terça-feira, setembro 18, 2007

Exegese matemática

Tempos houve em que a fidelidade estrita a um princípio de autoridade impunha, como padrão de abordagem dos textos, um método exegético filológico-gramatical. Perdia-se a intencionalidade mais funda do enunciado linguístico, ainda que se não apartasse do horizonte do exegeta um contexto histórico-civilizacional de emergência do mesmo. Tido por empobrecedor, foi ele – embora não definitivamente – superado, contagiando-se o intérprete por outras racionalidades de pendor material.
Dita, ao arrepio disto, a pós-modernidade jacobina, posta em marcha, não raras vezes, para encobrir a vacuidade de quem se julga arauto da intelectualidade, a substituição da primitiva impostação metodológica pela exegese matematizante, própria de quem faz contas de merceeiro.
Elucidativo de quem lança mão do expediente, propunha a quem se lembrou de semelhante contabilização que prossiga com o exercício. Mas desta vez mais detidamente, para contar o número de vogais e consoantes que surgem no Texto Bíblico. O interesse é igual ao do cálculo já encetado, mas tem a vantagem de deixar o exegeta contabilístico ocupado por uns tempos. O que só pode ser motivo de júbilo.
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