Todos contra o aborto? Nah...
Ao contrário do que se ouviu inúmeras vezes ontem à noite na RTP, ficou para mim bem claro que nem todos somos contra o aborto. Quem dá voz aos votantes do Sim afirma não querer que as mulheres abortem em precárias condições, mas reconhece-lhes o direito a abortar. Ora, ninguém reconhece um direito à prática de um acto desta natureza se dele discordar. Pelo que concluo que são apenas contra o aborto clandestino, não se opondo a que o aborto seja permitido (desde que cedo e higiénico).
Já a vontade dos votantes do Não é que o aborto, clandestino ou não, diminua. E não aceitam que isso venha a acontecer com a despenalização, como os votantes do Sim teimam em apregoar. O que fará certamente diminuir o aborto é um combate sério às suas causas, e a penalização é uma consequência do aborto, não uma causa. Nenhuma mulher aborta porque é crime, ao estilo “o fruto proibido é o mais apetecido”!
O voto no Sim, quanto muito e para não ser pessimista, deixará tudo na mesma no que ao número total de abortos diz respeito. Fará certamente diminuir o aborto clandestino, mas não actuará no aborto total. O voto no Não deixará o Estado e o Governo sem margem: os portugueses não querem o aborto, pelo que o Estado tem que actuar nas suas causas. Como a sociedade civil tem feito desde 1998, quase sem apoios do Estado e com muita dedicação de pessoas e instituições privadas.
(também publicado no Blogue do Não)
3 Comments:
"Pelo que concluo que são apenas contra o aborto clandestino..."
E este não ficará resolvido para além das 10 semanas.
concordo plenamente ctg!
mas temos de admirar a força com que os apointes do SIM tentam fazer "lavagem cerebral" as pessoas!
:)
Depois de 11 de Fevereiro, caso ganhe o "sim", pode uma mulher abortar, se até às 10 semanas descobrir que vai ter uma menina, em vez de um desejado menino?
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