sexta-feira, abril 27, 2007

A (outra) Poesia e os (outros) Poetas - I

Numa construção mais jocosa, irónica, deixo-vos hoje um texto de António Marques Bessa.

Senhor Capitão

Senhor capitão,
Sou dos primeiros
Da Revolução;
Militei na Banca,
Estive na prisão.
Agarrei um facho,
Quero agora um tacho
Não diga que não...
Senhor capitão!

Senhor capitão,
Está um belo dia.
E a Revolução
É uma alegria.
Passeei seu cão,
Trago o seu almoço.
Coma com cuidado,
Olhe algum caroço...
Senhor capitão!

Senhor capitão,
Trago o seu jantar.
Coma devagar,
Olhe a digestão.
Não berre, não grite,
Peço que não se excite
Olhe o coração...
Senhor capitão!

Senhor Capitão,
Dizem que é quem manda
No que p’r aí anda.
É preciso pôr-lhe a mão
Não vá isto descambar
E a gente perder o lugar
Na chefia da Nação...
Senhor capitão!

Senhor capitão,
Trago a sua ceia.
E uma lista
De homens p’ra cadeia.
E da reacção.
Muita, muita pista,
Muita, muita teia.
Mas que bela ideia...
Senhor capitão!

Senhor capitão,
Olhe a reacção.
Espreita nas janelas,
Espia nas esquinas,
Pára nas vielas,
E vai às meninas!
É uma aflição...
Senhor capitão!

Senhor capitão,
O país é um osso.
Escave com cuidado,
Roube bem fardado,
Pois a reacção
Anda a abrir um poço.
Venda as suas casas,
Compre um par de asas,
Salve o seu pescoço...
Senhor capitão

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Musicado pelo Zé Campos e Sousa! Boa lembrança!

4/28/2007 12:19 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Sinceramente, não consigo perceber.
Quem é que fala para o capitão? o que representa o capitão?
Creio que esta "peça" carece uma exolicação. Tal como está, não faz sentido e o autor está longe de ser um poeta.

Nuno

5/04/2007 7:54 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Estou mesmo à espera que ninguém responda...

Nuno

5/04/2007 7:55 da manhã  

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