terça-feira, março 20, 2007

Rrrua!

Ponto prévio: politicamente falando, as infelicidades do PS e do PP fazem a minha felicidade, pois sou daqueles que acham que no meio é que está a virtude. Mas agora, arre, basta! Monteiro e Portas fizeram-me dar mais valor aos velhos centristas, que nunca o foram, mas representam uma direita civilizada e bem-educada. Esta escumalha, este tumor com excrescências que ora mingua quando leva sopa nas urnas, ora medra quando julga passada a sua travessia do deserto, não respeita nada nem ninguém. Pelos vistos nem uma senhora, como a Zezinha Nogueira Pinto. Que ainda por cima é inteligente, competente e Presidente. Mas bastava ser senhora. E o pior é que não trazem nada de novo. E o pior é que alternam entre a xenofobia hipócrita e o autoritarismo intendente aos anos pares, e o eurocalmismo e a pose de estado aos anos ímpares. O pior é que fazem discursos penosamente pomposos a dizer que se iam para sempre, para sempre voltarem. Irra. Vão mesmo. Eu, que sou cristão, mas não sou santo, digo que se deve responder à violência com a violência. E reclamo de Ribeiro e Castro que vá em socorro da sua dana e espete uma série de bengaladas queirozianas nesse Portas sinistro e risível. Ponham-no no olho da rua, para ir fazer com o Santana um partido para disputar o rabo da tabela com o Monteiro. Para de seguida o Ribeiro e Castro ou outro se entender com o Marques Mendes ou outro para pôr o Engenheiro a mexer, e tentar tirar este país do prego. Convoquem lá o Congresso Extraordinário. Ou será que devo dizer congresso extra-ordinário?

1 Comments:

Blogger José Luís Malaquias said...

Em primeiro lugar, é preciso ter muita lata para dizer que o PSD é que é de centro.
Todos os ex-salazaristas que eu conheço, e não são poucos, mais depressa se vêem a votar no PSD do que no CDS ou no PP.
Pelo menos, garante-lhes um acesso ao poder, sem ter de manter aparências de esquerda.
O CDS poderia ter tido um papel importante em Portugal, se tivesse conseguido entrar na sua família natural da democracia cristã europeia. A DC italiana, por exemplo, congregava católicos desde as franjas do comunismo (Aldo Moro) até às franjas da extrema direita. Essa heterogeneidade acabou por ser o seu fim mas, de crise em crise, conduziu a Itália à condição de grande potência europeia, com uma vitalidade económica que nós só podemos sonhar.
Hoje, acredito que foi esse o sonho de Freitas do Amaral e de Amaro da Costa. Mas tiveram o azar de encontrar pela frente um partido que não tinha razão de existir (o PSD). Não tinha razão de existir porque, pela sua ideologia declarada de social democracia, já lá tinha o PS. Como partido de direita, não convencia com o nome de social democrata e princípios marxistas nos estatutos.
Mas a história é o que é e o PSD chegou primeiro e ocupou o lugar que deveria ter sido do CDS. Freitas do Amaral e Amaro da Costa tiveram de se haver com os restos. E os restos foram apenas aqueles fascistas bacocos que não conseguiram ver que se safavam melhor no PSD. Por isso, em desespero, agarraram-se à jangada que lhes restava e alistaram-se em massa no CDS.
Desde aí, nunca mais o CDS se endireitou: com uma liderança centrista e um eleitorado de direita extremada, nunca podia ir a lado nenhum.
A solução era fundir-se com o PSD, numa AD e fundar uma casa grande do centro-direita, onde deveria ter estado um partido português de democracia cristã, para alternar com o partido português de Socialismo democrático.

Azar dos azares, a avioneta caiu e, junto com ela, os dois melhores cérebros dessa democracia cristã à portuguesa.

A coligação desfaz-se e emerge um partido social democrata ainda mais de direita, com os extremistas de direita distraídos que aproveitaram a coligação para passar discretamente para o seu partido natural.

O CDS ficou à deriva, como uma daquelas empresas que está tecnicamente falida, mas cuja imagem de marca ainda pode ter algum valor (tipo chocolates regina).

Isso foi visto por um grupo de bandoleiros liderados por Portas e Monteiro que tomaram de assalto o partido à deriva e declararam uma espécie de Sealand. Como tinham o seu próprio partido, podiam dizer todo o género de baboseiras, sem risco de ser expulsos (pelo menos até se começarem a expulsar mutuamente). E chegámos à direita que temos agora.

A verdadeira, está no PSD, com uma corrente populista encabeçada por Santana Lopes que ladra, mas não morde. A outra, a que mete medo, a que pode acabar com os restos de estado social que nós mal chegámos a ter, está nos altos quadros do partido. Aqueles que assinam "Compromissos Portugal" para a seguir se venderem aos espanhóis quando isso lhes render umas pesetas. Aqueles que manobram na sombra de grupos como o BCP, o Mello ou o BES, para acabar com a segurança social e entregar a chicha aos privados.

O outro grupo, o dos bandoleiros, ainda anda aí pela selva a dar uns tiros e a fazer barulho, mas são inofensivos. Podem ser usados às vezes pelos barões do PSD para umas "Black Ops", quando é preciso dizer umas coisas que eles não podem dizer. Mas é só isso.

Assim, mal por mal, apesar de tudo, prefiro que lá esteja o engenheiro, mesmo com os seus boys e mesmo com as suas próprias tentações de direita.

Para isso, é importante que lá esteja o Louçã e o Jerónimo a morder-lhe as canelas, quando a coisa é muito escandalosa. Agora, votar num partido que se diz social democrata mas que governa muito à direita do que o CDS original alguma vez imaginou? Não obrigado.

3/20/2007 10:55 da manhã  

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