quinta-feira, abril 19, 2007

Triunfo do formalismo

No outro dia, estava a dar banho aos meus filhos quando a conversa entre eles foi parar às diferenças físicas entre homens e mulheres. Com alma de catedrática a minha filha de cinco anos explicou aos irmãos que os homens têm “pilinha” e as mulheres não.

Pareceu-me uma explicação simples mas correcta, embora deixasse de fora todas as complexas diferenças a nível cerebral entre os dois sexos.

Ainda estava com esse raciocínio quando o meu filho do meio perguntou: “É assim em todo o mundo?”. A pergunta parecia fácil de responder mas fiquei sem palavras por causa das últimas ideias de vanguarda de José Luís Zapatero. É que em Espanha acabou de ser aprovada uma lei que permite seja feita a mudança de sexo nos documentos identificativos, sem que para tal seja necessário efectuar a operação cirúrgica de mudança de sexo. Ou seja, caso não tivesse optado por dizer aos meus filhos que era assim em todo o mundo, teria de lhes explicar que a excepção era uma tal de Júlia em Espanha, ou melhor Júlio. É que em Espanha uma senhora chamada Júlia, que efectivamente continua a não ter o dito membro distintivo porque não foi operada, conseguiu, através da aplicação de uma nova lei, alterar toda a sua documentação e passar de Júlia a Júlio.

Qualquer dia, quando a lei mudar em Espanha e disser que um caramelo afinal é uma pastilha elástica, vai passar a ser muito mais complicado ir às compras.

1 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Pois, eu adoptava uma solução muito mais radical. Acabava de vez com o registo civil.
Voltava à antiga. Quem se quiser baptizar, que vá à igreja da sua preferência. Quem se quiser casar, que vá à igreja da sua preferência.
O estado saía por completo do negócio dos registos e dos casamentos.
Assim, a igreja não tem de andar a discutir com o estado se os homossexuais se podem casar ou não. A igreja decide e o que decidir é o que vale dentro dela.

Os homossexuais também têm direito de escolha. Ou comungam com uma igreja que lhes nega o direito de matrimónio e aceitam esse ditâme ou saem da igreja, se não sentem a necessidade espiritual de estar dentro dela. Ou ainda formam a sua própria igreja com os seus cânones próprios.

Agora, o estado estar metido neste negócio é que só sai a perder. Se permite casamentos homossexuais, cai-lhe a igreja em cima, porque está a desvirtuar a célula fundamental da sociedade (o que, do ponto de vista da igreja, é correctíssimo). Mas se os não permite, cai-lhe em cima a comunidade homossexual que diz que está a ser discriminada (o que, do seu ponto de vista, também é correctíssimo).
Saindo o estado de cena, o único casamento que é válido para a igreja católica (por exemplo), que é o seu, só pode ser celebrado entre membros do sexo oposto. Portanto, a sua célula fundamental está preservada.
Para um casal de homossexuais ateus, um casamento não é mais do que um contrato de compromisso. Pois então, vão a um notário, escrevem o contrato de compromisso que quiserem e, não tendo necessidades espirituais a suprir, também ficam servidos.

Discriminação não há nenhuma porque para o estado, não havia casamentos enquanto tal, não havia registos de meninos e de meninas, havia apenas cidadãos todos iguais perante a lei e os contratos que, em liberdade, cada um decidisse assumir com cada qual.

4/19/2007 9:42 da tarde  

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