sábado, setembro 22, 2007

Perplexidades médicas!


Compreendo que os recursos sejam escassos e as necessidades, fruto de uma população que se confronta agora – e felizmente – com o aumento da esperança de vida, crescentes. Sei que a relação inversamente proporcional de ligação entre os dois anunciados vectores determina a urgência de uma racionalização dos meios disponíveis. E que racionalidades há muitas, segundo os figurinos da época e a pressuposição de sentido de que se parta, também não ignoro. Pelo que, ainda que sindicáveis pela intelecção do justo e criticáveis pelos cidadãos de pleno direito – todos nós –, as opções do Senhor Ministro da Saúde poderiam ser justificáveis, mesmo que de duvidosa eficácia.
Há, porém, um mínimo que se há-de ver cumprido, sob pena de se ultrapassar o limbo do aceitável e se encaminhar o sistema que deveria ser colocado ao serviço do doente, até porque por ele suportado, para a instrumentalização própria de quem se orienta por uma agenda oculta.
Pois que, desde o dia que tomou posse, Correia de Campos não considerou problemático que portugueses tivessem de ir nascer na vizinha Espanha, ignorou que, em determinados momentos, talvez fosse razoável para a pessoa que sofre, por exemplo, de um ataque cardíaco não ter de percorrer não sei quantos quilómetros para ter acesso aos primeiros socorros, achou que viagens a Cuba para suprir a falta de uma consulta por que se espera há cinco anos é um sintoma de vitalidade da sociedade civil e do poder autárquico.
Problemático, problemático, segundo o Senhor Ministro teve oportunidade de confessar, era mesmo o número diminuto de abortos realizados nos hospitais públicos. Problemático, problemático é agora o facto de um doente – quantas vezes em estado terminal – poder receber o conforto espiritual de um sacerdote.
Empenhou-se afincadamente na resolução do primeiro. Tão afincadamente que, à época, garantiu que seria assegurado um sistema de aconselhamento da mulher grávida que, passado uma semana, se tornou, afinal, residual.
Pretende agora fazer face ao segundo. Visitas de padres só com horário marcado, quando solicitadas por escrito pelo doente. Não sei se isto é amor pela burocracia ou ódio visceral à Igreja, mas mais perfunctoriamente revela novamente o profundo desrespeito por aqueles que deviam estar no centro das suas preocupações.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mas tudo isto, que não é pouco, é alguma novidade?


...

9/23/2007 7:01 da manhã  
Blogger Mafalda said...

Caro anónimo,

a novidade prende-se com mais uma medida jacobina do senhor ministro, segundo notícia da edição do Sol de ontem.

Cumprimentos.

9/23/2007 2:08 da tarde  
Blogger José Luís Malaquias said...

Acho que os meus amigos não viram, aqui há uns anos, O Bem Amado. O presidente da câmara tinha construído um cemitério novinho em folha e não havia meio de ninguém morrer para o inaugurar.
Agora, eles têm uma lei do aborto novinha em folha e as malandras das grávidas não há meio de irem lá abortar...

Quanto aos padrecas, querem-se bem longe, não vão eles tirar o mérito às curas milagoras que, entretanto, forem ocorrendo no SNS.

9/23/2007 4:37 da tarde  
Blogger Pedro Fontela said...

Lamento dizer-vos que um hospital não é um púlpito... quem quer publicidade paga-a e coloca-a nos locais apropriados.

9/24/2007 2:08 da tarde  

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