Abortar porcos
Estava a preparar organizar uma matança de um porco lá para os finais deste mês.
Ora vieram-me dizer que era ilegal matar porcos.
Pensei cá para mim: "se calhar vou a Espanha matá-lo" mas depois pensei que já não seria uma mantança de porco mas uma matança de cerdo, o que não é a mesma coisa...
Depois pensei: "nã... vou para um vão de escada e faço-o às escondidas". Mas achei que ia ficar tudo sujo e ainda me obrigavam a limpar aquilo tudo.
Tendo ponderado sobre o assunto, e como não gosto de praticar ilegalidades, acho que vou esperar mais uns mesitos e depois do referendo interrompo voluntariamente a sua vida. Pode ser que não seja penalizado pois se depois posso matar uma criança, quem é que me vai chatear por matar um porquito?
Ora vieram-me dizer que era ilegal matar porcos.
Pensei cá para mim: "se calhar vou a Espanha matá-lo" mas depois pensei que já não seria uma mantança de porco mas uma matança de cerdo, o que não é a mesma coisa...
Depois pensei: "nã... vou para um vão de escada e faço-o às escondidas". Mas achei que ia ficar tudo sujo e ainda me obrigavam a limpar aquilo tudo.
Tendo ponderado sobre o assunto, e como não gosto de praticar ilegalidades, acho que vou esperar mais uns mesitos e depois do referendo interrompo voluntariamente a sua vida. Pode ser que não seja penalizado pois se depois posso matar uma criança, quem é que me vai chatear por matar um porquito?
23 Comments:
Boa, boa!
Mas olhe que, no blogue do não, por os acusar de equipararem o feto a uma unha do pé, caiu-me o reviralho todo em cima...
É proibido matar porcos? Temos sempre a hipótese de o comer vivo! Caga nisso e vamos à matança.
P.S. Queres saber a razão para a proibição da matança do animal, por confronto com a futura liberalização do aborto? É que o feto não guincha como o porco!
Reaccionário
Caro Jorge, mas de certeza que não quer comparar um porco com uma unha de uma pessoa... Ou já experimentou tirar a cera dos ouvidos com um porco?
Mas digo-lhe mais. Antes cair um reviralho em cima do que um rodovalho oprque cheira muito pior.
É do reviraças!
Matar porcos é ilegal pela mesma razão que se prentende legalizar o aborto. Uma questão de saúde pública.
Já agora e para evitar equívocos, estou "on the fence" neste assunto, mas a pender para o sim.
É abominável pensar no aborto como método de "planeamento familiar", tão "fácil" como usar preservativo.
Por outro lado não acredito que quem o faça o possa ver desta forma. Não vivemos tempos "Family friendly" meus amigos. Pragmatismo à frente dos principios? Talvez. Mas há um de que não abdico, que é o da dignidade, e admito que seja peferível poupar uma existência inocente a uma vida de miséria material ou afectiva, fazendo-o numa fase em que o sofrimento, e a consciência são para efeitos práticos zero.
Renegar isto leva-nos a admitir como os Monty Python cantavam: "every sperm is sacred"...
E não volto a falar do assunto, prometo.
Caro Luís,
Respeito a opinião de todos mas há argumentos que me deixam perto da loucura. Sobretudo quando utilizados por certas pessoas que admiro.
Ou a parte final do seu comentário é apenas para fazer uma piada por referência aos Monty Python, ou se de facto é um argumento: "agarrem-me"!
Pedia pois para esclarecer se de facto entende que os argumentos utilizados pelo "Não" podem subsumir-se à equiparação de um espermatozóide a um bébé de 10 semanas na barriga da mãe.
Se se confirmar, eu prometo que tomo uns calmantes primeiro e a minha primeira resposta tentará ser apenas explicativa do meu ponto de vista.
Um abraço
Caro Vito:
E você, já experimentou cortar um porco com um corta-unhas?
Tinha uma resposta elaborada, mas com esta coisa do blogger que muda para google perdi-a...
Para resumir:
- Onde se lê "leva-nos" leia-se "quase nos leva".
- Não presumo que tal coisa se subsuma(?).
- Um espermatozoide não é um feto de 10 semanas, que por sua vez não é um bebé.
(é a terceira vez que tento :S )
Fico contente por ver:
(i) que não sou o único a perder os meus comentários nessas mudanças;
(ii) por ter percebido mal;
(iii) por não ter que responder ao comentário anterior;
(iv) por não ter que tomar um calmante;
(v) por ser Sexta-feira à tarde.
Fico no entanto com duas dúvidas:
1. Porque não apostar no planeamento familiar e na contracepção em vez de se votar favoravelmente a liberalização do aborto?
