Verdades impostas ...
Não sei por que carga de água é que se vai instalando a ideia de que só há mulheres que abortam em situações emocionais particularmente dilemáticas ou dramáticas. Será? Devemos acreditar mesmo que não há outra realidade para além da que nos cantam no fado da desgraçadinha? Não há mães que espancam os seus filhos, às vezes até à morte?
Sustentar esta ideia peregrina, a do bom selvagem revisitado, é pura e simplesmente ignorar a natureza humana. É confundir o que não pode ser confundido. É permitir que sejam tratadas da mesma maneira aquelas que se entregam ao aborto verdadeiramente dilaceradas por situações horríveis e aquelas que optam pelo aborto porque sim. É admitir que todas (mesmo todas) as razões que possam povoar o espírito de uma mulher que se dispõe sacrificar o seu filho são motivos atendíveis. Acho quase consensual que não. Nem todas as razões têm a mesma dignidade. E, por isso, nem todas podem ter o mesmo tratamento. É Por isso que voto NÃO.
3 Comments:
E as estrias da gravidez? E ter aquela festa fantástica quando se vai estar gorda que ne um pote? São motivos para entrar em desespero?
Governo deve tomar medidas em vez de pedir ao povo a solução
Não ! - Não à legalização do aborto através da falsa bandeira (engodo) da despenalização !
A despenalização do aborto é outra forma enganadora de combater o aborto. O número de interrupções de gravidez, no mínimo, triplicará (uma vez que passa a ser legal) e o aborto clandestino continuará - porque a partir das 10 semanas continua a ser crime e porque muitas grávidas não se vão servir de uma unidade hospitalar para abortar, para não serem reconhecidas publicamente.
O governo com o referendo o que pretende é lavar um pouco as mãos e transferir para o povo a escolha de uma solução que não passa, em qualquer uma das duas opções, de efeito transitório e ineficaz.
Penso que o problema ficaria resolvido, quase a 90 %, se o governo, em vez de gastar milhões no SNS, adoptassem medidas de fundo, como estas:
1 – Eliminação da penalização em vigor (sem adopção do aborto livre) e, em substituição, introdução de medidas de dissuasão ao aborto e de incentivo à natalidade – apoio hospitalar (aconselhamentos e acompanhamento da gravidez) e incentivos financeiros. (Exemplo: 50 € - 60 € - 70€ - 80€ - 90€ - 100€ - 110€ - 120€ -130€, a receber no fim de cada um dos 9 meses de gravidez). O valor total a receber (810€) seria mais ou menos equivalente ao que o SNS prevê gastar para a execução de cada aborto. (*)
2 – Introdução de apoios a Instituições de Apoio à Grávida. Incentivos à criação de novas instituições.
3 – Introdução/incremento de políticas estruturadas de planeamento familiar e educação sexual.
4 – Aceleração do "Processo de Adopção".
(*) Se alguma mulher depois de receber estes incentivos, recorresse ao aborto clandestino, teria que devolver as importâncias entretanto recebidas (desincentivo ao aborto). [Não sei se seria conveniente estabelecer uma coima para a atitude unilateralmente tomada, quebrando o relacionamento amistoso (de confinaça e de ajuda) com a unidade de saúde].
Estou para ver se os políticos vão introduzir, a curto prazo, algumas deste tipo de medidas. É que o povo, mais do que nunca, vai estar atento à evolução desta problemática.
Todas as raparigas que conheço e sei que fizeram abortos fizeram-no por motivos mesquinhos.
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