Não sou grande fã de Fernanda Câncio, até porque estivemos de lados diferentes da barricada durante o debate do aborto. Acredito muito sinceramente no papel da família tradicional como célula base da sociedade. A minha fé católica já conheceu melhores dias, mas continuo a ter um grande respeito por figuras da igreja como o Cardeal Patriarca.
Dito isso, neste caso acho que tenho de concordar com muito do que ela diz neste caso. Num estado moderno democrático, com separação entre a igreja e o estado, acho que a própria igreja deveria ser a primeira a querer demarcar-se do estado. Para mim, a igreja é contra-poder. Sempre que foi poder, descarrilou. Sempre que foi perseguida e proscrita, prosperou. Acredito mais na fé de quem é perseguido por aquilo em que acredita do que na fé de quem tira benefícios materiais da sua vida espiritual. "A César o que é de César, a Deus o que é de Deus". Quanto ao protocolo e à família, também me causa alguns engulhos o facto de um conjugue que não foi eleito nem sujeito ao escrutínio popular exercer funções públicas. Imaginemos, por absurdo que o secretário-geral do PS era casado com a líder do PSD (pense-se, por exemplo, em Pedro e Helena Roseta). Faria sentido o conjugue do PM ser convidado para uma cerimónia oficial em representação do PM? Se um dos cônjugues exercesse funções públicas, o outro teria que sofrer as consequências profissionais? Linda Blair, que sustentava o grosso do agregado familiar, com a sua brilhante carreira, foi imensamente prejudicada pelo facto de o marido ser PM do Reino Unido, em casos em que teve de se escusar, em papéis públicos que teve de exercer. Nunca a ouvi queixar-se. Mas, se ela não quisesse? Se ela detestasse a exposição pública? Teria de ser sujeita a essa pena por ser casada com um homem com um projecto político?
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Não sou grande fã de Fernanda Câncio, até porque estivemos de lados diferentes da barricada durante o debate do aborto.
Acredito muito sinceramente no papel da família tradicional como célula base da sociedade.
A minha fé católica já conheceu melhores dias, mas continuo a ter um grande respeito por figuras da igreja como o Cardeal Patriarca.
Dito isso, neste caso acho que tenho de concordar com muito do que ela diz neste caso. Num estado moderno democrático, com separação entre a igreja e o estado, acho que a própria igreja deveria ser a primeira a querer demarcar-se do estado. Para mim, a igreja é contra-poder. Sempre que foi poder, descarrilou. Sempre que foi perseguida e proscrita, prosperou. Acredito mais na fé de quem é perseguido por aquilo em que acredita do que na fé de quem tira benefícios materiais da sua vida espiritual. "A César o que é de César, a Deus o que é de Deus".
Quanto ao protocolo e à família, também me causa alguns engulhos o facto de um conjugue que não foi eleito nem sujeito ao escrutínio popular exercer funções públicas. Imaginemos, por absurdo que o secretário-geral do PS era casado com a líder do PSD (pense-se, por exemplo, em Pedro e Helena Roseta). Faria sentido o conjugue do PM ser convidado para uma cerimónia oficial em representação do PM? Se um dos cônjugues exercesse funções públicas, o outro teria que sofrer as consequências profissionais? Linda Blair, que sustentava o grosso do agregado familiar, com a sua brilhante carreira, foi imensamente prejudicada pelo facto de o marido ser PM do Reino Unido, em casos em que teve de se escusar, em papéis públicos que teve de exercer. Nunca a ouvi queixar-se. Mas, se ela não quisesse? Se ela detestasse a exposição pública? Teria de ser sujeita a essa pena por ser casada com um homem com um projecto político?
Agora falta explicar é como é que se ataca a família e a Igreja quando se celebra o dia em que as mulheres deixaram de ser servas perante a lei.
Para quê dar importância num blog como o «nosso» a opiniões do tempo da minha trisavó?
Porque será que nem todas as pessoas são educadas e se sabem comportar?
Nuno
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