quarta-feira, abril 25, 2007

LIBERDADE

"A PSP está a proteger o cartaz do PNR no Marquês de Pombal, na sequência de actos de vandalismo de jovens durante o desfile das comemorações da Revolução do 25 de Abril.
Havia pequenas escaramuças com jovens, alguns dos quais do movimento juvenil Ruptura SER, próximo do Bloco de Esquerda." (Publico)
Não deixa de ser curioso constatar que alguns dos que hoje festejam a "liberdade" são os que pior com ela convivem.

13 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Caro Rui Castro,

Faça o seguinte exercício mental.
Feche os olhos por uns momentos e imagine que o PNR tinha ganho as últimas eleições ou até que tinham tomado o poder por um golpe palaciano, como o que usaram para tomar conta do PRD. O método não interessa. Mas o PNR está no poder, controla os vários ministérios e a polícia.

Agora, seja honesto consigo mesmo. Acha que um cartaz do Bloco de Esquerda teria sequer sido afixado? Acha que esse partido concorreria sequer às eleições?

Aquele cartaz não é liberdade de expressão. É uma provocação destinada a aumentar o perfil público de um partido que nem sequer tem expressão nas sondagens. É um incitamento à desconfiança e à segregação.

Por mim, o cartaz não teria sido sequer autorizado e nenhum partido permaceria legalizado a menos que jurasse defender a constituição portuguesa, conforme ela está escrita.

Por estarmos numa democracia, até os que são contra ela podem pôr cartazes. Por estarmos numa democracia as pessoas têm o direito de se revoltarem contra as provocações. Por estarmos em democracia, as forças policiais estão lá a defender um cartaz de quem não respeitaria a liberdade dos outros se, por um azar do destino, estivesse hoje no poder.

4/25/2007 11:35 da tarde  
Blogger Zé Maria Duque said...

Jose Luis Malaquias:
achas que se o BE ou o PC estivesse no governo o PNR seria autorizado? Ou um cartaz deles?

Olha que a ditadura n é só a do "1984" do Orwell é tabém a do "Admirável Mundo Novo" do Huxley para a qual o BE gostaria de nos levar...

4/25/2007 11:37 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Rui Castro,
vai responder a José Luís Malaquias ou posso fazer mais uma pergunta?...

Está de acordo com o conteúdo do cartaz do PNR?

4/25/2007 11:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Porque será que a maioria do Povo Português não faz ideia do que é Democracia?
Para já, temos uma resposta: o 25 e Abril não trouxe nenhuma Democracia nem lhe abriu as portas. Pelo contrário, todo o processo educacional tem estado sempre longe de a fazer entender.
O ME é um viveiro de comunistas porque o PC, com o seu planeamento e estratégia, bem antes da revolução dos cravas já os lá tinha infiltrado.
No entendimento da maioria, democracia é poder dizer e fazer tudo o que lhe vem às ganas.
Também ao contrário, a Democracia sustenta-se no Respeito - que é coisa que há cada vez menos.
Trinta e três anos (33) depois da "abrilada", as gerações quase esqueceram que deviam começar por dar bons exemplos e nem as famílias, em geral, nem os governos que nos desgovernam estão habilitados para o fazer. Se calhar porque não sabem ou não querem.
Os resultados estão à vista.
Por isso eu digo que viver em Inglaterra - apesar de tudo - é excelente...

Nuno

4/26/2007 6:21 da manhã  
Blogger Rui Castro said...

A minha opinião acerca do cartaz do PNR, bem como acerca da generalidade das suas "ideias", varia entre o sentimento de repulsa ou de simples não concordância. Sentimentos, aliás, que nutro por muitas das ideias do BE ou do PCP. O que quis dizer com o post foi que, independentemente das ideias, a liberdade é para todos, principalmente para aqueles com quem não concordamos. Pretender negar esta evidência e princípio basilar na nossa democracia é negar a própria liberdade.

4/26/2007 9:36 da manhã  
Blogger José Luís Malaquias said...

