terça-feira, outubro 23, 2007

Referendo ao tratado 4

Aqui, apesar de tudo, não posso concordar com a última parte do que o Nuno escreve.
Há uma diferença entre um eleitorado não ter preparação técnica para tomar decisões directas sobre temas altamente complexos como este tratado e não terem discernimento para escolherem os políticos que irão governá-los e tomar essas decisões por eles.
Como alguém dizia, é possível enganar pouca gente durante muito tempo ou muita gente durante pouco tempo. Não é possível é enganar toda a gente durante todo o tempo. Há erros notáveis cometidos pelo eleitorado (Santana Lopes em Lisboa, George Bush nos EUA) mas, em regra, o eleitorado acaba por se aperceber desses erros (é certo que às vezes demora tempo) e, quando se tornam insustentáveis, a escolha muda. As decisões decididas directamente em referendo são mais difíceis de mudar. Por isso, acho que a democracia representativa é uma importante válvula de escape contra escolhas erradas, ainda que o preço seja às vezes aturar uma escolha errada durante 4 anos. Por contraste a democracia directa é demasiado volúvel e manipulável, enquanto que a autocracia não tem válvula de escape para as decisões erradas.
Por isso, não penso que o eleitorado seja estúpido. Pode ser mal preparado e pontualmente manipulável. Mas, a longo prazo, revela uma sensatez notável.
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