sexta-feira, novembro 24, 2006

Happy Thankgiving Day!

Já lá vão 6 anos desde a minha primeira e única vivência do Thanksgiving Day americano. Em Novembro de 2000, estava eu em Filadélfia a fazer um estágio no escritório de advogados mais conceituado da cidade. Tinha chegado em Outubro e desde logo fui muito bem recebida pelo sócio (um dos principais) que seria o meu mentor enquanto estivesse por lá. Este advogado, de seu nome Tom, decidiu convidar-me para passar o Thanksgiving Day na casa dele juntamente com a família e amigos mais chegados. Fiquei sensibilizada pelo convite já que é uma festa importantíssima para os americanos. Atrever-me-ia a dizer que quase mais importante que o Natal. Nos dias que antecederam o grande dia era visível o entusiamo do Tom. Eu iria conhecer a sua família e teria o privilégio de experimentar as iguarias tradicionais desta época confeccionadas pela cozinheira de mão cheia que era a sua mulher. Confesso que estava entusiasmada com a ideia de conhecer a “gastronomia americana”.
E assim foi. Saí de Filadélfia depois do almoço (um hamburguer – depois perceberão a relevância) e apanhei o comboio para uma cidadezinha nos subúrbios, com belas casas, do género daquelas que se vêem nas séries americanas. Fui apresentada à família, a duas grandes amigas e ao perú gigante que tinha um aspecto óptimo! Terminadas as apresentações passámos ao jantar propriamente dito. Para começar, uma sopa do tipo canja com uma bolinhas. Boa. Não sei porquê o apetite não era muito. Depois passámos à estrela da noite – o perú - acompanhado por puré de abóbora, puré de maçã, recheio doce e outras coisas que agora não sei o que eram mas que eram doces, muito doces... Comecei a comer... Aquilo não me estava a cair muito bem. Tudo isto bem regado com um vinho tinto italiano... A muito custo lá acabei o que tinha no prato, uma vez que a minha Mãezinha ensinou-me que, enquanto convidados, devemos comer tudo o que nos oferecem, mesmo que não gostemos. [Esqueci-me de referir que naquele ano o filho (que estava fora a estudar) tinha levado a sua noiva. Estava tudo muito feliz e bem disposto!] Foi então que foi anunciada a derradeira especialidade com grande pompa e circunstância, a afamada pumkin pie! Para preparar a entrada desta ilustre sobremesa, a família ausentou-se para a cozinha (pai, mãe, filho e noiva) e eu fiquei à mesa com as duas amigas da família. As senhoras começaram a falar e a dada altura já não ouvia nada. Apenas um ruído de fundo que mais parecia a professora do Charlie Brown (não sei se sabem ao que me refiro). Começo a sentir a cabeça a andar à roda e vontade de vomitar. Começo em desepero a dizer que me estou a sentir mal e que preciso ir à casa de banho. A casa de banho mais próxima não estava disponível e por isso a dona da casa, já alertada para a minha indisposição, leva-me a correr pelas escadas acima para outra casa de banho. Porém, o pior aconteceu, ainda antes de chegar ao destino – vomitei no cimo das escadas, depois novamente já na casa de banho. Fiquei roxa de vergonha. Comecei a limpar a porcaria que fiz com papel e a enfiar na sanita. Resolvo então puxar o autoclismo (maldita hora do diabo) e o pior aconteceu!!! A sanita ficou entupida e transbordou!!! O espectáculo foi tenebroso. Já não bastava ter vomitado na alcatifa beje e fofa das escadas, como ainda consegui alagar a casa de banho toda! Fui então expulsa da casa de banho, de forma educada, tendo os donos da casa ficado a limpar a porcaria que eu tinha feito. Desci as escadas e fui mandada para uma salinha mais descontraída. Voltei a visitar a casa de banho, desta feita a de baixo que já estava desimpedida. Amavelmente puseram um balde ao meu lado, para o caso do caldo entornar novamente. Depois de quase 45 minutos sem a presença do casal anfitrião e de me desfazer em desculpas levaram-me a casa. Resultado: o jantar de Thanksgiving estava inevitavelmente arruinado! Tenho a impressão de que aquele jantar dantesco ficará para sempre na memória daquela simpática família! Happy Thankgiving Day e desculpem qualquer coisinha...
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