A questão é espinhosa e vou tentar ser claro na minha resposta, principalmente ao que disse o ZMD. Acho que, de facto, se estivesse lá o PCP, não teríamos a liberdade, teríamos apenas mudado a polaridade da ditadura. Dou tantas graças pelo 25 de Novembro como pelo 25 de Abril. Já não dou graças nem pelo 28 de Setembro nem pelo 11 de Março.
O BE é diferente, pois formou-se mais tarde, em período de democracia consolidada. Não me parece que, com a actual liderança, seriam tentados por um regime totalitário, se chegassem ao poder.
Dito isso, das vezes em que já votei BE, fi-lo na convicção de que não tinham possibilidade de chegar ao poder, mas que seriam muito úteis como fiscais do centrão que nos governa. O centrão, com todos os seus defeitos, transformou um país terceiro-mundista num país cujo desenvolvimento, 33 anos depois, é inegável. No entanto, por ser a área de poder, o centrão é onde reside também muita da corrupção do nosso poder. Por isso, fazem falta partidos de fiscalização como o BE, para dizerem quando o rei vai nu. O BE bateu-se, por exemplo, pelo levantamento do sigilo fiscal, o que não tem nada de extremista, pois é prática comum em todos os países ocidentais, a começar pelos EUA.
Enquanto o PS pôs na gaveta projectos legislativos incómodos como o de Sousa Franco ou o de Ricardo Sá Fernandes, o BE pô-los cá fora e chamou os bois pelos nomes.
Estaríamos melhor com o BE no governo do que com o centrão? Duvido. Mas o centrão tem muitos defeitos e a crítica dos partidos mais radicais é importante para os manter mais honestos.
Agora, quanto ao cartaz. O cartaz causa-me repulsa. Nos EUA, onde a liberdade de expressão está consagrada na primeiríssima emenda à constituição, dá-se um exemplo clássico de quando não se aplica: uma pessoa não é livre de gritar "fogo" no meio de uma sala de cinema, porque isso provocaria pânico e potenciais acidentes. O cartaz do PNR está muito próximo dessa situação, pois está a assustar as pessoas com um problema que não existe. O desemprego em Portugal é tecnicamente quase inexistente e, não fossem os imigrantes, muitos postos de trabalho estariam por preencher por falta de candidatos. Mas esta retórica cria medos e inseguranças na população que, alimentados, podem conduzir a confrontos como os de Paris em 2005. Por isso, não é para mim claro que cartazes daqueles estejam inteiramente dentro do âmbito da liberdade de expressão. Mas, o que não tenho dúvidas é que o partido que patrocinou o cartaz viola a constituição portuguesa. Como tal, deveria ser extinto, do mesmo modo que o Batasuna foi extinto em Espanha, por violar a constituição.
Dito isso, continuo a acreditar neste Portugal democrático, governado em alternância entre o PS e o PSD. Como dizia Churchill, a democracia é o pior sistema político, com excepção de todos os outros. O índice mais fidedigno do desenvolvimento de um país é a mortalidade infantil. Baixou de 22/1000 em 1974 para 3/1000 em 2007 (quinto lugar no ranking mundial). Se isto não é progresso, digam-me o que é.
Dirão os radicais: mas houve muita roubalheira pelo meio, especialmente no PS e no PSD. Pois houve. É o preço a pagar por uma sociedade aberta. Mas, para isso é que partidos como o BE e o CDS são importantes a vigiar, de um lado e de outro, o que os do centrão fazem.
Agora, partidos que só cá estão para minar o sistema por dentro, para semear a discórdia e para virar cidadãos contra cidadãos, esses não são cá precisos.

4/26/2007 5:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

José Luís Malaquias,
Por favor, pense m bom bocado antes de escrever...

Nuno

4/27/2007 8:20 da manhã  
Blogger José Luís Malaquias said...

Se o Nuno tiver a amabilidade de me "apontar os meus erros de pensamento" (era assim que se dizia na Revolução Cultural chinesa, não era), ficar-lhe-ia muito grato.

Já agora, em relação ao seu primeiro post, estou perfeitamente de acordo com a preservação da célula familiar como base de estabilidade do respeito e da sociedade.

Mas, logo a seguir, vai dar-me como exemplo a Inglaterra? O país com maior índice de gravidez na adolescência? O país com maior índice de famílias mono-parentais? O país com o capitalismo liberal mais selvagem da Europa, onde não há família que resiste à pressão competitiva do mercado de trabalho e à fúria consumista da população?

Acho que tenho de lhe devolver o seu sábio conselho, meu caro Nuno.

