terça-feira, agosto 08, 2006

Falácias legislativas

Os nossos parlamentares, no seu conjunto, sofrem de uma maleita muito parecida com a denominada doença bipolar. Oscilam entre o gosto de nada fazer e a certeza de que mudarão o mundo dos outros. A recente promulgação da Lei da Paridade (que de acordo com o dicionário da Língua Portuguesa também significa "rebanho de ovelhas paridas") fez-me acreditar que estamos numa fase de euforia. E, para mais, recalcitrante.

Não é, junto dos titulares do poder legislativo, ideia virgem a de pensarem que, por decreto, tudo se muda. E, portanto, dar à estampa no jornal oficial o que quer que seja, mesmo que uma enormidade, é sinónimo de promover a mudança, a evolução (ou a "revolução", como se diria em tempos idos). Sucede que sempre achei que esta certeza era mais uma corporativa manifestação de amor próprio ou de um exercício onanista de um poder de classe. Os deputados (e os governantes, porque a separação formal de poderes já lá vai...) acham que pela sua pena podem ser (ou são, mesmo) instrumentos de transformação. E gostam disso. Dessa sensação de poder que igualmente assola, noutra escala, os polícias.

Foi com olhar clínico que analisei, ontem à noite, as palavras da Deputada Maria de Belém, em comentário à promulgação por Sua Excelência da dita Lei da Paridade. Pareceu-me genuína a credulidade da senhora. E claro, num tique de esquerdite que lhe compõe o laborioso penteado, lá atirou as suas convictas farpas, à "direita", cuja representação parlamentar não obedece ao ético requisito percentual do novo diploma.

Claro que nem todas as pessoas são obrigadas a discernir que a senhora falava de algo que não estava em discussão. O diploma agora promulgado, tanto quanto julgo saber, refere-se a listas e não à composição do parlamento ou mesmo do governo. Há lugares elegíveis e lugares não elegíveis. E estes podem ser, para grande tristeza da senhora e em fraude à lei (quem sabe?), constituído por senhoras tão bem penteadas como ela. Será que ela fez as continhas ao que se passa no Governo? E ao seu grupo parlamentar antes das saídas para o Executivo?

Bom, deixemo-la acreditar nestas falácias legislativas...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Excelente post.

E, quanto à D. Micas de Belém, acho-a sempre, além de uma completa insignificância, o feminino de um cromo, dado tratar-se de uma chamada «militante» da chamada «ala esquerda» do PS sempre com todo o ar de quem acaba de saír do instituto de beleza (com resultados risíveis, aliás).

8/08/2006 11:33 da manhã  

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