domingo, abril 22, 2007

O peso da derrota

Os resultados das directas no CDS deixam uma evidência. Os militantes do partido querem o sebastiânico regresso do Dr. Paulo Portas. Terão o incómodo de perceber que um Portas nunca vem só e lá terão que aguentar a mole dos situacionistas do costume. Veremos daqui a dias as novidades, de projectos e de pessoas, que aí virão. Aguardo-as com o gosto de quem gosta de ser surpreendido.
Impressiona-me nestes resultados, todavia, a diferença percentual de votos. Não contava com ela. Sinceramente. A militância que José Ribeiro e Castro pôs na liderança do partido, em condições particularmente difíceis, como se sabe, não permite considerá-lo carta fora do baralho. O partido sabe que continuará a contar com ele. A seriedade do projecto que apresentou, e para o qual muitos colaboraram e no qual tantos se reviram, sugere uma especial atenção ao que o futuro trará. Esta derrota não vem desacompanhada de responsabilidade. Todos os que trabalharam, como eu, para que o cenário hoje fosse diferente, terão uma ideia do que vai acontecer... este foi chão que já deu uvas.
Bom seria que o Dr. Paulo Portas, desde já, tornasse claros os objectivos que se propõe alcançar. E que diga o que fará, ele e os deputados que à sua sombra forem eleitos para o parlamento, se em 2009 esses objectivos não forem alcançados. Seria bom que os candidatos a deputados (aliás a construção das listas terão sido a meu ver a explicação do que se viveu) se declarassem representantes do partido e não como titulares absolutos do seu mandato. É que o partido não resistirá a nova guerrilha parasitária. É justo que todos saibamos, já, qual o peso da derrota.
Foi esta a última vez que falei publicamente do que se passou no CDS. Os que ganharam sabem bem que os que perderam não irão opor à acção directiva os obstáculos que a cessante equipa experimentou. Os prejectos eram diferentes, é certo. Mas as pessoas também são. É no CDS que me vou sentindo bem. E o horizonte que temos pela frente reclama, de mim, atenção e lealdade. Dispensa sabotagem e cumplicidade. Até 2009!

4 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Pois, tenho pena se pessoas como o Nuno Pombo e a Mafalda cruzarem assim os braços.
Portugal é o único país da Europa que não tem um partido de direita, no sentido conservador do termo.
Isso faz com que o PSD tenha de preencher esse vácuo e temos num dos partidos da área do governo uma esquizofrenia ideológica que vai desde saudosistas do pré-25 de Abril até Socialistas Democráticos. Ou seja, quem vota no PSD nunca sabe o que lhe vai sair na rifa (tanto mais que no nosso sistema eleitoral, os eleitores não têm qualquer poder sobre a ordem de atribuição dos mandatos nas listas).
O sistema tinha muito a ganhar com a existência de dois partidos de direita: um conservador e outro liberal.
Com a tomada de poder do CDS/PP pelos demagogos, temos antes dois partidos de direita: um esquizofrénico e outro bandoleiro.

4/23/2007 3:41 da manhã  
Blogger Nuno Pombo said...

Meu caro José Luís, falo por mim e, se bem a conheço, pela Mafalda. O nosso gesto, até 2009 e sobretudo depois dele, não será um cruzar de braços. Antes, um arregaçar de mangas.
Abraço

4/23/2007 9:16 da manhã  
Blogger José Luís Malaquias said...

Folgo em sabê-lo.
Nunca escondi que prefiro ver a esquerda no poder em Portugal, mas custava-me muito que isso acontecesse por falta de comparência ou por inépcia do adversário.
E ao votar Paulo Portas, acho que a direita deu mais um tiro no pé que ajudará Sócrates a renovar o contrato por mais quatro anos.

4/23/2007 4:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Antes de mais, não sou militante nem simpatizante do CDS e, menos ainda, do PP (CDS/PP).
(Se votar, escolho o mal menor.)
Em todo o caso, quer-me parecer que seria interessante - vantajoso - que esse partido se reencontrasse com as origens e, em consequência, com os apoiantes que lhe deram vida.
Hoje, a política que se pratica, em ideias e postura, é bem diferente. Como do mesmo modo, as bases de então tinham outras aspirações. Evoluiram, seguramente, nestas três décadas mas é bem provável que regressem ao partido que as abandomou se - mas só se - o CDS se explicar, se retratar, e for com inteligência ao seu encontro.
Estou convencido que há uma boa parte da maioria silenciosa que o acolhe.
Seguirá Portas esse caminho?
Não creio.

Nuno

4/27/2007 9:09 da manhã  

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