É a cultura, estúpido!
A propósito da ocupação do Teatro Rivoli, no Porto, em protesto contra a entrega da gestão daquele a privados, veio a Ministra da Cultura oferecer-se para mediadora do conflito. Para já, não teve pejo em lançar um aviso à Câmara "o que é fundamental, que seja uma gestão pública ou uma gestão privada, é haver garantias de que seja salvaguardado o serviço público". Não ouvi, porém, qualquer referência ou crítica relativamente à ocupação propriamente dita, a qual presumo não ser conforme à lei. Já se percebeu, pois, o tipo de aproveitamento que a senhora Ministra pretende fazer.
Quanto à exigência de salvaguarda do interesse público, não deixa de ser curioso que a mesma parta de quem se entregou há bem pouco tempo nas mãos de um conhecido empresário, com a assinatura de um acordo (CCB) que, o futuro o dirá, pouco serve o interesse público.
Para além do mais, importa igualmente determinar quais as competências nesta matéria. Pois se a CMP tem efectivamente legitimidade para decidir do futuro do Rivoli, não se percebe a ingerência ministerial na matéria.
Ainda assim, seria também bom que a senhora Ministra nos dissesse o que entende por interesse público. Será porventura o subsídio estatal a peças e obras destinadas a salas vazias e ao respectivo prejuízo financeiro? Ou em tempos de vacas magras, em que até a saúde e a educação são penalizadas nos respectivos orçamentos, vamos continuar com a ideia romântica de que na cultura não se poupa?!
Não sei se a decisão de Rui Rio terá sido a melhor, mas ao que sei já apareceram 5 interessados na gestão do teatro, o que, aparentemente, garantirá que uma das principais salas do Porto irá continuar em actividade.
Percebo que a decisão possa não agradar a quem sempre viveu dos subsídios do Estado, sem necessidade de se preocupar com critérios de racionalidade económica ou mesmo com os indices de aceitação (ou falta dela!) por parte do público. E por tão bem perceber tal reacção é que fico quase convencido da bondade da decisão camarária.
1 Comments:
E que tal vender à IURD?
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