quinta-feira, julho 13, 2006

A ler

"Na desmesura censória que o futebol levanta neste país, passam duas coisas. A primeira é a preguiça intelectual. Quem acusa os portugueses de esperarem a salvação pela bola está a dizer isto: que a salvação do país estaria na substituição do futebol por outro entretenimento supostamente mais nobre e moral. No fundo, são estes moralistas quem verdadeiramente espera a redenção através do futebol, neste caso pela sua eliminação. É essa superstição que explica a famosa criminalização do futebol, do fado e de Fátima. No dia em que os portugueses jogassem xadrez em vez de dar pontapés numa bola, ouvissem Chostakovich em vez de Amália, e lessem Voltaire em vez de ir a pé a Fátima, todos ficaríamos subitamente mais altos, mais louros, e mais ricos. Foi esta a crença de muita gente em Portugal durante décadas. Para fazer dos portugueses uma nação próspera, bastaria tirar-lhes a religião e os divertimentos tradicionais. A estas réplicas lusitanas de monsieur Homais escapou sempre que os ingleses não precisaram de renunciar ao futebol, nem os americanos à religião, nem os alemães aos seus cabarets para funcionarem no mundo moderno. Pelos vistos, monsieur Homais mantém a farmácia aberta em Portugal." (Rui Ramos, no Público de ontem, via Estado Civil)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Claro que definir o que «presta» e o que «não presta» é uma tarefa que não cabe ao Estado, e se calhar a ninguém.

Mas, se alguém que nem é gordo nem é magro é difícil de definir, um muito gordo é muito gordo e um muito magro é muito magro.

Fraca argumentação para dizer que eu também acharia optimo que neste país houvesse campeões de xadrez em vez de campeões do pontapé na bola (isto digo eu, que nem xadrez jogo).

7/13/2006 5:28 da tarde  

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