Pôr a cabeça no cepo
As eleições inesperadas trazem sempre grandes reviravoltas no panorama político. O melhor exemplo disso, foram as legislativas precipitadas por António Guterres na famosa e empolgante noite do “pântano”.
Este tipo de eleições vêm normalmente, por um lado, estragar a agenda de muitos que há anos e anos construíam a sua “carreira” política com base em datas que funcionam em ciclos de 4 anos e, por outro, fazem ascender novos protagonistas que de outro modo nunca chegariam onde depois acabam por chegar.
José Sócrates é a prova acabada disto. Ninguém diria, há 4 ou 5 anos, nos tempos em que Sócrates e Santana discutiam alegremente em debates a dois na TV, que qualquer um deles viria a ser PM e, ainda mais, que Sócrates teria uma maioria absoluta.
Sócrates foi o grande beneficiado de duas situações inesperadas: o caso Casa Pia, que fragilizou Ferro Rodrigues (já de si um líder transitório), e o “abandono” de Durão Barroso a meio do mandato.
No próximo dia 15 de Julho teremos novamente eleições “inesperadas”. A grande questão é saber quem serão o beneficiados e os prejudicados desta situação. António Costa articula tudo de modo magistral. Pretende ganhar a Câmara de Lisboa e fazer boa figura não apenas nos próximos dois, mas também nos próximos seis anos. Com isto, demarca-se de Sócrates, do seu governo e das trapalhadas que indubitavelmente irão surgir mais tarde ou mais cedo. Quando acabar este seu período de seis anos vão faltar aproximadamente dois anos para que Cavaco termine o seu segundo mandato presidencial, altura para construir uma certa distância do PS e se apresentar como o candidato presidencial da esquerda, num novo ciclo que se prevê seja com a direita no governo.
Então e Negrão? Fernando Negrão não vai ser, como muitos dizem, carne para canhão. Fernando Negrão não é uma escolha de primeira linha (embora não queira com isto dizer que não possa ser competente), por isso esta candidatura, mesmo que não venha a ter um bom resultado eleitoral, como aliás não é previsível que venha a ter, só o vai beneficiar. Vai dar-lhe visibilidade e vai dar-lhe capital de queixa dentro do PSD, por se ter sacrificado.
Quem é, então, o grande perdedor destas eleições imprevistas? Marques Mendes. O líder do PSD tinha como certa a direcção do partido até ao pós legislativas de 2009. Caso aconteça uma valente derrota nas eleições para a CML, ou seja, se Helena Roseta tiver melhor resultado que Negrão, ou se o resultado de Negrão for, mesmo que melhor que o de Roseta, muito distante do de Costa, a situação apenas se manterá se ninguém tiver interesse em tomar já conta do partido. O problema no PSD é quem são os candidatos a candidatos à liderança. Luís Filipe Menezes é o eterno candidato que talvez nunca deixe de o ser. Aguiar Branco perfila-se para disputar a liderança, mas não queria fazê-lo já, pois ainda está numa fase inicial da sua estratégia de imagem. Morais Sarmento talvez seja um candidato demasiado bom para jogar agora a sua cartada e correr o risco de gastar a sua vez com uma eventual derrota em 2009.
Será então que o PSD vai passar pelo insólito de vir a ter dois líderes de transição seguidos? Se Morais Sarmento se “chegar à frente” predispondo-se a dar tempo ao partido imediatamente é provável que o insólito não aconteça, mas apesar de esta ser uma boa solução não traz ao PSD uma nova identidade, que faça os portugueses pensar que vem aí algo de realmente novo. Não será um produto que deixe todos entusiasmados, e que eleve o nível de participação dos portugueses nas eleições para patamares próximos dos das últimas presidenciais francesas, e é disso que estamos precisados.
Este tipo de eleições vêm normalmente, por um lado, estragar a agenda de muitos que há anos e anos construíam a sua “carreira” política com base em datas que funcionam em ciclos de 4 anos e, por outro, fazem ascender novos protagonistas que de outro modo nunca chegariam onde depois acabam por chegar.
José Sócrates é a prova acabada disto. Ninguém diria, há 4 ou 5 anos, nos tempos em que Sócrates e Santana discutiam alegremente em debates a dois na TV, que qualquer um deles viria a ser PM e, ainda mais, que Sócrates teria uma maioria absoluta.
Sócrates foi o grande beneficiado de duas situações inesperadas: o caso Casa Pia, que fragilizou Ferro Rodrigues (já de si um líder transitório), e o “abandono” de Durão Barroso a meio do mandato.
No próximo dia 15 de Julho teremos novamente eleições “inesperadas”. A grande questão é saber quem serão o beneficiados e os prejudicados desta situação. António Costa articula tudo de modo magistral. Pretende ganhar a Câmara de Lisboa e fazer boa figura não apenas nos próximos dois, mas também nos próximos seis anos. Com isto, demarca-se de Sócrates, do seu governo e das trapalhadas que indubitavelmente irão surgir mais tarde ou mais cedo. Quando acabar este seu período de seis anos vão faltar aproximadamente dois anos para que Cavaco termine o seu segundo mandato presidencial, altura para construir uma certa distância do PS e se apresentar como o candidato presidencial da esquerda, num novo ciclo que se prevê seja com a direita no governo.
Então e Negrão? Fernando Negrão não vai ser, como muitos dizem, carne para canhão. Fernando Negrão não é uma escolha de primeira linha (embora não queira com isto dizer que não possa ser competente), por isso esta candidatura, mesmo que não venha a ter um bom resultado eleitoral, como aliás não é previsível que venha a ter, só o vai beneficiar. Vai dar-lhe visibilidade e vai dar-lhe capital de queixa dentro do PSD, por se ter sacrificado.
Quem é, então, o grande perdedor destas eleições imprevistas? Marques Mendes. O líder do PSD tinha como certa a direcção do partido até ao pós legislativas de 2009. Caso aconteça uma valente derrota nas eleições para a CML, ou seja, se Helena Roseta tiver melhor resultado que Negrão, ou se o resultado de Negrão for, mesmo que melhor que o de Roseta, muito distante do de Costa, a situação apenas se manterá se ninguém tiver interesse em tomar já conta do partido. O problema no PSD é quem são os candidatos a candidatos à liderança. Luís Filipe Menezes é o eterno candidato que talvez nunca deixe de o ser. Aguiar Branco perfila-se para disputar a liderança, mas não queria fazê-lo já, pois ainda está numa fase inicial da sua estratégia de imagem. Morais Sarmento talvez seja um candidato demasiado bom para jogar agora a sua cartada e correr o risco de gastar a sua vez com uma eventual derrota em 2009.
Será então que o PSD vai passar pelo insólito de vir a ter dois líderes de transição seguidos? Se Morais Sarmento se “chegar à frente” predispondo-se a dar tempo ao partido imediatamente é provável que o insólito não aconteça, mas apesar de esta ser uma boa solução não traz ao PSD uma nova identidade, que faça os portugueses pensar que vem aí algo de realmente novo. Não será um produto que deixe todos entusiasmados, e que eleve o nível de participação dos portugueses nas eleições para patamares próximos dos das últimas presidenciais francesas, e é disso que estamos precisados.
1 Comments:
Creio que não se trata exactamente de resolver as incógnitas.
Mais parece que toda a gente se esquece que o Zé Pagode - não militante - se está cada vez mais nas tintas para eleições, sejam elas quais forem.
Nuno
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