quarta-feira, outubro 18, 2006

Manifestações

Estava ontem a queixar-me das consequências da manifestação da semana passada quando um amigo meu me propôs uma solução para esta praga (não sei se é uma ideia original dele).
Da mesma forma que os Brasileiros vivem para o Samba, o funcionário público português vive para as manifestações.
Com o seu bigode farfalhudo, revivendo os tempos de Abril em que ia para as manifs olhar para o rabo das esquerdistas da altura (mais atrevidotas), o funcionário público de hoje gosta de desfilar pela Avenida da Liberdade e gritar as célebres palavras de ordem: "Segurança Social... É nossa!" e "Trabalho sim! Desemprego não!".
Respeito estas opções de luta e acredito sinceramente que possam ter razão nalguns ou mesmo em todas as reivindicações que fazem. Mas não chateiem! Manifestem-se mas não chateiem.
E nesta onda de revolta (talvez faça uma manif contra as manifs) surgiu a sugestão de se fazer um Manifestódromo, à semelhança do Sambódromo carioca.
Neste local, todo o manifestante poderia manifestar-se livremente e sem chatear os demais cidadãos.
Seria um local com todas as condições para a prática desta modalidade. Com infraestruturas de apoio com qualidade (a fêvera e o coirato com pêlo controlados pelas regras de higiene da UE). Com horários de trabalho controlado e sem horas extraordinárias. Com casas de banho que evitavam o urinol na via pública.
Com a taxa de ocupação estimada, estou certo que o investimento se pagaria num instante, acrescendo o facto de que diminuía o desemprego (com esta captei a atenção dos sindicatos...) pois criar-se-iam bastantes postos de trabalho (gestão, manutenção, segurança e serviços integrados.
Quem sabe se não se podia abrir um centro comercial por baixo?
Com um bocado de imaginação, talvez se pudesse fazer uma lei que obrigasse os governantes visados (ou os próprios representantes do patronato) a estarem presentes para terem que ouvir os protestos.
Nas bancadas, vender-se-iam bonecos do Cancioneiro com agulhas para se espetar. Bolas anti-estresse com as palavras "segurança social". Balões com a palavra inflação com um slogan promocional a dizer "rebente com a inflação". Todo o género de marketing (com marca registada) gerida pelos sindicatos.
Todos saáam a ganhar, contentes, mais ricos e mais aliviados.
E nós continuávamos o nosso trabalho sem que nos chateassem!

1 Comments:

Blogger Rui Castro said...

Fantástico. E já que o Norte se queixa tanto da centralização, sugiro que o local sugerido seja instalado no Porto!

10/18/2006 10:29 da manhã  

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