4/27/2007 3:04 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

José Luís Malaquias,
Não me cabe corrigir o seu pensamento - se é que há alguma correcção a fazer.
A Revolução Cultural chinesa não me diz coisíssima nenhuma - estou no ocidente e em Portugal - e até foi, no meu entendimento, além de uma estupidez, uma tragédia para o povo chinês que, muito provavelmente, nunca se irá curar das chagas que esse triste episódio lhe causou.
A ver vamos... ou a História.
Quanto ao resto, você diz: "...estou perfeitamente de acordo com a preservação da célula familiar como base de estabilidade do respeito e da sociedade."
É evidente que isso está incluido no que escrevi: "Trinta e três anos (33) depois da "abrilada", as gerações quase esqueceram que deviam começar por dar bons exemplos e nem as famílias, em geral, nem os governos que nos desgovernam estão habilitados para o fazer. Se calhar porque não sabem ou não querem."
As famílias foram grande e gravemente agredidas e a primeira culpa advém, sem dúvida, da "revolução dos traidores" que instaurou, com os seus apaniguados e seguidores - até hoje -, um sistema que retirou a autoridade familiar e promoveu a devassidão. Quer isto simplesmente dizer que, após este trajecto, em particular a juventude (outra vez, ao longo de 33 anos), perdeu toda a noção de respeito, de ética e de moral.
Convém acentuar que isto aconteceu a todo o Povo Português e, portanto, os próprios pais deixaram de educar adequadamente os filhos.
Como resultado, "a preservação da célula familiar como base de estabilidade do respeito e da sociedade" foi destruida.
A questão é saber se ainda terá remédio.
Referi Inglaterra porque, muito ao contrário do que diz porque se baseia tão-só em estatísticas, não há esses problemas senão na enorme população imigrante e, também, flutuante (se calhar não sabe esses números). Por isso, pensa-se que o governo caia a breve trecho.
Entre a população inglesa na qual, graças a Deus me incluo -, não existem os problemas a que se refere. Digamos que são marginais ou desprezíveis.
O capitalismo liberal está longe de ser o mais selvagem da Europa (eu conheço muito bem o resto da Europa) e, que eu note ou me digam, não há famílias "resistirem à pressão competitiva do mercado de trabalho" nem qualquer "fúria consumista da população".
Os ingleses têm salários que, evidentemente e como todos nós, quereriam melhores, mas lhes permitem um nível de vida "bastante bom", vivem sossegadamente, sem quesílias religiosas ou étnicas, a não ser que surjam erupções do tipo islâmico mas, mesmo assim, sem qualquer pânico. O "inglês" sente-se afastado do que pouco lhe interessa e, fundamentalmente, "acima" disso.
O último governo, do tipo socialista, tem provocado alguns problemas no ensino - e em outras áreas, como a saúde - mas é muito difícil perturbar um povo que é intrinsecamente democrático.
Ou não estamos nós a falar da mais velha "democracia" da Europa?

Nuno

4/28/2007 7:14 da manhã  
Blogger José Luís Malaquias said...

Bem, Nuno, acho que estamos a viver em dois universos paralelos. Acho que deve haver duas Inglaterras, pois essa que me descreve será talvez a Inglaterra anterior à guerra, para não dizer a Inglaterra vitoriana.
Dizer que os números são apenas estatísticas é um argumento que não se pode rebater. Se não acredita nos números, estamos, portanto, a falar de uma questão de fé e questões de fé não se podem discutir.
Atirar para canto, dizendo que os números se devem aos imigrantes é caricato. Acho que a insuspeita família real britânica (a menos que os ponha na categoria dos imigrantes por serem descendentes dos Saxe-Cobsburgo) é exemplo bastante da desagregação familiar e do vale-tudo da sociedade contemporânea britânica).
O sucesso dos tablóides, com as suas meninas na página 3 também atesta bem os gostos e valores britânicos (ou será que também só os imigrantes é que os lêem).
Os hooligans, um produto genuinamente britânico que ganhou os seus convertidos por essa Europa fora, atestam bem a solidez dos valores familiares ingleses (e esses não têm muito ar de imigrantes, a julgar pela aparência).
E o neo-liberalismo que pôs em marcha esta competição económica desmesurada, não é conhecido em Inglaterra por Thatcherismo?

Devemos estar mesmo em universos paralelos, para termos uma visão tão diferente do nosso mundo.

E repare que sou um grande admirador dessa fleuma britânica tradicional que me descreve. Infelizmente, acho que já conheceu melhores dias.

4/28/2007 11:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Malaquias,
Não são mundos paralelos. Um é um mundo real; o outro é um mundo de fantasia em que os ingénuos querem acreditar.
Ninguém pode falar do que não sabe e não conhece.
A Inglaterra anterior à WWII já lá vai, é um facto. Mas a Inglaterra que os vossos media dão a conhecer é, passe o termo, uma anedota.
Você esquece - ou não sabe - muito do que constitui a sociedade inglesa que permanece com poucas diferenças do pré WWII.
O espaço e tempo é pouco. Se quiser saber mais e ficar convenientemente informado, pergunte.
(Estou longe de querer chamá-lo ignorante. Apenas acho piada que se pronuncie, como muitos, sobre o que não sabe.)
Fico ao seu dispôr.

Nuno

4/29/2007 8:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Malaquias,
Eu só gostava de saber é por que raio de motivo não consigo responder ao se comentário no "ainda Aznar"...

Nuno

4/29/2007 8:28 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Malaquias,
Eu escrevi "estou no ocidente e em Portugal" o que não é inteiramente verdade. Tenho as algumas das minhas raízes em Portugal mas, feliz ou infelizmente, nada tenho a ver com o "meu" país (Curiosamente, até nasci en New York, veja lá bem...).
Porém, creio que o conteúdo em nada fica alterado.
Ou fica?

Nuno

4/29/2007 9:19 da manhã  

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