quinta-feira, outubro 25, 2007

Ouvir os outros

Absolutamente obrigatório ouvir o Bastonário da Ordem dos Médicos aqui.

3 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Nunca ouvi um tamanho rol de disparates, de demagogias e de meias verdades.
A Ordem quer ter o Sol na Eira e chuva no nabal. Reclama para si uma função institucional como único garante da certificação dos médicos para exercerem a profissão em Portugal. Mas já não aceita que essa função seja feita sob a égide do estado que somos todos nós e que é a única fonte de legitimidade para o exercício do poder em Portugal.
Um código deontológico é muito mais do que o código moral de um grupo de pessoas. É um conjunto de regras que o estado (ou seja, todos nós como sociedade) define como as regras pelas quais a profissão deve ser desempenhada. Não nos esqueçamos que um médico pode ser suspenso da ordem e, consequentemente, legalmente proibido de exercer a profissão, se for demonstrada uma violação grave do código deontológico. Ou seja, o código deontológico, munido desse poder que lhe é conferido pelo estado (todos nós) tem poder para decidir quem é que pode exercer medicina e em que moldes.
Levado ao extremo, um médico que cometa um acto legal (não interessa qual) mas que viole o código deontológico, pode ser punido e impedido de exercer, apesar de se ter limitado a cumprir a lei.
Se a ordem quer ver o código deontológico como um código moral pelo qual a profissão médica se rege, então não tem mais do que formar uma associação de médicos de cariz privado e de adesão voluntária que publique um código moral de conduta da profissão. Aí, terão toda a liberdade de delinear a conduta ética que quiserem e fico feliz que o façam.
Pessoalmente, até ficaria feliz se todos os médicos portugueses se recusassem a praticar o aborto em Portugal. É um direito constitucional que lhes assiste (direito à objecção de consciência) e que eu próprio já exerci noutras circunstâncias.
Agora, pretender que um código emanado de uma corporação reja uma instituição que exerce funções de estado em Portugal é um precedente muito mau que nos remete a tempos obscuros do corporativismo.
Por fim, não é verdade, como quer dar a entender a Ordem, que a revisão do código deontológico para se conformar com a lei, vá obrigar todos os médicos a praticar o aborto. É uma mentira deliberada para deturpar a questão. A revisão do código fará apenas com que um médico que pratique um acto que (infelizmente) é legal não possa ser punido em sede de julgamento deontológico.

10/25/2007 9:40 da tarde  
Blogger Ana Matos Pires said...

Obrigada, José Luís Malaquias.

10/26/2007 1:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

lamentável dar-se realce a declarações de alguém que não tem a mínima noção do que fala e que, a ver pelo que diz, é um tremendo ignorante. era aconselhável que alguém relembrasse o senhor algumas noções básicas de filosofia, ao alcance de qualquer aluno de 10º ano, para ele distinguir, entre outras coisas, ética, deontologia e moral.

10/28/2007 10:50 da manhã  

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