domingo, dezembro 03, 2006

Em que é que ficamos? Decidam-se...


Neste debate que precede o referendo de dia 11 de Fevereiro, parece que não é suposto erguer a bandeira religiosa! O próprio Patriarca de Lisboa proferiu um depoimento sobre o assunto, que ganhou pleno significado depois do comunicado aclarador que se lhe seguiu. A ideia é esta: o problema do aborto e todas as questões dilemáticas que ele levanta, não são um assunto religioso! Quanto a isto, nada a opor.

Contudo, seria no mínimo bizarro sustentar que os católicos não devem participar neste debate. É evidente que podem e até devem participar. E devem fazê-lo não apenas no exercício da sua cidadania... diria temporal. Mas dando também testemunho daquilo em que acreditam. Da fé que professam.

Este post do Pedro Picoito, no BdN, põe o dedo na ferida. Os católicos, enquanto tal, não podem nesta matéria titubear. Optar por terceiras vias. Por ecletismos cómodos e politicamente correctos. Têm de defender a Vida.

Ora, dizer isto, não significa reconhecer que estamos todos condenados aos grilhões do catolicismo. Ao poder tenebroso da Igreja. Reconheçamos: um não católico pode, sem sacrifícios ou concessões, optar pelo "sim". Um católico, não. Porque dizer "sim" aqui é dizer "não" ao resto. E dizer "sim" e "não" é expressão da nossa irreprimível e intrínseca liberdade. Não estou condenado a ser católico. Nem eu nem ninguém. Da mesma maneira que não sou obrigado a dar qualquer das respostas.

No "não" pode estar muita gente. No "sim" também. Mas no "sim" não haverá católicos. Mesmo que pensem o contrário, que vão à Missa e que comunguem todos os dias.

16 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Eu sou católico e vou votar "sim". Diz-me lá uma coisa : o que percebes tu acerca de excomungar? Fico com duvidas sérias se serás mesmo católico.
JVAR

12/04/2006 12:28 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Pela mesma ordem de ideias, não haverá católicos que usem métodos contraceptivos. Mesmo que pensem o contrário, que vão à Missa e que comunguem todos os dias.
Espero que o senhor Vox Patriae tenha mantido o seu santo marsapo livre de látex ou arrisca-se a que a excomunguice comece por si.

12/04/2006 1:17 da tarde  
Blogger vox patriae said...

Anónimo,
Não quero excomungar ninguém, nem percebo disso, descanse.

Sr. Prior,
A sua bêncão, por favor...

12/04/2006 1:24 da tarde  
Blogger Anawîm said...

"no "sim" não haverá católicos", pelo menos que sejam verdadeiramente autênticos...
CONCORDO!
...e não vamos fazer comparações entre cometer assassinatos tenha que idade tiver o inocente, e a questão do uso ou não de preservativos...

pessoalmente eu, sendo pessoa católica, não devo condenar ninguém, não condeno a mulher que num acto de desespero e sem saber bem o que fazer, autoriza que se cometa nela o crime de tirar a vida ao próprio filho...
mas condeno sim, todos os que apoiam a decisão desse crime... todos os que cirurgicamente o cometem, sim, condeno.

Porque é que afinal, uma pessoa é só pessoa a partir das 10 semanas? Qual é o "click", super mágico, que faz a mudança?

Desculpem o comentário extenso...mas sinto alguma indignação ao ver a humanidade a autodestruir-se em vez de se preservar... como já ouvi alguém dizer: "E se, um desses inocentes que são mortos antes de ver a luz do dia, tivesse a chave para resolver algum dos flagelos deste mundo como a SIDA,por ex.?"

Mesmo que eu não fosse pessoa católica, diria sempre NÃO À MORTE, sim à vida, sobretudo daqueles que ainda não podem defender-se e são inocentes nesta história toda.

12/04/2006 3:10 da tarde  
Blogger epb said...

Isso das verdades universais deixa-me sempre um bocadinho confuso.
eu sou católico, e sim, voto sim.
Se acho que estou a trair a minha fé? não, ela é minha, ninguém me diz como interpreta-la.
Mas se sou contra o aborto? claro que sim, quem não é? Quem quer ver uma pessoa a abortar?
Mas para acabar com o aborto clandestino e poupar inumeras vidas de mulheres? entao prefiro dizer sim, porque a votar Não não estou a acabar com ele, estou a separar entre quem tem dinheiro para ir a espanha e quem não tem e tem que se sujeitar ao que há por cá. ele vai continuar , não se iludam de outra coisa. Mas como vai continuar cabe-nos a nós decidir.

12/04/2006 10:48 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É engraçada essa forma de ver as coisas e pode levar a conclusões interessantes.

Quem vota Sim não pode ser católico.

Quem usa preservativo, pílula ou outro qualquer método contraceptivo não pode ser católico.

Quem têm relações sexuais antes do casamento não pode ser católico.

E não vamos falar da bondade e de ser dos pobres o reino dos céus, porque assim, os ricos também não podem ser católicos e, já agora, nem o Vaticano.

Cabe perguntar onde andam os católicos! Poderia, até, Cristo ser católico se viesse outra vez ao mundo?

12/04/2006 11:35 da tarde  
Blogger vox patriae said...

Alice,
Acha que conhece o que é ser católico? Resumiu em 6 linhas boa parte dos disparates que se têm dito do catolicismo. Mas agradeço o interesse... No seu país, o das maravilhas, não há católicos, pois não?

