sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Depois da Lídia e a da Maria virá quem delas boas fará

Eis que de repente, das profundezas do obscurantismo, surge majestoso o Prof. Mattoso. Concede que a Igreja condene a IVG (o que é já um avanço relativamente à maior parte dos seus coleguinhas do sim-referendo). Fala na condenação e na misericórdia como o pólo central deste debate, quando aquilo que preocupa a Igreja é a dicotomia Vida - Morte. É por não perceber isto que o Prof. Mattoso não percebeu o que está em causa neste referendo. Ela vota Sim porque acha que a Igreja devia perdoar as mulheres. Eu voto Não porque acho que os nascituros têm direito de nascer. As mulheres, defende ele, devem ter o direito à misericórdia da Igreja. Os nascituros devem ter reconhecido pelo Estado o direito de nascerem. É, pois, muito o que nos separa.

O Prof. Mattoso acusa ainda a Igreja de tomar a Vida como um absoluto. A Igreja, reparem! Mas não percebe que o que está em causa é a posição do Estado face a este fenómeno. E o Estado, Prof. Mattoso, não toma a Vida, nem mesmo a extra-uterina, como um absoluto. Há a legítima defesa, por exemplo, e um conjunto de situações que tornam não punível a IVG. Sabia disto, Prof. Mattoso? Provavelmente não...

Mais espantosa é ainda a acusação de a Igreja nada fazer para "resolver os problemas que conduzem à multiplicação da IVG". A Igreja, reparem! É à Igreja que cabe resolvê-los... é preciso topete. O Estado não tem nada que ver com isso, claro!
O Prof. Mattoso gostava de ganhar a Volta a Portugal à bicicleta, mas recusa-se a dar uma única pedalada. Os outros, as mulas, que puxem. Se ele não ganhar a corrida, a culpa é nossa. É da Igreja! O que o senhor diz não é hipocrisia, Prof. Mattoso, é uma alarvidade!

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sim, Não, Talvez, Nunca!

"Sim, Não, fracção da sociedade em duas partes. Sem interessar qual é menor ou qual ganha no cálculos dos votos, é espantoso como há quem pense que penalizando se termina ou ajuda a terminar com o aborto.

Não, é equivalente a varrer para baixo do tapete os abortos clandestinos e o sofrimento das mulheres e homens. Dos homens sim, porque alguns homens também abortam, sofrem e desejam nunca o ter feito.

Não há Estado que possa impor um filho indesejado. Não há Estado que possa impedir gravidezes indesejadas nas suas múltiplas possibilidades de ocorrência.

Sim, o feto de dez semanas é parecido com um ser humano formado. Sim, é horrível imaginar um ferro a cortar aquela vida, implacável e finalmente. Sim é inimaginável a profissão de alguém que o faça por rotina, que talhe, corte, e aspire, limpe e dejecte.

Sim é duro. Sim, é indesejável impedir o desenvolvimento de uma nova vida. Sim, apenas imaginar é sofrimento.

Não, fazer um aborto, não é duro, é: cortante na alma, no peito, na essência mais funda do ser. Sim, na mesma alma que acolhe os filhos nascidos e vê a sua própria morte por eles sem hesitação.

Não, apenas Um. Ninguém tem nada a ver com a minha dor. É só minha. Ninguém tem o direito de decidir sobre ela. Finjam decidir sobre a minha dor, apenas terei de a esconder mais.

Sim, e se for privilegiado, poderei sempre ir ali ao lado, ou ao apartamento da parteira, esconder em silêncio o meu sofrimento e cortar conscientemente aquela vida. Mas chorarei só e em paz.

Já agora, a vossa decisão, em nada alterará a minha. Até porque eu não conto com a vossa ajuda para nada. Nem sei quem são vocês, ou o que pensam.

Sim, porque o vosso voto criará alguma mudança? Quando a próxima mulher decidir abortar, a decisão de dia 11, irá ter algum peso? Sim, porque nenhuma mulher deixa de abortar por ter medo de ir para a prisão, mas por medo da enxovalha pública, silencia o aborto feito.

Sim, silêncio. Ausência de estatísticas. Morte solitária e discreta. Hipocrisia. Tapete.

No silêncio e em voz baixa, o padre no confessionário, absolve e receita 35 Ave Maria, 10 Pai Nosso, dizendo cheio de amor: Filha querida, tenta não repetir… sofres tanto."

Autora desconhecida, prisão de Tires (Guarda prisional).

2/09/2007 9:36 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Matoso é uma espécie Lídia Jorge forrada de Velho da Costa.PQP.

2/10/2007 12:18 da manhã  
Blogger Nuno said...

Ofende-me a opinião de quem é católico é imediatamente a favor da penalização.

O Novo Testamento fala de um homem que nunca mandou ninguém para a prisão nem a recriminou nem lhe prometeu o Inferno.

Apenas estendeu a mão e deu a quem falhou (e falhamos todos, muitas vezes) opurtunidade para se curar e redimir, com um poderoso aliado do seu lado.

Sobretudo procurou educar, com humildade, para que os erros naturais de todas as pessoas não se agravem.

Não me responsabilizo por quem não lê o óbvio porque o texto é claro.

Ofenderam-me partidários do não que mostram a face intolerante da Igreja que a tem vindo arruinar e ofenderam-me os infantis cartazes da CGTP que mostram um bispo a afogar-se.

No fim estamos todos sozinhos com a nossa consciência.

2/13/2007 3:40 da tarde  

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