quinta-feira, julho 19, 2007

Incompetência (3)

Pois é Rui, parece que afinal a nova lei do aborto não acaba com as idas a tribunal por parte das pobre mulheres que abortam. É mesmo lá que se vão resolver os casos das que abortarem em estabelecimento não autorizado, segundo rezam os entendidos na matéria.
Ah não, espera lá: não vai haver mulheres a abortarem em estabelecimento não autorizado! É que nesses vãos de escada continuam a ser as próprias mulheres a pagar o servicinho, e se forem às clínicas autorizadas não gastam um tostão.
Portanto, acaba-se com o aborto clandestino como? Financiando o aborto, passando-o de clandestino a legal.

Há também a questão da consulta prévia obrigatória, pretensamente com um efeito dissuasor. Talvez fosse interessante saber, daqui a uns tempos, quantas mulheres desistiram de abortar por efeito directo dessa consulta prévia a que são obrigadas a assistir. Tenho para mim que este número será bem reduzido o que significará, em termos gerais, uma manutenção (para não dizer aumento) do aborto em geral, quando o que todos (todos mesmo...?) queríamos era uma diminuição do aborto. Lá se vai a eficácia da lei. E o que resta? Uma redução do aborto clandestino, por via do financiamento público desta prática. O português nunca foi de pagar o que pode ter de borla.

1 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Penso que as abortadeiras clandestinas continuarão a ter o seu nicho de mercado nas mulheres "distraídas" que deixaram passar as 10 semanas. E, nesse caso, o que deveremos fazer? Processar a clínica? Ou processar a clínica e a mãe?

7/19/2007 12:31 da tarde  

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