder de mudar o que está mal, mas pelo poder tout court. Vão afundar-se no mar agitado da globalização, que já não é mare nostrum. O pior é que vão levar-nos ao fundo consigo.
13 Comments:
Os sindicatos em geral? Os franceses?
Um país de terceira num continente de segunda...
''qual incendiários''?! Está mal, Jorge, está muito mal, pá.
Caro Luís:
O que é que achas?
Caro J.Pereira:
Da maneira como isto vai, antes que o dia chegue ao fim, poderemos ter um país de quarta nom continente de terceira...
Caro A.J.Pachorra:
Todíssima a razão. Entre muitos outros defeitos, a minha impaciência não abona a favor de revisões cuidadas. Qual «qual incendiários»... «Quais» incendiários, claro. Haja pachorra dos respeitáveis leitores. Tobrigados.
Jorge, o seu post surpreendeu-me... acho que pela veemência. Eu pelo menos admiro-lhes o facto de sairem para a rua e lutarem, enquanto nós, os portugueses, engolimos tudo o que nos impingem e a última vez que fomos para a rua por alguma causa foi, salvo erro, pelos timorenses, há já uns anos largos.
Numa leitura mais superficial, só me surge este comentário: não me cabe na cabeça que os cidadãos-eleitores francesas tenham votado largamente em Sarkozy há menos de 6 meses (em princípo, por concordarem com as suas propostas) e agora vão para a rua contra a implementação das políticas pelo presidente que elegeram....
Olá Marta...
Depende da razão que nos leva a sair para a rua a lutar, não é? Eu andei no cordão humano por Timor,uma causa que, como se viu, valia a pena. Mas não tenho feitio para reivindicar direitos conquistados em tempo de vacas gordas, que a dura realidade da economia actual impossibilita. E sim, tenho um parti-pris contra os sindicatos que temos.
Também subscrevo o que o Orlando Nascimento disse a seguir a si. Não gosto de confusões no que toca a legitimidade democrática, e eleito é eleito...
Já agora, Marta:
Subscrevo o que diz relativamente a engolirmos tudo o que nos impingem. Mas sinto isso mais relativamente a causas de cidadania em geral, e não em relação a reivindicações salariais e reacções corporativistas contra reformas necessárias.
Caríssimo:
1. Eleito é eleito e acabou, estamos de acordo. Agora:
a) Havia a informação de que este tipo de medidas ia ser implementado?
b) Havendo-a, votarão os eleitores em consciência, sabendo o que os espera?
2. Sindicatos gordos e anafados, sim, estamos de acordo. Mas não é compreensível que se lute por direitos adquiridos, não porque sejam legítimos mas, simplesmente, porque são adquiridos? Tudo aquilo que me derem, se for bom, ficarei muito chateada de perder, tivesse ou não um direito legítimo ou justo à benesse...
Como deve calcular, não sou exactamente apologista de que se mantenham os tais direitos conquistados em tempo de vacas gordas, até porque, como recibo verde praticante (embora não crente), nunca os tive e vejo bem a diferença entre o meu esforço e o dos "outros". Mas compreendo que lutem para não perderem o que têm - dará muito mais trabalho conquistar tudo isso pelo esforço e pelo mérito.
Por outro lado, o nosso governo foi há um ano e tal alegremente ao bolso do r. verde, aumentando o montante obrigatório a pagar à Segurança Social de uma forma considerável - 50%. Se houvesse manifestações, eu teria ido e teria protestado, mas não houve. Sei que a "classe" é muito heterogénea, mas havia motivos fortes para protestar. Por estas e por outras é que digo que engolimos o que nos impingem, embora o meu exemplo possa ser discutível.
Cara Marta:
As nossas posições não são assim tão diferentes. Se quiser, o meu problema é que tudo, tudo, tudo, é decidido por, e em favor de, grupos com capacidade de produção de ruído (o exemplo contrário ao dos emissores de recibos verdes, nos quais me incluo). Os eleitores só expressam a sua vontade de 4 em 4 anos, e ainda assim de forma difusa, e deformada, por serem obrigados a escolher entre desonestos incompetentes e incompetentes desonestos. Por isso o poder é da rua. De quem acorrenta os portões das escolas, ou paralisa o trânsito.
Boa noite, meu nome é Cristiane, e este fenômeno está acontecendo em todo o mundo por uma razão.Quer voces queiram ou nao acreditar, isso se deve à experiências como o projeto H.A.A.R.P. Podem comprovar pela internet. Grandes massas de radiação eletromagnetica (microondas) estão afetando os cetáceos e também os pássaros, e eles esão preferindo se matar. E isso é a ponta do iceberg, gente. Por favor se informem, e passem esta informação ao maior numero de pessoas possíveis. Obrigada pela atenção, façam sua parte divulgando.Desculpem mas prefiro nao identificar meu email, obrigada.
Enviar um comentário
<< Home