quarta-feira, setembro 12, 2007

Não é fácil

Há uma coisa que me tem feito particular confusão no debate esotérico sobre a selecção de rugby que vem assolando a blogosfera. Por que razão a esquerda (e alguns liberais ultraindividualistas, reconheça-se) se incomoda tanto que os "lobos" cantem o hino de forma empolgada? Têm alguma coisa contra a alegria de quem joga pelo próprio país? Ou jogar pelo próprio país é, em si mesmo, uma coisa discriminatória e imprópria de uma sociedade mais justa, mais livre e mais fraterna, inclusiva e diversa, ecologicamente comprometida e energeticamente responsável?
Cantar o hino passou a ser uma manifestação ideológica? Atávica? Fascista? Inadmissível num país multiétnico e multicultural?
Qual é a forma de o cantar mais apropriada a um verdadeiro homem de esquerda? De sorriso trocista nos lábios e olhar desdenhoso? De punho fechado? Nos transportes públicos? De cara tapada? Com uma letra alternativa? No meio de um campo de milho? De "kuffiyeh" enrolado ao pescoço? Enquanto parte "esta merda toda" (Gualter dixit)?
Qual é o exacto grau de emoção que um homem de esquerda pode extravasar ao cantá-lo? Nenhum? Pouco? Poucochinho? Assim-assim? Qualquer coisinha?
Muda alguma coisa se for tocado por um djambé e cantado por uma banda rap da margem sul?
Tantas dúvidas. Não é fácil ser de esquerda. Dá uma trabalheira ser assim simples, aberto e descomplexado.
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