Eduardo Bernardo,
O perigo não são as verdades absolutas, meu caro... é o relativismo absoluto. É essa a nova religião dos que gostam de ter uma e não têm coragem de não ter nenhuma. Mas olhe: não é preciso ser católico para ser Bom... não é preciso ser católico para fazer o Bem. E o Eduardo pode, à sua maneira, ser um homem bom, generoso. E isso, não só para si, mas para todos, é bom. Mas não chega para o resto. Se acho que estou a ser incoerente? Não, não acho. Se prefere dizer e sentir que é católico, quem sou eu para o contrariar... Siga! Eu também...

12/05/2006 12:01 da manhã  
Blogger MSN said...

Dacartes,

deixemo-nos de falsos moralismos. Parece-me necessário fazer-lhe presente um facto: existe uma terceira pessoa. É como escreve Jeremias: "Antes que fosses formado no ventre de tua mãe. Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei."
Se é verdade que existe vida e que eu acredito que é obra de Deus, então como cristão não poderei (ou não deverei) atentar contra ela. A nossa Fé (a de Jesus Cristo) nos chama a defender sempre o mais fraco, tal como Ele nos ensina. Na questão do aborto a criança será concerteza a pessoa mais fraca.

12/05/2006 1:33 da manhã  
Blogger /me said...

Não tenho a ideia do catolicismo ser um grupo privado com seguranças à entrada, em que só entra quem se rege por um determinado "dress code.

Acho perfeitamente concebível que um católico defenda o "sim" sem que deixe de o ser (católico). Há imensas boas razões para votar sim. E um católico pode, de uma forma bem intencionada, defender essas razões.

Porém, acho que há razões mais profundas para votar não. Mas quanto ao papel da religião na discussão do aborto, convido-vos a ler os comentários a este post:

http://razoesdonao.blogspot.com/2006/11/e-religio.html

(o post em si não está muito claro nem muito bem escrito, mas os comentários são pérolas)

12/05/2006 12:07 da tarde  
Blogger maresia said...

Desculpa mas isto que acabas de escrever nada tem a ver com aborto, é nitidamente uma pura expressão de Inquisição! Persigamos os infieis! O que é absolutamente fantástico é que aqui se defende a perseguição no seio da própria comunidade Cristã ou Católica ou o que seja. De repente senti-me arder na fogueira.

Onde pára aqui o livre arbítrio?

Estou de tal forma engasgada com a natureza desta opinião que nem consigo formular um comentário minimamente inteligente!

12/05/2006 1:46 da tarde  
Blogger David Cameira said...

É ASSAZ CURIOSO q nos blogues do sim nunca se houve falar mas defender a VIDA NAO TEM A VER COM A 2 CARTILHA" CATÓLICA , eVANGÉLICA, BUDISTA OU OS RAIO Q OS PARTA A TODOS

vamos esclarecer uma coisa : é possivel ser céptico, agnóstico , ateu ( como lhe preferirem chamar ) e ser pela vida em qqq circunstancia _ coisa q eu não sou - mas entendo q esta lei esta MUITO bem como está

MAS Norberto Bobio , filósofo céptico, faz depender a defesa da vida da sua filosofia jusnaturalista racionalista e não chama hipocrita a ninguem

As causas da esquerda serão só SEXOOOOO, e a sua consequencia em certos casos conducente ao aborto ?

Eu sou de esquerda e não penso assim

EM RELAÇÃO Á FE , pois isto é tudo muito subjectivo o Pastor Ted Hgard pregou anos e anos contra os 2 maricas 2 e depois foi-lhe descoberta uma relação homosexual !

Sim todos ~são pecadodores, pode haver catolicos falahados , evangelico fracassados mas isso não é a essência da fé

P.S. - O Pastor Hagard já se arrependeu do seu pecado de homosexualismo oxalá q estes catolicos se arrependam das enormidades q disseram tb

12/05/2006 2:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O Sr. Cardeal D. José ao afirmar que o referendo não é matéria religiosa, em minha opinião, indicia tactitamente:
1-liberdade de opinião para os católicos eleitores;
2-Consciência da existência de hipocrisia na sociedade;
3-Consciência duma situação confrangedora para as mulheres que fazem aborto clandestino;
4-O clero ao indicar claramente o voto no "não" está a praticar um abuso das suas funções;
5-etc.

No meu entendimento, o clero nunca fez nem necessitou de fazer abortos, apesar da nossa história existirem muitos "afilhados" de sacerdotes ... que também não era permitido estes manteres relações sexuais.

12/10/2006 11:33 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Estás a excomungar-me, é isso???

12/25/2006 11:40 da tarde  
Blogger Gabriel Peregrino said...

Completamente de acordo. Ou somos católicos ou não somos. Um católico que defende o aborto está ele próprio a excluir-se da Igreja. Não há meios termos.

1/02/2007 10:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O código de direito canónico é claro...

Para quem pratica o aborto a excomunhão é ipsus factus.

O que significa que a pena de excomunhão é automática...se este tiver consciência que tal atitude perante a vida tem esta pena.

Assim se a pessoa sabe, e pratica o aborto, é ela mesma a excomungar-se.

Pensem...que seria de vocês se as vossas mães vos abortassem?

Onde estariam?

1/19/2007 6:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda...O CARDEAL NUNCA DISSE QUE O REFERENDO NÃO ERA MATÉRIA RELIGIOSA!!!

NUNCA! E QUEM AFIRMA QUE O FEZ, OU NÃO VIU A ENTREVISTA, OU ESTÁ A DORMIR ou outra coisa assim no género!

O que o cardeal patriarca de Lisboa disse foi que a "igreja não iria estar na primeira linha da campanha contra o aborto!"

1/19/2007 6:59 da tarde  

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