Consumo interno
Ao fim de alguns meses de mandato presidencial, penso que poucas vozes dissonantes apontarão o dedo à forma como Cavaco tem gerido a sua "magistratura" dentro de portas. Com efeito, tem conseguido manter a solidariedade institucional de que tanto falou na campanha, tendo já conseguido forçar um acordo entre os 2 maiores partidos na área da justiça, coisa que Sampaio nunca logrou alcançar em 10 anos na presidência. Como consequência do referido acordo conseguiu igualmente uma unanimidade (já aqui criticada) que poucos se atreveriam a sugerir na escolha do novo procurador.
Entendo, no entanto, que um bom Presidente não se pode cingir ao que se passa em território nacional, devendo também ter uma opinião firme, apesar de consonante com o Governo, no que respeita à política externa. E se bem que Cavaco começou bem o mandato com a visita às tropas nacionais no Kosovo, a verdade é que nunca mais lhe ouvi uma palavra acerca do que se passa "lá fora", seja a questão do combate ao terrorismo, a questão timorense, o alinhamento europeu de Portugal ou, mais recentemente, a polémica com as declarações de Bento XVI na Alemanha. Numa altura em que Portugal se vê envolvido de forma militarmente activa em palcos tão diversos como os balcãs, o Líbano, o Afeganistão e mesmo Timor, penso que o Presidente tem de assumir uma postura mais interventiva que secunde as tropas no terreno, dando maior visibilidade e credibilidade ao esforço que Portugal tem feito nesta matéria.
É isso que espero de Cavaco, em quem votei (e em quem votaria novamente!), e será isso, certamente, que o Presidente fará. Aguardemos.
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