Presunção e água benta ...
Talvez por ter sido bafejado pelo dom da Fé, estranho sempre muito o asco com que alguns se referem à dimensão espiritual em geral e ao sentimento religioso em particular. Só me lembram as criancinhas ranhosas que em pranto asseveram que o que é delas é melhor do que o que pertence às outras. O egoísmo e a inveja andam, sem malícia, de mãos dadas com a infantilidade.
Convenhamos porém que não é fácil acomodar um confessado niilismo ou uma assumida incredulidade em qualquer transcendência , que na verdade se esgotam em si mesmos, nos cânones do respeito pelo que de mais íntimo podemos surpreender nos outros. Boa parte dos anti-clericais da nossa praça (aqui entendidos como anti-religiosos) não se limitam em acreditar em nada, em qualquer coisa que vá para além de si próprios, detestam também que os outros creiam. E, por isso, vão lançando as suas enormidades, deitando gasolina para o fogo da sua auto-suficiência. Das caricaturas do Profeta aos cartoons dos sucessivos Papas, ao abrigo da liberdade criativa e da liberdade de expressão, tudo parece servir para apoucar o sentimento genuíno de alguém. Que apenas se distingue deles por acreditar nalguma coisa que eles, do alto da sua prosápia, entendem anedótico.
Há muito são conhecidas as sanhas religiosas de "democratas" ilustres, de Marx a Estaline, não esquecendo o inefável Elías Calles, e, entre nós, dos democráticos afonsinos. Entendem a religião como o grilhão maior que impede as massas ignaras de alcançar a verdade suprema que lhes foi revelada: não há nada para além de nós próprios. Não me incomoda, como digo, que haja quem não acredite (e não "pense", note-se) naquilo que eu sinto. Choca-me apenas que usem a minha crença como instrumento da sua presunção.
4 Comments:
Caro Nuno: Subscrevo estas suas corajosas palavras.
Obrigado.
Diga-me, por favor, como entro em contacto convosco.
Nuno
Caro Nuno,
Pode usar este email:
incontinentesverbais@gmail.com
Obrigado
Obrigado.
Nuno
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