2. Quem diz que todas as crianças (ou fetos se preferir) que são abortadas não vão ter condições dignas na sua vida? Parece-me uma conclusão algo precipitada e perigosa. Na dúvida, deixemo-los viver...
Um abraço
Vito,
Devias era convidar os incontinentes para a matança ilegal que vais fazer.
Se quiseres podemos ir para o vão da minha escada...
Tinha pensado noutros bloggers desta praça mas entretanto arranjei o porco.
1. Apostar, com certeza. Aliás tudo o que não passe também por aí é uma negligência grosseira (tem sido....).
2. Custa a engolir (a mim custou-me) mas o estudo de Steven Levitt sobre o Impacto do Aborto Legal sobre o Crime, levanta algumas questões relevantes.
(está disponível online)
Engraçado. A ideia não era convidá-los para os matar mas sim para participarem da comezaima...
Caro Luís,
Diz que há um princípio de que não abdica: a dignidade. Eu também tenho um de que não abico: é a Vida. Portanto, para si, presumo, matar outro não o choca... desde que seja uma morte digna.
Está certo! Mas não gosto!
Rui,
Voltas a oferecer o teu vão de escada e vou chibar-me à senhoria ou ao administrador de condomínio! Pareces parvo! Já viste como ia reagir a senhora do 2ª direito? Tem respeito.
Caro Vox,
Está a usar Vida,
para dizer Vida da Pessoa Humana, presumo?
Estou a referir-me a "Vida humana". Daí a maiúscula. E o meu amigo, refere-se à dignidade ponto. É pouco, meu caro. É criminoso.
Curioso salto esse:
De "Está certo! Mas não gosto!"
para "É criminoso".
Caro Luís,
Estive a pensar nesta troca de e-mails neste fim de semana e deixe-me pegar na sua frase:
"admito que seja peferível poupar uma existência inocente a uma vida de miséria material ou afectiva, fazendo-o numa fase em que o sofrimento, e a consciência são para efeitos práticos zero"
Acho que essa forma de pensar pode ser o princípio de um resultado perigoso. Especialmente porque eu não sei qual é a consciência de uma criança de 1, 3 ou meses... Se a morte for rápida, estou certo que não terá consciência de nada...
E uma pessoa que esteja em coma. Estará consciente do que lhe fazem quando desligam a máquina?
Acho que devia pensar um pouco nisto. Não se trata da consciência de quem é morto mas de quem mata. E de quem assiste à morte...
Abraço
Acho que aqui se trata de uma questão de empatia. Quando olhamos para alguém em coma, está ali, apesar de tudo, uma pessoa. Dependendo das condições médicas tem uma vida independente viável ou não. Creio que só no caso de não ser de todo viável se colocaria, coloca, a questão de "desligar a máquina".
No caso de embriões, talvez possamos aplicar o mesmo raciocínio.
Já pensou que o sofrimento em caso de aborto expontâneo parece ser proporcional ao desenvolvimento do feto, salvaguardadas situações particulares?
E como ainda esse sofrimento parece menor quando comparado com uma morte de berço? Não haverá aqui um crescendo de empatia?
Uns dias de atraso menstrual que acabam numa breve hemorragia e numa situação de normalidade, não são totalmente diferentes da morte de um filho que nasceu?
Caro Luís,
Concordo plenamente com o que diz mas a lei não se pode basear em empatias. Nem os princípios.
Tenho muito mais empatia por uma pessoa que morre ao meu lado do que um esquimó que nunca conheci de lado nenhum. No entanto, a morte dos dois é igual perante o Direito.
Não nos podemos pois deixar levar por "egoísmos" e empatias quando falamos destes assuntos.
Abraço
A questão da empatia não é um mero subjectivismo. Empatia é o que nos faz reconhecer que dentro daquele corpo há uma mente.
Posso não sentir nada por um esquimó anónimo (a questão do Mandarim, aflorada no Blogue do não). Mas sei, intelectualmente, que existe, é pessoa, pensa e sente, e que seja quem for, se estivesse à minha frente o olharia como igual e, espero, me olharia da mesma forma.
Como compreende tenho dificuldade em atribuir todas estas propriedades recuando indefinidamente até ao ovo fecundado.
Talvez por não ser dualista.
Caro Luís,
Compreendo, aceito, mas não concordo...
No fundo é como a entrevista da "aborteira" da entrevista da f. Quando começa a parecer uma pessoa humana, começa a fazer impressão...
Reduz-se a pessoa ao aspecto físico o que me parece bastante limitador e - mais uma vez - perigoso.
Não concordo que se possa defender que o feto não é uma pessoa até que se pareça com um Homem. E a partir do momento em que se parece connosco, já lhe atribuímos os mesmos direitos que todos temos.
Abraço
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